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Gestão Estratégica Na Adaptação Às Mudanças Provocadas Pelas Revoluções Industriais

RC: 87024
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Gabriel Fernandes [1]

SILVA, Gabriel Fernandes. Gestão Estratégica Na Adaptação Às Mudanças Provocadas Pelas Revoluções Industriais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 16, pp. 34-46. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/revolucoes-industriais

RESUMO

O objetivo do corrente artigo é esquematizar as principais mudanças desencadeadas pelas Revoluções Industriais dentro das organizações, em seguida, demonstrar a necessidade de adaptação, e por fim, apresentar mecanismos referentes à gestão estratégica para auxiliar as empresas nesse processo. O embasamento teórico adotado foi em cima de expoentes de teorias administrativas, obras de escritores e pesquisadores, assim como postulados de estrategistas militares. No que tange a metodologia, optou-se pela pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva. Os principais resultados do trabalho consistem na compreensão de que estar preparado para mudanças é possível, bem como, que a utilização de um simples e eficiente mecanismo de gestão estratégica confeccionado pela junção de ferramentas de planejamento e controle pode ajudar a mitigar as perdas oriundas da volatilidade dos stakeholders (partes interessadas) em meio ao avanço tecnológico.

Palavras-chave: Gestão, Mudanças, Tecnologia, Estratégia.

INTRODUÇÃO 

Desde tempos remotos a Administração vem sofrendo impactos em virtude das mudanças que ocorrem na sociedade. Com as revoluções industriais as máquinas passam a dar novos significados para a Administração de Empresas. Desse modo, as mudanças que o mundo sofreu com tais eventos ocasionaram reflexos na sociedade, pessoas e organizações.

Ao longo da história da humanidade, o avanço, as inovações e as descobertas na área da ciência e tecnologia geraram mudanças, trazendo tanto benefícios como desafios. A adaptação consiste basicamente em acompanhar as mudanças, ampliando o conhecimento de modo a aprimorar habilidades e desenvolver novas formas de pensar. São indivíduos e organizações com esse perfil que estão angariando espaço no mundo moderno.

Os funcionários, por serem as engrenagens das empresas, independente do cargo que ocupam, devem estar qualificados e possuírem o “know how” (“saber como” ou “saber fazer”) para exercerem o seu trabalho com qualidade frente às diversas empresas e órgãos. Para isso, precisam contar com treinamentos, cursos, seminários, palestras, entre outros meios que os auxiliem a aprimorar seus conhecimentos e a se manterem atualizados quanto às novas tecnologias e técnicas referentes à sua área de atuação.

No decorrer do tempo, as formas de se adquirir conhecimento e consequentemente a qualificação profissional se tornaram mais acessíveis à população. Antes da popularização do computador e da internet, por exemplo, os indivíduos precisavam adquirir enciclopédias caríssimas ou se locomoverem até bibliotecas a fim de realizarem uma pesquisa. E, hoje em dia existe o acesso gratuito à apostilas e livros em formatos digitais e até mesmo cursos que permitem que a capacitação ocorra de forma gratuita, fácil e confortável, possibilitando aos trabalhadores um aperfeiçoamento contínuo, sem precisar sair de sua casa.

O avanço tecnológico transformou a comunicação dentro das organizações, tornando-a mais dinâmica. São inúmeros dispositivos, programas e aplicativos que podem ser usados para gerenciamento empresarial, troca de mensagens, ligações e videoconferências. Esses apetrechos otimizam o tempo e maximizam a produção, uma vez que as informações, regulamentos e ordens são compartilhados em tempo real.

Junto com as novidades diárias no campo tecnológico surgem também medos e incertezas, haja vista que a adaptação não é instantânea e, ao passo que pode corroborar para o crescimento da empresa, pode também, devido à má utilização, gerar prejuízo. Desta forma, este artigo é relevante para o meio empresarial, pois pretende elucidar de forma sucinta num primeiro momento a questão da necessidade de adaptação às transformações ocorridas nas sociedades e organizações. E, em segundo lugar expor ferramentas úteis na elaboração dos planejamentos estratégicos das organizações, para que as mesmas possam lograr êxito em suas respectivas missões institucionais.

