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Caracterização do acidente causado por aranha-marrom (loxosceles)

RC: 101390
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SILVA, Suzanny Oliveira [1], GUIMARÃES, Antônia Eliene Alves [2], ARAÚJO, Sabrina Santos [3], RODRIGUES, Alana Vanessa da Silva [4], MOURÃO, Patrick Assunção [5], QUEIROZ, Patrícia dos Santos [6]

SILVA, Suzanny Oliveira. Et al. Caracterização do acidente causado por aranha-marrom (loxosceles). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 11, Vol. 08, pp. 66-81. Novembro 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/aranha-marrom

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é caracterizar o acidente causado por aranha-marrom, sintetizando o perfil epidemiológico, caracterização da lesão e tratamento. Diante disso, se expõe o questionamento: Quais os aspectos clínicos e tratamento de escolha para o acidente loxoscélico? Esta pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica, caracterizando-se como um estudo descritivo e abordagem qualitativa, uma vez que contará com a análise de informações encontradas em artigos científicos, livros e DATASUS. Como critério de busca a consulta foi feita nos bancos de dados eletrônico: DATASUS, SciELO, Periódico CAPES, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Como critério de inclusão foi usado trabalhos publicados em português entre os anos de 2015 a 2021 e como critério de exclusão trabalhos fora dos anos estipulados e em outros idiomas que não seja português. Quanto aos resultados identificou-se que o loxoscelismo pode ser tanto cutâneo, quanto visceral, quando há lesão de pele que pode evoluir para manifestações vasculares. O tratamento na maioria dos casos é sintomático, portanto, destaca-se a necessidade de habilidades e treinamentos à equipe de profissionais da saúde para um manejo seguro e adequado a esses pacientes.

Palavras-chave: Loxosceles, Acidente Loxoscélico, Aranha Marrom.

1. INTRODUÇÃO

Os acidentes com animais peçonhentos representam-se como um problema de saúde pública. Sendo considerada uma patologia tropical negligenciada por ser relacionada às populações em condições de pobreza. O número de notificações de acidentes com peçonhentos vêm aumentando devido a devastação da natureza para que novos domicílios sejam construídos. No Brasil, os acidentes mais frequentes são causados por escorpiões, serpentes e aranhas. (MACHADO, 2016; SARMENTO et al., 2016, apud AGUIAR et al., 2021).

As loxosceles, mais conhecidas como aranha-marrom, são pequenas atingindo até 3 cm de tamanho e têm hábitos noturnos. É importante salientar que as aranhas-marrons não são agressivas, porém atacam quando se sentem ameaçadas, normalmente, quando pressionada contra a pele. É conhecida por sua picada imperceptível (normalmente) causando lesão com necrose. Apresentando duas formas clínicas: a cutânea, mais comum, e a forma cutânea visceral, de menor frequência e maior gravidade, que é caracterizada por hemólise podendo evoluir para falência renal e morte. (GONELLA; PROTO; GOZZANO, 2015; AGUIAR et al., 2021; BERTONCINI et al., 2015).

O veneno da aranha-marrom é citotóxico e contém enzimas que destroem os tecidos produzindo lesão local e permitindo a disseminação do veneno. Sendo composto pela enzima esfingomielinase que tem ação nas membranas das células e provoca um processo inflamatório intenso. (FARIA et al., 2021; STONE, 2016, apud AGUIAR et al., 2021).

Diante desse contexto e considerando os poucos estudos sobre os acidentes loxoscélicos, este estudo consiste em responder o seguinte questionamento: Quais os aspectos clínicos e tratamento de escolha para o acidente loxoscélico? Portanto, tem como objetivo caracterizar o acidente causado por aranha-marrom, sintetizando o perfil epidemiológico, caracterização da lesão e tratamento, através de uma revisão bibliográfica.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

Esta pesquisa trata-se de uma revisão de literatura, de caráter exploratório caracterizando-se como um estudo descritivo e abordagem qualitativa, uma vez que contará com a análise de informações encontradas em artigo científicos, livros e DATASUS. A pesquisa poderá ser assim classificada, pois segundo Gil (1999), a pesquisa bibliográfica é feita a partir de material já existente constituídos principalmente de livros e artigos científicos.

