REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Perfil clínico e epidemiológico da hanseníase em menores de 15 anos: uma revisão integrativa

RC: 132214
121
5/5 - (10 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA

RODRIGUES, Geovana Maria Coelho [1], FREITAS, Amanda Karen de Oliveira [2], FERNANDES, Bianca Sousa [3], RODRIGUES, Matheus Klisman Santos [4], MOREIRA, Marcelo Hübner [5]

RODRIGUES, Geovana Maria Coelho. Et al. Perfil clínico e epidemiológico da hanseníase em menores de 15 anos: uma revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 06, pp. 92-108. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/epidemiologico-da-hanseniase

RESUMO

Resumo: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen, caracterizada pelo comprometimento dos nervos periféricos, com perda ou alteração de sensibilidade cutânea térmica, dolorosa e/ou tátil e de força muscular. A patologia representa um grave problema de saúde pública no Brasil devido aos altos índices de prevalência e incidência. Pergunta problema: Dessa forma, delimita-se uma problemática a ser estudada: qual o perfil epidemiológico, clínico e os impactos que a Hanseníase pode acarretar para indivíduos menores que 15 anos?  Objetivo: o presente trabalho tem como objetivo abranger uma visão geral sobre a hanseníase em menores de 15 anos. Metodologia: O levantamento bibliográfico foi executado no Google Acadêmico e incluiu os artigos indexados na base de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), PUBMED e SciELO (Scientific Electronic Library Online), consideradas as principais da área da saúde brasileira. Foram utilizados os seguintes descritores: “hanseníase”, “menores de 15 anos” e “epidemiologia”. Resultados e conclusão: Foram efetuadas leituras detalhadas dos  artigos permitindo avaliar os resultados e ter como conclusão que no Brasil a hanseníase é um problema de saúde pública, podendo ocasionar incapacidades físicas e psicológicas permanentes, sendo de extrema importância ampliar os conhecimentos acerca da patologia, entender os aspectos clínicos e epidemiológicos contribuindo com a educação em saúde, sobretudo, subsidiando informações necessárias para medidas de busca ativa, visando controlar a enfermidade.

Palavras-chave: Hanseníase, Menores de 15 anos, Consequências.

INTRODUÇÃO

Hanseníase é uma doença infectocontagiosa que possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente que tem como característica a infecção dos nervos periféricos, em especial, as células de Schwann (BRASIL, 2017). Historicamente conhecida como lepra, a hanseníase ainda é uma doença marcada por estigmas de exclusão e preconceito. A associação da patologia com o termo “lepra”, considerada incurável e contagiosa, ainda existe no conceito dos indivíduos, sendo determinante para a continuidade do estigma e dos problemas psicossociais que estão relacionados com a doença, causando sofrimento e angústia aos portadores.

A hanseníase pode acometer indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, ocorre com menor frequência em crianças. Nota-se que crianças, menores de quinze anos, adoecem mais quando há uma maior endemicidade da doença. Os casos de hanseníase em indivíduos de faixa etária inferior a 15 anos, assim como o seu número total no primeiro diagnóstico, apresentaram queda entre 2005 e 2015 em todo o país e mesmo com essa redução, o país ainda permanece na categoria “médio” para essa idade (RIBEIRO; SILVA; OLIVEIRA, 2018).

A transmissão ocorre de forma direta, por via respiratória, sendo necessária predisposição e ter contato íntimo e prolongado com o doente sem tratamento (HERZMANN et al., 2016). Crianças e adolescentes acometidos pela hanseníase poderão sofrer consequências físicas, sociais e emocionais de modo que a experiência vivenciada da doença nessa faixa etária poderá ser marcada por mudanças nas atividades de vida diária, prática e lazer, que ocorrem em função dos efeitos farmacológicos adversos, manifestações clínicas e preconceito sofrido. A patologia possui uma evolução lenta e caráter incapacitante, podendo muitas vezes provocar limitações se não houver os cuidados necessários (BRASIL, 2017). Desse modo é de extrema importância que seja realizado o diagnóstico precoce, evitando que o processo de transmissão se perpetue e acarrete danos ao doente.

A hanseníase manifesta-se no doente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos que podem afetar também outros órgãos. A doença se apresenta por lesões cutâneas com diminuição/perda de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, tendo como preferência do Mycobacterium leprae células cutâneas, terminações nervosas livres e troncos nervosos. Em razão disso, ocorrem a perda de sensibilidade, as atrofias, paresias e paralisias musculares (FRANCO et al., 2014).

