REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Uma Interpretação da “A Escola Com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir” com Bases nas Concepções Epistemológicas: Histórico-Cultural, Construtivista, Humanista e Inteligências Múltiplas

RC: 7992
1.061
5/5 - (11 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

SANTOS, Alan Ferreira dos [1]

SANTOS, Alan Ferreira dos. Uma Interpretação da “A Escola Com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir” com Bases nas Concepções Epistemológicas: Histórico-Cultural, Construtivista, Humanista e Inteligências Múltiplas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 635-641, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Utilizando o livro “A Escola Com que Sempre Sonhei Sem Imaginar que Pudesse Existir”, de Rubem Alves, o presente trabalho teve como objetivo despertar uma reflexão crítica a respeito das relações de ensino-aprendizagem nas diferentes vertentes epistemológicas, aplicando a visão de cada proposta pedagógica com o livro estudado. Foram escolhidas as abordagens Histórico-Cultural, Construtivista, Humanista e Inteligências Múltiplas.

Método: A pesquisa é de cunho qualitativo havendo um levantamento bibliográfico das variadas vertentes.

Objetivo: Compreender a multiplicidade das relações de ensino e aprendizagem por meio de um panorama sinóptico.

Conclusão: Cada profissional deve se utilizar das abordagens propostas ou de outras, para melhor compreender a sua prática e ter maior eficácia.  

Palavras Chaves: Epistemologia, Psicopedagogia, Psicologia da Educação.

INTRODUÇÃO – A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI…

O livro é baseado na experiência vivida pelo autor e educador Rubem Alves quando entrou em contato com a Escola da Ponte em Portugal. Ao ter contato com esta escola, o educador percebeu que seus desejos e anseios em relação a educação eram atendidos de forma plenamente satisfatória na Escola da Ponte, afinal, o foco desta escola é centrado no aluno. Após passar alguns dias nesta escola portuguesa, Rubem Alves começa a publicar artigos no Jornal Correio do Povo em Campinas. Todos estes artigos foram reunidos neste livro que expressa o encanto do autor com as práticas de ensino adotadas pela Escola da Ponte.

A Escola da Ponte possui uma base pedagógica comprometida com o aluno, sempre buscando desenvolver a autonomia e a felicidade de seus alunos. Pode-se dizer que é uma escola que segue os pressupostos epistemológicos de Carl Rogers, pai do Humanismo. Durante o livro, Rubem Alves vai tendo contato com os alunos e professores, com suas rotinas em sala de aula, sempre deslumbrado com tudo o que vê, afinal, ele nunca viu nada parecido antes, visto que as escolas brasileiras não adotam estas práticas de ensino-aprendizagem centradas no aluno.

ARTICULAÇÃO DO TEXTO COM AS ABORDAGENS: HISTÓRICO-CULTURAL, CONSTRUTIVISMO, HUMANISMO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA RELAÇÃO ENSINO E APRENDIZAGEM

ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL

O surgimento da Escola da Ponte e da Pedagogia Histórico-Cultural se originaram principalmente, por uma necessidade de suprir as carências que a escola tradicional não supria. A escola tem como prioridade o aluno, torná-lo um ser civilizado que atue na sociedade de acordo com as suas regularidades e que estas sejam exercidas de forma consciente e crítica para um melhor convívio social. Isso se assemelha de ampla forma a pedagogia de Paulo Freire (2014) pelo fato de que esta vem com o intuito de formar indivíduos com a capacidade de senso crítico, e com a finalidade de dar ao sujeito um “insight” sobre a sua própria existência. Essa “tomada de consciência” produz no ser social o requerimento dos seus direitos de forma crítica e lúcida, e essa é a finalidade tanto da Escola Freiriana quanto a da Ponte.

Não podemos deixar de notar um aspecto de extrema importância que é a educação a partir do indivíduo, não deixando de lado os aspectos sociais, políticos e socioeconômicos de cada sujeito. O aprendizado se constitui para as necessidades dos humanos, partindo de sua realidade subjetiva. Além disso, a instrução realmente se concretiza quando os educandos entram em contato com um conhecimento que realmente necessitam, que vá favorecê-los de tal forma que aumente o seu interesse, dedicação e compreensão sobre o que esta sendo absorvido. O grande elemento propulsor de ambas escolas é o acréscimo de fazer com que o educando esteja mergulhado dentro do conhecimento e que este não seja apenas abstrato, mas que partilhe de algo concreto e que esteja sendo vivenciado por cada pessoa, ou seja, no final das contas, aprender cidadania, história, física, ciências, português e etc., a partir da sua realidade material. Essa forma de aplicação é eficaz não só pelo aprendizado adquirido, mas pela dinâmica aplicada que produz ideias e pensamentos. Isso é relevante porque o conhecimento não é um acúmulo, mas sim uma informação que é recebida, repensada e a partir disso aplicada de forma inteligente, o que pode ser denominado de “reciclagem da informação”.