Nesta pesquisa, será adotada como critério a consulta nos bancos de dados eletrônicos DATASUS, SciELO, Periódico CAPES, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

Como critério de inclusão foi usado trabalhos publicados em português entre os anos de 2015 à 2021 e como critério de exclusão trabalhos fora dos anos estipulados e em outros idiomas que não seja português.

Com a pesquisa dos descritores nas bases de dados já citadas foi alcançado 118 resumos, a partir da leitura dos resumos encontrou-se 27 artigos relacionados com o tema, destes foram excluídos 6, restando um total de 22 artigos para serem analisados investigando os critérios de inclusão e exclusão. Logo, restaram 8 artigos para compor este trabalho.

A presente revisão foi realizada e organizada de acordo com as seguintes etapas:

Etapa 1: A pesquisa pelos artigos foi feita nas seguintes bases de dados: SciELO, Periódico CAPES, LILACS e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Através dos seguintes descritores:  Loxosceles; Acidente Loxoscélico; Aranha Marrom.

Etapa 2: Leitura dos títulos e exclusão dos artigos anteriores à 2015.

Etapa 3: Leitura dos resumos para verificar se o estudo se enquadrava no objetivo de análise. Os critérios de exclusão foi trabalhos que não foram publicados entre os anos de 2015 à 2021 ou artigos que não estivessem em português.

Etapa 4: Leitura dos artigos selecionados.

2.2 RESULTADOS

A seguir, na tabela 1 são apresentados os resultados do estudo desenvolvido. São apresentadas as principais informações coletadas identificando os artigos a partir de autores, ano de publicação, título da pesquisa, objetivos e desfechos.

Tabela 01 – Representação dos artigos selecionados para o estudo, segundo os critérios de inclusão e exclusão.

Autor Ano Título Objetivos Desfecho
AGUIAR et al. 2021 Caracterização de acidentes provocados por Aranha Marrom (Loxosceles sp). Caracterizar os acidentes provocados por Loxosceles notificados em um Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), avaliando a conduta empregada. Verificou-se que o tempo de avaliação da gravidade e identificação da lesão pelos profissionais de saúde é essencial, pois diminui o grau de severidade do caso.
BERTONCINI et al. 2015 Loxoscelismo cutâneo: Relato de Caso Descrever as características de um quadro cutâneo grave de Loxosceles sp, visando diagnóstico e tratamento precoces. Identificou-se que é extremamente importante o diagnóstico precoce para que seja iniciado as condutas de recuperação necessárias ao paciente.
FARIA et al. 2021 Aciente por Picada de Aranha Marrom- Loxosceles: relato de caso no Distrito Federal Relatar um caso de picada por aranha marrom em uma paciente jovem no Instituto Hospital de Base, que evoluiu com a forma grave da doença necessitando de terapia intensiva. O diagnóstico de picada de aranha é um desafio que contribui diretamente no desfecho do caso.
GIRELLI et al. 2015 Acidente loxoscélico Abordar os mais importantes mecanismos de evolução, principais desfechos e os tratamentos de escolha para o acidente loxoscélico. Conclui-se que o diagnóstico precoce e correto influencia diretamente no sucesso do tratamento e recuperação do paciente.
GONELLA; PROTO; GOZZANO. 2015 Picada de aranha marrom em recém-nascido: evolução, fisiopatologia e tratamento. Relatar a evolução do loxoscelismo em um recém-nascido, elucidar a fisiopatologia do envenenamento e o tratamento estabelecido em hospital universitário do interior de São Paulo. Notou-se que o conhecimento dos profissionais com relação aos processos patológicos compreendido na picada de aranha favorece uma evolução satisfatória e auxiliam no tratamento.
MACHADO. 2016 Um Panorama dos Acidente por Animais Peçonhentos no Brasil Descrever a epidemiologia de acidente com animais peçonhentos no Brasil. O número de acidente com animais peçonhentos vem crescendo em todo o Brasil, ocasionado principalmente pelo desequilíbrio ecológico.
MARQUES. 2020 Envenenamento por aranhas do gênero Loxosceles: revisão de casos e literatuta. Analisar o material publicado sobre acidentes loxoscélicos nos últimos 20 anos na literatura médica. Os casos de loxoscelismo variam em: leves, cutâneos e com manifestações sistêmicas severas e o manejo do loxoscelismo depende de um enfoque multidisciplinar.
PETRI et al. 2021 Principais Medidas de Tratamento Para Acidentes Envolvendo Aranhas das Espécies Latrodectus, Loxosceles e Phounetria- Uma Revisão de Literatura. Descrever os principais tratamentos para acidentes envolvendo os gêneros Latrodectus, Phoneutria e Loxosceles, visando descrever as medidas de tratamento convencional, assim como novas medidas de tratamento. A utilização do óleo de copaíba e compostos que inibem a ação da esfingomielinase-D demonstraram ação cicatrizante e de controle da lesão dermonecrótica por Loxoceles.
RAMOS et al. 2015 Acidente Loxoscélico Abordar os mais importantes mecanismos de evolução, principais desfechos e os tratamentos de escolha para o acidente loxoscélico. Conclui-se que o acidente loxoscélico pode ser difícil, de maneira que é essencial o domínio do mecanismo da doença pelo profissional da saúde.