A metodologia de pesquisa do corrente artigo foi bibliográfica, por ter sido baseada na análise do conteúdo de livros e artigos; descritiva e exploratória, pois houve a realização de um estudo descritivo e crítico da teoria, buscando desenvolver o conhecimento sobre a estratégia empresarial sob uma perspectiva histórica, tendo como base os acontecimentos mais impactantes para a Administração. A discussão teórica se dará com a explanação do tema por intermédio da sua divisão em três subtópicos: (i) entendendo o passado, (ii) adaptando-se às mudanças e (iii) estratégia e tecnologia.

DESENVOLVIMENTO

ENTENDENDO O PASSADO

É incontestável a influência das organizações militares na Administração, uma vez que nos primórdios quando as teorias administrativas ainda estavam sendo formuladas, os exércitos funcionavam comumente como símbolos das descobertas e realizações. E, antes mesmo de existir o estudo da Administração como Ciência Social, diversos princípios como: hierarquia, disciplina, unidade de comando, organização linear e direção eram utilizados por militares.

Segundo Chiavenato (2003), a Primeira Revolução Industrial ocorreu entre 1780 e 1860, tendo sido a revolução do carvão e do ferro, desenvolveu-se por meio de quatro fases. Teve como início a mecanização da indústria e da agricultura, em seguida houve a aplicação da força motriz à indústria, o que resultou em seu fator de maior relevância, qual seja o desenvolvimento do sistema fabril, mas apenas no final do processo a sociedade obteve melhorias significativas através de um espetacular aceleramento dos meios de transportes e das comunicações.

No século XIX, a Revolução Industrial foi o ponto de partida para um estudo mais aprofundado da Administração de Empresas, tendo em vista que provocou drásticas mudanças nas indústrias e sociedade, já que as novas máquinas além de substituir o trabalho braçal dos indivíduos, exigiam trabalhadores capacitados para operá-las. A esse respeito:

Com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua posterior aplicação à produção, surgiu uma nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, em um lapso de um século, foram maiores do que todas as mudanças ocorridas no milênio anterior. (CHIAVENATO, 2003, p.33).

Com as máquinas, o homem passou a ocupar outras funções dentro das organizações. Porém, como o filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin (2005) elucida, essa transição não foi fácil, ocasionando demissões e devido à busca desenfreada pelo lucro, ainda mais exploração aos trabalhadores da época que dantes já sofriam com a ausência de leis que regulassem as relações trabalhistas. Fora das fábricas, o mundo ocidental sofreu fortes impactos, além da sociedade, os segmentos mais afetados foram a economia e a política, posto que a mudança do processo de fabricação artesanal, característico das corporações de ofício, para a manufatura acelerou o desenvolvimento do sistema capitalista.

Na segunda metade do século XIX, logo após 1860, teve início a Segunda Revolução Industrial que sob o aspecto das mudanças foi a época dos motores de combustão, da eletricidade e do aço que juntos auxiliaram o desenvolvimento da indústria química e do petróleo. Essas tecnologias de produção em massa exigiram mais controle, principalmente do processo de produção, por parte dos administradores da época. O término dessa revolução se deu durante a Segunda Guerra Mundial no século XX.

Por volta de 1900 os primeiros estudos envolvendo os trabalhadores e os sistemas fabris foram desenvolvidos por Frederick Winslow Taylor e Jules Henri Fayol. De um lado, Taylor, o “pai” da Administração Científica, desenvolveu seus estudos nos Estados Unidos, tinha como ênfase as tarefas e pretendia elevar a produtividade, aumentando a eficiência no nível operacional. De outro lado, na França, Fayol, o fundador da Teoria Clássica, dava mais importância à estrutura organizacional e visava aumentar a eficiência da empresa pela organização e interação dos seus órgãos. Em 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, teve início a Grande Depressão. Na busca pelas causas da crise, surgiu com a experiência de Hawthorne de Elton Mayo, a Teoria das Relações Humanas dando, pela primeira vez, um olhar humano aos trabalhadores.