Com relação a forma de pensar a escola, a abordagem Histórico-Cultural entende essa instituição como uma ferramenta das organizações governamentais, que tem por finalidade contribuir apenas para uma determinada estratificação social, a intervenção dentro das particularidades escolares tende a favorecer a camada desfavorecida, indo de encontro ao equilíbrio, em oposição aos opressores. Por outro lado, a Escola da Ponte tem um olhar sobre o indivíduo de formalizá-lo para o mundo e não para a sociedade. O maior erro em grande parte das escolas é capacitar os alunos para a sua sociedade e não para o seu mundo. No primeiro caso é gerar pessoas que vão ao encontro de um bom trabalho, onde produzam economicamente dando altos contributos as indústrias e o mínimo as camadas menos favorecidas, o que nos faz refletir sobre como a Escola da Ponte e a sua relação com Pedagogia de Paulo Freire (2014) tem a habilidade de formar seres pensantes e que estejam se construindo mutuamente, sendo professor e ao mesmo tempo aprendiz. Educar para o mundo é ter ideias inovadoras, um pensar fluente e sem interrompimentos por preceitos estereotipados, raciais, xenofóbicos e individualistas.  Em síntese, o ideal é formar o ser para conviver com as diferenças e não apenas essas, mas também patológicas, como síndrome de down e autismo, educar para que possamos conviver com as diferenças na escola, em casa, no trabalho e em todos os âmbitos da vida, essa lógica é fundamental para vincularmos a própria inclusão social que se dá por meio da participação do excluído à todas atividades das quais a sociedade o inibiu. Essa recapitulação dos ideais do ser humano tanto filosófico quanto moral e ético é uma das marcas dentro da escola que a abordagem Freiriana e a Escola da Ponte introduzem de forma sistemática, espontânea e experiencial, fazendo com que isso não seja só aprendido, mas sim se torne o próprio indivíduo. Isso vem por meio da experiência correlacionada com a educação, interação com o grupo e o reconhecimento de todos como humanos com as suas capacidades e particularidades, como ser único e singular.

Portanto, apesar dos pressupostos epistemológicos na atuação do professor em sala de aula serem diferentes, como na escola da ponte ser apriorista com o professor sendo apenas um facilitador, sendo requerido pelo os alunos quando estes sentem necessidade, auxiliando, dando suporte e explicando os modos de pesquisa, e por outro lado a abordagem Paulo Freiriana ser relacional fazendo com que o professor faça uma problematização sobre algum tema e aspecto, ambas tem muito para se relacionar em muitos parâmetros. O mais importante a enfatizar é que as duas são voltadas para o indivíduo com o objetivo de formá-lo a partir da sua subjetividade experiencial e para as suas reais necessidades, não apenas singulares, como também do grupo, desenvolvendo o senso de construção mútua, solidariedade e consequentemente, um sujeito mais voltado para as causas sociais, que pense e analise de forma crítica e imponha o seu conhecimento de forma útil para que assim possa ser exercido, não exercendo conceitos arcaicos e idealizados, se tornando, assim, um ser social que participe ativamente dos movimentos sociais e políticos, que saiba se manifestar e resguardar os seus direitos.

ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA

Em princípio, a abordagem construtivista não foi desenvolvida para ser um método ou teoria da aprendizagem, sua proposta foi de oferecer elementos para a compreensão do desenvolvimento cognitivo humano em função de estágios estruturais pelos quais passam os seres humanos na construção de sua capacidade inteligente. O conhecimento é o resultado de uma interação da pessoa com o meio a partir de estruturas que o ser humano já possui. Nesse dinamismo dois processos estão em constante interação: O primeiro é dado pela assimilação, processo pelo qual o sujeito age sobre o objeto, modificando-o, e a partir do que o sujeito já traz o objeto ganha significado para ele, assimilando-o em função de sua estrutura cognitiva; O segundo se dá pela acomodação, em que o sujeito acomoda o objeto transformado em seu repertório cognitivo (PIAGET, 2012). Piaget não tinha proposto uma teoria da aprendizagem e sim uma proposta epistemológica. Nela, cabe ao professor ser um facilitador da aprendizagem, criando situações e propiciando condições para que o sujeito entre em contato com o mundo a sua volta, provocando situações de desequilíbrio em que os processos de assimilação e acomodação possam ser mobilizados pelos sujeitos. Fazendo um paralelo com a reflexão proposta por Rubem Alves sobre a Escola da Ponte, onde se observa que o principio básico é a não interferência no crescimento da criança e nenhuma pressão sobre ela. O professor tem um papel de facilitador como na abordagem construtivista, mas sem criar nenhuma condição para que isso aconteça, precisa ser um processo natural e no tempo que a criança estabelece. Segundo Mizukami (2013) este modo de ensino apresenta características da Abordagem classificada como cognitivista onde se estuda o modo como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e representam as informações que a realidade fornece. Tem como principais objetos de estudo a percepção, o pensamento e a memória, procurando explicar como o ser humano percebe o mundo e como se utiliza do conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas como: falar, raciocinar, resolver situações-problema, memorizar, entre outras.