A hanseníase tem cura e o seu tratamento é realizado por meio da poliquimioterapia (PQT), essa associação medicamentosa impede a resistência do bacilo que ocorre, com frequência, quando é utilizado apenas um medicamento, dificultando e por vezes impossibilitando a cura da doença. As doses medicamentosas são autoadministradas diariamente, sendo a primeira dose administrada sob supervisão e, a cada 28 dias, o indivíduo encontra a equipe de saúde para receber a dose supervisionada e para avaliação de andamento do tratamento. Ademais, neste momento, também são verificadas a evolução das lesões, o aparecimento de comprometimento neural e dos estados reacionais, além da realização de orientações para o autocuidado. Essas ações são necessárias para a prevenção das incapacidades e deformidades físicas que a patologia pode ocasionar (BRASIL, 2017).

Dessa forma, qual o perfil epidemiológico, clínico e os impactos que a Hanseníase pode acarretar para indivíduos menores que 15 anos? O presente trabalho tem como objetivo abranger uma visão geral sobre a hanseníase em menores de 15 anos, tendo em vista que o diagnóstico da doença é imprescindível para vigilância em saúde, principalmente, para melhorar a qualidade de vida da população acometida a fim de evitar danos físicos, emocionais e psicossociais. Nesse intuito, faz-se necessário, cada vez mais pesquisas que possibilitem um mapeamento de cada região, para uma futura elaboração de medidas de prevenção e promoção de saúde, de acordo com as características particulares de cada lugar (LIMA et al., 2010). Portanto, este trabalho é de grande relevância para a comunidade científica, onde a revisão integrativa tem como objetivo abranger uma visão geral sobre a hanseníase em menores de 15 anos.

MÉTODOS

A revisão integrativa é um método de pesquisa de suma importância, pois tem como finalidade reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado assunto, o que permite maior facilidade na abordagem acerca do conhecimento em questão. A partir da produção de uma revisão integrativa, o pesquisador pode abordar objetivos com finalidades diferentes, direcionando por exemplo a exposição de definições, hipóteses ou análise de estudos que incluam a temática (COOPER, 1982).

A pesquisa em questão refere-se a uma revisão integrativa, contemplando as etapas de: definição do tema, seleção dos artigos, obtenção dos critérios de inclusão e exclusão, determinação dos dados que serão extraídos e interpretação dos materiais.

Para nortear a presente revisão integrativa, formulou-se a seguinte questão: Qual o perfil epidemiológico, clínico e os impactos que a Hanseníase pode acarretar para indivíduos menores que 15 anos? Essa consiste na primeira etapa da realização de uma revisão integrativa.

O levantamento bibliográfico foi executado no Google Acadêmico e incluiu os artigos indexados na base de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), PUBMED e SciELO (Scientific Electronic Library Online), consideradas as principais da área da saúde brasileira. Foram utilizados os seguintes descritores: “hanseníase”, “menores de 15 anos” e “epidemiologia”.

Para o refinamento adequado da pesquisa e a seleção da amostra, utilizaram-se os seguintes critérios de inclusão: artigos da área da Medicina e Enfermagem publicados nos anos de 2011 a 2021. Foram priorizados os artigos dos últimos dez anos devido serem os mais atuais sobre a temática da hanseníase. Na busca por meio dos descritores mencionados, foram encontrados 50 artigos que foram lidos na íntegra. Dos 50 artigos, foram selecionados 10 artigos científicos que contemplaram o público e a faixa etária em questão.

Os dados foram apresentados em forma de tabela e discutidos segundo o conteúdo disponível nos mesmos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na presente revisão integrativa, analisou-se 10 artigos que atenderam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos e foi feita uma análise detalhada dos mesmos (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição das produções científicas segundo os seguintes instrumentos: autores e ano de publicação, título, objetivo do estudo e resultados

Autor; Ano Título Objetivo Resultado
FEITOSA et al. 2021 Hanseníase em menores de 15 anos de idade e cobertura da Estratégia Saúde da Família, Belém, estado do Pará Análise da distribuição da hanseníase em menores de 15 anos, no município de Belém, estado do Pará, no período de 2005 a 2014 e correlacionar com a cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município Como resultado obteve-se maior ocorrência foi no sexo masculino (54,57%) e na cor parda (67,47%). A faixa etária mais acometida foi a de 10 a 14 anos. Houve predomínio das formas tuberculoide e dimorfa. A taxa de detecção apresentou tendência de queda, porém, apesar dessa queda, a detecção encontrada ainda é considerada muito alta pelos parâmetros utilizados pelo Ministério da Saúde. Foram três o número de bairros classificados como hiperendêmicos, sendo um deles com cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) entre 25,18% a 45,91%.
SANTOS et al. 2020 Perfil epidemiológico e tendência da hanseníase em menores de 15 anos Avaliação das características epidemiológicas e a tendência de novos casos de hanseníase em menores de 15 anos na Bahia entre 2007 e 2017 O estudo compreendeu 2.298 casos novos e apresentou decrescente taxa de detecção, proporção de contatos investigados e proporção decrescente de cura. Destacam-se os casos paucibacilar, com proporção de 63,27% e predominância no sexo feminino com ensino fundamental incompleto e raça/cor parda residindo em zona urbana. Em relação às formas clínicas, deficiências físicas e modos de detecção, 26,68% eram tuberculoides, 73,72% obtiveram nota zero e 36,42% foram encaminhados, respectivamente.
FERNANDES et al. 2019 Distribuição espacial e temporal da incidência da hanseníase em menores de 15 anos em Manaus Análise da distribuição espacial e temporal da incidência de hanseníase em menores de 15 anos no município de Manaus, no período de 2009 a 2015. No período de 2009 a 2015 foram notificados 173 casos novos de hanseníase em menores de 15 anos em Manaus. Os indicadores apresentaram um gradiente na distribuição por zonas, apontando cinco áreas onde se concentram bairros com taxas de detecção classificados entre média e elevada incidência, que são os bairros das regiões Norte, Sul, Leste, Centro-sul.
NUNES et al. 2019 Perfil clínico e epidemiológico dos casos de hanseníase em menores de 15 anos em um município da região metropolitana de Goiânia, Goiás Análise do perfil clínico e epidemiológico dos casos de hanseníase em menores de 15 anos em um município da região metropolitana de Goiânia, Goiás entre os anos de 2009 e 2011. Foram encontrados 37 casos o que representa 6% do total de casos novos notificados na população geral entre 2009 e 2011. Os coeficientes de detecção de casos novos por 100 mil habitantes encontrados nos menores de 15 anos foram: 4,23 em 2009, sendo classificado como índice alto, 16,94 em 2010 considerado índice hiperendêmico e 8,47 classificados como índice muito alto em 2011. Houve predomínio de incidência no sexo masculino. Predominaram os casos de pacientes com 1 a 5 lesões e que possuíam de 1 a 3 nervos afetados no diagnóstico. A forma mais encontrada foi a dimorfa e a classificação multibacilar
SCHNEIDER; FREITAS, 2018 Tendência da hanseníase em menores de 15 anos no Brasil, 2001-2016 Analisar a tendência das taxas de detecção de hanseníase em menores de 15 anos no Brasil, no período de 2001 a 2016 A média da taxa de detecção foi de 5,77 por 100 mil habitantes. Entretanto, observou-se uma tendência decrescente dessa taxa, com annual percent change (APC) de -5% (IC95%: -6,7; -3,3). Verificou-se tendência decrescente em todas as regiões do país. Entre as regiões, a Norte foi a que manteve a média hiperendêmica (≥ 10,00 por 100 mil habitantes) da taxa de detecção. A série temporal em 19 Unidades da Federação (UF) foi decrescente. Todavia, entre elas, muitas mantiveram média hiperendêmica, como: Mato Grosso, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Pernambuco, Piauí e Acre. Entre as 8 UF que apresentaram tendência estacionária, Tocantins manteve média hiperendêmica no período. Das 24 capitais brasileiras incluídas no estudo, 14 delas foram decrescentes e 10 estacionárias. Embora com tendência decrescente dos casos novos, algumas capitais mantiveram a média hiperendêmica como: Teresina, Recife, Cuiabá, Boa Vista, Rio Branco e Belém. Apesar de apresentarem tendência estacionária, as capitais Palmas e São Luís registraram média hiperendêmica.
LOIOLA et al. 2018 Perfil epidemiológico, clínico e qualidade de vida de crianças com hanseníase em um município hiperendêmico Analisar o perfil epidemiológico, clinico e qualidade de vida de crianças com hanseníase em um município hiperendêmico. Maiores frequências do sexo masculino, idade entre 12 a 14 anos, cor parda, classificação operacional multibacilar, forma clínica dimorfa e Grau 0 de incapacidade no diagnóstico. Mais da metade com algum grau de comprometimento pelo CDLQI.
DOS SANTOS et al. 2018 Perfil Epidemiológico e Percepção sobre a Hanseníase em Menores de 15 anos no Município de Santarém-PA Descrever o perfil epidemiológico, a percepção dos menores e seus responsáveis sobre a doença. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de natureza quantitativa e qualitativa realizada no município de Santarém. Foram notificados 18 casos da doença na faixa etária supracitada, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015 no município, dos quais 10 pacientes compõem a amostra desse estudo. Identificou-se características semelhantes como: a baixa condição econômica, ser contato de um caso de hanseníase, residir com cinco ou mais pessoas, possuir o nível de escolaridade baixo e não ter conhecimento sobre a doença.
FRANCO et al. 2014 Perfil de casos e fatores de risco para hanseníase, em menores de quinze anos, em município hiperendêmico da região norte do Brasil Demonstrar o padrão temporal da hanseníase, aspectos clínicos e relações de contatos, em menores de 15 anos, em área de antiga Colônia de Hansenianos do Norte do Brasil, considerando os fatores de risco. Notificados 226 casos de hanseníase de todas as faixas etárias, sendo 15,92% (36 casos) em menores de 15 anos com queda importante no coeficiente de detecção. No Pará redução discreta da notificação. Aumento de casos novos em 2005, 2009 e 2011. Predominaram o gênero feminino, faixa etária de 11 a 14 anos, renda familiar menor que um salário mínimo, grau de escolaridade ensino fundamental, lesão única em membros inferiores, forma MHI-PB, tratamento completo em seis meses de PQT, sem recidiva e sem sequelas com grau zero de incapacidade. Cura em 93,1%, sem baciloscopia. Contato intradomiciliar presente em 86,2% com tempo médio de contato de 8,6 anos e 72,4% das crianças com cicatriz de BCG no diagnóstico
PIRES et al. 2012 Hanseníase em menores de 15 anos: a importância do exame de contato Descrever dois casos de hanseníase em menores de 15 anos, sendo um de paciente com 18 meses de idade e outro de 13 anos, diagnosticados por modos de detecção diferentes, ressaltando a importância de examinar os contatos. Um dos casos foi diagnosticado precocemente por meio do exame de contatos intradomiciliares, enquanto o outro foi diagnosticado por demanda espontânea após quatro anos de aparecimento das lesões e, apesar de ser contato de um ex-paciente, não foi examinado na época.
DE MOURA et al. 2012 Hanseníase em menores de 15 anos na cidade de Juazeiro – BA Analisar o perfil clínico e epidemiológico dos casos de hanseníase em menores de 15 anos na cidade de Juazeiro – BA Dentre os dados analisados, destaca-se que dos 183 casos de hanseníase notificados em 2010, 10% (18 casos) ocorreram em menores de 15 anos, com ocorrência predominante em bairros periféricos, nas faixas etárias de 6 a 11 anos e de 12 a 14 anos, sendo prevalente o sexo feminino, a classificação operacional predominante foi paucibacilar.

Fonte: Os autores.

Ao ser efetuada a leitura de forma detalhada dos 10 artigos selecionados, permitiu-se reunir resultados na categoria dos assuntos abordados, formando três categorias diversas: Perfil clínico e epidemiológico; Distribuição e detecção de casos novos; Diagnóstico precoce da doença.

Em se tratando do tipo de estudo, foram abordados artigos originais, pesquisa de campo e outros.

Os conteúdos dispostos na tabela trazem os aspectos abordados nos objetivos e resultados dos artigos. Dessa maneira, observou-se que eles, em sua maioria, tratam de analisar quadros de perfil clínico e epidemiológico da doença, assim como, detectar casos novos em menores de quinze anos, o que pode auxiliar em promoção da prevenção à saúde.

Estes estudos são importantes para direcionar as ações, haja vista que, a hanseníase, é considerada agravo de notificação compulsória (BRASIL, 2016), tendo ainda mais relevância quando detectada em menores de 15 anos, pois indica uma transmissão ativa e atual de infecção da comunidade. Sendo assim, a implantação de estratégias direcionadas à população de risco fazem-se necessárias, com intuito de um diagnóstico precoce, redução da transmissão e de futuras sequelas da doença.

De acordo com Loiola et al. (2018), há predominância no sexo masculino e a faixa etária mais prevalente dos estudos é de 10 a 14 anos. Outros autores como Dos Santos et al. (2018), acrescenta supondo que essa faixa etária tem relação com o período de incubação da doença – que é longo, dura de 2 a 7 anos e afirma uma exposição precoce e persistência da transmissão.