Fonte: Autor, 2021.

2.3 EPIDEMIOLOGIA

Nos últimos anos o número de acidentes com animais peçonhentos vem tendo um aumento significativo devido a urbanização, onde a natureza é devastada para a construção de novos domicílios. Os acidentes com animais peçonhentos são considerados problemas de saúde pública, sendo considerados como doenças tropicais negligenciadas. (BRASIL et al., 2009, apud AGUIAR et al., 2021).

Segundo Girelli et al. (2015) cerca de 20.000 casos de acidentes com aranhas são notificados anualmente no Brasil, dentre esses 50% são causados por loxosceles. Sendo que, três espécies predominam em números de casos: Loxosceles gaúcho, Loxosceles intermedia e Loxosceles laeta.

Ramos et al. (2015) fala que muitas espécies de aranha-marrom têm a capacidade de ocupar áreas urbanas, devido à suas características, tais como resistência à falta de alimentação e água, longa duração de vida e preferência por ambientes áridos. A seguir dados do SINAN que mostram os casos notificados por Regiões do Brasil (imagem 1).

Quadro 1: Acidentes loxoscélico por ano de acidente segundo Região de notificação.

Autor Ano Título Objetivos Desfecho
AGUIAR et al. 2021 Caracterização de acidentes provocados por Aranha Marrom (Loxosceles sp). Caracterizar os acidentes provocados por Loxosceles notificados em um Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), avaliando a conduta empregada. Verificou-se que o tempo de avaliação da gravidade e identificação da lesão pelos profissionais de saúde é essencial, pois diminui o grau de severidade do caso.
BERTONCINI et al. 2015 Loxoscelismo cutâneo: Relato de Caso Descrever as características de um quadro cutâneo grave de Loxosceles sp, visando diagnóstico e tratamento precoces. Identificou-se que é extremamente importante o diagnóstico precoce para que seja iniciado as condutas de recuperação necessárias ao paciente.
FARIA et al. 2021 Aciente por Picada de Aranha Marrom- Loxosceles: relato de caso no Distrito Federal Relatar um caso de picada por aranha marrom em uma paciente jovem no Instituto Hospital de Base, que evoluiu com a forma grave da doença necessitando de terapia intensiva. O diagnóstico de picada de aranha é um desafio que contribui diretamente no desfecho do caso.
GIRELLI et al. 2015 Acidente loxoscélico Abordar os mais importantes mecanismos de evolução, principais desfechos e os tratamentos de escolha para o acidente loxoscélico. Conclui-se que o diagnóstico precoce e correto influencia diretamente no sucesso do tratamento e recuperação do paciente.
GONELLA; PROTO; GOZZANO. 2015 Picada de aranha marrom em recém-nascido: evolução, fisiopatologia e tratamento. Relatar a evolução do loxoscelismo em um recém-nascido, elucidar a fisiopatologia do envenenamento e o tratamento estabelecido em hospital universitário do interior de São Paulo. Notou-se que o conhecimento dos profissionais com relação aos processos patológicos compreendido na picada de aranha favorece uma evolução satisfatória e auxiliam no tratamento.
MACHADO. 2016 Um Panorama dos Acidente por Animais Peçonhentos no Brasil Descrever a epidemiologia de acidente com animais peçonhentos no Brasil. O número de acidente com animais peçonhentos vem crescendo em todo o Brasil, ocasionado principalmente pelo desequilíbrio ecológico.
MARQUES. 2020 Envenenamento por aranhas do gênero Loxosceles: revisão de casos e literatuta. Analisar o material publicado sobre acidentes loxoscélicos nos últimos 20 anos na literatura médica. Os casos de loxoscelismo variam em: leves, cutâneos e com manifestações sistêmicas severas e o manejo do loxoscelismo depende de um enfoque multidisciplinar.
PETRI et al. 2021 Principais Medidas de Tratamento Para Acidentes Envolvendo Aranhas das Espécies Latrodectus, Loxosceles e Phounetria- Uma Revisão de Literatura. Descrever os principais tratamentos para acidentes envolvendo os gêneros Latrodectus, Phoneutria e Loxosceles, visando descrever as medidas de tratamento convencional, assim como novas medidas de tratamento. A utilização do óleo de copaíba e compostos que inibem a ação da esfingomielinase-D demonstraram ação cicatrizante e de controle da lesão dermonecrótica por Loxoceles.
RAMOS et al. 2015 Acidente Loxoscélico Abordar os mais importantes mecanismos de evolução, principais desfechos e os tratamentos de escolha para o acidente loxoscélico. Conclui-se que o acidente loxoscélico pode ser difícil, de maneira que é essencial o domínio do mecanismo da doença pelo profissional da saúde.