A Teoria Geral de Sistemas (TGS) surgiu a partir das descobertas do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy no final de 1930. Bertalanffy identificou que a ciência adotou como padrão o método da segregação para a resolução dos problemas, todavia algumas situações exigiam um enfoque mais abrangente (MAXIMIANO, 2000). Essa descoberta foi de suma importância, uma vez que diferentemente das teorias administrativas anteriores, a TGS passou a analisar as relações de todos os elementos que compõem as organizações, tanto no que diz respeito aos ambientes internos quanto externos, por acreditar que qualquer mudança em algum dos componentes geraria um reflexo nos demais.

No âmbito do avanço tecnológico, até a teoria dos sistemas não existiam estudos que discorressem a respeito da correlação entre tecnologia e organizações. Dessa forma, a TGS foi a teoria mais completa até então, apresentado uma visão holística (do todo e não apenas das partes) da empresa. Pela sua abrangência global e interdisciplinaridade a TGS contribuiu para o desenvolvimento de estudos em campos significantes para a Gestão Estratégica como: matemática, tecnologia, computação e engenharia.

A Terceira Revolução Industrial começou por volta de 1940 e ficou caracterizada pelas evoluções na área da tecnologia, que foram fruto da confluência dos conhecimentos científicos com os sistemas de produções industriais. Os principais carros chefes dessa fase produtiva foram o computador, a internet e os robôs. Quanto à estratégica, nesse período foram originadas práticas oficiais de gestão. Por volta de 1955, os militares americanos desenvolveram o PERT que tinha a atribuição de determinar o tempo necessário para se completar uma tarefa, assim como sinalizar o tempo mínimo para completar um projeto. Já em 1957 a Companhia Dupont criou o CPM que segundo Lima (2010) sintetiza-se numa ferramenta de controle do cronograma de um projeto, considerando-se que especifica as atividades críticas, que acarretam riscos.

Ao recordar das revoluções industriais, constata-se que em todas as etapas desse processo de desenvolvimento, desenvolveu-se também o conhecimento no que diz respeito às teorias, princípios e estudos em diversas áreas da Administração. Após concatenar as informações sobre alguns dos procedimentos utilizados pelos nossos antepassados, identifica-se que com o avançar do tempo, os anseios das empresas e dos colaboradores vão mudando, criando assim novos cenários de negócios e diferentes climas organizacionais. Oliveira (1994) define esses últimos como: uma mistura de ações, reações e sentimentos vivenciados pelos funcionários. Embora seja algo subjetivo, é presente no cotidiano dos indivíduos e das organizações e capaz de minimizar ou maximizar os resultados, portanto é essencial o esforço de todos para a construção e manutenção de um clima organizacional saudável.

Diante do novo, os tipos de gestões são obrigados a se adaptar, o que leva ao surgimento de novas abordagens como é o caso da disciplina Gerenciamento Estratégico, que apesar de há décadas sendo utilizada no anonimato, perpassou seu período de incubação e em plena “Revolução Industrial 4.0” encontra o seu devido espaço na seara da Administração.

ADAPTANDO-SE ÀS MUDANÇAS

Antes da revolução industrial, vigorava nas empresas o modelo das corporações artesanais, onde os trabalhadores aprendiam o ofício com seus mestres e davam continuidade ao que estes vinham fazendo ao longo dos anos. Com o advento das máquinas, os empregados passaram a ser preparados para assunção de funções técnicas, pois a divisão do trabalho era realizada basicamente de duas formas: os que planejavam e os que executavam.

Não há dúvida de que no mundo desenvolvido, e nos países emergentes também, o ambiente atual está se tornando bem diferente do que era no século XX. Boa parte dele não tem precedentes. E a maior parte dele já está aqui, ou vem emergindo rapidamente. (DRUCKER, 2010, p. 87).

No final do século XX, o avanço das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) possibilitou facilidade nos relacionamentos entre pessoas, empresas e governos de diferentes países, os principais motivos foram a redução nos custos dos meios de transportes e das telecomunicações. A partir daí, a sensação de um mundo enorme e desconhecido ficou obsoleta, pois as barreiras geográficas deixaram de ser um empecilho. O reflexo na Administração desse processo denominado globalização foi o aumento da exigência de competências de todas as organizações, sejam públicas ou privadas e de todos os colaboradores em virtude da acirrada competitividade.

O século XXI é iniciado com o desenvolvimento voraz do processo de globalização que apesar de iniciado na década de 90, somente no século XXI se caracteriza como uma Revolução Digital. Com a chegada em massa das tecnologias, um novo paradigma empresarial voltado para o saber, pensar e tomada de decisões é traçado. O conhecimento passa ser mais valorizado e o capital intelectual toma o lugar do capital financeiro. Os perfis dos profissionais e das empresas exigidos nos processos seletivos, contratações e licitações respectivamente, passam a ser aqueles que sejam mais adequados às demandas econômicas, ambientais e sociais, possibilitando melhores resultados e racionalidade. O mercado se torna a cada dia mais competitivo e mutante, o que gera dificuldades nas organizações, considerando-se que ao passo que o homem é substituído pela máquina, existe a procura por profissionais especializados tanto nas tecnologias, quanto em novas técnicas de gestão.

No meio ambiente existem diversos habitats (locais habitados por uma determinada espécie), e quando um animal ingressa num ambiente novo, ocorre o processo de adaptação, que em alguns casos pode ser difícil e doloroso, já que as temperaturas, formas de obter alimento, entre outros fatores variam. Com os seres humanos não é muito diferente. Profissionalmente, se faz necessário que os funcionários tenham adaptabilidade, pois cada empresa possui sua filosofia empresarial e alinhado a ela estão os diferentes tipos de climas organizacionais. Não obstante, o ambiente externo no que tange principalmente ao mercado, política e legislação estará sempre influenciando os rumos das organizações.

Um espaço no mercado de trabalho se torna disputadíssimo e para que o trabalhador consiga garantir o seu, é imprescindível que cultive atributos como adaptabilidade e solidariedade para com a instituição a qual pertence e com todos os colaboradores, buscando a harmonia, troca de conhecimentos e habilidades a fim de manter um clima organizacional saudável, assim como contribuir para a melhora do seu processo de tomada de decisões e melhoria da organização como um todo.

Com o passar do tempo, além do aumento na gama de conteúdo teórico acerca da Administração de Empresas e do desenvolvimento dos equipamentos tecnológicos, surgem também incertezas devido à complexidade e inconstância do mercado, empresas temem o prejuízo que dependendo da proporção pode até levá-las à falência e os órgãos públicos receiam não conseguir satisfazer os anseios dos cidadãos, o quê além de reclamações pode acarretar a substituição dos agentes públicos.

A principal preocupação dos administradores, se quiserem que seus negócios sejam bem-sucedidos, deve residir no sentido de procurar sistematicamente compreender as condições do futuro de tal forma que possam decidir sobre mudanças que levem a empresa de hoje para amanhã. (DRUCKER, 1992, p.03).

O Planejamento, Organização, Direção e Controle além de serem as funções básicas da organização, são a ênfase da Teoria Neoclássica, cujo principal expoente foi Peter Ferdinand Drucker, o “pai” da Administração Moderna. Drucker representou um divisor de águas no que está relacionado com as abordagens administrativas, já que as teorias que vieram após ele são reconhecidas como modernas. Por esse ângulo, é possível afirmar que as funções básicas da Administração se tornam um meio para a promoção da adaptabilidade, uma vez que ao mitigar os impactos oriundos das imprevisibilidades que cada cenário novo cria para a organização, possibilita que a mesma prospere na busca por seus objetivos.

ESTRATÉGIA E TECNOLOGIA

A era da informação, devido à velocidade com que a tecnologia e o conhecimento se alastram, desencadeou uma competitividade mais agressiva entre as organizações. A gestão das empresas em tempos modernos deve ser gladiada por estratégias que busquem estar sempre um passo à frente da concorrência no que tange às práticas de gestão e as tecnologias, visto que estar desatualizado acarretará a possibilidade de graves prejuízos financeiros. Para Porter (2005), o impacto das mudanças no mundo dos negócios pode ser positivo para as empresas ao passo que gera a competição e impulsiona a adoção de um perfil mais flexível visando responder prontamente aos desafios dos mercados.

A gestão estratégica no auge da revolução digital requer das organizações e profissionais habilidades, tendo em vista que seu correto desenvolvimento trará vantagens para as organizações ao possibilitar a produção de bens e serviços melhores e que os mesmos cheguem mais rapidamente aos clientes, aumentando assim a eficiência e eficácia, impulsionando a empresa para um ciclo de melhoria contínua.

Sun Tzu, general, estrategista e filósofo chinês, em seu livro A Arte da Guerra (1983), discorre sobre diversas estratégias militares, das quais algumas podem ser aplicadas na Administração de Empresas, como por exemplo, a que gira em torno da premissa de que quando se conhece o inimigo e a si mesmo, não existe a necessidade de temer o resultado de cem batalhas. Conhecer o inimigo no meio administrativo de uma maneira ampla diz respeito a estar atento ao que acontece ao redor da organização, seja no âmbito da sociedade, mercado, política, tecnologia ou qualquer outra área que possa gerar algum tipo de benefício ou prejuízo. Conhecer a si mesmo se consubstancia em saber seus pontos fortes e fracos. Conforme Mintzberg (2010) as ideias militares referentes a estratégia, apesar de terem sido absorvidas pelo mundo dos negócios, obtiveram novas roupagens, ou seja, não se optou pela utilização da nomenclatura dos conceitos como usado no meio militar.

Dentre as ferramentas disponíveis para o desenvolvimento estratégico, levando em conta a compatibilidade com as inovações tecnológicas, utilização descomplicada e resultados positivos, vale ressaltar a análise SWOT e o Balanced Scorecard (Indicadores Balanceados de Desempenho). Comumente também chamada de matriz ou tabela, etimologicamente a palavra SWOT é um acrônimo oriundo do idioma inglês, onde o “S” significa Strengths (Forças), o “W”, Weaknesses (Fraquezas), o “O”, Opportunities (Oportunidades) e o “T”, Threats (Ameaças). Traduzindo seus significados no contexto da Administração: as forças e fraquezas dizem respeito ao ambiente interno e permitem o alinhamento das ações dos colaboradores com a missão da organização, enquanto as oportunidades e ameaças se voltam para o ambiente externo e por intermédio de informações possibilitam a confecção de estratégias empresariais que devem estar de acordo com a visão da empresa.

Após a regulagem dos pontos fortes e fracos, parte-se para a identificação das oportunidades e ameaças, possibilitando por fim que as decisões sejam tomadas de forma assertiva. É fundamental medir os resultados e o Balanced Scorecard (BSC) serve exatamente para isso: medir e gerir o desempenho, se valendo de indicadores de desempenho que têm a visão e estratégia no seu eixo e girando ao seu entorno encontram-se as preocupações com os clientes, finanças, processos internos de negócios, aprendizado e crescimento.

O pai do pensamento estratégico, General Carl von Clausewitz (1996), tinha como postulado principal o fato que as decisões devem ser baseadas na probabilidade e não apenas na necessidade lógica. Clausewitz influenciou diversos teóricos da Administração que aplicaram a organização e estratégica militares nas indústrias.

A guerra sempre fora um jogo. Embora cruel e destruidora, um pecado, a guerra sempre constituiu uma instituição normal da sociedade humana e um instrumento racional de política. Clausewitz considerava a disciplina um requisito básico para uma boa organização. Para ele, a organização requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos. (CHIAVENATO, 2003, p. 33).

Algumas teorias administrativas incorporaram preceitos da estratégia militar, como por exemplo, a Teoria da Matemática, que conseguiu construir seus princípios implementando conhecimentos já disseminados por Sun Tzu (544 a.C. – 496 a.C.), assim como por meio de postulados do general prussiano Carl von Clausewitz (1780-1831), o quê posteriormente deu origem a Teoria dos Jogos, ao Six Sigma (Seis Sigma) e ao BSC (Balanced Scorecard). No que diz respeito à suas funcionalidades, o BSC é responsável por auxiliar no controle ao medir o desempenho, o Six Sigma oferece melhorias contínuas e a Teoria dos Jogos contribui para a solução de conflitos por utilizar a probabilidade como ferramenta na tomada de decisões. Todas essas três ferramentas se utilizadas conjuntamente se solidificam num poderoso mecanismo de gestão estratégica.

A Administração Estratégica segundo Ansoff (1977) é uma área da Administração responsável por assegurar que a empresa atue satisfatoriamente perante os concorrentes no mercado, desenvolvendo assim sua capacidade de gerar lucros a curto e longo prazo. A principal dificuldade ao lidar com a Gestão Estratégica dentro de qualquer organização se consubstancia no fato de que essa área da Administração é vista como um pequeno projeto. E, diante da indecisão no que diz respeito à forma em como lidar com áreas menores, surge um costume errôneo no seio da cultura empresarial, qual seja o de negligenciar os pequenos projetos, de forma que gestores, diretores e técnicos concentram suas atenções prioritariamente em grandes áreas como: Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Gestão de Material. Contudo, a orientação do PMBOK Guide é que “todos os princípios e processos podem e devem ser aplicados nos pequenos projetos, sendo que a extensão dessa aplicação deve ser proporcional ao tamanho do projeto.” (FUEZERY, 1998, p.35).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos fatos apresentados infere-se que desde os primórdios as inovações trouxeram consigo potenciais de abalar as estruturas da sociedade e das organizações, dando os ditames para o futuro. Estar capacitado é preciso, porém não é o suficiente, já que a velocidade dos avanços tecnológicos resultam em novas demandas. Empresas são criadas e administradas de forma descomplicada com a utilização da tecnologia, outras são esmagadas pelos concorrentes por se encontrarem em estado de obsolescência. O mercado passa ser incerto e os profissionais e empresas precisam de algumas formas acompanhar o ritmo das mudanças.

Conforme a pesquisa demonstrou o processo de globalização facilitou a comunicação entre as nações, gerando integrações sociais, econômicas e políticas, aprimorando dessa forma o sistema, mas também trouxe desafios. Nesse sentido, ficou claro a necessidade de as empresas desenvolverem estratégias voltadas para solução dos problemas emergentes. O foco da estratégia empresarial na era da informação se baseia genericamente em conseguir conectar os recursos humanos e tecnológicos, no intuído de não perder as oportunidades e nem ser prejudicado pelas ameaças. Em relação às tecnologias, as maiores dificuldades podem ser supridas ao se ter a disposição os aparatos tecnológicos adequados ao tipo de negócio, pessoal capacitado para operá-los e a realização de um filtro no que concerne às informações. Esse último requisito é deveras importante, pois consoante Oliveira (2005) para alcançar o sucesso com a evolução das tecnologias é preciso atentar para a qualidade da informação. Nesse sentido, é imprescindível que as organizações estejam engajadas nessa missão, utilizando estrategicamente a informação de modo que a mesma seja um meio confiável e perene no qual as decisões possam ser embasadas.

Por intermédio de um olhar crítico para as mudanças que o mundo sofreu ao longo dos séculos foi possível entender que a administração estratégica não é algo recente, uma vez que desde os primórdios, mesmo que incipientemente, o homem desenvolve planos para melhor lidar com as diversas realidades com as quais se depara, sobretudo com os adventos das revoluções industriais conforme abordado. Na tentativa de lograr êxito na busca por objetivos de forma eficiente e eficaz, expoentes da Administração como Taylor, Fayol, Drucker, Elton Mayo e Bertalanffy confeccionaram, cada um no seu tempo e dentro de suas respectivas abordagens, soluções estratégicas para problemas empresariais.

O gestor deve estar atento aos sinais e planejar, organizar, dirigir e controlar a sua organização, pois nenhuma mudança ocorre instantaneamente, antes anuncia gradativamente a sua chegada. Nesse sentido, os problemas organizacionais podem ser mais facilmente reconhecidos entendendo que uma teoria aplicada ao negócio sempre se torna obsoleta quando uma organização atinge seus objetivos originais (DRUCKER, 1995). Assim sendo, ao término de um ciclo de planejamento estratégico, deve-se automaticamente ter início outro(s) de sorte que o objetivo alcançado não seja motivo de estagnação, mas sim de aprendizado, reflexão e motivação para novos desafios.

É de grande importância para as organizações do século XXI a utilização das ferramentas de planejamento estratégico mencionadas neste trabalho a fim de que identifiquem no ambiente interno e externo as probabilidades de sucesso e fracasso de suas ações. Em seguida, o controle deve ser eficaz, já que monitorando esses dados e tomando as decisões necessárias será possível alcançar os níveis de crescimento e lucratividade desejados. Ficou claro que certos autores se dedicaram ao estudo da estratégia, notoriamente, no âmbito militar como Sun Tzu e Clausewitz, os quais influenciaram de tal modo a Administração que seus preceitos foram bases para algumas teorias.

Por fim, segundo Ansoff (1997), o ideal quando se busca um objetivo não é o efeito da soma das partes e sim da multiplicação das mesmas, ou seja, o sinergismo. O significado de sinergia é tido pela doutrina majoritária como o efeito multiplicador, já que a multiplicação produz um efeito maior do que a soma. Nesse sentido, se faz necessário frisar que os conceitos, ferramentas, métodos e técnicas expostos no corrente trabalho devem ser aplicados em conjunto no intuito de se obter os resultados em sua plenitude.

REFERÊNCIAS

ANSOFF, H. Igor. Estratégia Empresarial. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

CLAUSEWITZ, Carl von. Da Guerra. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

DRUCKER, Peter F. A Nova Era da Administração. São Paulo: Pioneira, 1992.

DRUCKER, Peter F. Administrando em Tempos de Grandes Mudanças. São Paulo: Pioneira, 1995.

DRUCKER, Peter Ferdinand com JOSEPH. A. Marciariello. Gestão / Management. Tradução de Luis Reyes Gil. Rio de Janeiro: Agir, 2010.

FUEZERY, Geza. Managing small projects. PM network. July 1998.

LIMA, Rinaldo José Barbosa. Gestão de Projetos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à administração. 5 ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2000.

MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de Estratégias: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. 2 ed Porto Alegre: Bookman, 2010.

OLIVEIRA, Marco Antônio. Pesquisas de Clima Interno. São Paulo: Nobel, 1994.

OLIVEIRA, Marlene de. Ciência da Informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. Guia PMNOK® 5a.ed. EUA: Project Management Institute, 2013.

PORTER, M. E. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

TEMPOS Modernos. Direção: Charles Chaplin. Produção: Charles Chaplin. Estados Unidos: United Artists. Charles Chaplin Productions, 2005. 1 DVD.

TZU, S. A arte da guerra. Adaptação de James Clawell. Rio de Janeiro: Record, 1983.

[1] Bacharel em Administração; Especialista em Gestão de Pessoas; Especialista em Gestão de Projetos; Especialista em Gestão da Administração Pública.

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Maio, 2021.

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Gabriel Fernandes Silva

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