Quanto ao perfil clínico, pode-se observar que a forma paucibacilar é mais comum nas crianças e adolescentes. A do tipo indeterminada, costuma acometer menores de 10 anos, enquanto a tuberculoide pode atingir até crianças de colo (BRASIL, 2017).

A segunda categoria aborda sobre a distribuição e a confirmação de casos novos, tendo estudos individuais sobre áreas hiperendêmicas no Brasil e também dentro de alguns estados/cidades. A Região Norte, por exemplo, foi mencionada com elevada taxa de detecção de casos novos, seguida pela Região Nordeste (SCHNEIDER e FREITAS, 2018). A detecção de casos novos e pontos de endemicidade são preocupantes, e esse predomínio alerta sobre a ocorrência do diagnóstico tardio e aumento da prevalência oculta da doença.

A respeito do diagnóstico precoce, observa-se necessidade de um rastreamento adequado na população, não somente nos ambientes de postos de saúde, mas também através de educação em saúde nas escolas e busca ativa nas microáreas. Quando se fala sobre mover a estratégia para fora dos “muros” do posto de saúde, é por entender que muitos não procuram esse local, acontecendo assim subnotificações, ou, os indivíduos chegam a ir ao posto de saúde, mas devido pouca informação, estigma sobre a doença e/ou tratamento prolongado, acabam por abandonar a terapêutica (FRANCO et al., 2014).

Muitos são os desafios no diagnóstico da hanseníase e tais fatos mencionados provocam a permanência de casos dentro das famílias, transmitindo para os demais moradores da residência, incluindo as crianças e adolescentes. Por isso, uma maior vigilância e cuidado deve ser exigida.

Ademais, sabe-se que a hanseníase é uma doença que traz sequelas físicas para o indivíduo acometido. Na população menor de 15 anos, além das sequelas físicas, podemos mencionar as sequelas psicológicas e emocionais, devido a doença poder levar a criança a conviver dentro de um cenário de preconceito e exclusão social mesmo nos tempos atuais existindo a cura, pois ainda há um histórico de discriminação da população acerca da doença (NUNES et al., 2019).

CONCLUSÃO

A partir da realização do presente estudo nota-se que as pesquisas nacionais sobre a hanseníase estão relacionadas aos principais problemas detectados nas unidades de saúde, seja na realização efetiva do exame, na busca ativa e conhecimento dos moradores de regiões endêmicas ou nas práticas de educação em saúde disponibilizadas.

Sendo assim, de acordo com os resultados encontrados, verificou-se que a doença ainda é um problema de saúde pública, onde se destaca que o perfil epidemiológico tem predominância no sexo masculino e a faixa etária mais prevalente dos estudos é de 10 a 14 anos. Com base no perfil clínico, observa-se que a forma paucibacilar é mais comum nas crianças e adolescentes, a do tipo indeterminada, costuma acometer menores de 10 anos, enquanto a tuberculoide pode atingir até crianças de colo, podendo acarretar incapacidades físicas, psicológicas e sociais.

Diante disso, torna-se evidente a necessidade de um melhor direcionamento de políticas públicas para a vigilância epidemiológica da Hanseníase, sendo importante enfatizar que o paciente pode evoluir para a cura, com o uso da medicação de forma adequada, visando desconstruir os estigmas sociais acerca da doença.

Dessa forma, conclui-se que apesar da baixa taxa de letalidade e mortalidade a pesquisa sobre hanseníase em menores de 15 anos deve ser expandida no Brasil, devido à pequena quantidade de produções encontradas dentro da faixa etária abordada, a fim de fornecer informações básicas de saúde, para que assim seja realizado o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da patologia, diminuindo riscos de consequências futuras  que possam interferir diretamente na qualidade de vida dos indivíduos acometidos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Gabinete Ministerial, Brasília, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia prático sobre a hanseníase. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília, 2017. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/22/Guia Pratico-de-Hanseniase-WEB.pdf. Acesso em: 30 nov. 2021.

COOPER, H. M. Scientific Guidelines For Conducting integrative research reviews. Review of Educational Research, v. 52, n. 2, p. 291-302. 1982.

DE MOURA, Luiza Taciana Rodrigues et al. Hanseníase em menores de 15 anos na cidade de Juazeiro-BA. Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas, v. 37, n. 1, p. 45-50, 2012. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/hansenologia/article/view/35085. Acesso em: 30 nov. 2021.

