ARTIGO DE REVISÃO
SANTOS, Karen Christina Rodrigues dos [1]
SANTOS, Karen Christina Rodrigues dos. Fisioterapeuta e a saúde do idoso na atenção básica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 07, Vol. 01, pp. 153-160. Julho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/fisioterapeuta-e-a-saude, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/fisioterapeuta-e-a-saude
RESUMO
O envelhecimento é um processo que envolve diversos fatores, sendo fundamental que os profissionais atuem de forma global e integral. O envelhecimento populacional está ligado à mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da expectativa de vida. O objetivo deste estudo foi discorrer sobre a importância da atuação do fisioterapeuta na saúde do idoso na atenção básica. O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica terá como base, autores nacionais e internacionais, sendo utilizadas pesquisas em livros, bancos de dados e bases de dados como Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, no período entre 1994 e 2016. A saúde do idoso envolve vários eventos, um exemplo são as quedas, que são multifatoriais de alta complexidade terapêutica, exigindo um trabalha incansável na prevenção, para tanto, é necessária uma equipe multiprofissional da qual o fisioterapeuta faz parte. Muitos foram avanços quanto a inserção do profissional fisioterapeuta na atenção básica, bem como, as ações voltadas para a saúde do idoso são de suma importância, necessitando de uma equipe cada vez mais preparada e completa, principalmente com a atenção do profissional fisioterapeuta.
Palavras-chave: Fisioterapia Geriátrica, envelhecimento, fisioterapia na Atenção Básica.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento possui um mecanismo multifatorial, esses fatores interagem na regulação do funcionamento típico e atípico do indivíduo, por isso é importante que o profissional, pacientes e todos que o rodeiam, tenham uma visão global desse processo (SANTOS; ANDRADE; BUENO, 2009).
Segundo Brasil (2007), estima-se que em 2050 existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento. No Brasil, em 2025 serão 33 milhões de idosos, é a oportunidade de inovar nos campos da Geriatria e da Gerontologia (SCHNEIDER, 2010; GRAVE; ROCHA ; PÉRICO, 2012).
Nesse contexto, é preciso que as instituições de ensino se preparem para essa nova realidade. Entendendo que o país está envelhecendo e que os profissionais devem ser capacitados e preparados para o atendimento adequado aos idosos, pois através do ensino é possível moldar o futuro profissional para que ele pense de forma global, ética, atuando no contexto onde seus pacientes estão inseridos (FREITAS, 2016; GRAVE, ROCHA; PÉRICO, 2012).
Para Grave; Rocha e Périco (2012), fisioterapia geriátrica deve ter como objetivo a reinserção social dentro dos aspectos preventivos e curativos, sendo necessária uma abordagem que ultrapasse o modelo centrado no médico, valorizando os aspectos multidimensionais do idoso.
Muitos são os entraves para a inserção definitiva do fisioterapeuta na atenção básica, bem como há ineficiência de profissionais específicos para promoção de saúde dos idosos, apesar da ESF ser a porta de entrada do SUS (CONCEIÇÃO et al., 2013).
Este trabalho teve como objetivo discorrer sobre a importância atuação do fisioterapeuta na saúde do idoso na atenção básica. Nesta perspectiva, a questão que norteou este trabalho foi: A atuação do profissional fisioterapeuta junto ao público da terceira idade na atenção básica é importante?
O presente trabalho foi uma pesquisa bibliográfica que, segundo Gil (2002), é uma pesquisa com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica terá como base, autores nacionais e internacionais, sendo utilizadas pesquisas em livros, bancos de dados e bases de dados como Lilacs, Scielo, Google Acadêmico, no período entre 1994 e 2016, tendo como descritores da pesquisa: fisioterapia geriátrica, envelhecimento, fisioterapia na atenção básica.
DESENVOLVIMENTO
O envelhecimento populacional está ligado à mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da expectativa de vida. Não acontece da mesma forma para todos os seres humanos, sofrendo influência dos processos relacionados ao gênero, à etnia, ao racismo, condições socioeconômicas, localização geográfica e de moradia. (BRASIL, 2007).
Assis et al. (2002) afirmam que, atualmente, para ser mais saudável não basta apenas estimular e/ou induzir os indivíduos a adotarem condutas adequadas, sem considerar o contexto biopsicossocial e econômico qual estão inseridos. O meio pode gerar o adoecimento, bem como, facilitar ou dificultar a prevenção, o controle e/ou cura das doenças.
Com base nessa transição demográfica, que prevê mudanças dos paradigmas relacionados ao envelhecimento, foi necessário criar uma política pública que garantisse os direitos dos idosos.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL,2006) traz em seu texto:
Concomitante à regulamentação do SUS, o Brasil organiza-se para responder às crescentes demandas de sua população que envelhece. A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamentada em 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS (Lei nº 8.842/94 e Decreto nº 1.948/96).
Para tanto, as equipes de saúde precisam se capacitar e se completar cada vez mais, visando a integralidade e universalidade da atenção oferecida. Começando por conhecer as peculiaridades do envelhecimento nos aspectos biopsicossociais. O fisioterapeuta é originalmente dedicado às ações curativas, porém adaptou-se aos novos preceitos da saúde, atuando de forma preventiva.
Segundo Reis Junior (2007), o fisioterapeuta é fundamental dentro da equipe multidisciplinar, promovendo ao paciente a manutenção da sua identidade, ajuda a manter a vida ativa até a morte, proporciona conforto, treina as habilidades ainda existentes, incentivando a atividade corporal mantendo a autonomia, estimulando o convívio familiar e orientando.
Para Costa e Silva (2010) e Sneider (2010), o envelhecimento apresenta características específicas, abrangendo diversas dimensões, porém os exercícios físicos podem potencializar a capacidade funcional, promovendo melhora significativa na execução das AVDs, minimizando o risco de quedas. As intervenções do fisioterapeuta devem ser programadas com o objetivo de atender as necessidades de cada um, sempre buscando a interação com a equipe visando tornar esse processo de envelhecimento mais digno.
Através de atividades lúdicas, é possível trabalhar a cognição, equilíbrio e fortalecimento muscular, tornando mais segura a realização das ADVs. A manutenção da capacidade funcional está diretamente ligada à saúde mental e qualidade de vida do idoso.
Ely et al. (2009) confirmam que a atenção à saúde do idoso deve ter foco principal a manutenção da capacidade funcional do indivíduo que envelhece, implicando na valorização da independência e autonomia do idoso, bem como na conservação de sua máxima capacidade físico-funcional e saúde mental.
Gama (2010) afirma que, apesar da origem reabilitadora do fisioterapeuta, ele pode e deve realizar nos serviços o acolhimento, triagem e avaliação fisioterapêutica, prescrevendo a melhor conduta, estabelecer o prognóstico, tempo de tratamento e orientando os usuários.
Portanto, a mudança deve iniciar nas bases da graduação, visando a formação de um profissional crítico e com um olhar mais abrangente, sendo fundamental investir na educação permanente desses profissionais.
Carvalho (2013) diz que a atuação do fisioterapeuta idealizada na atenção básica deve incidir diretamente na atenção integral ao idoso, sua família e a comunidade, considerando todas as necessidades identificadas no território, contemplando as diversas condições de saúde evidenciadas no cotidiano das equipes. Incentivando a participação da comunidade, promovendo o acesso dos usuários e capacitar profissionais que tenham os conhecimentos necessários à realização de uma atenção resolutiva e de qualidade para a terceira idade.
A saúde do idoso envolve vários eventos, um exemplo são as quedas, que são multifatoriais de alta complexidade terapêutica, exigindo um trabalha incansável na prevenção, para tanto, é necessária uma equipe multiprofissional da qual o fisioterapeuta faz parte, traçando um plano de intervenção que abrange estratégias preventivas e reabilitadoras (SOARES; RECH, 2015).
O fisioterapeuta possui uma visão completa das necessidades do idoso, compreende os aspectos físicos e suas implicações na saúde mental.Estudos comprovam que há receptividade por parte dos idosos quando na presença de um fisioterapeuta na ESF, pois esse profissional que atua principalmente na prevenção e promoção à saúde, obtendo resultados positivos, colaborando para a manutenção da funcionalidade, concordando com Maia et al. (2015) que afirma que há diminuição no tempo de tratamento e, consequentemente, desonerando o sistema.
Nascimento et al. (2013) realizou um estudo baseado na atuação do fisioterapeuta na UBS, através medicina chinesa e atendimentos nas diversas áreas da fisioterapia para os idosos da demanda da unidade, verificando viabilidade para a atuação do fisioterapeuta, essa experiência mostrou que iniciativa é um modelo do ponto de vista assistencial e acadêmico para garantir maior resolutividade nas ações de saúde voltadas para a terceira idade na atenção básica.
CONCLUSÃO
A atenção à saúde do idoso conquistou espaço no cenário da saúde pública, as ações propostas visam, principalmente, a prevenção de agravos decorrentes do envelhecimento e promoção de qualidade de vida para a população da terceira idade.
Muitos foram avanços quanto a inserção do profissional fisioterapeuta na atenção básica, bem como, as ações voltadas para a saúde do idoso são de suma importância, necessitando de uma equipe cada vez mais preparada e completa, principalmente com a atenção do profissional fisioterapeuta.
Recomenda-se que mais estudos sejam realizados, com a finalidade de reforçar as contribuições do fisioterapeuta na atenção básica, principalmente nas atividades direcionadas aos idosos, principalmente no aspecto da saúde preventiva.
REFERÊNCIAS
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[1] Mestrado Ensino na Saúde, UFRGS. Especialização em Saúde e Segurança no Trabalho – Instituto Prominas Serviços Educacionais, PROMINAS. Especialização em Especialização em Gerontologia e Saúde Mental -Instituto Prominas Serviços Educacionais, PROMINAS. Especialização em Gestão em Saúde EaD – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. Especialização em Especialização em Didática do Ensino Superior – Faculdade de Educação da Serra, FASE. Especialização em Saude Publica – Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ. Graduação em FISIOTERAPIA – Universidade de Taubaté, UNITAU.
Enviado: Julho, 2020.
Aprovado: Julho, 2020.