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Estudos bibliométricos para aferir tendências de produção científica: Análise da categoria Audiology & Speech Language Pathology na Web of Science

RC: 61336
82
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/tendencias-de-producao

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BARBOSA, Caroline Lopes [1], SOUZA, Luiz Augusto de Paula [2], COSTA, Rogério da [3], FERREIRA, Léslie Piccolotto [4]

BARBOSA, Caroline Lopes. Et al. Estudos bibliométricos para aferir tendências de produção científica: Análise da categoria Audiology & Speech Language Pathology na Web of Science. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 12, pp. 05-22. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/tendencias-de-producao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/tendencias-de-producao

RESUMO

Objetivo: utilizar análises bibliométricas para apontar tendências da produção científica brasileira, no caso, nos periódicos disponibilizados na categoria Audiology & Speech Language Pathology da plataforma Web of Science (WoS), que é a mais próxima do sentido de Fonoaudiologia no português brasileiro. Estratégia de pesquisa: estudo bibliométrico exploratório realizado na plataforma Web of Science na categoria supracitada, no período de 1945 (início da disponibilização pela plataforma) a Maio de 2020. Critérios de seleção: considerou-se critério de inclusão as revistas que constam no Journal Citation Reports (ISI Web of Knowledge), dentro da “JCR Science Edition”. Os periódicos dessa lista estão caracterizados por áreas temáticas preestabelecidas pela WoS. Análise dos dados: foi utilizado filtro, disponível no sistema de análise de resultados da WoS, por país dos autores e co-autores dos manuscritos, considerando a participação de brasileiros como autor principal ou co-autor, Resultados: a partir da busca foram encontradas 26 revistas incluídas na categoria mencionada e 1.030 artigos com participação de pesquisadores brasileiros. Conclusão: a publicação de autores brasileiros em revistas internacionais indexadas na WoS vem se ampliando, principalmente nas últimas duas décadas, e configura oportunidade de disseminação da experiência científica brasileira em periódicos com alto nível de indexação e de impacto.

Palavras-chaves: Pesquisa, fonoaudiologia, Revisão, indicadores de produção científica, tendências.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a pesquisa científica, em diferentes áreas, tem aumentado de forma expressiva. Estudos que utilizam as plataformas com interface Web of Science1 apontam para um aumento de publicações científicas até duas vezes superiores ao crescimento médio mundial (BARRETO, 2006).

Na área da saúde brasileira observa-se aumento da publicação científica indexada no Institute for Scientific Information (ISI, Filadélfia, EUA) ISI (REUTERS, 2014), sobretudo entre 1973 e 1992, principalmente em publicações na área da Saúde Coletiva. Estudo que realizou revisão sistemática da literatura, com a finalidade de identificar artigos epidemiológicos produzidos no Brasil e publicados em revistas indexadas na base MEDLINE/PubMed, no período de 1985 a 2004, destacou que esse crescimento de artigos na área de Saúde Coletiva pode ter intrínseca relação com a produção de pesquisa acadêmica e com práticas institucionais em serviços de Saúde Pública (BARRETO, 2006). Dentre as áreas da Saúde que se dedicaram a compreender e analisar o crescimento da produção científica destacam-se a Medicina e a Enfermagem.

Avanços da produção científica médica brasileira são constatados a partir da década de 1960, quando a média das produções científicas publicadas em periódicos nacionais indexados na base de dados ISI era de 52 artigos. No início do século XXI a média das produções alcançou 10.555 artigos completos e 13.353 quando incluídas outras modalidades de publicação, também indexadas. Isso significa um incremento de 165 vezes na área médica, em especial na Odontologia, Cirurgia Bucal e Saúde Coletiva (GUIMARÃES, 2004).

No caso da Enfermagem, a primeira metade do século XX, no Brasil, foi marcada pelo predomínio da formação de recursos humanos e pela orientação da área para os procedimentos e práticas em saúde. Desta forma, as publicações iniciais, por exemplo, na Revista Brasileira de Enfermagem (com início de circulação em 1932) possuíam conteúdos e artigos não provenientes de pesquisa científica, mas de apresentação de procedimentos clínicos e terapêuticos (CARVALHO, 1998).

A Fonoaudiologia, no que se refere à produção científica, tem uma trajetória relativamente recente. Ou seja, no Brasil, os primeiros cursos de Fonoaudiologia tiveram início na década de 1960 (os dois primeiros:  Universidade de São Paulo – USP, 1961; e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, 1962) com caráter de formação técnica para o trabalho, na época, denominado paramédico.

A abertura do Mestrado em Audiologia, em 1972, que passou a ser denominado, a partir de 1979, de Programa de Estudos Pós-graduados em Distúrbios da Comunicação (scrito sensu – modalidade mestrado) na PUC-SP é responsável pelos estímulos iniciais à pesquisa e à publicação de pesquisa na área (RUSSO; FERREIRA, 2004).

A profissão de fonoaudiólogo foi regulamentada por intermédio da LEI Nº 6.965, em 9 de dezembro de 1981, e apenas no ano seguinte registra-se a abertura do primeiro programa brasileiro de Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana, na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (FERREIRA, 2002).

Em estudo recente, sobre a formação de fonoaudiólogos doutores no Brasil, dentre as universidades que titularam doutores em maior número foram as Públicas 41,5%, em seguida estão as Universidade Federais 40,2%. Na análise geográfica dessa formação, a região Sudeste foi responsável pela titulação de 70,0% dos doutores na área, em função da maior concentração de Programas de Pós-Graduação da Fonoaudiologia nessa região (FERREIRA et al. 2019). Cabe sinalizar que, atualmente, há fonoaudiólogos com formações em programas antes específicos à área médica, como: Bases Gerais da Cirurgia, Clínica Cirúrgica, Ciências em Gastroenterologia, entre outros (PAZ-OLIVEIRA; CARMO; FERREIRA, 2015).

A obtenção do título de doutor ajuda a alavancar a produção técnica e científica de uma área, uma vez que colabora para o aumento no número de publicações em decorrência da prática docente, da validação do título de pesquisador e, portanto, da incorporação de práticas de planejamento, desenvolvimento e divulgação das pesquisas realizadas (RUSSO; FERREIRA, 2004).

Para se ter uma dimensão da evolução histórica dos cursos de pós-graduação no país (em todas as áreas), em 1965 havia 27 mestrados e 11 doutorados; em 1975, 429 mestrados e 149 doutorados. Em 2014, segundo dados da Diretoria de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), apresentados em conferência de abertura do XXXI Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (2015), havia, no Brasil, 5.537 cursos de pós-graduação, dos quais, 1.905 doutorados, 3.105 mestrados e 527 mestrados profissionais (DE ALMEIDA; GUIMARÃES, 2013).

A relevância da pesquisa sobre a produção científica em áreas específicas vem da necessidade de dar visibilidade e sistematizar o estado da arte das disciplinas. Tal prática possibilita a avaliação das tendências investigativas, metodológicas e conceituais, assim como o desenvolvimento, a atualização e os avanços científicos numa área determinada e em suas relações com outras.  Não por acaso, a função dos periódicos científicos é registrar e difundir os conhecimentos de áreas e campos do conhecimento.

A publicação de resultados de pesquisas científicas em periódicos tem sido o instrumento mais empregado para validar e armazenar os avanços da ciência (BERBERIAN, 2009).

Cabe salientar que este trabalho é um estudo preliminar, sem pretensão, portanto, de exaustividade. Procura despertar a necessidade de estudos e acompanhamentos bibliométricos pelas disciplinas científicas, sobretudo para contribuir com a busca de qualificação e intensificação da publicação científica de maior impacto.

No presente artigo, usou-se como case a área de Fonoaudiologia, partindo da hipótese de que houve incremento significativo da produção científica desta disciplina em periódicos internacionais nas últimas décadas.

O objetivo do estudo é apontar tendências da produção científica brasileira em periódicos internacionais indexados, com fator de impacto Journal Citation Report (JCR), na plataforma Web of Science, usando a título de referência uma categoria específica da referida plataforma: Audiology & Speech-Language Pathology (correspondente à área da Fonoaudiologia no ISI), no período compreendido entre 1945 (início dos registros da plataforma) a Maio de 2020.

MÉTODO

Trata-se de estudo bibliométrico exploratório para identificar tendências de produção científica brasileira em categoria específica (Audiology & Speech-Language Pathology) da plataforma Web of Science. Em função de sua natureza, o estudo prescinde de análise por Comitê de Ética em Pesquisa.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Dentre as várias plataformas que disponibilizam artigos registrados em periódicos científicos foi selecionada a Web of Science (WoS) por ser uma base de dados com produções indexadas e creditadas internacionalmente, que disponibiliza periódicos com fator de impacto JCR (Journal Citation Reports). Adicionalmente, a escolha também considerou o fato de que a WoS inclui outras plataformas como: Scopus, ProQuest e PubMed.

Empreendeu-se uma busca no Journal Citation Reports (ISI Web of Knowledge), dentro da “JCR Science Edition” (REUTERS, 2014). Todos os periódicos nessa lista estão caracterizados segundo áreas científicas e temáticas preestabelecidas pela plataforma Web of Science. Na página principal da plataforma Web of Science, foi utilizada a base de dados denominada Core Collection, por conter a maior quantidade de dados disponíveis sobre as publicações.

A categoria da Web of Science considerada para esse estudo foi Audiology & Speech-Language Pathology, por ser a mais próxima do sentido de Fonoaudiologia no português brasileiro. Nessa base de dados é comum que um periódico seja classificado como pertencente a até três áreas diferentes.

O período definido para a busca compreendeu a data estipulada pela plataforma como marco inicial de registro de seus dados (1945) até maio de 2020, data final da coleta na presente pesquisa.

Posteriormente, no item “busca avançada”, habilitou-se as opções: Web of Science via Science Citation Index Expanded (SCI-EXPANDED), Social Sciences Citations Index (SSCI), Arts & Humanities Citation Index (A&HCI), Conference Proceedings Citation Index – Science (CPCI-S), Conference Proceedings Citation Index – Social Science & Humanities (CPCI-SSH), Emerging Sources Citation Index (ESCI) no catálogo principal, seguida da opção de seleção de artigos em todos os idiomas disponíveis (all languages) (EGGHE, 2006). O levantamento no item “busca avançada” da plataforma encontrou 26 periódicos. A partir deles realizou-se a pesquisa avançada dos artigos, utilizando o ISSN/ISBN dos periódicos com o seguinte parâmetro ou chave de busca:

“(IS=0196-0202) OR (IS=0378-5955) OR (IS=2331-2165) OR (IS=0743-4618) OR (IS=0093-934X) OR (IS=2327-3798) OR (IS=0094-730X) OR (IS=1420-3030) OR (IS=1499-2027) OR (IS=0001-4966) OR (IS=1092-4388) OR (IS=0161-1461) OR (IS=0021-9924) OR (IS=1368-2822) OR(IS=0892-1997) OR (IS=0023-8309) OR (IS=1463-1741) OR (IS=1050-0545) OR (IS=1059-0889) OR (IS=1058-0360) OR (IS=1754-9507) OR (IS=0734-0478) OR (IS=0269-9206) OR (IS=0031-8388) OR (IS=1401-5439) OR (IS=1021-7762) LANGUAGE: (All languages) AND DOCUMENT TYPES: (Article) Indexes=SCI-EXPANDED = SSCI, Timespan=All years.”

ANÁLISE DOS DADOS

A etapa subsequente consistiu na utilização do filtro, disponível no sistema de análise de resultados do Web of Science, por país dos autores e co-autores dos manuscritos, considerando para a análise os artigos que tivessem a participação de brasileiros como autor principal ou co-autor.

Para a realização da análise, efetuou-se os cálculos por meio dos softwares SPSS v23, Excel (versão 2007) a partir dos dados da coleta, anteriormente descrita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os 26 periódicos selecionados na área “Audiology & Speech-Language Pathology” foram selecionados e ordenados do maior para o menor fator de impacto (JCR index) apresentados abaixo.

Quadro 1 – Lista das Revistas com fator de impacto JCR (Journal Citation Reports)

Fonte: Journal Citation Reports (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

Obteve-se, como resultado inicial, um total de 73.573 artigos. Com base no objetivo do estudo foram selecionados somente os artigos com participação de autores brasileiros, o que totalizou o registro de 1.030 artigos.

Figura 1 – Relação de publicação científica por país

Fonte: Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

A definição atemporal (considerando 1945, que é o marco inicial do sistema da Web of Science para a indexação de publicações) possibilitou detectar o período de início de publicação de autor brasileiro na plataforma, na área de “Audiology & Speech-Language Pathology”, que foi 1977, com uma publicação (Tabela 1).

Tabela 1 – Período de Publicação

Anos de Publicação Registros % de 1030
2020 23 2.233
2019 122 11.845
2018 121 11.748
2017 159 15.437
2016 149 14.466
2015 127 12.330
2014 40 3.883
2013 38 3.689
2012 48 4.660
2011 34 3.301
2010 22 2.136
2009 22 2.136
2008 20 1.942
2007 12 1.165
2006 9 0.874
2005 15 1.456
2004 7 0.680
2003 6 0.583
2002 13 1.262
2001 4 0.388
2000 5 0.485
1999 6 0.583
1998 6 0.583
1997 2 0.194
1996 2 0.194
1995 2 0.194
1993 2 0.194
1992 3 0.291
1991 2 0.194
1990 1 0.097
1989 2 0.194
1988 3 0.291
1986 1 0.097
1984 1 0.097
1977 1 0.097
Total 1.030

Fonte: Os autores com base nos dados do Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

Foi possível identificar as revistas nas quais os autores brasileiros publicaram os manuscritos, assim como a quantidade de publicação por periódico. Nota-se que o periódico que apresenta mais artigos publicados por autores brasileiros é a CODAS com 431 manuscritos, o Journal of Voice com 229 publicações, seguido pelo Journal of the Acoustical Society of America com 123 publicações, depois a Folia Phoniatrica et Logopaedica (42), International Journal of Audiology (28) e pelo Hearing Research (22). (Tabela 2) 

Tabela 2 – Revistas e número de publicações de autores brasileiros (n 1.030)

Revistas Registros % de 1030
CODAS 431 41.845
JOURNAL OF VOICE 229 22.233
JOURNAL OF THE ACOUSTICAL SOCIETY OF AMERICA 123 11.942
FOLIA PHONIATRICA ET LOGOPAEDICA 42 4.078
INTERNATIONAL JOURNAL OF AUDIOLOGY 28 2.718
HEARING RESEARCH 22 2.136
NOISE HEALTH 19 1.845
BRAIN AND LANGUAGE 16 1.553
CLINICAL LINGUISTICS PHONETICS 14 1.359
AUDIOLOGY AND NEURO OTOLOGY 13 1.262
JOURNAL OF COMMUNICATION DISORDERS 12 1.165
JOURNAL OF SPEECH LANGUAGE AND HEARING RESEARCH 10 0.971
AMERICAN JOURNAL OF AUDIOLOGY 8 0.777
APHASIOLOGY 8 0.777
JOURNAL OF FLUENCY DISORDERS 6 0.583
JOURNAL OF THE AMERICAN ACADEMY OF AUDIOLOGY 6 0.583
AUGMENTATIVE AND ALTERNATIVE COMMUNICATION 5 0.485
EAR AND HEARING 5 0.485
INTERNATIONAL JOURNAL OF SPEECH LANGUAGE PATHOLOGY 5 0.485
LOGOPEDICS PHONIATRICS VOCOLOGY 5 0.485
INTERNATIONAL JOURNAL OF LANGUAGE COMMUNICATION DISORDERS 4 0.388
LANGUAGE AND SPEECH 4 0.388
AUDIOLOGY RESEARCH 3 0.291
HEARING BALANCE AND COMMUNICATION 3 0.291
AMERICAN JOURNAL OF SPEECH LANGUAGE PATHOLOGY 2 0.194
LANGUAGE COGNITION AND NEUROSCIENCE 2 0.194
TRENDS IN HEARING 2 0.194
JOURNAL OF MEDICAL SPEECH LANGUAGE PATHOLOGY 1 0.097
PHONETICA 1 0.097
SPEECH LANGUAGE AND HEARING 1 0.097
Total 1.030

Fonte: Os autores com base nos dados do Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

Identificou-se também 2.231 autores brasileiros participando das 1.030 publicações científicas levantadas na plataforma WoS. Tal produção, em sua expressiva maioria, possui coautoração de brasileiros com pesquisadores de instituições de ensino superior internacionais, o que permite supor a configuração, em algum nível, de redes de colaboração para disseminação do conhecimento científico. A média de autores envolvidos nos artigos (mínimo de 1 e máximo de 13) é de 3 autores (3,96), sinalizando a tendência de autores brasileiros em busca de cooperação com autores internacionais. Esse aspecto demonstra o modo compartilhado no processo de publicação, apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Coautoração de autores brasileiros

Fonte: Os autores com base nos dados do Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

Vê-se que as interações internacionais mais frequentes dos autores brasileiros são, respectivamente, com instituições de ensino superior dos Estados Unidos da América, do Canadá, da Bélgica, da Inglaterra e da França.

Tabela 3 – Relação dos países e coautoria com pesquisadores brasileiros (n-1.030)

Relações com Países/Regiões Registros % de 1030
BRAZIL 1030 100.000
USA 104 10.097
CANADA 41 3.981
BELGIUM 28 2.718
ENGLAND 24 2.330
FRANCE 23 2.233
SPAIN 11 1.068
PORTUGAL 10 0.971
CHILE 7 0.680
GERMANY 7 0.680
SWEDEN 7 0.680
IRELAND 6 0.583
ITALY 6 0.583
NETHERLANDS 6 0.583
NORWAY 6 0.583
AUSTRALIA 5 0.485
JAPAN 5 0.485
SCOTLAND 5 0.485
FINLAND 4 0.388
ARGENTINA 3 0.291
AUSTRIA 3 0.291
ISRAEL 3 0.291
NEW ZEALAND 3 0.291
SOUTH AFRICA 3 0.291
SWITZERLAND 3 0.291
URUGUAY 3 0.291
DENMARK 2 0.194
GREECE 2 0.194
LIECHTENSTEIN 2 0.194
LUXEMBOURG 2 0.194
PEOPLES R CHINA 2 0.194
CUBA 1 0.097
CYPRUS 1 0.097
CZECH REPUBLIC 1 0.097
EGYPT 1 0.097
MALAYSIA 1 0.097
NIGERIA 1 0.097
PAKISTAN 1 0.097
RUSSIA 1 0.097
SAUDI ARABIA 1 0.097
SLOVENIA 1 0.097
SOUTH KOREA 1 0.097
TAIWAN 1 0.097
WALES 1 0.097
Total 1.030

Fonte: Os autores com base nos dados do Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

O governo brasileiro, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao menos até 2018, vinha desenvolvendo iniciativas para a internacionalização da universidade e da produção científica brasileiras (KIMURA et al., 2014). A CAPES ampliou as exigências e o rigor das avaliações dos Programas de Pós-Graduação stricto sensu, sobretudo em termos de publicação qualificada nas respectivas áreas de pesquisa.

Nos dados levantados até aqui, observa-se que as universidades públicas (federais e estaduais) são as maiores geradoras de participação em publicações internacionais na área pesquisada, com destaque para a Universidade de São Paulo (USP), responsável por 242 publicações, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 130 ocorrências, seguida pelas Universidade Estadual Paulista (UNESP) com 82 publicações e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com 72, Universidade Federal de Santa Maria com 55 publicações.

Nesta direção, vale mencionar um estudo relativamente recente, que investigou a rede de colaboração e coautoria entre pesquisadores de programas de pós-graduação em Fonoaudiologia no Brasil (DANUELLO; OLIVEIRA, 2012). Os autores identificaram uma rede de coautoria construída a partir dos 118 docentes nos oito programas estudados, a saber: Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – FOB – USP; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP; Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FM-USP; Universidade Veiga de Almeida – UVA; Universidade Federal de Santa Maria – UFSM; Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais – Universidade de São Paulo – HRAC – USP.

Ainda segundo os autores, a rede de coautoria dos pesquisadores/docentes e de suas instituições é, em sua maior parte, intrainstitucional. No entanto e apesar de recente, a colaboração interinstitucional é significativa, indicando que a área tem fundamentos teórico-metodológicos comuns, advindos da confluência de diversos campos científicos, embora ainda apresente baixa coesão entre a produção dos autores (DANUELLO; OLIVEIRA, 2012).

Sobre as áreas de pesquisa mais frequentemente tratadas, observa-se, como palavras-chave recorrentes: 360 ocorrências para Otorrinolaringologia (Otorhinolaryngology), seguido por Acústica (Acoustics) que registrou 124 ocorrências, o termo Reabilitação (Rehabilitation) com 108, e Linguística (Linguistics), com 84 ocorrências (Tabela 4).

 Tabela 4 – Áreas de pesquisa das publicações de autores brasileiros (n-1.030)

Áreas de pesquisa Registros % de 1030
AUDIOLOGY SPEECH LANGUAGE PATHOLOGY 1030 100.000
OTORHINOLARYNGOLOGY 360 34.951
ACOUSTICS 124 12.039
REHABILITATION 108 10.485
LINGUISTICS 84 8.155
NEUROSCIENCES NEUROLOGY 60 5.825
PSYCHOLOGY 22 2.136
PUBLIC ENVIRONMENTAL OCCUPATIONAL HEALTH 19 1.845
EDUCATION EDUCATIONAL RESEARCH 6 0.583
BEHAVIORAL SCIENCES 2 0.194
Total 1.030

Fonte: Os autores com base nos dados do Web of Science (ISI Web of Knowledge) da Thompson Reuters.

Ao apontar a frequência de assuntos ou temas das publicações analisadas, esse tipo de dado pode contribuir para estudos específicos sobre o universo e as tendências temáticas nas pesquisas das disciplinas científicas com a participação de autores brasileiros.

CONCLUSÃO

Ao buscar contribuir para identificar tendências da produção científica brasileira em revistas internacionais indexadas na base de dados da Web of Science na categoria Audiology & Speech Language Pathology, o presente estudo registrou um incremento significativo de publicações com autores brasileiros nos últimos 40 anos.

No Brasil, o aumento da publicação científica na Fonoaudiologia tem relação com o período de reconhecimento e consolidação da profissão, sinalizando um crescimento iniciado em 1977 e mais efetivo no início deste século até a presente data. De fato, o crescimento das publicações internacionais da Fonoaudiologia é fruto do desenvolvimento da área, mas seus maiores incrementos estão relacionados, por um lado, à criação dos Programas de Pós-Graduação stricto sensu e, por outro, às exigências crescentes dos sistemas de avaliação desses Programas e da pesquisa pós-graduada no Brasil. Sabe-se que as publicações qualificadas em periódicos científicos indexados (nacionais e, sobretudo, internacionais) são item dos mais valorizados nas avaliações da CAPES, bem como nas carreiras dos docentes e dos pesquisadores das universidades brasileiras.

Por fim, cabe ainda lembrar que esse estudo quer constituir estímulo à futuras pesquisas, na própria WOS e em outras plataformas, não apenas para identificar tendências de publicação de autores brasileiros, mas também para monitorar a produção científica, buscando auxiliar e orientar a pesquisa brasileira nas mais diversas disciplinas, apontando pontos fortes e seus desafios, seja na cobertura de temas relevantes às áreas de conhecimento e à sociedade, seja na identificação de oportunidades e de necessidades de fomento e de colaboração (nacional e internacional).

REFERÊNCIAS

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[1] Doutora em Fonoaudiologia pela PUC-SP.

[2] Doutor em Psicologia e professor titular da PUC-SP.

[3] Doutor em Filosofia e professor assistente doutor da PUC-SP.

[4] Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana e professor titular da PUC-SP.

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Rogério da Costa Santos

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