DOS SANTOS, Sílvia Maria Farias et al. Perfil Epidemiológico e Percepção sobre a Hanseníase em Menores de 15 anos no Município de Santarém-PA. Journal of Health Sciences, v. 20, n. 1, p. 61-67, 2018. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.17921/2447-8938.2018v20n1p61-67. Acesso em: 30 nov. 2021.

FEITOSA, Maísa dos Santos; CALDAS, Renan Reis; MOTA, João Natanael Gama dos; et al. Hanseníase em menores de 15 anos de idade e cobertura da Estratégia Saúde da Família, Belém, estado do Pará. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 3407-3424 jan/feb. 2021.

FERNANDES, Marcos Vinicius Costa et al. Distribuição espacial e temporal da incidência da hanseníase em menores de 15 anos em Manaus. Enfermagem Brasil, v. 18, n. 2, p. 264-272, 2019. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.33233/eb.v18i2.2469. Acesso em: 30 nov. 2021.

FRANCO, Mariane Cordeiro Alves et al. Perfil de casos e fatores de risco para hanseníase, em menores de quinze anos, em município hiperendêmico da região norte do Brasil. Revista Paraense de Medicina, Belém, p.29-40, out. 2014. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/0101-5907/2014/v28n4/a4635.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2021.

HERZMANN, C. et al. Risk for latent and active tuberculosis in Germany. Infection, vol. 45, n. 3, p. 283–290, 2016. Disponível em: doi: 10.1007/s15010-016-0963-2. Acesso em: 12 dez. 2021.

LIMA, H. M. N. et al. Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em Centro de Saúde em São Luís, MA. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 8, n. 4, p. 323–7, 2010. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2010/v8n4/a007.pdf. Acesso em: 12 dez. 2021.

LOIOLA, Hermaiza Angélica do Bonfim; AQUINO, Mariana Cardoso de; CARDOSO, Luciane Sousa Pessoa et al. Perfil epidemiológico, clínico e qualidade de vida de crianças com hanseniase em um município hiperendêmico. Rev. Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 26, 2018. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/32251. Acesso em: 12 dez. 2021.

NUNES, Patricia Silva; DORNELAS, Rodrigo Faria; MARINHO, Tamíris Augusto. Perfil clínico e epidemiológico dos casos de Hanseníase em menores de 15 anos em um município da região metropolitana de Goiânia, Goiás. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 17, p. e319, 2019.

PIRES, Carla Andrea A. et al. Hanseníase em menores de 15 anos: a importância do exame de contato. Revista Paulista de Pediatria. 2012, v. 30, n. 2, pp. 292-295. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000200022. Acesso em: 12 dez. 2021.

RIBEIRO, M. D.; SILVA, J. C.; OLIVEIRA, S. Estudo epidemiológico da hanseníase no Brasil: reflexão sobre as metas de eliminação. Revista Panamericana de Salud Pública, p. 1–7, 2018. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rpsp/2018.v42/e42. Acesso em: 12 dez. 2021.

SANTOS, A. N.; COSTA, A. K. A. N.; SOUZA, J. E. R.; ALVES, K. A. N.; OLIVEIRA, K. P. M. M.; PEREIRA, Z. B. Epidemiological profile and tendency of leprosy in people younger than 15 years. Rev Esc Enferm USP. 2020; 54:e03659. doi: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2019016803659. Acesso em: 12 dez. 2021.

SCHNEIDER, P. B.; FREITAS, B. H. B. M. Tendência da hanseníase em menores de 15 anos no Brasil, 2001-2016.  Cadernos de Saúde Pública, 2018; vol. 34, n. 3, e00101817. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/pLSMSxmf3PvVgKGLdnQfDxg/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 dez. 2021. 

[1] Graduanda em Medicina pela Universidade Ceuma. ORCID: 0000-0003-1483-3276.

[2] Graduanda em Medicina pela Universidade Ceuma. ORCID: 0000-0002-9927-011X.

[3] Graduanda em Medicina pela Universidade Ceuma. ORCID: 0000-00002-0388-8864.

[4] Graduando em Medicina pela Universidade Ceuma. ORCID: 0000-0001-8277-7814.

[5] Orientador. ORCID: 0000-0002-9482-6596.

Enviado: Junho, 2022.

Aprovado: Novembro, 2022.

5/5 - (10 votes)
Geovana Maria Coelho Rodrigues

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita