ARTIGO ORIGINAL
PAIVA, Patrícia Sthefânia Mulatinho [1], ROCHA, Bruna Thaís Santos da [2], LIMA, Cinthya Gabriella dos Santos [3], SOUSA, Andrey Rennato de Araújo [4], MELO, Thayanara Silva [5]
PAIVA, Patrícia Sthefânia Mulatinho. Et al. Desordens temporomandibulares: causas e alívios sintomáticos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 07, pp. 162-168. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/odontologia/alivios-sintomaticos
RESUMO
Para que a articulação temporomandibular opere de maneira coerente é preciso correlacioná-la com a própria articulação, a oclusão dental, os ligamentos de sustentação: colaterais, temporomandibular, estilomandibular e esfenomandibular, e os músculos da mastigação, sendo eles: temporal, masseter, pterigóideo medial, pterigóideo lateral. Quando ocorre a desarmonização das estruturas envolvidas sucede a disfunção temporomandibular promovendo dor e ocasionando o comprometimento da mobilidade exercida pela articulação da mandíbula, dos músculos ao redor e de seus outros componentes. O objetivo do presente trabalho é relatar brevemente a anatomia da ATM, expandir os conhecimentos sobre DTM, diagnosticar e correlacionar os possíveis tratamentos para a amenização dos efeitos sintomáticos, facilitando, assim, a vida dos portadores de DTM. A metodologia aplicada foi a revisão de literatura de artigos científicos nos idiomas português e inglês com um levantamento bibliográfico nas seguintes plataformas: Periódicos Capes, PubMed e SciElo e em livros com temas correlacionados. Ressalta-se, portanto, que as disfunções temporomandibulares ainda não possuem causas específicas, mas os seus tratamentos estão ampliando os campos a cada estudo e pesquisas de natureza exploratória que são realizadas, buscando sempre a melhoria da condição de vida dos portadores de DTM.
Palavras-chave: Disfunção temporomandibular, Sintomatologia da DTM, Laserterapia, Articulação temporomandibular.
1. INTRODUÇÃO
A articulação temporomandibular (ATM) é exclusivamente uma articulação da mandíbula com o côndilo, diferente das outras articulações é dita como móvel, além de ser a mais complexa (TOSATO; CARIA, 2006).
Para que a articulação temporomandibular opere de maneira coerente é preciso correlacioná-la com a própria articulação, a oclusão dental, os ligamentos de sustentação: colaterais, temporomandibular, estilomandibular e esfenomandibular, e os músculos da mastigação, sendo eles: temporal, masseter, pterigóideo medial, pterigóideo lateral e digástrico (MAYDANA et al., 2010).
Os músculos masseter e pterigóideo medial, possuem a função de realizar o fechamento da mandíbula, o temporal além de realizar a oclusão mandibular, auxilia na retrusão da mandíbula. Diferente dos outros músculos citados, o pterigóideo lateral facilita a abertura mandibular, os movimentos protrusivos e laterotrusivos. Apesar do músculo digástrico também participar da abertura mandibular, de outro modo, realiza a retrusão da mandíbula (CARLSSON et al., 2006).
Quando ocorre a desarmonização das estruturas envolvidas sucede a disfunção temporomandibular promovendo dor e ocasionando o comprometimento da mobilidade exercida pela articulação da mandíbula, dos músculos ao redor e de seus outros componentes (CARLSSON et al., 2006).
A ‘Síndrome de Costen’, hoje Disfunção Temporomandibular (DTM), foi divulgada em 1934 por James Costen, o qual mencionou que mudanças nas condições dentais provocavam sintomas otológicos (FIGUEIREDO et al., 2009).
O objetivo do presente trabalho é relatar brevemente a anatomia da ATM, expandir os conhecimentos sobre DTM, diagnosticar e correlacionar os possíveis tratamentos para a amenização dos efeitos sintomáticos, facilitando, assim, a vida dos portadores de DTM.
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi a revisão de literatura de artigos científicos nos idiomas português e inglês com um levantamento bibliográfico nas seguintes plataformas: periódicos capes, PubMed e SciElo, utilizando as palavras chaves: disfunção temporomandibular, laserterapia, articulação temporomandibular, sintomatologia da DTM e em livros com os temas correlacionados. Por meio de uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva foi possível analisar e discutir sobre o tema apresentado.
Consiste em uma pesquisa de caráter exploratório, a qual parte de uma realidade específica, onde tem-se uma escassa produção científica sobre o assunto recortado de um tema abrangente ou de uma área de interesse. Este tipo de pesquisa tem como princípio a busca pelo aprofundamento da realidade em questão, por intermédio da aproximação entre o pesquisador e o objeto de estudo. Assim, trata-se também de uma pesquisa descritiva realizada a partir da caracterização e da análise das informações coletadas (GIL, 2002).
3. REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com Okeson (2008, p.105), após a descoberta de Costen, dentistas exclusivos e reduzidos se interessaram em examinar, monitorar e atuar na área da redução das dores nas regiões da articulação envolvida, no qual o tratamento habitual foi a utilização dos aparelhos com funções de levantamento da mordida.
A população mais atingida relata que os sintomas frequentes são as dores de cabeças constantes; dores que acometem o maxilar e incomodam os acometidos; descrevem também os inconvenientes estalos e/ou travamentos na mandíbula, em específico, das suas articulações (OKESON, 2008).
A etiologia da patologia ainda é muito expandida, pois não são fatores definitivos em todos os pacientes, tornando-a complexa. O maior relato das causas da DTM é que a função mastigatória foi descontinuada devido algum erro. “O diagnóstico e as abordagens terapêuticas variam amplamente” (CARLSSON et al., 2006, p.9).
Está relacionada a fatores oclusais (desgaste dental, cárie, restauração inadequada, prótese mal adaptada, etc); neuromusculares, que está relacionado ao psicológico; estruturais, consequência de fatores oclusais e parafuncionais; psicológicos, pois com a tensão, há o aumento da atividade muscular, o que pode gerar espasmos e fadiga; parafuncionais, como o bruxismo, o hábito de colocar a mão na mandíbula para se apoiar, sucção de chupeta ou dedos; e também por lesões traumáticas ou degenerativas da ATM (DONNARUMMA et al., 2010).
O diagnóstico da DTM pode ser realizado com muita facilidade nos dias atuais. Através de uma anamnese realizada com alto êxito, com todos os relatos verdadeiros e exames físicos realizados impecavelmente, será possível realizar a identificação da disfunção. Mesmo que passe pela cabeça do paciente que está com uma doença grave, ela é caracterizada como uma condição benigna. Cabe ao cirurgião dentista tranquilizar o portador e dar as soluções necessárias para o tratamento adequado (CARLSSON et al., 2006).
Segundo Carlsson et al. (2006), após abranger inúmeros casos de um estudo epidemiológico, foram incluídos nas causas, fatores como a condição oclusal, estresse, traumas, e outras atividades. Aumentando os riscos de desenvolver essa disfunção foi relatado algumas razões que podem estabelecer a facilidade do desenvolvimento através de hábitos comuns, por exemplo, morder a tampa da caneta, apoiar as mãos na mandíbula durante um longo período e com uma grande frequência, roer unhas, apertar os dentes e mascar chicletes.
Fatores que aumentam o risco das DTM são chamados de fatores predisponentes. Fatores que ocasionam o início das DTM são chamados fatores desencadeantes, e os fatores que interferem na cura ou aumentam a progressão das DTM são chamados de fatores perpetuantes (OKESON, 2008, p.123).
Entre os tratamentos exclusivos para a disfunção temporomandibular, destacam-se a laserterapia, termoterapia, medicamentos, ajuste oclusal, agulhamento, transcutaneous electrical nerve stimulation (neuroestimulação elétrica transcutânea) – TENS, encaminhamento para a fisioterapia e em último caso, é recomendado a realização do procedimento cirúrgico.
Os objetivos do tratamento para os pacientes com DTM incluem a redução da dor e da ansiedade, a diminuição das atividades funcionais e parafuncionais que levem a uma sobrecarga prejudicial, a restauração da função e a retomada das atividades diárias normais (CARLSSON et al., 2006, p.88).
Independentemente dos resultados positivos de procedimentos cirúrgicos, a princípio estes devem ser evitados no início do tratamento, devendo ser realizados apenas em casos extremos de dores e limitações do paciente (CARLSSON et al., 2006).
De acordo com Carlsson et al. (2006), o manejo para evitar dores frequentes e causar a diminuição das mesmas, é primordial no tratamento dos portadores de DTM. Podendo incluir no mesmo, fisioterapia, medicamentos e outras condutas tranquilas. Um dos métodos tradicionais, são os ajustes oclusais que normalmente não são considerados adequados para todos os pacientes.
O recurso terapêutico do agulhamento, é um método realizado com a profundidade de uma agulha sem a introdução de nenhum fármaco, acarretando dores e convertendo-se em uma contração involuntária das fibras musculares atingidas (BRAHIM et al., 2017).
Abrangendo a laserterapia, com a utilização do laser de baixa frequência, através de muitas pesquisas, foi relatado que é uma excelente opção terapêutica para o tratamento das desordens temporomandibulares. Dispõem de efeitos analgésicos, reparos teciduais, além de ser uma técnica não invasiva, aliviando as dores e recuperando os tecidos (CATÃO et al., 2012).
Outro tratamento realizado em alguns pacientes com disfunções na ATM, é a termoterapia. Consiste em um procedimento de aplicabilidade e remoção de calor corpóreo, utilizando o calor úmido com mais frequência na região da face, aliviando as dores e retenções mandibulares, melhorando a mobilidade das estruturas envolvidas. (FURLAN et al., 2015).
4. CONCLUSÃO
Ressalta-se, portanto, que as disfunções temporomandibulares ainda não possuem causas específicas, mas os seus tratamentos estão ampliando os campos a cada estudo e pesquisas de natureza exploratória que são realizadas, buscando sempre a melhoria da condição de vida dos portadores de DTM.
Ao decorrer dos anos, com a progressão dos estudos, os tratamentos vão obter um desenvolvimento maior e com eficiência superior e permanente. Enfatizando que, o problema relatado não é considerado uma doença crítica, pois os pacientes que a possuem conseguem levar uma vida normal, e devem realizar os procedimentos cirúrgicos apenas em casos extremos da disfunção, o qual atrapalha a vida e saúde do portador.
Além disso, profissionais da saúde devem sempre estar atentos ao seu paciente, visto que a DTM tem uma ampla etiologia, o que requer uma maior atenção para diagnosticar de forma correta a sua devida causa. O trabalho muitas vezes precisará ser multidisciplinar, envolvendo cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, psicólogos e entre outros de grande importância para o tratamento.
REFERÊNCIAS
BRAHIM, C. B. et al. Eficácia da técnica de agulhamento seco no controle da síndrome da dor miofascial: uma revisão crítica da literatura. Cadernos UniFOA, Volta Redonda, n. 34, p. 105-124, ago. 2017.
CARLSSON, G. E. et al. Tratamento das disfunções temporomandibulares na clínica odontológica. Quintessence, 2006.
CATÃO, M. H. C. de V. et al. Avaliação da eficácia do laser de baixa intensidade no tratamento das disfunções têmporo-mandibular: estudo clínico randomizado. Revista CEFAC, São Paulo, 2012.
DONNARUMMA, M. D. C. et al. Disfunções temporomandibulares: sinais, sintomas e abordagem multidisciplinar. Revista CEFAC, São Paulo, 2010.
FIGUEIREDO, V. M. G. de et al. Prevalência de sinais, sintomas e fatores associados em portadores de disfunção temporomandibular. Paraíba, ano 2009, v. 31, n. 2, p. 159-163, 2009.
FURLAN, R. M. M. M. et al. O emprego do calor superficial para tratamento das disfunções temporomandibulares: uma revisão integrativa. Revisão sistemática, Belo Horizonte, p. 207-212, 12 jan. 2015.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
MAYDANA, A. V. et al. Possíveis fatores etiológicos para desordens temporomandibulares de origem articular com implicações para diagnóstico e tratamento. Dental Press, Rio de Janeiro, ano 2010, ed. 3, p. 78-86, 2010.
OKESON, J. P. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 6ª ed. São Paulo: Elsevier Editora Ltda, p. 173-28, 2008.
TOSATO, J. de P.; CARIA, P. H. F. Prevalência de DTM em diferentes faixas etárias. Porto Alegre, ano 2006, v. 54, n. 3, p. 211-224, julho/ setembro de 2006.
[1] Odontologia.
[2]Odontologia.
[3] Odontologia.
[4] Estomatologista.
[5] Estomatologista.
Enviado: Março, 2021.
Aprovado: Abril, 2021.