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Aspectos sobre a patogenia de Oesophagostomum sp (nematoda: Oesophagostominae) em ruminantes

RC: 19013
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CONTEÚDO

TEIXEIRA, Gabriel Nogueira Brugger [1], LIMA, Juliana de Araújo [2], JUNIOR, Dalton Garcia de Mattos [3], AMARAL, Jorge Aguiar [4]

Teixeira, Gabriel Nogueira Brugger. Et al. Aspectos sobre a patogenia de Oesophagostomum sp (nematoda: Oesophagostominae) em ruminantes. Revista científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano.03, Ed. 08, Vol. 09, pp. 05-10, Agosto de 2018, ISSN: 2448-0959

RESUMO

Os nematódeos do gênero Oesophagostomum são responsáveis por grandes perdas econômicas nas criações de ruminantes. As larvas causam formações nodulares nos intestinos delgado e grosso desses animais, constituindo-se o estágio mais patogênico. Os nódulos são preenchidos por material necrótico caseoso amarelo-esverdeado, com ou sem a presença da larva. O nódulo é circundado por células inflamatórias e encapsulado por tecido conjuntivo fibroso. Nessa revisão são apresentados alguns aspectos da patogenia dessa parasitose em ruminantes e suas consequências na saúde animal.

Palavras Chaves: Oesophagostomumsp, NEMATODA, OESOPHAGOSTOMINAE, Ruminantes

INTRODUÇÃO

As helmintoses intestinais são responsáveis por inúmeras perdas econômicas nas criações de bovinos, ovinos e caprinos. No que se refere especialmente ao gênero do nematóide Oesophagostomum, tais perdas são decorrentes da ação espoliativa do parasita e/ou da perda de subprodutos, como peles de linguiça, fios de sutura e membrana de diálise. (1-4;7)

Os nematódeos gastrintestinais do gênero Oesophagostomum causam diarreia verde escura e fétida, anorexia, fraqueza, anemia, diminuição da produção de leite, perda de peso e, nos ovinos, queda na produção de lã. Em infecções crônicas, que ocorrem principalmente em ovinos, inapetência emaciação com diarreia intermitente e anemia são os principais sinais de oesofagostomose. (3-6;8)

As espécies mais patogênicas de Oesophagostomum, em ruminantes, ocorrem nos subtrópicos e trópicos e estão associadas à formação de nódulos no intestino. (3)

A patogenia mais importante é causada pelas larvas deste parasita, que penetram na mucosa e submucosa do intestino formando nódulos, inutilizando-o para a fábrica de subprodutos. Estes nódulos podem se romper ocasionando peritonite, e até mesmo a morte dos animais (3;5;7; 9-10).

Além disso, as larvas podem perfurar a serosa, cair na cavidade abdominal e produzir nódulos em vários órgãos, carrear bactérias e formar abcessos. Isso impede o aproveitamento dessas vísceras, além de poder levar os animais a óbito, causando grandes prejuízos econômicos. (7)

Os anti-helmínticos utilizados, geralmente, não tem uma ação efetiva contra as larvas presentes no interior dos nódulos, o que dificulta a elaboração de programas estratégicos de controle, bem como o controle eficaz dessa parasitose.

Tendo em vista a grande importância econômica desta parasitose, o presente trabalho tem por objetivo caracterizar as alterações anatomopatológicas causadas pelo estagio larvar do nematóide do gênero Oesophagostomum no intestino de ruminantes.

REVISÃO DE LITERATURA

Características histológicas do intestino delgado de ruminantes

O intestino delgado tem numerosas adaptações que aumentam a superfície absortiva e secretora: comprimento, pregas, vilos e microvilos. Embora existam características diferenciadoras das várias regiões do intestino, estas regiões compartilham muitas características comuns (11).

Na junção gastroduodenal, ocorre uma mudança brusca das características da membrana mucosa. As fossetas gástricas são substituídas por projeções digitiformes (vilos ou vilosidades) da membrana mucosa. (11)

Os dois terços superiores do intestino delgado possuem pregas da mucosa circularmente dispostas (plicae circularis) que se estendem aproximadamente dois terços ao redor do lume. Nos ruminantes essas pregas são permanentes. (12)

O epitélio da mucosa é formado por três tipos celulares: as células de revestimento ou absortivas, as células caliciformes e as células argentafins (11).

As glândulas intestinais se abrem na base dos vilos, na forma de imaginações tubulares simples e ramificadas. O epitélio é formado por células prismáticas, células caliciformes, células de Paneth e células argentafins. As células de Paneth estão presentes nos ruminantes, equinos e no homem. Suas enzimas bactericidas (lisozima) sugerem uma função fagocitária ou de controle da flora bacteriana. (11)

A lâmina própria é formada por tecido conjuntivo frouxo que forma o centro dos vilos e circunda as glândulas intestinais. É constituída de fibras colágenas e elásticas sustentadas por uma trama de fibras reticulares. Dentro desta extensa malha fibrosa encontram-se vasos sanguíneos e linfáticos, leucócitos, fibroblastos, células plasmáticas e mastócitos. As glândulas intestinais podem ocupar a maior parte dessa camada. A frequência dos nódulos linfáticos, todavia, aumenta caudalmente, podendo ocupar a lâmina própria e a túnica submucosa, como é o caso das placas de Peyer. (11-12)

A muscular da mucosa é composta de camadas circular interna e longitudinal externa de músculo liso. (12)

A túnica submucosa é uma camada de tecido conjuntivo formado por feixes de fibras colágenas e elásticas, localizadas entre a muscular da mucosa e a túnica muscular. As glândulas da submucosa são tubuloacinosas simples e ramificadas, as quais se abrem nas glândulas intestinais. Elas são mucosas nos ruminantes. Nos pequenos ruminantes, elas estão confinadas a região inicial ou média do duodeno. Nos grandes ruminantes, elas se estendem para o jejuno. (11-12)

2.1.2 CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS DO DUODENO

A túnica mucosa é altamente pregueada, com vilos e pregas circulares. As glândulas intestinais são proeminentes. As glândulas duodenais podem estar presentes na submucosa. Os nódulos linfáticos podem ser encontrados, mas são esparsos. Os vilos tendem a ser largos, com um formato regular e com uma ponta arredondada. (11)

Características histológicas do jejuno

O jejuno é semelhante ao duodeno. Os vilos são estreitos, pequenos e menos numerosos, que no duodeno. Na mucosa e submucosa estão presentes nódulos linfáticos. (11)

Características histológicas do íleo

As células caliciformes são uma característica importante no íleo. Placas de Peyer ocorrem com frequência na mucosa e submucosa. Os vilos dessa região são claviformes as pregas não estão presentes. (11)

PATOGENIA DAS LESÕES CAUSADA PELAS LARVAS DE OESOPHAGOSTOMUM SP.

Em bovinos as principais ações das larvas de Oesophagostomum radiatum e seus consequentes efeitos ocorrem durante o período pré-patente e são causadas pelas larvas que provocam irritação e inflamação da parede intestinal. A infecção inicial surge como uma pequena intumescência de 1mm de diâmetro nas paredes do intestino delgado e do intestino grosso, contendo leucócitos, pus e sangue. A parede intestinal se apresenta inflamada e edematosa. Quando as larvas deixam os nódulos, estes atrofiam e desaparecem. A invasão de bactérias do trato intestinal que circundam as larvas ocasiona uma reação inflamatória e febre, resultando na formação de nódulos caseosos que eventualmente destroem as larvas. (5;8)

Há evidências de que as larvas de Oesophagostomum radiatum predispõem a penetração e multiplicação de bactérias atípicas nos nódulos e, consequentemente, estas provocam sensibilização alérgica inespecífica observada na tuberculinização. (13)

Repetidas infecções, os nódulos chegam a ter mais de 1 cm de diâmetro e são preenchidos com material caseoso. E que comumente esses nódulos coalescem formando uma lesão caseosa que pode se romper para cavidade abdominal (5)

As larvas de 3° estágio de Oesophagostomum columbianum migram profundamente na mucosa, provocando uma reação inflamatória com a formação de nódulos, visíveis a olho nu. Na reinfecção, esta reação é mais acentuada, os nódulos atingindo 2 cm de diâmetro e contendo pus eosinofílico esverdeado e uma larva de 4° estagio. Quando as larvas de 4° estágio emergem, pode haver ulceração da mucosa. (3)

As larvas de Oesophagostomum venulosum são menos patogênicas e não provocam a formação de nódulos no intestino. Mas causam ulcerações e petéquias na parede intestinal (8).

CARACTERÍSTICAS ANATOMOPATOLÓGICAS DOS NÓDULOS DE OESOPHAGOSTOMUM SP.

Em infecções primárias causadas por Oesophagostomum columbianum de ovinos, foram encontrados nódulos de 1 a 2 mm no intestino delgado e de 5 a 10 mm no intestino grosso. Os nódulos continham pus amarelo esverdeado ou material caseoso encapsulado por tecido fibroso (9).

Os nódulos intestinais causados por Oesophagostomum columbianum eram bastante firmes e numerosos. Os nódulos novos eram escuros e os mais antigos marrom-esbranquiçados. Ao corte esses mostravam centro caseoso, com a larva em seu interior, ou então isentos de larvas que retornaram para a luz intestinal (10).

Nódulos de Oesophagostomum radiatum no final do íleo e no ceco de bovinos. O exame macroscópico mostrou que as lesões nodulares faziam nítida e pronunciada saliência para a luz intestinal, medindo entre 1 a 19 mm de diâmetro, tendo a maioria destes 2 e 3 mm de diâmetro. Ao corte, os nódulos maiores continham, em seu interior, massa caseosa, bastante ressecada, de coloração branco-amarelada, às vezes, esverdeada. Em alguns nódulos pode ser observada, à vista desarmada, a presença de larvas (13).

Em caprinos nódulos intestinais causados por Oesophagostomum sp. que variavam de 0,2 a 0,5 mm de diâmetro. As principais alterações histopatológicas eram inflamação granulomatosa contendo necrose de caseificação no centro, cercada por células inflamatórias (linfócitos, eosinófilos e monócitos) e encapsulada por tecido conjuntivo fibroso (2).

Também em caprinos, com infecções moderadas, de Oesophagostomum columbianum e Oe. venulosum, nódulos verde-amarelados contendo a larva em seu interior, tanto no intestino delgado como no intestino grosso. O tamanho dos nódulos variava de milímetros ao tamanho de uma ervilha, os nódulos encontrados no ceco estavam em diferentes estágios de desenvolvimento na submucosa, muscular da mucosa e serosa. Os nódulos mais novos eram caracterizados por lesões de necrose caseosa cm áreas eosinofílicas circundadas por células gigantes do tipo corpo estranho, macrófagos e linfócitos. Nos nódulos mais antigos a lesão de necrose caseosa encontrava-se encapsulada por tecido conjuntivo fibroso. A mucosa apresentava enterite catarral associada a um infiltrado rico em linfócitos, monócitos e células plasmáticas, enquanto a submucosa, a muscular da mucosa e a serosa estavam livres de nódulos. (14)

As lesões nodulares causadas por Oesophagostomum columbianum no intestino delgado (final do íleo) e no intestino grosso (principalmente no ceco) de caprinos. No intestino delgado os nódulos, em sua maioria, eram pequenos, semelhantes a grãos de areia, às vezes, um pouco maiores, esbranquiçados, pouco salientes, que se confundiam com a cor da mucosa intestinal. No intestino grosso predominavam os nódulos grandes, até do tamanho de um grão de ervilha, firmes, às vezes, formando aglomerados salientes. Histologicamente as alterações se caracterizavam pela presença de lesões nodulares, comprometendo todas as camadas e segmentos do intestino, com ou sem a presença evidente do parasita. Os nódulos localizavam-se na submucosa ou subserosa, mas afetavam as demais camadas pela extensão da lesão e pelo percurso migratório das larvas e apresentavam centro com necrose de liquefação ou de caseificação, às vezes, com abertura para a luz intestinal e contaminados por bactérias. (7).

A reação fibrosa e inflamatória aparecia nos pontos de entrada e saída das larvas na mucosa e era circundada por infiltrado predominantemente do tipo mononuclear, com maior numero de linfócitos. As células epitelióides, as células gigantes de corpo estranho, os eosinófilos e os plasmócitos estavam presentes em menor proporção. Encontrava-se ainda hipersecreção de muco, descontinuidade da muscular da mucosa, edema em todas as camadas, causando dissociação das fibras da camada muscular, hiperplasia linfoide, dilatação dos vasos linfáticos e artrite na submucosa. (4)

Os nódulos causados por Oesophagostomum columbianum no intestino de caprinos continham material caseoso ou pus sendo encapsulados por tecido fibroso, podendo ou não ser observada a presença da larva. (4;16).

As larvas de Oesophagostomum columbianum podem carrear bactérias para o interior dos nódulos ou até mesmo para a cavidade abdominal. (4;8)

Os nódulos causados por Oesophagostomum sp. no intestino de ruminantes contém material necrótico caseoso amarelado com as larvas podendo ou não estarem presentes. Esses estão rodeados por células inflamatórias, como: eosinófilos, macrófagos e linfócitos, além de células gigantes de corpo estranho e são encapsulados por tecido conjuntivo fibroso (14).

Existe muita discordância entre os autores quanto à patogenia das espécies de Oesophagostomum sp sejam capazes de formarem de nódulos no intestino de ruminantes. Maiores estudos são necessários a fim de se realizar a correta identificação desses nematoides e sua patofisiologia, bem como proceder uma caracterização mais apurada das lesões anatomopatológicas causadas pelas larvas de tais espécies.

REFERÊNCIAS:

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DELLMANN, H. D.; BROWN, E. M. Histologia Veterinária. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan. 397 p. 1982.

MOTA, P. M. C.; LANGENEGGER, J.; LANGENEGGER, C. H. Microbactérias atípicas isoladas de nódulos de oesofagostomose bovina. Pesq. Vet. Bras., v. 7, n. 1, p.7 – 10, 1987.

SAHOO, P et al. Pathology of intestinal helminthiasis in Black Bengal goats. Indian Vet. J. v. 73, n. 9, p. 920 – 924, 1996.

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