Podemos classificar esta abordagem como não diretiva, pois o professor é um facilitador da aprendizagem, trabalhando com o conhecimento que o aluno já possui por suas experiências vividas. Tendo em vista que a Escola da Ponte retrata uma abordagem Humanista, pelo qual fica evidente que a proposta da escola, através dos professores, deve criar condições para que os alunos possam tornar-se pessoas de iniciativa, de responsabilidades, capazes de aplicar o seu aprendizado para a resolução de seus próprios problemas (MIZUKAMI, 2013).

ABORDAGEM HUMANISTA

Em uma de suas crônicas, Rubem Alves (2001) faz uma analogia entre a crítica de Karl Marx em relação à linha de produção e o modo como as escolas transformam os seus alunos em meros formandos, todos iguais e vindos de uma mesma fôrma. De fato, esta analogia é completamente coerente, em seu sentido de crítica, com o pensamento de Carl Rogers sobre a educação. Segundo Mizukami (2013, p. 38) “o homem não nasce com um fim determinado, mas goza de liberdade plena e se apresenta como um projeto permanente e inacabado. Não é um resultado, cria-se a si próprio”. Com esta afirmação, fica evidente que a escola tradicional comete equívocos ao fazer a sua “linha de produção pedagógica”, pois cada um de nós nasceu livre para construir o seu próprio conhecimento segundo cada experiência subjetiva com o mundo.

Rubem Alves (2001) faz uma pergunta: “Por que é que, a despeito de toda pedagogia, as crianças têm dificuldades em aprender nas escolas? ” (p. 48) e dando logo em seguida uma resposta para a sua pergunta diz “Porque nas escolas o ensinado não vai colado a vida, isso explica o desinteresse dos alunos pela escola” (p. 48).

O sentido da vida para nós é uma realidade subjetiva, ou seja, segundo a nossa percepção de mundo e nossas experiências criamos um sentido único para nossas atitudes. O desejo de aprender está completamente ligado a isso. Nós só aprendemos aquilo que faz sentido e é útil para nós. A Escola da Ponte deixa Rubem Alves admirado, pois nela, os alunos não têm um programa específico para aprender. Cada um constrói o seu conhecimento, segundo aquilo que faz sentido para si. A indisciplina que também foi citada pelo autor, é resultado de uma tentativa de ensino forçada (ALVES, 2001). A criança não vê sentido em disciplinar-se, se aquilo que ela tem de aprender não é aquilo que realmente deseja saber, portanto os esquemas mentais existentes não são fortalecidos, a escola deve produzir o oposto, o desenvolvimento máximo das capacidades de cada indivíduo.

ABORDAGEM DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Usando a abordagem da Inteligência Emocional de Daniel Goleman (2012), irei comparar e mostrar as diferenças e semelhanças entre essa abordagem. Essa abordagem pode parecer de início um pouco confusa por falar de emoção e inteligência, duas coisas que logo de início parecem ser totalmente distintas uma da outra.

Essa abordagem igualmente mencionada no livro, demonstra que a criança tem toda capacidade de se autodesenvolver a partir do momento em que se é treinado todos os dias, assim obtém ideias novas e criativas, de uma forma construtivista relacional. Essa nova forma de ensino em que a criança é quem estabelece seu tempo e também o que vai aprender, é uma forma dela estabelecer o que é realmente importante. A criança tem toda capacidade de aprender sem ser num método tradicional, onde fica sentada em sua mesa e o professor ensina a matéria que lhe foi proposta por uma autoridade maior. Na Escola da Ponte mencionada no livro quase não há regras, apenas existe uma grade onde está todo o conteúdo que deve ser desenvolvido pelo aluno naquele período, é uma escola integral e o professor atua como observador, ele está presente para caso o aluno tenha alguma dúvida.

Como o próprio Goleman (2012) já mencionou, o professor apenas precisa ver o que a criança precisa. É importante apontar que na abordagem da Inteligência Emocional diz que o aluno é quem se autodesenvolve, estando mais disposto para os desafios diários e também para lidar melhor com as outras pessoas e saber desenvolver aquilo que pensa. Isso não apenas durante o período em que essa pessoa fica em sala de aula, mas também quando essa já está pronta para o mercado de trabalho. Pessoas que sabem lidar com desafios e também resolver grandes problemas sem dificuldades, acaba se destacando dos demais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ficou evidente que há diversas Pedagogias que podem ser utilizadas nas relações de ensino-aprendizagem. Cada proposta pedagógica tem sua forma de lidar e compreender o papel do aluno e do professor. É importante ressaltar que não há uma abordagem correta. Cada profissional deve se utilizar das abordagens propostas ou de outras, para melhor compreender a sua prática e ter maior eficácia.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubens. A Escola com Que Sempre Sonhei sem Imaginar Que Pudesse Existir. 1. ed. Campinas: Papirus, 2001

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Editora Paz e Terra, 2014.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Editorial Kairós, 2012

MIZUKAMI, M. G. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 2013.

PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’ Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva; 25ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

[1] Graduando curso de Psicologia – Universidade Paulista (Unip).

5/5 - (11 votes)
Alan Ferreira dos Santos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita