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As vantagens do parto humanizado para o recém-nascido

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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

RODRIGUES, Flávia Dionizio [1], SOUSA, Ana Lígia [2]

RODRIGUES, Flávia Dionizio. SOUSA, Ana Ligia. As vantagens do parto humanizado para o recém-nascido. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 08, Vol. 08, pp. 155-188. Agosto de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/vantagens-do-parto

RESUMO

O parto humanizado proporciona vários benefícios ao binômio mãe e bebê, de curto e longo prazos; são tecnologias leves, como a promoção de um ambiente agradável e respeitoso, que promova acolhimento e privacidade, o uso de medidas não farmacológicas de alívio da dor na mulher em trabalho de parto, o contato pele-a-pele logo após o nascimento, o clampeamento tardio do cordão umbilical e amamentação nas primeiras horas de vida, que são responsáveis pela melhoria da assistência ao nascimento, com resposta positiva quanto à satisfação da família e a adaptação à vida extrauterina. O recém-nascido passa por várias adaptações durante a transição da vida uterina para a extrauterina, portanto é importante ficar atento a esse período, conhecendo os sinais de uma adaptação deficiente para intervir quando necessário. Assim, o objetivo geral do presente estudo foi compreender o impacto do parto humanizado para o recém-nascido, destacando os benefícios imediatos e a longo prazo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva, exploratória, cujo método foi a revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa; a coleta de dados foi realizada entre os meses de abril a outubro de 2017, em bases de dados disponíveis pela internet e livros renomados em humanização do nascimento. Os cuidados de enfermagem no período de transição neonatal são de extrema importância, assim como a avaliação de Apgar, o exame físico do neonato, sinais vitais e controle da temperatura no neonato. Humanização no parto é respeito à vida neonatal, com garantia da fisiologia e do desenvolvimento neuropsíquico desse novo ser.

Palavras-chave: Parto humanizado, recém-nascido, adaptação fisiológica do neonato.

INTRODUÇÃO

O parto humanizado é um processo que envolve os profissionais da saúde, a família e o recém-nascido (RN), com incentivo ao parto natural, saudável e sem risco para a gestante e seu bebê. É importante que o recém-nascido chegue em um ambiente aconchegante, tranquilo e amável, para proteger a adaptação deste concepto à vida extrauterina, como também, para favorecer o vínculo afetivo entre os pais e bebê, a fim de melhorar o desenvolvimento da criança.

O presente trabalho se justifica porque apesar de se abordar com frequência, no meio acadêmico, sobre o tema parto humanizado, os pesquisadores reportam-se na maioria das vezes sobre as vantagens para a mãe. No entanto, esse conjunto de técnicas e comportamentos também tem influência sobre a saúde do recém-nascido. A equipe de saúde que reconhece os benefícios do parto humanizado para o binômio, tem mais empenho em aplicá-lo em sua realidade, a fim de oferecer uma assistência de melhor qualidade.

Para dar seguimento à pesquisa, foi utilizado o seguinte problema norteador: O recém-nascido é um ser tão frágil, delicado e de grande importância para os seus familiares; por que é deixado sozinho e passa por tantos procedimentos dolorosos nas suas primeiras horas de vida? A estrutura hospitalar e os profissionais da saúde estão preparadas para prestar uma assistência humanizada de qualidade para os recém nascidos e seus familiares?

Desta forma, o objetivo geral do presente estudo foi: compreender o impacto do parto humanizado para o recém-nascido, destacando os benefícios imediatos e a longo prazo. E os objetivos específicos foram: revisar o mecanismo do parto e as adaptações fisiológicas do recém-nascido, principalmente nas primeiras horas após o parto, identificar as vantagens do parto humanizados para o Recém-nascido e descrever os principais cuidados de enfermagem no parto humanizado, a fim de proteger e favorecer o desenvolvimento no bebê.

Assim, o presente estudo se trata de uma pesquisa descritiva, exploratória, do tipo revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada no período de abril a outubro de 2017, em bases de dados disponível pela internet: Scielo (Scientific Library Electronic Online), Google acadêmico e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), bem como na biblioteca da Faculdade Anhanguera de Brasília. A amostra foi composta por livros de obstetrícia e neonatologia que abordam o assunto, bem como por manuais do Ministério da Saúde do Brasil e artigos publicados em revistas indexadas. Os descritores e suas associações utilizados para a busca de artigos foram: “Parto Humanizado”, “Parto Normal” e “Recém-nascido”.

Os Critérios de inclusão utilizados foram: publicação no idioma português, nos últimos 10 anos, que contemplava algum dos objetivos específicos do presente estudo no seu resumo ou sumário. Foram excluídos todo material, onde após leitura do texto na íntegra, não houve resposta relevante para algum dos objetivos deste trabalho. Após seleção do material utilizado, a amostra foi lida e resumida, dividida em capítulos, de acordo com a categorização das informações mais relevantes, em seguida elaborado o artigo acadêmico sobre as vantagens do parto humanizado para o recém-nascido.

1. MECANISMO DO PARTO E ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NASCIDO

O trabalho de parto de forma natural, respeitando os aspectos fisiológicos, sociais, culturais e sem intervenções desnecessárias, tem valor significativo no desenvolvimento do sistema respiratório do bebê. As alterações hormonais liberadas durante as contrações auxiliam no desenvolvimento do pulmão, estimulando os movimentos de sucção e estimular a amamentação (BRASIL, 2015).

Ao nascimento o bebê procura marcos de referência que o ajudem a se lembrar dos nove meses intra útero, quais sejam, o cheiro e o gosto do líquido amniótico no leite, a voz do pai e da mãe, a frequência e o ritmo cardíaco e respiratório maternos, o jeito de andar e valsar da mãe e os sons que lhe são familiares e não raro. Os profissionais de saúde não podem os colocar distante de tudo que lhes eram familiares desde antes do nascimento, num lugar frio, sem vida, hostil e sem contenção (ALMEIDA; GOMAS; BAHAIANA, 2015).

No entanto, a tecnologia tem influenciado a população que sofre uma epidemia de cesárias, chegando a ser considerado como via de parto de primeira escolha do Brasil. Portanto, o parto deixa de ser um evento fisiológico natural de nascer, onde não se considera a sensação e as emoções humanas, culturais e particulares, importantes no desenvolvimento humano. Devido a esses acontecimentos a parturiente perdeu a sua autonomia e privacidade no parto, afastada do seu convívio familiar, agora assistidas por profissionais da saúde, deixando um impacto na vida da mulher que, nem sempre é positivo (BRASIL, 2016).

De acordo com Brasil (2015b) continua referindo que a assistência ao parto e ao nascimento deve seguir evidências científicas com altos padrões de qualidade, de acordo com as normas técnicas e recomendações do Ministério da Saúde. Pelo exposto, as mulheres e os profissionais ligados ao processo de parto e nascimento estão na busca do resgate ao parto onde a mulher retorna ao papel de protagonista, com seus desejos atendidos e com o mínimo de intervenções. O objetivo desse movimento é promover conforto e satisfação com a experiência do parto, bem como diminuir a morbimortalidade materna e perinatal associadas a medicalização e instrumentalização do parto.

O parto espontâneo, desencadeia, evolui e termina sem intercorrências. O parto fisiológico é denominado normal ou eutócico. O trabalho de parto inicia pela pelve materna, contrações uterinas e os esforços expulsivos com intensidade e frequência adequada, dilatação total do colo. É importante que a gestante esteja preparada psicologicamente para o parto. A dilatação é o primeiro estágio clínico do parto, e o período mais longo e mais variável. O primeiro estágio passa por três fases; latente, ativa e transição. Na latente, as contrações são de leve a moderadas. Na fase ativa as contrações são longas e a dilatação aumenta consideravelmente e o colo uterino apaga, em média, 80%. Já na fase de transição, as contrações têm um ritmo lento e mais frequentes; intensas e longas, com apagamento de 100%; geralmente é nessa fase que ocorre a amniorrexe (ARAÚJO; REIS, 2012).

O segundo período é a expulsão, no qual a dilatação da cervice é completa. As contrações são mais eficazes, o feto desce pelo canal de parto, a parturiente faz força para baixo até a expulsão do mesmo. O terceiro período compreende o início do nascimento do bebê e termina com a expulsão da placenta. O quarto período é a primeira hora após a dequitação, período crítico e de risco materno. Nessa fase inicia-se o restabelecimento do corpo da mulher. Quando a mãe e bebê estão estáveis e em condições satisfatórias de recuperação e adaptação, seguem em alojamento conjunto, estimulando o vínculo familiar e aleitamento materno precoce (ARAÚJO; REIS, 2012).

Para que o parto e nascimento tenha sucesso, também são necessárias uma série de movimentos do concepto, para que ele perpasse pelo canal do parto, definidos como mecanismo do parto, os quais são descida lenta e progressiva, flexão, rotação interna, deflexão ou extensão, rotação externa, desprendimento dos ombros e nascimento por expulsão (COSTA et al., 2017).

O recém-nascido (RN) após o parto, nas primeiras horas de vida, passa por importantes adaptações na transição para a vida extrauterina. É necessário ficar atento ao período de transição e reconhecer os sinais de uma adaptação deficiente e intervir quando necessário (KENNER, 2011). A esse respeito, é preciso considerar que:

O exame físico mais abrangente com o objetivo de se avaliar o bem estar e a normalidade física da criança deve ser realizado com 12-24 horas de vida, portanto, após o término do período de transição. Nesse período, ocorre uma série de alterações para a recuperação dos estresses causados pelo trabalho de parto, pelo nascimento e pela adaptação às exigências do meio extrauterino. Essa transição requer ajustes do RN para tolerar a mudança de um meio líquido, relativamente estável (que proporciona nutrição e respiração adequada) para ambiente no qual ele deve ser muito mais independente fisiologicamente. Os neonatos a termo completam esse período em poucas horas; entretanto, para os RN pré-termo, esse período pode ser mais longo e alguns podem necessitar de assistência especializada (BRASIL, 2015b, pág.8).

Na vida intrauterina a placenta transporta O2 e metabólitos, assim como eliminação de produtos degradáveis. Os pulmões fetais são preenchidos por líquido alveolar e amniótico. A saturação de O2 oscila de 10 a 20% (hipoxemia). Pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) de 58% (hipercapnia). PH arterial de 7,28 (acidose). O Surfactante é secretado pelos pneumócitos tipo II por volta da 24 e 30 semanas de gestação. O fosfolipídio diminui a tensão superficial dos fluídos pulmonares e evita o colapso alveolar ao final da expiração, facilita as trocas gasosas, diminui as pressões de insuflação necessárias para a abertura das vias respiratórias, melhora a complacência pulmonar e diminui o trabalho respiratório (KOPELMAN, 2010).

No Sistema Circulatório o fechamento anatômico ocorre após o fechamento funcional, os shunts fetais podem se abrir intermitentemente antes de se fechar por completo. A abertura intermitente do shunt ocorre devido a condições que causam aumento da pressão da veia cava e do átrio direito (choro), o que poderá causar sopros funcionais. Os shunts permitem que o sangue não oxigenado passe do lado direito para o lado esquerdo do coração, desviando-se da circulação pulmonar, podendo ocorrer cianose transitória (KENNER, 2011).

O forame oval é uma abertura entre os átrios direito e esquerdo do coração. A reversão do gradiente de pressão faz com que ele se feche. Ele encerra sua função, aproximadamente, um minuto após o nascimento. Porém, o fechamento anatômico ocorre em, aproximadamente, duas semanas. Ducto arterial é responsável por desvia o sangue da artéria pulmonar para a aorta, evitando os pulmões. Quando ocorre a dilatação das arteríolas pulmonares em resposta a necessidade de oxigênio dos pulmões sucede o aumento do gás carbônico, portanto faz com que o ducto arterial se feche completamente. O encerramento da função ocorre em aproximadamente 15 horas, porém, o fechamento anatômico ocorre por volta da 3ª semana de vida. O ducto venoso permite que a maior parte do sangue oxigenado desvie do fígado, entrando na veia cava inferior. O pinçamento do cordão é responsável por interromper o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, entrando então em constrição, fechando-se anatomicamente em, aproximadamente, 2 semanas (KENNER, 2011).

1.1 CIRCULAÇÃO FETAL, CIRCULAÇÃO NEONATAL, SISTEMA HEMATOPOIÉTICO E RESPIRATÓRIO

Nos circuitos paralelos circulam sangue venoso e arterial misturando-se, estruturas fetais, ducto venoso, forame oval e ducto arterial. O transporte do sangue oxigenado na vida intrauterina e realizado através da placenta pela veia cava inferior, o sangue circula para o fígado através da circulação hepática e a outra parte é transportada para a veia cava inferior pelo ducto venoso. O sangue oxigenado da placenta mistura-se com o da veia cava inferior, do átrio esquerdo com o sangue das veias pulmonares e ventrículo esquerdo, depois para a circulação sistêmica pela aorta (ARAÚJO; REIS, 2012).

No útero, o bebê respira através do cordão umbilical, após o corte do mesmo, o que posteriormente acontece a primeira incursão respiratória. A artéria pulmonar bombeia sangues das cavas inferior e superior pulmonar, estabelecendo o fluxo esquerdo e direito. O forame oval é fechado logo após o nascimento por conta das alterações dos gradientes de pressão nas câmaras cardíacas e maior retorno venoso pulmonar. O canal arterial é fechado nos primeiros quatros dias, e o fechamento anatômicos meses depois. As estruturas anatômicas e shunt fetais tem o seu fechamento funcional dentro das primeiras doze a vinte e quarto horas, o ducto venoso em torno da primeira e segunda semana, e o ducto arterioso até o final do primeiro mês de vida (ARAÚJO; REIS, 2012).

Após o nascimento o bebê tem grande número de hemácias e com tamanho diminuído, as hemácias aumentam a fim de realizar a oxigenação dos tecidos, e gradativamente conforme as necessidades do organismo aumenta até chegar na sua qualidade adequada. A hemoglobina fetal gradativamente é substituída pela hemoglobina neonatal (ARAÚJO; REIS, 2012).

Durante a vida intrauterino o bebê desenvolve gradativamente suas estruturas anatômicas pulmonar se preparando para realizar as trocas gasosas ao nascer. A maturação das células alveolares e produção de surfactante aumenta seu pico de produção em torno das 35º semanas (ARAÚJO; REIS, 2012).

Estímulos bioquímicos, mecânicos e ambiental, são importantes para a respiração neonatal. O parto normal pelo canal de parto auxilia na remoção de secreções presentes no trato respiratório. No centro respiratório medular, a luz, o som, o toque e a dor, estimulam receptores químicos importante para a respiração no RN (ARAÚJO; REIS, 2012).

Com a passagem do bebê pelo canal vaginal, acontece a compressão torácica o pulmão força a saída de líquido pulmonar através da vias aeras superiores. Parte do líquido é absorvido pelos vasos linfáticos e o restante é removido pelos capilares pulmonares, portanto com a primeira respiração fica estabelecida a capacidade funcional residual (CFR). A circulação pulmonar e o sistema linfático absorvem líquido após o início da respiração. A contração muscular involuntária força a entrada de ar para dentro dos pulmões. O choro força a entrada de grande quantidade de ar para dentro dos pulmões. No parto cesariano o recém-nascido não passa por esse processo, podendo desencadear alguns tipos de problemas respiratório de culto ou a longo prazo. Com o estabelecimento da respiração, a expansão dos pulmões e a eliminação do líquido, a circulação pulmonar é imediatamente substituída por um sistema de baixa-resistência e alto fluxo. Caso o recém-nascido não receba oxigênio suficiente, ele é capaz de utilizar o glicogênio (KENNER, 2011).

O tempo médio para limpar os pulmões no RN a termo é de seis a vinte e quarto horas após o parto vaginal, quando a remoção de líquido é inadequada pode causar taquipnéia transitória do RN. A frequência respiratória, estabilizando-se em cerca de 24h após o nascimento. O resfriamento pode diminuir a oferta de oxigênio aos tecidos, causando a retenção de dióxido de carbono e a redução na troca gasosa (KOPELMAN, 2010).

Após o nascimento a criança precisa estabelecer, imediatamente, a ventilação pulmonar, e respirar por si mesma. Respirar imediatamente e manter a respiração, substituindo o líquido pelo ar nos pulmões, abrir a circulação pulmonar e fechar os desvios fetais, respirar imediatamente e manter a respiração, nas função respiratória e circulatória, no útero, os pulmões do feto estão cheios de líquido, após o nascimento, o líquido é substituído pelo ar, o surfactante é produzido pelos pulmões, ele evita o colabamento pulmonar na expiração. Reduz a tensão superficial dos pulmões exigindo um menor esforço pra prosseguir e manter a respiração. A primeira respiração da criança a termo, ocorre nos primeiros segundos após o nascimento, nos quais, diversos estímulos enviam mensagens ao centro respiratório cerebral da criança, como os estímulos sensoriais: frio, toque, movimento, luz/som e resfriamento. Já o pinçamento do cordão umbilical são estímulos potentes para ajudar a estabelecer o sistema respiratório do recém – nascido, sem interversões desnecessárias na assistência (KENNER, 2011).

1.2 SISTEMA RENAL

A maturação da função renal ocorre a partir da 34ª semana e com o passar dos dias melhora consideravelmente. A primeira urina surge nas primeiras quarenta e oito horas. É necessário monitorar o RN quanto aos seus mecanismos de perdas sensíveis e insensíveis. Realizado o balanço hídrico rigoroso e a densidade urinária. O controle de perdas evita os desequilíbrios hidroeletrolíticos (ARAÚJO; REIS, 2012).

1.3 SISTEMA DIGESTÓRIO

A função gastrointestinal é relativamente inativa. O líquido amniótico é ingerido, o que proporciona uma fonte de água que pode ser reabsorvida para o organismo. Quando não ocorre à absorção de água independente do motivo ocasionará o desenvolvimento de excesso de líquido amniótico (KOPELMAN, 2010).

A primeira evacuação da criança é o mecônio que é uma combinação de secreções do trato intestinal, bile, bilirrubina não-conjugada e resíduos deglutidos do líquido amniótico. Se o feto entra em sofrimento ou hipóxia antes do nascimento, o esfíncter anal relaxa, liberando o mecônio. Se o mesmo for aspirado pelos pulmões do feto, pode constituir uma ameaça para suas vias aéreas, acarretando pneumonia ou a síndrome da aspiração de mecônio (KENNER, 2011).

No nascimento, o estômago tem uma musculatura insuficiente, distensão abdominal. Os esfíncteres: piloro e cárdia são fracos peristaltismo e antagônico. Correspondente a estes fatores, a criança tem a tendência de regurgitar ou ter pequenos vômitos, além de reter ar na parte superior do estômago. O estômago pode reter cerca de vinte ml ou menos de líquido. O peristaltismo é aumentado na porção inferior do intestino, provocando evacuações frequentes. A criança ao nascer tem a maioria das enzimas necessárias para digerir proteínas e carboidratos simples. Portanto, a digestão das gorduras é mais difícil, o estômago e intestinos é estéril e tem pH neutro. Os recém-nascidos têm as quatro sensações de paladar e reagem aos odores, são capazes de sugar, engolir e respirar. Os rins estão suficientemente maduros para excretar as substâncias residuais que fazem parte da filtragem glomerular (KOPELMAN, 2010).

1.4 TERMORREGULAÇÃO

A Termorregulação é a manutenção do balanço entre perda e produção de calor, extremamente importante para a sobrevida e crescimento do neonato. Na vida intrauterina, a temperatura é de aproximadamente 37,5ºC. Durante a transição para a vida extrauterina a temperatura corpórea diminui cerca de 0,2°C/min, prematuro até 0,3ºC/min. A temperatura corporal do RN depende da troca de calor entre o bebê e o ambiente externo. O RN hipotérmico precisa de várias horas para que a temperatura alcance os valores normais, visto que o ambiente deve favorecer o ganho de calor. Os recém-nascidos podem perder até 10% de seu peso corporal, durante os primeiros dias de vida (KENNER, 2011).

2. AS VANTAGENS DO PARTO HUMANIZADO PARA O RECÉM-NASCIDO

Parto humanizado é o conceito dado ao tipo de parto que respeita as escolhas da mulher, onde o atendimento é digno e de qualidade, respeitando o momento do nascimento, prestando a atenção necessária sem violar os direitos da mulher. Proporcionando um parto fisiológico sem qualquer intervenção desnecessária, sabendo que a mulher é capaz de ser protagonista do seu parto. Promover um ambiente acolhedor com as condições adequadas para mãe e recém-nascido (BRASIL, 2015c).

As mulheres, por sua própria natureza, sabem parir e, sempre que o parto for de risco habitual, não precisam sofrer intervenções desnecessárias. No parto normal, o bebê sinaliza a hora do seu nascimento, avisando quando já está maduro, pronto para vir ao mundo. No trabalho de parto, a mulher pode e deve andar, ingerir líquidos e alimentos leves e escolher a melhor posição para parir, respeitando seu corpo e sua cultura. A recuperação é mais rápida, com menores índices de complicações, como hemorragias e infecções. É indicado para as gestações de risco habitual, e mesmo nas gestações de alto risco, contanto que haja um acompanhamento contínuo, as mulheres e os bebês podem e merecem usufruir dos benefícios do parto normal (BRASIL, 2015, pág.11).

O diagnóstico precoce da gestação e inicio do pré-natal é um fator importante no parto humanizado, ajudando a identificar possíveis complicações que podem ser corrigidas com medicamentos, mudanças de hábitos, reeducação alimentar, apoio psicológico, simultaneamente favorecendo um acompanhamento adequado e de qualidade e com menores riscos de complicações materno e fetal, proporcionando um parto normal, humanizado e sem intervenções desnecessárias (COSTA et al., 2017).

O parto humanizado busca proporcionar conforto e segurança para o bebê e puérpera, evitando manipulações desnecessárias, promovendo um ambiente calmo e livre de estresse, iluminação adequada e aquecimento da sala em temperatura apropriada para ambos mãe e bebê, alojamento conjunto para favorecer o vínculo afetivo familiar (BRASIL, 2015c).

Proporcionando dignidade humana e autonomia à parturiente, sabendo que a enfermagem é importante na assistência ao parto humanizado, pois pelas próprias características da profissão, trabalha proporcionando segurança e conforto, livre de danos, seja ele físico ou psicológico (BRASIL, 2015d).

O parto humanizado traz conforto, bem estar físico e emocional para a mulher, reduzindo o risco de complicações e internações para o binômio mãe e filho. O acompanhante de escolha da parturiente também é uma figura importante nesse cenário proporcionando o bem-estar da parturiente, colaborando na assistência e promovendo melhor desenvolvimento na evolução do parto (GOMES et al., 2014).

O parto humanizado também permite e assegura que o RN seja amamentado na primeira hora pós-parto, a amamentação e sucção ajuda no desenvolvimento da face do bebê, auxiliando na respiração. Enquanto o bebê suga contrai o útero diminuído o sangramento e o rico de hemorragia materna. Protegendo-o contra diarreia e infecção respiratória, favorecendo a eliminação de mecônio, diminuindo o risco de icterícia, e fortalece o vínculo mãe-bebê. Quanto mais o bebê mamar, mais leite é produzido. O estresse materno e nervosíssimo atrapalha na produção de leite, por isso é importante proporcionar um ambiente calmo e tranquilo, respeitando a privacidade no ser humano (COSTA et al., 2017).

Borges (2015) corrobora e complementa referindo que o parto normal proporciona o melhor desempenho no sistema respiratório, durando a passagem no bebê pelo canal de parto, ocorre compressão do tórax fetal, acontecer o impulso que leva a executar a primeira respiração. Passando por mudanças radicais na transição do útero para o mundo externo, respirar é o primeiro instinto inato que ele realizar.

Através da passagem pelo canal de parto, o peito é comprimido, forçando a saída de fluidos para fora dos pulmões e expelidos com mais facilidade, a uma liberação de pressão no tórax que faz com que o ar seja aspirado, para dentro dos pulmões para preencher os alvéolos (BORGES, 2015).

A assistência humanizada tem experiência positiva para o binômio mãe e filho, tanto na saúde física, como emocional, melhorando a autoestima e favorecendo o bem estar de ambos. O parto normal traz benefícios tanto para a mãe, como para a criança; o parto prepara o bebê da vida intrauterina para a vida extrauterina, as contrações uterinas impulsionam o concepto pela passagem, que é o canal vaginal, mecanismo essencial para prepara-lo para a vida, esse processo diminuir os ricos de doenças respiratórias, broncoaspiração, ajuda no desenvolvimento dos pulmões e elimina o líquido acumulado nos pulmões facilitando o processo de respiração. O trabalho de parto inicia quando o bebê está pronto para nascer, quando já adquiriu maturidade, principalmente a pulmonar. E o leite materno fica livre de substâncias anestésicos e medicamentos utilizado no parto cesáreo. O leite proporciona o fornecimento de anticorpos e hidratação, evitando os riscos de hipoglicemia, diarreias e desidratação ao bebê (BRASIL, 2015).

Durante a vida uterina o bebê recebia todo o oxigênio através do sistema circulatório fetal pela placenta e o cordão umbilical, responsáveis por fornecer oxigênio e nutriente para o desenvolvimento do feto e realizar trocas gasosas (BORGES, 2015). Após o nascimento o recém-nascido deve realizar essas funções sozinho, por isso o estímulo natural do nascimento é tão importante.

Atividade física durante a gestação pode ser realizada, desde que a mulher já pratique antes da gravidez, e não tenha contra indicação médica. As atividades físicas melhoram nos ajustes neurais, hormonais, cardiovasculares e respiratórios, promovendo a homeostase do organismo diante das demandas energéticas aumentadas durante a gravidez, adaptações morfológicas e funcionais, facilmente readaptadas após o parto (COSTA et al., 2017).

O nascimento é a transição fisiológica da vida humana. Os atendimentos recebidos nos primeiros minutos de vida podem determinar em um desenvolvimento normal ou a presença de sequelas neurológicas, ou até mesmo entre a vida e a morte (COSTA et al., 2017).

Nos bebês que nascem em boas condições de vitalidade, o clampeamento do cordão umbilical pode ser tardio, quando a pulsação cessa, fato que acontece normalmente entre um e três minutos após a expulsão fetal. Esse cuidado é benéfico principalmente com relação aos índices hematológicos, pois aumenta as reservas de ferro. O RN também pode ser posicionado sobre o tórax ou abdome materno durante esse período, em contato pele a pele, favorece a formação do vínculo do binômio e evitando a hipotermia neonatal (COSTA et al., 2017).

A assistência humanizada com o apoio contínuo durante o mecanismo das etapas e dos fenômenos da parturição, diminuir a necessidade de medicamentos, e parto cesariano. O acompanhante é um direito da parturiente, durante todo o período de trabalho de parto e pós parto imediato, promovendo maior satisfação e bem-estar, tem valor significativo durante transição fetal.

É uma vantagem materna o parto normal, pois promove uma recuperação mais rápida e com menor tempo de internação hospitalar. Já as pacientes que foram submetidas à cesárea precisam passar por um período maior de internação hospitalar, proporcionando maior risco de infecção, desfavorecendo na produção de leite materno, proporcionando um retardamento uterino, pois o útero demora mais tempo para volta ao seu tamanho normal, e afetando os laços sentimentais com o bebê. Além disso a cada parto normal, o tempo de trabalho de parto posterior fica mais curto para essa mesma paciente nas próximas gestações (BRASIL, 2015c). A data prevista para o parto é importante para os pais se prepararem para a chegando do bebê, pois o parto não pode ser marcado, tem que esperar o bebê adquirir maturidade fetal, e o corpo materno inicial o trabalho de parto espontaneamente.

Durante a passagem pelo canal vaginal, o corpo do RN é massageado, fazendo com que ele desperte para o toque e não estranhe tanto o toque dos médicos e enfermeiros ao nascer. Ao nascer o bebê pode ser imediatamente colocado em cima da mãe, o que acalma mãe e filho e aumenta seus laços sentimentais, e após estar limpo e vestido, pode permanecer todo o tempo junto da mãe, desde que o bebê esteja com boa vitalidade, ou seja, respirando, chorando e com tônus muscular em flexão. Conduzindo a uma receptividade ao toque, os recém-nascidos que nascem de parto normal quando ainda não tem o cordão umbilical cortado e são colocados em cima da barriga da mãe conseguem se arrastar até o peito para mamar, sem precisar de nenhuma ajuda (BRASIL, 2011).

Outra vantagem é a diminuição do uso abusivo de medicamentos e técnicas desnecessárias que causam grandes problemas a saúde materna e neonatal, medicamento esses que pode causar dificuldade na amamentação e atraso no desenvolvimento da criança, assim como o aumento da mortalidade materna e neonatal. A ocitocina artificial é um desses medicamentos, utilizado rotineiramente durante a assistência ao parto. O uso de ocitocina de forma exagerando ou não necessária, acelerar o parto fisiológico, aumentando os riscos de complicações e cirurgias intra parto, ou seja a ocitocina em dosagem alta, aumenta a intensidade e potência das contrações uterinas, aumentando o risco de alterações na frequência cardíaca fetal e no aporte de oxigênio para o feto, durante o trabalho de parto (BRASIL, 2015c).

A ocitocina é um hormônio natural, importante na ligação materna e neonatal, e importantíssimos durante o trabalho de parto. Liberado naturalmente pelo corpo da mulher. É esse hormônio quem promove as contrações uterinas, que provocam a dilatação do colo uterino e a descida do bebê no canal da pelve feminina. Promover privacidade, um ambiente adequado é sem interferências desnecessárias, aumentam a ação da ocitocina naturalmente e intensidade das contrações uterinas, melhorando o desenvolvimento no trabalho de parto, sem o uso indiscriminado de medicamentos desnecessários. Com resultados positivo no aleitamento materno, e menor índices de depressão pós-parto (BRASIL, 2015).

A humanização na assistência ao parto deve ocorrer tanto no parto normal quanto na operação cesariana. É importante atenta-se as indicações de cesariana, algumas delas são: descolamento prematuro da placenta com feto vivo; prolapso de cordão; quando o bebê está em posição transversal durante o trabalho de parto; gestante soropositiva para HIV; no caso de ruptura de vasa previa ou ainda herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto (BRASIL, 2014).

No parto cesariana, o bebê também pode ficar em alojamento conjunto da mãe com o bebê, desde que os dois estejam em situação favorável. É o RN com boa vitalidade ao nascer imediatamente após o parto permanece em contato pele a pele, durante a primeira hora de vida, favorecendo o vínculo entre mãe e bebê e estimulando a amamentação precoce, exceto se tiver contra indicações. O corte do cordão umbilical só deverá acontecer quando parar de pulsar, para garantir que o bebê receba uma dose extra de oxigênio nos primeiros momentos de vida (BRASIL, 2015c).

3. CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PARTO HUMANIZADO PARA O RECÉM NASCIDO

Assistência ao recém-nascido (RN) imediatamente após o parto, com boa vitalidade, consiste em secá-lo e colocá-lo em contato pele a pele com a mãe para regular a temperatura, evitando hipotermia no RN, realizar o índice de APGAR e realizar clampeamento tardio do cordão umbilical. Deixar o recém-nascido em contato pele a pele com a mãe nas primeiras horas de vida, estimulando o aleitamento precoce, após o contato mãe e bebê realizar exame físico inicial do recém-nascido também são consideradas como boas práticas para a humanização da assistência. No modelo de assistência humanizada mãe-filho não se separam, exceto em situação de risco para um deles ou ambos (BRASIL, 2011).

3.1 CUIDADOS IMEDIATOS DE ENFERMAGEM

Um dos cuidados primordiais nos cuidados de enfermagem imediatos ao RN é o preparo do ambiente que irá recebê-lo, onde o corpo de enfermagem deve garantir um ambiente tranquilo, acolhedor, com pouca luminosidade, pois a luz era filtrada pelas paredes do abdome materno, com pouco barulho para os ouvidos imaturos deste novo ser, que também recebia os sons filtrados e que eram embalados apenas pelos sons dos órgãos maternos (BRASIL, 2016).

Atualmente, as evidências científicas recomendam o clampeamento tardio do cordão, pois na veia e nas artérias umbilicais, após o nascimento do recém-nascido, ainda existe sangue circulando, por aproximadamente três minutos; esse cuidado tem efeitos benéficos para ambos mãe e bebê, pois aumenta o volume sanguíneo no recém-nascido transfundido via placentária, diminuir o volume da placenta, facilitando a expulsão na mesma (BRASIL, 2011).

A “transfusão placentária” ocorre também para os recém-nascidos pré-termo, embora ela seja relativamente menor. Uma demora de 30 a 45 segundos permite um aumento do volume sanguíneo de aproximadamente 8 a 24%, com uma transfusão ligeiramente maior após o parto vaginal (entre 2-16 ml/kg depois do parto cesáreo e 10-28 ml/kg depois do parto vaginal) é rápida e, logo em seguida, diminui lenta e gradualmente. Aproximadamente 1/4 da transferência sanguínea ocorre nos primeiros 15 a 30 segundos após a contração uterina do nascimento, entre 50 e 78% da transfusão ocorre durante os 60 segundos posteriores, e o restante até os três minutos (BRASIL, 2011, pág.5-6).

A temperatura da sala de parto também deve ser adequada, devido à imaturidade da termorregulação do neonato. Deve-se, portanto, manter campos e gorros aquecidos para serem utilizados. A manutenção da temperatura corporal é fundamental na adaptação à vida extrauterina para evitar hipotermia iatrogênica. A sala de reanimação neonatal deve estar sempre preparada, com materiais e equipamentos, para manter as vias respiratórias livres de obstruções, através da aspiração boca e narinas se for necessário, bem como para fornecer uma boa ventilação-oxigenação (ROLIM, 2010).

Identificar o bebê com pulseira de identificações, contendo o nome da mãe, número de registro, sexo, data de nascimento e hora. Quando a mãe e bebê estão em boas condições após o parto, o RN deve ser colocado em contato pele a pele com a mãe posicionado no abdome materno e coberto com campos pré-aquecido. Nos primeiros quinzes minutos de vida do RN deve ser avaliado o índice de Apgar, para avaliar as adaptações do bebê a vida extrauterina (BRASIL, 2017).

Dentro das primeiras horas de vida o RN passa por procedimentos necessários. A profilaxia da oftalmia neonatal, realizada de rotina nos cuidados com o recém-nascido, a administração pode ser ampliada em até 4 horas após o nascimento. Vitamina K para a profilaxia da doença hemorrágica, administrada por via intramuscular, na dose única de 1 mg, e vacina contra hepatite B de preferência nas primeiras 12 horas de vidas, com objetivo de evitar a transmissão vertical, aplicada por via intramuscular profunda (BRASIL, 2017).

3.2 CUIDADOS MEDIATOS DO RN

A primeira higiene corporal do recém-nascido só deve ser realizado após o bebê atingir a estabilidade térmica, no mínimo após vinte e quarto horas do nascimento, com exceção de casos em que o RN está banhado em mecônio espesso, filho de mãe com vírus da hepatite B, herpes-vírus e HIV, com o objetivo de remover resíduos de sangue materno, minimizando a exposição do RN com esses agentes etiológicos. É necessário o uso de luvas de procedimentos no banho e ao manusear o RN, evitando contaminação por sangue e secreções maternas. O banho é realizado no sentido cefalocaudal. A água deve ser morna, para evitar a perda de calor por evaporação, além disso acalma e conforta. Os olhos e o rosto devem ser lavados primeiro, sem sabão, apenas com água morna, usar sabonete suave e neutro. A cabeça deve ser lavada separada, prioritariamente com o RN seco e aquecido, depois secá-la completamente, em seguida, higieniza-se de frente e de bruços, e a região do períneo por último (ARAÚJO; REIS, 2012).

Algumas unidades utilizam o banho embrulhado, em que é progressivamente desenrolado do cueiro já imerso na banheira. Após o banho, enrolá-lo em coberto de preferência aquecido sob calor radiante para evitar hipotermia e gasto excessivo de energia.

Higiene do coto umbilical, após o banho e após todas as trocas de fraldas. A limpeza deve ser realizada com álcool a 70% e gazes da parte mais distal para a parte proximal do coto umbilical, evitando irritações e contaminações, não deve ser utilizado coberturas no coto. A queda do colo umbilical aconteci por volta de 7 a 10 dias (BRASIL, 2012).

Avaliação de peso, medidas e exames físico, deve ser realizado diariamente, a fim de rastrear a necessidades de intervenções precoces, identificando anormalidades. É importante realizar o rastreamento (Screening) neonatal, para descartar possível distúrbio ou doenças metabólicas potencialmente fatal, que podem ser tratadas precocemente. Os exames específicos para a triagem neonato são: Teste do pezinho, teste do coraçãozinho, teste da orelhinha e teste do olhinho (BRASIL, 2015b).

3.3 ORIENTAÇÕES SOBRE OS CUIDADOS APÓS A ALTA HOSPITALAR

Durante o período de transição neonatal acontece várias adaptações à vida extrauterina, podendo acontecer algum agravos que necessita de intervenções, podendo ser revertidas ou evitados com alguns cuidados importantes. É importante que a família esteja orientada para não entrar em pânico e estressar a parturiente e bebê (ARAÚJO; REIS, 2012).

Orientações e prevenções, se o bebê apresentar soluço, agasalhá-lo bem, colocá-lo junto ao seio materno. Se houve choro persistente, no período de cólicas, deitar o bebê de bruços, realizar massagem delicadamente, colocá-lo em contrato corporal para aquecê-lo e acalmá-lo. Em relação á flatulência fazer massagem na extensão do abdome para eliminação de gases. Quando o bebê estive apresentando golfadas, colocar o bebê no colo em posição em pé, balançá-lo suavemente até que a bolha de ar saia do estômago. Em relação a obstrução nasal, retirar delicadamente o muco seco das narinas com soro fisiológicos e pera de sucção. O banhos do RN de preferências, deve ser rápido e logo em seguida secá-lo bem, principalmente as do dobrinhas e o umbigo. E necessário realizar curativo do coto umbilical com álcool a 70%, após o banho e sempre que realizar troca de fralda. A cada troca de fralda avaliar a coloração da pele. Colocar o bebê para tomar banho de sol, de dez a quinze minutos por dia, antes das dez horas da manhã ou após as dezesseis horas, consequentemente o sol ativa a vitamina D, é eliminar o excesso de bilirrubina no sangue no bebê (BRASIL, 2009).

Nos primeiros dias as fezes do bebê costumam ser escuras, depois poder ser amareladas e liquidas, e as vezes esverdeadas, isso é normal. Para evitar assaduras, dermatites e alergias cutâneas, e necessário troca as fraldas sempre que estiverem molhadas ou sujas, realizar higienização das partes intimas com água e pano ou algodão úmido. Não se devem usar perfumes, pois poder sufocá-lo. E importante orientar os pais e familiares, sobre a importância das vacinas, as doenças que são prevenidas, datas das aplicações e idade que a criança toma todas as vacinas, para que os mesmo não sejam negligenciados (ARAÚJO; REIS, 2012).