Fonte:  Ministério da Saúde – Sistema de Informação de Agravos de Notificações – Sinan Net.

Segundo dados obtidos no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (Sinan), as regiões que mais notificaram acidentes com loxosceles entre os anos de 2015 à 2021 foram: Regiões Sul com 40.576 casos, Região Sudeste com 5.214 casos e Região Nordeste com 1.532 casos.

2.4 BIOLOGIA DA ARANHA MARROM

As loxosceles têm hábitos noturnos, têm preferência por áreas escuras e secas, podendo aglomerar estruturas em grande quantidade. As aranhas-marrons não são agressivas, e os acidentes ocorrem normalmente, quando a aranha é pressionada ao corpo de um indivíduo no ato de vestir-se ou deitar-se. (RAMOS et al., 2015).

A aranha-marrom é a única aranha capaz de provocar lesões com necrose. Podendo acontecer também uma reação sistêmica mais grave evoluindo para hemólise, falência renal e morbidade significativa. (RAMOS et al., 2015; CHATZAKI et al, 2012, apud RAMOS et al., 2015).) As imagens a seguir mostram as características na identificação das aranhas loxosceles:

Imagem 1: Características importantes na identificação de aranhas do gênero Loxosceles.

Fonte: Bertoncini et al., 2015.

As aranhas loxosceles são de cor marrom, podendo variar suas tonalidades. As aranhas-marrons têm tamanho único, medindo de 2 a 3 cm, sendo que os machos têm tamanho menores comparadas as fêmeas. Seu corpo possui um formato parecido com violino, porém muitas vezes não é perceptível, possuem teias irregulares assemelhando-se a fios de algodão. (SILVA et al, 2004, apud RAMOS et al., 2015).

O principal componente do veneno da aranha-marrom é a enzima esfingomielinase-D, que atua sobre as membranas celulares, em especial do endotélio vascular e das hemácias. Com isso, acontece a ativação das cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, o que desencadeia um processo inflamatório intenso no local do acidente, seguido de entupimento de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose. (BRASIL, 1999, apud RAMOS et at., 2015).

2.5 ASPECTOS CLÍNICOS E TRATAMENTO

O loxoscelismo é classificado de duas formas: loxoscelismo cutâneo, no qual o paciente apresenta uma lenta progressão da lesão de pele que, posteriormente, progride para necrose, e loxoscelismo visceral, na qual além da lesão dermonecrótica, o paciente evolui com manifestações vasculares como hemólise que pode causar injúria renal aguda e coagulação intravascular disseminada. (FUTRELL, 1992; ISBISTER; FAN, 2001; MALAQUE et al., 2011, apud MARQUES, 2020).

O Loxoscelismo cutâneo é mais comum e tem menor gravidade. Inicialmente, a picada é pouco valorizada por não ser dolorosa, porém depois de algumas horas é comum queixas de manifestaçõ não especificas como febre, mal-estar geral, náuseas e vômitos. A lesão instala-se de maneira lenta e progressiva. (BERTONCINI et al., 2015). As imagens a seguir mostram o avanço de uma lesão que teve uma boa recuperação:

Imagens 2, 3, 4 e 5: Lesão característica de picada de aranha marrom em boa recuperação.

Fonte: Bertoncini et al., 2015.

Normalmente, no curso evolutivo da lesão, inicialmente o local da picada torna-se pálido com halo eritematoso podendo surgir bolhas. Com o passar dos dias, forma-se uma lesão violácea, denominada placa marmórea. Mais tarde, há a evolução para uma escara necrótica com bordas bem delimitadas. (FUTRELL, 1992, apud MARQUES, 2020; SAMS et al., 2001, apud MARQUES, 2020; WILSON; KING, 1990, apud MARQUES, 2020).

As manifestações sistêmicas encontradas no loxoscelismo visceral incluem choque, hemólise intravascular e injúria renal aguda A hemólise é o marcador central e seu diagnóstico é feito através da queda progressiva dos níveis de hemoglobina por um período de 7 a 14 dias, com consequente anemia e icterícia (DE SOUZA et al., 2008; SCHENONE et al., 1989, apud MARQUES, 2020; (TAMBOURGI, ANDRADE, VAN DEN BERG, 2010 apud MARQUES, 2020).

No tratamento, o tempo decorrido da picada até o atendimento hospitalar pode influenciar nas alternativas de terapia. Através de alguns dados experimentais, é mostrado que a eficácia da terapia com soro é reduzida após 36 horas da inoculação do veneno. Porém, a abordagem terapêutica ainda é controversa e diversos protocolos são aplicados no mundo. Podendo variar dependendo da severidade da lesão que pode ser classificada em leve, moderada e severa. (SAMS et al., 2001, apud MARQUES 2020; CUPO, 2003, apud AGUIAR et al., 2021). O quadro a seguir, mostra a abordagem terapêutica de acordo com a classificação do acidente:

Quadro 2: abordagem terapêutica de acordo com a classificação do acidente.

Classificação Manifestações Clínicas Tratamento
Leve 1. Pápula branca no local da picada;

2. Eritema violáceo;

3. Dor e queimação local;

4. Sem comprometimento sistêmico.

1. Tratamento sintomático;

2. Observação do paciente por 6 horas e acompanhamento ambulatorial por 72 horas.

Moderado 1. Lesão característica;

2. Dor intensa no local da picada;

3. Náuseas vômitos;

4. Erupção cutânea ou petéquias;

5. Sem alterações laboratoriais que sugiram hemólise.

1. Soro antiaracnideo: 04 amp. EV;

2. Corticoterapia: Prednisona 20 mg. Tomar 01 comp. de 12/12 horas por 5 dias. Criança: 1mg/Kg/dia;

3. Observação do paciente por mais de 24 horas.

Grave 1. Lesão característica;

2. Dor intensa no local da picada;

3. Anemia aguda, icterícia;

4. Alterações laboratoriais indicativas de hemólise.

1. Soro antiaracnideo: 10 amp. EV, independente do tempo de ocorrência.

2. Internação em UTI para suporte avançado.

Fonte: Envagelista; Lima, 2020.

A utilização do óleo de copaíba no tratamento da lesão dermonecrótica foi estudada recentemente, o estudo mostra que o óleo possui efeitos anti-inflamatório e cicatrizantes por isso apresenta eficácia no tratamento da lesão de pele causada pela picada da aranha-marrom. (RIBEIRO et al., 2019 apud PETRI et al., 2021).

Normalmente, o prognóstico é bom, portanto, a recuperação é lenta devido à perda tecidual podendo demorar alguns meses para cicatrizar por inteiro, em casos de lesão profunda. (BERTONCINI et al., 2015).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do presente estudo foi possível evidenciar o quanto é importante e necessário o conhecimento, principalmente dos profissionais de saúde, já que são estes quem atuam diretamente na assistência às pessoas acometidas por acidentes loxoscélicos.

Retomando a questão norteadora: Quais os aspectos clínicos e tratamento de escolha para o acidente loxoscélico? É importante destacar que o loxoscelismo pode ser tanto cutâneo, quanto visceral, quando há lesão de pele que pode evoluir para manifestações vasculares. O tratamento na maioria dos casos é sintomático, portanto, destaca-se a necessidade de habilidades e treinamentos à equipe de profissionais da saúde para um manejo seguro e adequado a esses pacientes, sendo então necessário o conhecimento dos sintomas e principalmente da lesão provocada por acidente com aranha-marrom.

Contudo, com a pesquisa, é possível relatar que no Brasil são notificados cerca de 20.000 casos de picada de aranhas, sendo esses, 50% causados por aranha-marrom.  Então, é importante que a população em geral e profissionais da saúde saibam a gravidade e danos da picada de aranha-marrom, já que qualquer pessoa pode ser acometida por picada de aranha marrom.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vanessa Gomes et al. Caracterização de acidentes provocados por Aranha Marrom (Loxosceles sp). Revista de Casos e Consultoria, 2021. v. 12, n. 1, p. e22513-e22513. Disponível: <https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/view/22513> Acesso:16/09/2021.

BERTONCINI, L. A., et al. Loxoscelismo Cutâneo: Relato de Caso Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina – CIT/SC- Hospital Universitário – HU/UFSC, 2015. Disponível: <https://clinicamedica2015.iweventos.com.br/upload/trabalhos/hIooqFzHhVEau2wdS0dRwtugJJP6.pdf> Acesso: 16/09/2021.

ENVAGELISTA, Eraldo Lourenço; LIMA, Henrique Santiago. Guia Básico de Plantão Para o Interno. – Vila Velha: Above Editora e Publicações, 2020. 224 p.

FARIA, Bianca Casarotto Lima et al. Acidente por picada de Aranha Marrom-Loxosceles: um relato de caso no Distrito Federal. Health Residencies Journal-HRJ, 2021. v. 2, n. 10, p. 8-16. Disponível: <https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/176/122> Acesso: 16/09/2021.

GIL, A,C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GIRELLI, Luis et al. Acidente loxoscélico. Revista AMRIGS, 2015. v. n 59, p 134 – 139. Disponível: <htts://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/12583/2/Acidente_loxoscelico.pdf> Acesso: 17/09/2021.

GONELLA, Hamilton Aleardo; PROTO, Rafael Sestito; GOZZANO, Ricardo Nascimento. Picada de aranha marrom em recém-nascido: evolução, fisiopatologia e tratamento. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, 2015. v. 17, n. 4, p. 233-235. Disponível: <https://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/view/21884> Acesso: 16/09/2021.

MACHADO, Claudio. Um panorama dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil. Journal Health NPEPS, 2016. v. 1, n. 1, p. 1-3. Disponível: <https://www.researchgate.net/profile/Claudio-Machado/publication/311322542_Panorama_dos_acidentes_por_animais_peconhentos_no_Brasil/links/5841a0fe08ae8e63e6218fa1/Panorama-dos-acidentes-por-animais-peconhentos-no-Brasil.pdf>  Acesso: 16/09/2021.

MARQUES, Mario Octávio Thá. Envenenamento por aranhas do gênero Loxosceles: revisão de casos e literatura. 2020. Disponível: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/216024> Acesso: 18/09/2021

PETRI, Guilherme Enrico et al. Principais Medidas de Tratamento Para Acidentes Envolvendo Aranhas das Espécies Latrodectus, Loxosceles e Phounetria- Uma Revisão de Literatura. Revista Educação em Saúde, v. 9, n. 1, p. 169-180. Disponível: <http://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/educacaoemsaude/article/view/5603/4059> Acesso: 04/11/2021

RAMOS, Renato Franz Matta et al. Acidente loxoscélico. Revista da AMRIGS, v. 59, n. 2, p. 134-139, 2015. Disponível: <https://www.researchgate.net/profile/Renato-Matta-Ramos2/publication/297758063_Acidente_loxoscelico/links/56e2d8d108aee84447bf34ec/Acidente-loxoscelico.pdf> Acesso: 18/09/2021

[1] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2942-8401.

[2] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7699-9151.

[3] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1915-3632.

[4] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6318-2046.

[5] Mestre. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5352-4076.

[6] Orientadora. Mestre. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9587-1786.

Enviado: Outubro, 2021.

Aprovado: Novembro, 2021.

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Suzanny Oliveira Silva

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