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Estudo epidemiológico das fraturas de fêmur proximal em pacientes idosos

RC: 24838
350
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/fraturas-de-femur

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

AZEVEDO, Wagner Felipin [1], ROSA, Joris Oliveira [2], FLORÊNCIO, Rodrigo Pereira de Souza [3], CATANHA, Luciano Lopes [4], NEVES, Icaro Carvalho [5] SANTOS, Rafael Müller [6]

AZEVEDO, Wagner Felipin. Et al. Estudo Epidemiológico Das Fraturas De Fêmur Proximal Em Pacientes Idosos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 01, Vol. 03, pp. 122-129. Janeiro de 2019. ISSN:2448-0959

RESUMO

Objetivo: Estudo da prevalência das fraturas do terço proximal do fêmur em pacientes idosos, internados em um hospital de urgência e emergência do município de Cuiabá. Comparar o acometimento segundo o gênero, idade e tipo de fratura e orientar quanto às estratégias de prevenção das mesmas. Método: Estudo observacional, analítico, transversal e retrospectivo. Foram incluídos pacientes internados com diagnóstico de fratura de fêmur proximal com 60 anos ou mais, de janeiro de 2016 a dezembro de 2017. Foram excluídos pacientes com diagnósticos de fraturas metastáticas ou relacionados no processo neoplásicos e pacientes com outros tipos de fraturas em fêmur proximal (fratura da cabeça do fêmur, fratura avulsão do trocânter maior). Resultados: foram avaliados 369 pacientes, apresentando ligeira predominância do sexo feminino com 187 (50,68%) casos. A grande parcela das fraturas, 283 (76,69%) casos, está relacionada a traumas de baixa energia (queda da própria altura). Dentre os tipos de fraturas avaliadas destacamos 212 (57,45%) casos de transtrocantéricas, com uma quantidade um pouco maior no sexo masculino, 111 (52,36%) casos, seguida por colo do fêmur com 139 (37,67%) casos, com leve predominância no sexo feminino, representando 75 (53,96%) casos. Conclusão: com esse estudo observamos que as fraturas de fêmur proximal tem se mostrado prevalentes, principalmente na população idosa com idade acima de 75 anos, sendo uma importante causa de prejuízo socioeconômico e aumento de morbimortalidade. Grande parte dessas fraturas pode ser evitada, visto se tratar na sua grande proporção de traumas de baixa energia, utilizando-se medidas simples e econômicas que orientem a população.

Palavras-chave: Epidemiologia, Fraturas do quadril, Idoso

INTRODUÇÃO

Segundo a política nacional do idoso (PNI), Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, a Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2002 e o estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 define Idoso pessoas a partir 60 anos [1]. Devido a melhoras na qualidade de vida assim como o avanço da medicina o numero de idosos vêm aumentando tanto no Brasil como no mundo [2]. O envelhecimento populacional é uma tendência mundial, hoje com um pouco mais de 13% da população brasileira de idosos com projeções de aumento para 32% em 2060[3].

O envelhecimento influencia a queda do idoso, sendo este o principal mecanismo de trauma, levando as fraturas do fêmur proximal [4], das quais podemos citar as fraturas de colo do fêmur, transtrocantericas e subtrocantericas [5]. Segundo Porter [6], a presença de osteoporose, assim como o aumento no numero de quedas e o principal fator no aumento da incidência de fraturas em idosos.

O custo socioeconômico da fratura de fêmur proximal é elevado e decorre, dentre outros fatores, da morbimortalidade da própria fratura, das doenças associadas e de longos períodos de internação [7,2], assim como podemos verificar no trabalho de Cunha[8], que relata que no período de 12 meses, a maioria, acerca de 60% dos pacientes ainda não se recuperaram completamente.

Este estudo tem como objetivo relatar o perfil epidemiológico das fraturas de fêmur proximal em idosos, comparar o acometimento segundo o gênero, idade, tipo de fratura, período sazonal da ocorrência e orientar quanto às estratégias de prevenção das mesmas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal e observacional feito no maior centro de traumatologia da capital, Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. Os critérios de inclusão foram: pacientes com 60 anos ou mais, diagnosticados com fratura de fêmur proximal, das quais elencamos o acometimento do colo do fêmur, a região transtrocantericas e as subtrocantericas. Foram consideradas para o trabalho as internações no período de 01 de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2017. Foram excluídos pacientes com diagnósticos de fraturas patológicas relacionadas a neoplasias. Também foram desconsideradas as fraturas da cabeça do fêmur e avulsão do trocânter maior.

Foram revisados 369 prontuários dos quais foram catalogados em planilha eletrônica, os seguintes dados: idade, sexo, tipo de fratura, mecanismo de trauma, faixa sazonal de acometimento e cidade de origem.

Gráfico I – Números relativos de fraturas, distribuído por grupo etário.

Fonte: prontuários, de janeiro de 2016 a dezembro 2017, do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá.

*Grupo A: pacientes de 60 anos a 74 anos. *Grupo B: pacientes a partir de 75 anos.

RESULTADOS

Foram avaliados 369 prontuários de pacientes idosos, onde a menor idade foi de 60 anos e a maior idade de 105 anos, com média de 76,9, diagnosticados com fratura de fêmur proximal, dentre dos quais 182 (49,32%) casos masculinos e 187 (50,68%) casos femininos. Sendo mais prevalente nos homens com menos de 75 anos (57,24%). (Gráfico I) Observamos que a grande maioria, 283 (76,69%) casos, representam traumas de baixa energia (queda da própria altura). (Gráfico II) Em relação à procedência dos pacientes, verificamos que a maior parte é do interior do estado, contabilizando 190 (51,49%) casos. (Gráfico III)

GRÁFICO II – Percentual das fraturas distribuídas por mecanismo de trauma.

Fonte: prontuários, de janeiro de 2016 a dezembro 2017, do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá.

Gráfico III – Distribuição de pacientes por cidades.

Fonte: prontuários, de janeiro de 2016 a dezembro 2017, do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá.

Dentre os tipos de fraturas podemos relatar uma prevalência maior das transtrocantéricas, 212 (57,45%) casos, com prevalência um pouco maior destas no sexo masculino, 111 (52,36%) casos, seguida por colo de fêmur, 139 (37,67%) casos, sendo levemente maior no sexo feminino, 75 (53,96%) casos e, com apenas 18 (4,88%) casos, de subtrocantéricas. (Gráfico IV)

Observamos também que a maioria das fraturas ocorreu em pacientes com mais de 75 anos, 224 (60,70%) casos, e destes a maioria acometendo a população feminina, 125 (55,80%) casos.

Observando a frequência no decorrer dos meses, verificamos uma maior incidência no período de outono/inverno (maio, junho, julho e agosto) representando 175 (47,42%) casos. (Gráfico V).

Gráfico IV – Tipos de fraturas distribuídas por gênero.

Fonte: prontuários, de janeiro de 2016 a dezembro 2017, do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá.

Gráfico V – Números absolutos de fraturas em relação aos meses do ano.

Fonte: prontuários, de janeiro de 2016 a dezembro 2017, do Hospital e Pronto Socorro municipal de Cuiabá.

DISCUSSÃO

Em nosso trabalho observamos uma leve predominância de fratura proximal do fêmur na população feminina 50,68%. O que também ocorrem em outros estudos, porem com proporções diferentes. Por exemplo, em São Paulo, segundo Ramalho [9], evidenciou uma proporção de 76,74% enquanto na Europa (Roma Itália) 81,81% [10].

Analisando os diagnósticos obtivemos resultados conflitantes, visto que em nosso trabalho a mais frequente foi a fratura transtrocantérica, com 212 (57,45%) casos. Já Ramalho [9] contabilizou maior frequência nas fraturas de colo de fêmur, com 50,70% dos casos.

Em relação a idade dos pacientes acometidos, verificamos um pico de incidência em torno de 76,9 anos, resultado este que se assemelha ao de outros trabalhos: Hungria et al [2] encontram média de idade de 78,2 anos e Ramalho et al [9] a média de idade de 78,5 anos.

Considerando os mecanismos de trauma, sabemos que os que envolvem baixa energia são responsáveis por 76,69%, dos casos. Numero menor que os encontrados nos Estados Unidos, onde Stevens e Sogolow [11] relataram mais de 95% de casos relativos a este mecanismo. Já comparando a trabalhos nacionais obtivemos percentuais distintos: Rocha et al. [12] 73,50% e Hungria et al [2] 87,30%.

No período estudado de 24 meses, encontramos uma incidência aumentada de fraturas no idoso, principalmente nos meses de maio, junho, julho e agosto, onde o clima na região centro oeste se torna mais ameno, com dias mais curtos (outono/inverno), dados similares aos encontrados em outros estudos [13]. Apesar de não haver ainda explicações precisas sobre essas ocorrências sazonais, alguns estudos sugerem que possa estar relacionado à diminuição da coordenação neuromuscular e deficiência de vitamina D nesses períodos do ano [14].

Objetivando diminuir o numero de casos de fraturas em idosos, devemos lançar mão de estratégias para diminuir a frequência de quedas, visto que a grande maioria delas ocorre por traumas de baixa energia 76,69% (queda da própria altura) e destas, 84% ocorrem em ambiente domiciliar[2]. Conhecendo o potencial danoso dessas lesões relatadas por Sakaki [15], que diz que o índice de mortalidade em idosos com fratura de fêmur proximal em 1 ano é de 19,2%, chegando a pouco menos de 25% em 2 anos, se faz de suma importância lançar mão de medidas preventivas, como a eliminação de pisos escorregadios, retirada de tapetes, instalação de corrimãos nas rampas, escadas e banheiros e colocação de interruptores ao lado da cama. São medidas simples e eficientes, para que se evitem quedas [16], e proporcionem diretamente uma melhor qualidade de vida ao idoso.

CONCLUSÃO

Ao final deste estudo, nos damos por satisfeitos por comtemplar os objetivos inicialmente propostos. Verificamos que quanto maior a idade do paciente, maior é a chance de fratura, principalmente no gênero feminino. Observamos também que a queda da própria altura é o principal mecanismo de trauma, e partindo deste principio verificamos a importância de se prevenir as quedas, lançando mão de medidas simples e econômicas que orientem a população, uma vez que sabemos que a fratura de fêmur proximal no idoso normalmente tem prognóstico sombrio, gerando ônus não só para a família como para o sistema socioeconômico como um todo.

REFERÊNCIAS

  1. Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
  2. Hungria Neto JS, Dias CR, Almeida JDB. Características epidemiológicas e causas da fratura do terço proximal do fêmur em idosos. Rev Bras Ortop. 2011; 46(6): 660–7.
  3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índice de envelhecimento. Projeção da população idosa no Brasil. Disponível: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao//index.html>. Acesso em 12/11/2018.
  4. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública 2002; 36:709-16.
  5. Fabricio SCC, Rodrigues RAP, Costa Junior ML. Causas e consequências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Pública 2004; 38:93-9.
  6. Porter RW, Miller CG, Grainger D, Palmer SB. Prediction of hip fracture in elderly women: a prospective study. BMJ. 1990; 301(6753):638-41.
  7. Hannan EL, Magaziner J, Wang JJ et al. Mortality and locomotion 6 months after hospitalization for hip fracture: risk factors and risk-adjusted hospital outcomes. JAMA 285:2736-2742, 2001
  8. Cunha U, Veado MA. Fratura da extremidade proximal do fêmur em idosos: independência funcional e mortalidade em um ano. Rev Bras Ortop. 2006; 41(6): 195-9.
  9. Ramalho AC, Lazaretti-Castro M, Hauache O, Vieira JG, Takata E, Cafalli F, et al. Osteoporotic fractures of proximal femur: clinical and epidemiological features in a population of the city of São Paulo. São Paulo Med J. 2001; 119(2): 48-53.
  10. Mazzuoli GF, Gennari C, Passeri M, Celi FS, Acca M, Camporeale A, et al. Incidence of hip fracture: an Italian survey. Osteoporos Int.1993;3(Suppl 1):8-9.
  11. Stevens JA, Sogolow ED. Gender differences for non-fatal unintentional fall related injuries among older adults. Inj Prev. 2005; 11(2): 115-9.
  12. Rocha MA, Azer HW, Nascimento VDG. Evolução funcional nas fraturas da extremidade proximal do fêmur. Acta Ortop Bras. 2009; 17(1): 17-21.
  13. Crawford JR, Parker MJ. Seasonal variation of proximal femoral fractures in the United Kingdom. Injury. 2003; 34(3):223-5.
  14. Wickham CA, Walsh K, Cooper C, Barker DJ, Margetts BM, Morris J, et al. Dietary calcium, physical activity, and risk of hip fracture: a prospective study. BMJ. 1989; 299(6704): 889-92.
  15. Sakaki MH, Oliveira AR, Coelho FF, Garcez LEL, Suzuki I, Amatuzzi MM. Estudo da mortalidade na fratura do fêmur proximal em idosos. Acta Ortop Bras 2004; 12(4): 242-9.
  16. Soares DS, Mello LM, Silva AS, Nunes AA. Análise dos fatores associados a quedas com fratura de fêmur em idosos: um estudo caso-controle. Rev Bras Geriatr Gerontologia. 2015; 18(2): 239-248.

[1] Médico Residente de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Geral Filantrópico Universitário.

[2] Médico Residente de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Geral Filantrópico Universitário

[3] Médico Ortopedista e Traumatologista, especialista em Videoartroscopia e Cirurgia do Joelho, preceptor do programa de residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital Geral Filantrópico Universitário.

[4] Médico Ortopedista e Traumatologista, especialista em Cirurgia do Joelho, coordenador e preceptor do programa de residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital Geral Filantrópico Universitário.

[5] Acadêmico de medicina do Centro Universitário.

[6] Acadêmico de medicina do Centro Universitário.

Enviado: Dezembro, 2018

Aprovado: Janeiro, 2019

 

4.9/5 - (8 votes)
Wagner Felipin Azevedo

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