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Gestão de Recursos Hídricos na CEDEA de Itaocara – RJ

RC: 61154
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CARVALHO, Tiago de Souza [1], LEMES, Luiz Paulo [2], OLIVEIRA, Douglas da Silva [3]

CARVALHO, Tiago de Souza. LEMES, Luiz Paulo. OLIVEIRA, Douglas da Silva. Gestão de Recursos Hídricos na CEDEA de Itaocara – RJ. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 10, pp. 31-45. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/cedea-de-itaocara

RESUMO

O artigo em questão tem como base uma pesquisa de campo a qual buscou analisar como se dá o trabalho da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE, município de Itaocara- RJ, em relação ao gerenciamento de recurso hídrico para o tratamento e distribuição de água potável. Há também, como aporte metodológico, uma pesquisa bibliográfica descritiva e qualitativa relativa ao tema de estudo. Inicialmente é feito uma caracterização de gestão fazendo um paralelo com sua antecessora a administração científica que nasce no ramo empresarial para depois se adaptar e migrar para outras organizações. O artigo também apresenta alguns apontamentos históricos sobre as primeiras iniciativas de se aplicar um gerenciamento dos recursos hídricos nacionais, todavia, destinados inicialmente para produção energética. Partindo dos dados obtidos com a pesquisa, observou-se que a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE, município de Itaocara- RJ não possui um planejamento, mas que este é aplicado de forma geral como elemento padrão da empresa, desprezando o potencial hídrico local de longo e curto prazo.

Palavras-chave: Gestão, Recursos Hídricos, águas.

1. INTRODUÇÃO

Os recursos naturais renováveis e não renováveis necessitam ser geridos de forma adequada como meio de garantir às futuras gerações acesso a esses bens que são de direito de todos (LIMA, 2010). Dentre esses recursos encontra-se a água, necessária para a produção agrícola e industrial e, principalmente para a manutenção da vida.

Dessa forma, a gestão de recursos hídricos, tem se tornado importante no cenário atual, com o propósito se evitar o desabastecimento e prejuízos tanto econômicos como sociais. O desenvolvimento sustentável é uma das formas propostas para que se tenham atividades econômicas sem que ocorra o esgotamento dos recursos naturais (COSTA; INÉCIO, 2011).

Destaca-se que o bom gerenciamento da água é uma necessidade iminente o que faz com que governos busquem soluções políticas e administrativas para atuarem neste sentido (AZEVEDO, ‎2005). Essas ações culminam na contratação ou mesmo na criação de empresas estatais para o gerenciamento dos recursos hídricos tal como seu tratamento e distribuição como é o caso da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE.

Fazendo parte da administração pública indireta, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE é uma autarquia estadual atuante em boa parte do Estado do Rio de Janeiro no gerenciamento dos recursos hídricos para uso doméstico e comercial. Partindo deste ponto, o presente estudo se justifica em analisar como é feito o gerenciamento dos recursos hídricos na cidade de Itaocara- RJ verificando como é realizado o tratamento e distribuição de água potável no município pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE.

Tem-se como questão problema: Existe um planejamento de captação, tratamento e distribuição de água por parte da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE específico para o município de Itaocara- RJ? Parte-se da hipótese de que há um planejamento, mas que este seja aplicado de forma geral como elemento padrão da empresa, desprezando o potencial hídrico local de longo e curto prazo.

Todavia, para responder este questionamento articulou-se como objetivo geral: pesquisar como se dá o trabalho da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE, município de Itaocara- RJ, o gerenciamento de recurso hídrico para o tratamento e distribuição de água potável.  Para alcançar este objetivo, delimitou-se como objetivos específicos: Elucidar sobre o que seria gestão a partir dos conceitos dos principais teóricos do assunto; Discorrer sobre o processo histórico de recursos hídricos no Brasil; Observar o procedimento adotado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE no tratamento e distribuição de água potável.

Assim o presente artigo, uma pesquisa de campo, embasada em uma pesquisa bibliográfica fundamentada em autores como Azevedo (2005); Lima (2010) dentre outros, se estrutura em tópicos em que, o primeiro tópico, como forma de maiores esclarecimentos sobre o tema, propõe-se em elucidar a gestão fazendo um paralelo com sua antecessora a administração científica que nasce no ramo empresarial para depois se adaptar e migrar para outras organizações. O segundo tópico, procura situar o leitor no tempo e espaço na medida em que faz um resgate histórico sobre as primeiras iniciativas de se aplicar um gerenciamento dos recursos hídricos nacionais, todavia, destinados inicialmente para produção energética. O terceiro tópico apresente do desdobramento da pesquisa de campo em que se procura responder o questionamento elencado demonstrado se há ou não concordância com a hipótese levantada a priori.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ELUCIDANDO CONCEITOS DE GESTÃO

Conhecido o conceito de gestão, é interessante que se também conheça de onde provem tal elemento administrativo, ou seja, como foi seu processo de desenvolvimento histórico, o qual Kwasnicka (2003) acredita que se origina a partir da revolução industrial no século XVIII em que, conforme aponta o autor, neste período, o conceito de administração, teria se transformado, abandonando os modelos administrativos passados que eram regidos pelas primeiras regras de organização social que foram baseadas na família, na religião e no exército, passando dessa forma a construir um novo mecanismo e uma nova metodologia de organização institucional.

Todavia, a revolução industrial ocorrida na Inglaterra não teria se limitado apenas ao território britânico, indo a se espalhar para outros países da Europa e também para uma de sua ex-colônia, como ocorreu com os Estados Unidos da América, que mesmo durante sua luta pela independência já demonstrava sua vocação industrial. (GALEANO, 2008).

Ainda segundo Galeano (2008), constituído de um vasto território ora comprado, ora tomado por meio da guerra, como no caso do México, os Estados Unidos da América tinham o que muitos países precisavam, como uma mão-de-obra crescente, que também seria seu mercado consumidor, capital financeiro e recursos naturais inexplorados a serem utilizados em sua empreitada industrial.

Dentro deste contexto, Pereira (1995, p. 26) discorre que entre todos os países do mundo fora os Estados Unidos da America que:

Se tornaram a primeira nação a criar as condições necessárias à produção em larga escala padronizada. Mas, de outro lado, os inventores-empreendedores não tinham experiência na “administração” das suas fábricas. Na realidade, eles não se preocupavam com as tarefas administrativas da organização, nem com os sistemas de coordenação e supervisão.

Com uma indústria se desenvolvendo em larga escala naquele país, a preocupação era apenas em vender seus produtos e garantir um mercado consumidor ainda maior para suas mercadorias, principalmente durante o século XIX e início do século XX, sem deixar de mencionar que as lideranças empresariais atreladas aos dogmas religiosos dos puritanos e dos protestantes, que acreditavam ser autodidatas e louvavam a missão cristã da empresa conforme observado na obra de Reich (1983) intitulado “A nova Fronteira Americana”.

O problema com a deficiência em organizar as fábricas desencadeou um outro fator problemático, ter os industriais, contratado para supervisão dos trabalhadores capatazes, provando dessa forma uma perda de qualidade, das já frágeis relações de trabalho existentes à época, principalmente contra as atitudes autoritárias provenientes dos capatazes, incapacitando com isso a coordenação da produção dentro da fábrica.

Segundo Reich (1983, p. 58) o resultado final de tal situação nos Estados Unidos da América teria sido a redução do:

[…] crescimento contínuo da produção em grande escala. A inquietação trabalhista, as tensões sociais e a agitação política nas primeiras décadas do novo século limitaram a produtividade e colocaram questões fundamentais sobre o papel das grandes empresas na vida americana. Os Estados Unidos procuraram uma solução para o que parecia ser um impasse em sua política e economia. A resposta surgiu sob a forma de uma nova visão política e econômica: a da administração da empresa.

Dentro desta perspectiva, tem-se Pereira (1995, p. 29), que aponta uma solução inicial para tal problema administrativo:

[…] a gestão empresarial começa efetivamente a se consolidar como um conjunto de conhecimentos e princípios que viriam resultar na formação da primeira abordagem científica da administração, cujas ideias básicas foram propostas por dois engenheiros: Frederick W. Taylor, que se preocupava com a racionalização do trabalho e Henri Fayol, que focalizava o aspecto funcional das organizações.

Os teóricos acima mencionados foram os precursores da administração moderna, e os que viabilizaram a criação do termo gestão empresarial, por conta de suas ideias inovadores para conduzir uma empresa e melhorar o processo de produção desta.

Entretanto, atualmente tem-se mudado esse paradigma em relação à organização administrativa uma vez que, foi aderido o termo Gestão Empresarial substituindo o antigo que era a Administração Empresarial que, como afirma Silva Júnior (2002, p.22) “todo o arcabouço teórico da ‘ciência da administração’, se ela existir, foi construído tomando-se como referência empírica as situações das organizações privadas”.

No tocante a busca sobre conceitos de gestão depara-se com autores como Miranda (2012, p.10) qual salienta que “não é possível encontrar uma definição universalmente aceite para o conceito de gestão […]”, todavia, a autora ainda destaca a possibilidade de se “[…] destacar conceitos importantes que são aplicados a esta palavra”.

Todavia, ainda há como Libâneo (2001, p. 349), o qual define gestão como sendo o conjunto de todas as atividades “de coordenação e de acompanhamento do trabalho das pessoas, envolvendo o cumprimento das atribuições de cada membro da equipe, a realização do trabalho em equipe, a manutenção do clima de trabalho, a avaliação de desempenho”.

Dessa forma, orientado pela perspectiva de gestão adotada pelo autor supracitado pode-se observar que a mesma é encarada como sendo, nas organizações, um elemento de funções capazes de agirem como promotoras do desenvolvimento de ações que são voltadas a subsidiarem um perfeito andamento da empresa.

A partir deste princípio existem autores Robbins e Coulter (2003, p. 22) que defendem a concepção de gestão na qual esta se enquadra como sendo a “coordenação e supervisão do trabalho de outros para que as suas atividades sejam desempenhadas eficiente e eficazmente”, ou seja, a gestão seria o meio pelo qual a força de trabalho de uma empresa é conduzida de modo a realizar as atividades referentes a suas atribuições de forma mais adequada e vantajosa para a organização.

Dessa forma, no contexto da conceituação do seria a gestão encontram-se autores como Alonso (2010, p. 176), o qual define esta como sendo, em seu ponto de vista, um:

[…] produto de uma equipe, que se orienta por uma proposta com base no conhecimento da realidade, a partir do qual são definidos propósitos e previstos os meios necessários para a sua realização, estabelecendo metas, definindo rumos e encaminhamentos necessários, sem, entretanto, configurá-los dentro de esquema rígido de ação, permitindo alterações sempre que necessário. O termo gestão implica desconcentração de poder, compartilhamento, e permite a criação de mecanismos de participação adequados à situação e ao projeto.

Observa-se nas palavras do autor supracitado que a gestão seria formada por um conjunto de ações e indivíduos para os quais são elencadas suas atribuições dentro de uma organização de modo a conduzi-la no propósito de alcançar sua meta.

2.2 AS PRIMEIRAS INICIATIVAS DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS NACIONAIS

Desde o período colonial brasileiro as águas desta terra eram consideradas como sendo recursos infinitos e de grande fartura. Os primeiros colonizadores vindos de Portugal ao se instalarem no Brasil, de imediato aplicaram uma cultura de exploração capitalista para produção da riqueza privada tendo nos recursos naturais seus principais insumos (ROSA; GUARDA, 2019).

Os relatos de abundancia das águas e demais recursos naturais encontrados no novo mundo representado pelo Brasil exaltavam as cortes européias, principalmente a portuguesa, detentora dos direitos de exploração que logo aqui chegou fora informada pela célebre carta de Pero Vaz de Caminha que nestas terras, as “águas são muitas; infinitas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem” (ROSA; GUARDA, 2019, p. 201).

Desejoso de auferir lucros e muitas outras riquezas advindas de suas posses na América, o rei de Portugal, D. João III, ainda no século XVI instituiu as Capitanias hereditárias dividindo o território brasileiro em 15 grandes faixas de terras as quais se estendiam do interior para o litoral e entregando-as aos donatários para colonização e exploração (FAUSTO, 2013).

Foi neste período que os colonos começam que havia contradições sobre a abundância dos recursos hídricos brasileiros relatos por Pero Vaz de Caminha e corroborados por Gândavo (2004, p. 52) o qual afirmava que “as fontes que há na terra são infinitas, cujas águas fazem crescer a muitos e mui grandes rios que por esta costa, tanto da banda do norte como do oriente, entram no mar oceano”.

Apesar de muitos rios e fontes de água, nem todos os colonos possuíam acesso fácil a estes recursos. Conforme informações da Agência Nacional de Águas (ANA, 2007) durante o processo de colonização deu-se certa importância para água de modo que o governo colonial português instituiu o que chamou de “Comissão de Homens Bons”, para os quais eram atribuídas as funções fiscalizadoras, uma vez que, as águas eram essências para a manutenção da vida e da agricultura.

Ainda segundo Agência Nacional de Águas (ANA, 2007) o governo português delegou para os donatários e suas vilas a responsabilidade de sobre a captação e distribuição da água, no entanto, essa delegação constituiu-se em atribuições maldelimitadas e subordinadas à monarquia além do fato de que, por parte dos administradores reais e donatários, quase inexistia ações de capitação de água ou de saneamento ficando por conta da população.

Durante séculos a gestão dos recursos hídricos do Brasil foi pautada no amadorismo e ações improvisadas mesmo com a alta da demanda resultante do crescimento populacional devido à imigração de portugueses e outros povos. A população era abastecida por meio de chafarizes construídos nos centros das cidades e vilas ou por meio de fontes próprias, ficando a atividade de saneamento ainda por conta da população conforme explicam os autores Rosa e Guarda (2019, p. 201) ao relatarem que:

Mesmo com a construção de chafarizes, continuaram existindo problemas com a oferta de água. A população com maiores recursos financeiros se abastecia em fontes centrais, a água era transportada por escravos para as residências ou comprada dos vendedores (os pipeiros). A grande maioria da população realizava longos deslocamentos por falta de chafarizes próximos, ou por esses serem explorados por companhias que comercializavam a água.

Com o advento da independência do Brasil, essa situação acima narrada adentrou ao período imperial iniciando assim, uma nova fase da utilização da água e da valoração dos recursos hídricos. Freyre (2003) em sua obra “Casa Grande e Senzala” narra um pouco do cotidiano dessa fase da história do país e como era a economia desta época, a qual se sustentou por meio da produção agrícola, tendo no café o principal produto nacional de exportação.

Freyre (2003) destaca que no século de XIX o país havia direcionado sua economia para outra cultura agrícola, uma vez que, o açúcar já não era tão lucrativo como antes e a mineração de ouro e demais pedras e metais precisos, onde águas eram dos rios eram essências havia ficado para trás no século em que o Brasil ainda era colônia e Portugal, a metrópole, controlava os recursos hídricos para garantir com isso, seu total monopólio na produção aurífera.

Apesar da estrutura social não ter sofrido grandes alterações devido à economia baseada na exploração da mão de obra escrava e majoritariamente agrícola, no Brasil imperial começa a despontar seus primeiros passos de um processo de industrialização e de imigração europeia para substituir o capital humano formado por negros escravizados, fatores que influenciaram nos pioneirismo da gestão de recursos hídricos e saneamento conforme explicam os autores Rosa e Guarda (2019, p. 202) ao afirmarem que:

Até o final do século XIX, a economia era basicamente agrícola, o café era o principal produto e havia o início da industrialização manufatureira. O ciclo do café também influenciou na gestão dos recursos hídricos. A política de saneamento no Rio de Janeiro, por exemplo, foi implementada, no século XIX, devido ao interesse de atrair mais trabalhadores estrangeiros, aumentando a força de trabalho nas zonas produtoras de café.

Essa iniciação brasileira na atuação do setor econômico da indústria manufatureira, a qual foi reforçada no inicio do século XX, já no período republicano, desencadeou uma demanda pelo consumo de energia a qual em pouco tempo não poderia mais ser suprida pela propulsão a vapor, muito comum nas primeiras fábricas (GALEANO, 2008).

A imigração europeia para o Brasil e seu processo e industrialização que começara a se acelerar no século XX dá início ao processo de urbanização do país culminando na urbanização que demandou políticas de saneamento e abastecimento de água além de produção energética com construção de hidrelétricas (IORIS, 2009).

Segundo informa o autor supracitado, as bases industriais criadas pelo governo Vargas serviram para impulsionar o processo de industrialização do país o qual continuou mesmo com a ditadura militar. A explicação é que o Brasil não possuía uma política de regulamentação ambiental efetiva, fator este que atraía as empresas mais poluentes.

Além desses fatores, os autores Barbosa e Braga (2003) discorrem que, a agricultura de irrigação aliada às altas demandas de energia elétrica, fizeram surgir os primeiros indícios de escassez de água, uma vez que, as bacias hidrográficas do sudeste brasileiro, mais próximas dos efervescentes centros urbanos, já não eram o suficiente para abastecer a região direcionando-se assim, para as demais bacias essencialmente para a sul e nordeste do Brasil.

Uma das soluções encontradas pelo governo brasileiro foi à criação de uma política ambiental que privilegiasse a proteção integral do meio ambiente e o consumo sustentável dos recursos naturais. Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA nº306, 2002) o meio ambiente é definido como sendo um “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Todavia, a carta magna do país, a Constituição Federal (1988) mais precisamente no art.225 expõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida impondo-se ao Poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

A Constituição Federal (1988) ainda revogou o antigo Código da Águas determinando que as águas brasileiras seriam consideradas como sendo bem comum do povo sendo a União e os estados competentes sobre a legislação de seu uso. Este mesmo diploma legal ainda trouxe em seu bojo a previsão da criação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SINGREH) além de oportunamente, ter sido promulgada a Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000 a qual criara a Agência Nacional de Águas (ANA) (ROSA; GUARDA, 2019)

Os diplomas legais acima mencionados são hoje um basilar das reações homem natureza e Estado natureza no Brasil, uma vez que, disciplinam matéria legislativa de proteção ao meio ambiente

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada neste trabalho foi um a pesquisa de campo de modo que os autores Gerhardt e Silveira (2009) entendem que a pesquisa de campo seria a modalidade de pesquisa em que o pesquisador entra em contato com o objeto de pesquisa. Para assegurar o alcance dos objetivos propostos para este trabalho, foi considerado como instrumento de coleta de dados mais adequado a entrevista e a observação, o qual Gerhardt e Silveira (2009, p. 72) caracteriza como sendo uma:

[…] uma técnica alternativa para se coletarem dados não documentados sobre determinado tema. É uma técnica de interação social, uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se apresenta como fonte de informação. A entrevista pode ter caráter exploratório ou ser uma coleta de informações. A de caráter exploratório é relativamente estruturada; já a de coleta de informações é altamente estruturada (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p.72).

Tal descrição acima caracteriza o que chamamos de pesquisa de campo exploratória diferenciando-a da pesquisa bibliográfica restrita a análise documental.  O local da pesquisa e de seu público alvo foi a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), situada na Rua Marechal Floriano, Jardim da Aldeia, em Itaocara-RJ.

Como fundamentação teórica, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo por empenhar-se em descrever fatos e fenômenos relacionados ao objeto de estudo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009), qualitativa, por se pautar em uma análise documental, tendo em vista que, estas, “enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada” (GODOY, 1995, p.21) apenas consulta e referenciamento de textos e também quantitativa, tendo em vista que, a “utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente” (FONSECA, 2002, p.10).

Para a realização do referente pesquisa fez-se uso de materiais de mídia impressa como artigos, livros, revistas e demais publicações científicas além de consultas a material bibliográfico proveniente de sites como Scielo, Capes e cartilhas do Ministério da Saúde relacionadas ao tema de estudo. Foram selecionados artigos publicados entre 2005 e 2019, que apresentam os seguintes termos associados: Gestão. Recursos Hídricos. Águas.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A partir dos dados e informações obtidas com pesquisa alguns pontos puderam ser esclarecidos quanto ao tema de estudo neste caso, o trabalho de gerenciamento de recurso hídrico para o tratamento e distribuição de água potável executado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE, município de Itaocara- RJ.

Conforme informações da Asapae (2020) a CEDAE foi constituída oficialmente em 01 de agosto de 1975, é oriunda da fusão da Empresa de Águas do estado da Guanabara (CEDAG), da Empresa de Saneamento da Guanabara (ESAG) e da Companhia de Saneamento do estado do Rio de Janeiro (SANERJ).

Vale destacar que a CEDAE é uma entidade administrativa pertencente à administração pública indireta a qual possui natureza jurídica de Sociedade de Economia Mista (SEM). Segundo Mazza (2019) este tipo de entidade administrativa é de direito público privado e possui autonomia gerencial e seu regime de contratação está vinculado às normas da CLT mesmo realizando concurso público.

A CEDAE tem como meta avançar e fazer os investimentos necessários à concretização do compromisso junto à sociedade e em busca do objetivo principal de melhorar o abastecimento de água e esgotamento sanitário. A empresa possui políticas de ações de Redução de Perdas, campanhas de educação ambiental e conscientização do uso racional da água, além de obras de melhorias nas captações com o objetivo de melhorar a segurança operacional e se preparar para possíveis futuras secas.

A pesquisa foi desenvolvida na Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), situada à Rua Marechal Floriano, Jardim da Aldeia, em Itaocara, localizada no noroeste fluminense, interior do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido desenvolvido nesta entidade visando uma apresentação do cenário dos que ali colaboram para o efetivo funcionamento e bem-estar social dos cidadãos itaocarenses e regiões circunvizinhas.

No setor desta instituição na unidade de Itaocara, identificamos que seu papel é de fazer com que a água chegue de forma saudável para o seu consumo, e que não venha trazer riscos à saúde da população e aos que dependem da mesma para garantir seus sustentos. A Estação de Tratamento de Água (ETA) Itaocara trata, em média, 80 litros de água por segundo e abastece aproximadamente 18.000 habitantes.

Esta unidade conta atualmente com 28 funcionários diretamente ligados, tendo cada um sua função determinada os quais contribuem com eficiência e eficácia para o bom desenvolvimento da máquina pública, os quais atendem a 3 municípios, o de Itaocara e seus distritos, bem como parte de Cambuci e Aperibé.

Durante a pesquisa na CEDAE de Itaocara, fez se necessário conhecer o processo feito para o tratamento e abastecimento de água, adquirindo um aprendizado enriquecedor durante esse processo. Foram observados no processo que os funcionários são eficientes, mesmo com recursos escassos, materiais disponibilizados e até mesmos as limitações dos funcionários devido os mesmos já estarem com a idade avançada e alguns com estado de saúde debilitado, fez até o presente momento os mesmos a desenvolverem ferramentas e peças que são úteis para a manutenção da estação de tratamento, sendo que o processo para aquisição e reposição de peças e ferramentas é burocrático assim optando sempre por mecanismos alternativos para reposição de peça e ferramenta, de acordo citada acima.

Em sua primeira etapa, podemos acompanhar e entender que neste primeiro processo ocorre a de coleta de água, qual a coleta da mesma é feita através de tubulações metálicas inseridas às margens do Rio Paraíba do Sul contando com o auxílio de bombas elétricas que cumprem a função de bombear a água do rio indo para o setor de tratamento. Graças ao desempenho e dedicação dos servidores que ali atuam, a manutenção destas tubulações é feita constantemente, deixando-a com plenas condições para que este processo não venha sofrer interrupções.

De forma geral, as etapas de processamento de efluentes de um Sistema de Abastecimento de Água é basicamente composto por:

1- Captação- Trata-se da retirada da água bruta de um manancial que pode ser superficial ou subterrâneo.

2- Tratamento- A água bruta captada passa por processos físicos e químicos que a tornam própria para o consumo, atendendo os padrões de potabilidade exigidos pela legislação.

3- Rede de Distribuição- A água tratada e dentro dos padrões de potabilidade chega a cada ligação predial através da rede para abastecimento e consumo pela população.

Durante o processo de observação do alguns questionamentos foram levantado alguns questionamentos em relação ao modo como a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE realizava todo seu procedimento de capitação, tratamento e abastecimento da água a ser distribuída na cidade de Itaocara-RJ sendo entrevistado os funcionários responsáveis pelo setor a fim de saber se para aquela filial existiria um planejamento específico para o município de Itaocara- RJ.

Conforme reposta obtida, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE possui um planejamento padrão aplicado em todas as unidades do estado estando este apenas direcionado ao empreendimento de capitar, tratar e abastecer águas das fontes hídricas  mais próximas e direcionar sua distribuição para a comunidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme exposto nesta pesquisa, a gestão de recursos hídricos, tem se tornado importante no cenário atual, uma vez que, pode ser essencial para se evitar o desabastecimento e prejuízos tanto econômicos como sociais. A partir de informações e dados obtidos pode-se compreender como foi o processo histórico do gerenciamento das águas brasileiras e fatos que culminaram em políticas públicas para este setor.

Apesar de em toda a sua história a exploração dos recursos hídricos ocorressem, somente com o processo de industrialização e consequente urbanização do país é que se percebeu a necessidade de um planejamento sobre como as águas disponíveis no território nacional seriam administradas e utilizadas como bem comum do povo.

No que ser refere ao foco central desta pesquisa, o qual se direcionou em evidenciar como se dá o trabalho da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE, município de Itaocara- RJ, em relação ao gerenciamento de recurso hídrico para o tratamento e distribuição de água potável.

O principal questionamento foi se haveria um planejamento específico para o municio de Itaocara- RJ quanto à capitação, tratamento e distribuição de água, ou se era algo padrão para toda estado. O que se observou foi uma concordância com a hipótese levantada a priori á em que a há sim um planejamento, mas que este é aplicado de forma geral como elemento padrão da empresa, desprezando o potencial hídrico local de longo e curto prazo.

Diante do exposto, pode-se concluir que é preciso uma conscientização por parte da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – CEDAE para que esta se empenhe em formular planejamentos específicos para cada localidade valorizando o potencial hídrico local de longo e curto prazo para seu melhor aproveitamento.

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[1] Graduando em Administração Pública.

[2] Graduando em Administração Pública.

[3] Graduando em Administração Pública.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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