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A Gestão do Conhecimento Aplicada à Administração Pública

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CONTEÚDO

SILVA, Antônio Raimundo Amorim da [1]

SILVA, Antônio Raimundo Amorim da. A Gestão do Conhecimento Aplicada à Administração Pública. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 03, Vol. 03, pp. 5-13, Março de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente artigo tem o objetivo de analisar a aplicação da Gestão do Conhecimento, como ferramenta estratégica, no âmbito da Administração Pública e consequentemente entender de que forma o compartilhamento e o gerenciamento das experiências e dos saberes podem representar um ganho significativo de um capital que, quando bem gerenciado, pode colaborar muito no bom funcionamento das organizações. Toda organização pública, a partir do momento que se reconhece como detentora de um vasto capital intelectual, acumulado através do tempo, pela manifestação de seus colaboradores e clientes/usuários, passa a adquirir uma certa vantagem competitiva, não pela simples detenção, mas principalmente pela forma que esse conhecimento é gerenciado, no que concerne a incentivar o processo criativo de inovação no intuito de produzir resultados eficientes em benefício do cidadão e da organização.

Palavras-Chave: Gestão do Conhecimento, Administração Pública.

1. Introdução

As transformações que ocorreram com a passagem da Sociedade Industrial para a Sociedade do Conhecimento fizeram com que o conhecimento passasse a ser compreendido como um bem a ser gerido pelas organizações, como um fator de produção e também como uma fonte geradora de riquezas.

Gerir o conhecimento nos dias atuais tem sido um grande desafio, uma vez que o conhecimento é atemporal e não se limita ao espaço geográfico (Brito; Oliveira; Castro, 2012).

Com o advento da sociedade do conhecimento, percebeu-se que este bem intangível, necessitava de gerenciamento para que pudesse ser identificado, catalogado, conservado e compartilhado (Stewart; Sveiby, 1998).

Percebeu-se por meio de pesquisas no seio das organizações, que, após cada ação bem-sucedida de pessoas comprometidas com a organização, ocorria uma valorização significativa da mesma, agregando valores às pessoas e à própria organização (Davenport; Prusak, 1998).

A Gestão do Conhecimento (GC) pode ser traduzida como um conjunto de ferramentas e técnicas que auxiliam a organização a identificar, utilizar e gerenciar seu conhecimento para atingir seus objetivos (Santos, 2015).

Desenvolver práticas sistemáticas para atender novas demandas sociais por bens e serviços públicos é o maior desafio para a administração pública (Batista, 2014).

O processo de gestão do conhecimento possibilita a melhoria do serviço público ao relacionar-se diretamente com práticas de aprendizagem e inovação dentro das organizações (Batista, 2014)

E essa melhoria deve estar sempre alicerçada no cumprimento dos princípios básicos da Administração Pública.

2. Gestão do Conhecimento – Aspectos Conceituais

A Gestão do Conhecimento, apesar de ainda recente, vem ganhando muito espaço dentro das organizações, sejam públicas ou privadas, como resposta a intensa pressão que a sociedade exerce sobre elas. A razão disso é a percepção de que a globalização da economia e o avanço tecnológico tem transformado a informação em algo crucial para diferenciar ou classificar as organizações (Paludo, 2015).

Tofler (1980), um dos autores contemporâneos mais incisivos no estudo da administração do conhecimento, em seu livro “A terceira onda”, nos informa que a história da civilização pode ser dividida em três grandes ondas de transformação: a revolução agrícola (primeira onda), a revolução industrial (segunda onda) e a revolução da informação (terceira onda).

Para Tofler, a terceira onda representa uma economia baseada no domínio da informação e do conhecimento, fazendo com que o homem abandone o “escravagismo” imposto pela revolução industrial através dos padrões, dos modelos, da sincronização, etc. A terceira onda proporcionou mais liberdade de atuação do indivíduo, seja por meio da interligação online com os demais, como também por meio da liberdade de criação e manifestação.

Nos últimos anos ocorreu uma mudança significativa no foco que passou de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento (Tofler, 1980). Vários fatores contribuíram para essa mudança, entre elas podemos citar as transformações na economia e no valor dos ativos intangíveis mais significativos, como também no perfil exigido dos colaboradores.

Stewart (1998) e Sveiby (1998) ensinam que as organizações do conhecimento são aquelas que estão focadas no conhecimento e não no capital; aquelas que os ativos intangíveis são muito mais valiosos que os ativos tangíveis; cujos trabalhadores são profissionais altamente qualificados com alto grau de escolaridade.

Segundo Davenport (1998) e Prusak (1998), a gestão do conhecimento envolve a geração, a codificação e coordenação e a transferência do conhecimento. À medida que interagem com seus ambientes, as organizações absorvem informações, transformam-nas em conhecimento e agem com base numa combinação desse conhecimento com suas experiências, valores e regras internas.

3. As Diferenças Entre Organizações Privadas e Públicas

Quanto às diferenças entre as organizações públicas e privadas, o quadro 1 a seguir destaca de forma detalhada as principais características e pontos diferenciais entre os dois modelos.

QUADRO 1

Características Organizações públicas Organizações privadas
Fator condutor Supremacia do interesse público. São obrigadas a dar continuidade à prestação do serviço público. Autonomia da vontade privada.
Orientação Estão sujeitas ao controle social (requisito essencial para a administração pública contemporânea em regimes democráticos). Isso implica:
i ) garantia de transparência de ações e atos; e
ii ) institucionalização de canais de participação social.
Fortemente orientadas para a preservação e proteção dos interesses corporativos (dirigentes e acionistas).
Tratamento dos clientes Não podem fazer acepção de pessoas, devem tratar todos igualmente (princípio constitucional da impessoalidade) e com qualidade. O tratamento diferenciado restringe-se apenas aos casos previstos em lei. Utilizam estratégias de segmentação de “mercado”, estabelecendo diferenciais de tratamento para clientes preferenciais.
Objetivo Buscam gerar valor para a sociedade e formas de garantir o desenvolvimento sustentável, sem perder de vista a obrigação de utilizar os recursos de forma eficiente. Buscam o lucro financeiro e formas de garantir a sustentabilidade do negócio.
Recursos São financiadas com recursos públicos, oriundo de contribuições compulsórias de cidadãos e empresas, os quais devem ser direcionados para a prestação de serviços públicos e a produção do bem comum. Financiadas com recursos particulares que têm legítimos interesses capitalistas.
Destinatários Cidadãos, sujeitos de direitos, e a sociedade, demandante da produção do bem comum e do desenvolvimento sustentável. Os “clientes” atuais e os potenciais.
Partes interessadas Conceito é mais amplo. Inclui os interesses de grupos mais diretamente afetados, mas também o valor final agregado para a sociedade. Conceito mais restrito. Inclui principalmente acionistas e clientes.
Poder de regulação A administração pública tem o poder de regular e gerar obrigações e deveres para a sociedade, assim, as suas decisões e ações normalmente geram efeitos em larga escala para a sociedade e em áreas sensíveis. O Estado é a única organização que, de forma legítima, detém este poder de constituir unilateralmente obrigações em relação a terceiros. Não têm esse poder.
Lei Só podem fazer o que a lei permite. A legalidade fixa os parâmetros de controle da administração e do administrador, para evitar desvios de conduta. Podem fazer tudo que não estiver proibido por lei.

Fonte: Gespública (INSTRUMENTO PARA A AVALIAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA – CICLO 2010, p 10 e 11).

Para Paludo (2015), as recentes mudanças ocasionadas com a democratização dos povos, a globalização e os avanços tecnológicos têm feito com que as organizações públicas se aproximem mais do modo de atuação das organizações privadas. A rapidez da informação tem possibilitado à sociedade fazer indagações acerca da prestação dos serviços e por consequência, também, tem feito comparações entre ambas.

Dirigentes públicos de universidades, museus, bibliotecas, hospitais e as diversas organizações públicas têm sido pressionados pela imprensa, pois, com a rapidez da informação, é possível fazer indagações sobre a qualidade da prestação dos serviços à sociedade.

Entre as características fundamentais utilizadas nas comparações, que diferenciam a Organização Pública da Organização Privada, Paludo (2015) cita:

  • A Administração Pública tem como objetivo maior proporcionar o bem-estar à coletividade – enquanto a iniciativa privada tem como objetivo primordial o lucro financeiro.
  • A Administração Pública deve ser transparente (divulgar objetivos, ações e resultados) e tratar as pessoas/cidadãos com equidade (diferencia apenas casos previstos em lei) – na gestão privada a transparência não é obrigatória e às pessoas têm tratamento diferenciado de acordo com os interesses corporativos.
  • Os princípios do art. 37 da CF/1988 são obrigatórios para a Administração Pública – e não se aplicam à administração privada (ou se aplicam de forma diferenciada, como o princípio da legalidade, que permite ao privado fazer tudo que não seja proibido pela lei, mas somente permite atuação pública nos casos autorizados pela lei).
  • Na Administração Pública o “cliente” paga os serviços através de impostos, mesmo sem usar – enquanto na iniciativa privada ele só paga pelo bem/serviço que compra ou utiliza.
  • Normalmente, as atividades públicas são monopolistas e os usuários não podem escolher outra forma – na iniciativa privada a livre concorrência proporciona várias opções.
  • O Governo existe para servir aos interesses gerais da sociedade – a empresa privada serve aos interesses de um indivíduo ou grupo.
  • A responsabilidade do Governo deve responder à natureza e à dimensão de seu poder – a das empresas privadas está restrita ao seu ambiente de atuação.

4. A Gestão do Conhecimento na Administração Pública

A GC na Administração Pública não fica divorciada dos princípios básicos do Direito Administrativo, em especial a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência (Batista, 2012).

Eficiência significa a otimização dos recursos disponíveis e estará sempre na agenda das organizações públicas, pois, como se sabe, os recursos gastos pelo Estado são extraídos da sociedade civil por meio de impostos e os cidadãos sempre exigem eficiência, qualidade e transparência no gasto público (Paludo, 2015).

Eficiência também significa fazer o que precisa ser feito com o máximo de qualidade e com o menor custo e não a redução do custo de qualquer maneira. É responsabilidade do gestor público buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto (Batista, 2012).

É preciso também que se respeite o quesito da legalidade, isto é, que haja a estrita obediência à lei. Não basta que o serviço público prestado por uma organização tenha qualidade. Não há resultado bom ou gestão excelente à revelia da lei (Batista, 2012).

A Administração Pública deve também pautar sua atuação com base na impessoalidade, isto é, não deve haver acepção de pessoas. Os atributos de qualidade do serviço público (cortesia, rapidez no atendimento, a confiabilidade e o conforto) devem ser prestados a todos os usuários de maneira indistinta (Batista, 2012).

A gestão pública deve ser caracterizada pela moralidade, isto é, ela deve seguir um código moral (Batista, 2012).

Conclusão

Como já abordamos a eficiência, só resta destacar o princípio da publicidade. A Constituição Federal (CF) assegura no Artigo 37 que a Administração Pública deve ser transparente e dar publicidade aos atos, fatos e dados. O controle social pode ser induzido quando há publicidade das atividades dos órgãos e entidades da administração pública.

A sociedade está sempre exigindo uma resposta do Estado no que concerne a adoção de um modelo de gestão que consiga abordar de forma simultânea os aspectos sociais, ambientais e econômicos. O governo federal é o principal foco dessa pressão pois tem a incumbência de prover padrões, regulamentações e dar o exemplo para as demais esferas da administração.

Na visualização desse contexto, podemos inferir de forma enfática e congruente que os novos paradigmas de gestão, como a Gestão do Conhecimento, possuem uma substancial capacidade para promover as mudanças necessárias, seja nos aspectos relacionados a eficiência administrativa, ou em questões relativas à sustentabilidade.

A Administração Pública necessita estar em constante aprimoramento, de modo a atender de forma plena a população e mostrar eficiência em suas finalidades, colaborando diretamente com o desenvolvimento do país.

E quando se trata de desenvolvimento, as questões concernentes à sustentabilidade devem sempre estar presentes, buscando conciliar aqueles aspectos relacionados a questões ambientais, sociais e econômicas da melhor forma possível. Nesse sentido, conforme o exposto, a GC pode representar um meio de se trabalhar essas frentes, de modo a entregar mais valor aos cidadãos, ajudando a garantir a qualidade de vida e a qualidade ambiental do país.

As organizações que possuem um grande capital intelectual e que são intensivas em conhecimento exigem novos modelos de gestão. Os modelos de gestão da era industrial tem se mostrado extremamente limitados perante as novas demandas que surgem do ambiente competitivo em que as organizações estão inseridas, caracterizado principalmente, pelo uso intensivo do conhecimento. O conhecimento (Drucker, 1993) passou a ser o principal fator de produção, deixando em segundo plano os fatores tradicionais – terra, capital e mão de obra.

Dessa maneira, o conhecimento precisa ser gerido com eficiência e com extrema vigilância. Uma gestão do conhecimento eficiente torna-se necessária para que as organizações se mantenham competitivas.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Fábio Ferreira. Modelo de Gestão do Conhecimento para a Administração Pública Brasileira Como implementar a Gestão do Conhecimento para produzir resultados em benefício do cidadão. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, 2012.

BATISTA, Fábio Ferreira. Curso gestão do conhecimento: teoria e boas práticas. Brasília, DF: Enap, 2014.Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/1282 >. Acesso em 05/01/2018.

BRITO, Lydia Maria Pinto; OLIVEIRA, Patrícia Webber Souza de; CASTRO, Ahiram Brunni Cartaxo de. Gestão do Conhecimento numa instituição pública de assistência técnica e extensão rural do Nordeste do Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 5, n. 46, p. 1341-1366, set./out. 2012.

DAVENPORT, Thomas; PRUSAK, Lawrence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

DRUCKER, Peter. F. Harvard business review on knowledge management. Harvard Business Press, 1998.

IPEA; Modelo de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira. Disponível:<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_modelodegestao_vol01.pdf>.

PALUDO, Augustinho Vicente. Administração pública – 4. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.

SANTOS, Simone Pereira dos. Nível de maturidade e práticas correntes em gestão do conhecimento: o caso da Diretoria do Tesouro Estadual de Santa Catarina (DITE). 2015. Monografia (Especialização), Curso de Pós-graduação em Gestão Pública Avançada – GPA, Fundação Escola de Governo – ENA, Florianópolis, 2015.

STEWART, Thomas A; Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações. Rio de Janeiro: Campus. 1998.

TOFLER, Alvin; A terceira onda. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1980.

[1] Pós-graduado em Administração Pública pela Universidade Cândido Mendes e graduado em Tecnologia de Recursos Humanos pelo Centro Universitário CLARETIANO. Atua como servidor público da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no cargo de Analista Técnico Administrativo.

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Antônio Raimundo Amorim da Silva

Uma resposta

  1. Parabéns Antonio Raimundo, seu artigo me ajudou a construir alguns parâmetros para a minha dissertação de mestrado.

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