3.4 ALEITAMENTO MATERNO

O aleitamento materno é exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê. É importante avaliar o tipo de mamilo da nutriz, para melhor orientá-las no processo de amamentação, técnicas e posicionamento que favoreçam a pega e sucção do bebê ao seio. O leite materno é produzido pela ação de hormônios e reflexos. É composto por lipídios, carboidratos e proteínas. Nos primeiros dias é produzido o colostro, rico em proteínas. Por volta do quinto e sexto dia é produzido o leite de transição rico em gordura e açúcar. Do sétimo ao décimo é produzido o leite maduro. Também tem o leite pré-termo de mãe de bebês prematuros com maior teor de lipídios e calorias para melhor atender as necessidades de crescimento. É importante que a família entenda que cada mulher produzir o leite adequado para os seus filhos, não necessitando de complemento alimentar (BRASIL, 2009).

E importante que o lactente receba todo o leite da mamada, no início da mamada o leite é rico em água e constituintes hidrossolúveis, vitaminas, minerais, carboidratos, proteínas, enzimas e hormônios, no meio da mamada há aumento da concentração de micelas de caseínas e é onde se concentrar cálcio e fosforo do leite, e no final aumenta o lipídios, rico em calorias, saciando a criança (BRASIL, 2011b).

As vantagens do aleitamento materno são o vínculo afetivo entre mãe e filho. Para a mulher, evita hemorragias no pós parto, melhora no retorno uterino, método natural de planejamento familiar, menor prevalência de câncer de mama, ovário e endométrio. Para o bebê é nutritivo, facilita eliminação de mecônio, diminuir o risco de icterícia, protege contra infecções, melhora o sistema imunológico. Vantagens para a sociedade, economia familiar, e redução de lixo ambiental (BRASIL, 2009).

O uso abusivo de medicamentos e técnicas desnecessárias causam grandes problemas a saúde de ambos mãe e bebê, também resultam em dificuldade na amamentação e atraso no desenvolvimento da criança, assim como o aumento da mortalidade materna e neonatal. Há muitas práticas realizadas pela equipe de saúde que são desnecessárias, desumanas e prejudiciais, realizadas rotineiramente, por exemplos: enema, tricotomia, colocar a parturiente em posição supina em trabalho de parto, exame retal, administração de ocitocina exagerada e sem necessidade, entre outras. Estas condutas violam os direitos da mulher e a sua integridade do corpo, modificado a fisiologia do parto e nascimento (GOMES et al., 2014).

Para oferecer uma assistência ao recém-nascido de qualidade, os profissionais têm que considerar que o ambiente que o pequeno cliente habitava (o útero) o fornecia segurança, com os limites bem definidos, calor e com filtros de odores e som.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a elaboração do presente estudo pode-se concluir que o recém-nascido é um pequeno ser, frágil, delicado e importante para os seus familiares, que muitas vezes passa as suas primeiras horas de vida sozinho, em procedimentos estressantes, dolorosos e que não são necessários de serem realizados de imediato, podendo ser postergados a outro momento. Assim, na tentativa de preservar a fisiologia da transição de feto para neonato e a formação de vínculo com sua família, o bebê deve permanecer a sua primeira hora de vida com sua mãe, em contato pele-a-pele, se não houver contra indicações.

A estrutura hospitalar e os profissionais de saúde que trabalham com o parto e o nascimento nem sempre estão preparados para prestar uma assistência humanizada e de qualidade para os recém-nascidos e seus familiares, vários fatores interferem nesse processo, tais como as rotinas hospitalares com alto índice de internações, as lotações nos centros obstétricos, as sobrecargas de serviços dos profissionais de saúde e a falta de atualização na assistências ao parto.

As entidades de saúde pública e os profissionais de saúde devem compreender o impacto do parto humanizado para o recém-nascido e os seus benefícios, prestando a melhor assistência possível, livre de danos e sequelas. Destaca-se, nesse contexto, os cuidados de enfermagem, que tem potencial para garantir condições ideais para auxiliar o neonato nas suas adaptações à vida extrauterina, contribuindo para a diminuição da mortalidade neonatal.

Pelo exposto, sugere-se profissionalismo e humanização em toda a assistência prestada ao neonato, bem como capacitação profissional para atuar junto as evidências científicas atuais e atitude para mudar um cenário resistente, cheio de mitos e credos pessoais, que é a esfera do nascimento.

REFERÊNCIAS

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ARAÚJO, Luciane de Almeida; REIS, Adriana Teixeira. Enfermagem na prática materno-Neonatal. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

BORGES, Michelson. A primeira respiração do bebê é irredutivelmente complexa. 2015. Disponível em: <http://www.criacionismo.com.br/2015/07/a-primeira-respiracao-do-bebe-e.html> Acesso em 23 de setembro de 2017.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à saúde Área Técnica da Criança e Aleitamento Materno. Além da Sobrevivência: práticas integradas de Atenção ao Parto, Benéficas para a nutrição e a saúde e a saúde de mães e crianças. Brasília – DF. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alem_sobrevivencia_atencao_parto.pdf>. Acesso em 20 de março de 2017.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Gestante: a operação cesariana. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 306, de 28 de março de 2016. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/22946-ministerio-lanca-protocolo-com-diretrizes-para-parto-cesariana>. Acesso em 26 de abril de 2017.

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[1] Pós-graduação: Assistência e UTI em Enfermagem Neonatal e Pediatria, Graduação: Enfermeira, e Técnica em Enfermagem.

[2] Orientadora. Enfermeira obstetra.

Enviado: Agosto, 2018.

Aprovado: Setembro, 2019.

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Flávia Dionizio Rodrigues

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