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Impactos ambientais provocados pela extração de argila no Município de Ibiassucê-BA

RC: 59258
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/extracao-de-argila

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ALMEIDA, Janilton de Lima [1]

ALMEIDA, Janilton de Lima. Impactos ambientais provocados pela extração de argila no Município de Ibiassucê-BA. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 09, Vol. 03, pp. 35-46. Setembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/extracao-de-argila, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/extracao-de-argila

RESUMO

Os impactos ambientais negativos têm aumentado de forma intensa, provocando a destruição dos ecossistemas. Impactos ambientais são alterações do meio ambiente, causados por atividades humanas, que afetam a saúde, segurança, bem estar da população, atividades socioeconômicas, condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. Esta pesquisa teve como principal objetivo identificar os principais impactos ambientais causados pela extração de argila no município de Ibiassucê-BA em decorrência das atividades industriais ceramistas. Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória com revisão bibliográfica e visita in locus. Os dados foram coletados por meio de análise de fotografias, visitas, observações diretas e entrevista semiestruturada e analisados de forma qualitativa. A extração de argila, como matéria-prima básica para as indústrias ceramistas, trouxe diversos impactos ambientais negativos como: desequilíbrios ecológicos e agrícolas, erosão, assoreamento dos rios e lagos, desmatamento. Os impactos ambientais causados pela extração da argila no município, requerem a urgência no desenvolvimento de políticas ambientais que amenizem a situação de degradação. A realização de atividades ligadas a Educação Ambiental no município é o caminho para fomentar mudanças na forma de explorar os recursos naturais.

Palavras-chave: Extração de argila, impactos ambientais, Educação Ambiental.

1. INTRODUÇÃO

O modelo de desenvolvimento econômico vigente aliado ao crescimento vertiginoso da população e a falta de Educação Ambiental têm gerado rupturas ecológicas que ameaçam a capacidade de suporte do planeta. Dentre as rupturas ecológicas, destacam-se os impactos ambientais negativos decorrentes da extração indiscriminada de recursos minerais, uma dessas rupturas é a extração da argila para a fabricação de produtos cerâmicos a exemplo de objetos para a construção civil como: bloco, telhas, lajotas.

O município de Ibiassucê no Estado da Bahia, é rico em argila, mineral utilizado como matéria prima para abastecer e funcional as indústrias ceramistas que fabricam peças como blocos, telhas e lajotas para a construção civil.

Ibiassucê, fica localizado na Microrregião Homogênea de Guanambi, na Região Econômica da Serra Geral da Bahia, Sudoeste do Estado, a 630 km de Salvador, capital do estado e a 47km de Caetité, sede da região administrativa. Apresenta uma população de 9.427 habitantes aproximadamente (IBGE, 2018). Como uma das principais atividades econômicas, destaca-se as indústrias ceramistas que emprega uma quantidade significativa de pessoas. Com isso tem desenvolvido a extração de argila, principal matéria prima, para alimentar as indústrias ceramistas, sem os devidos estudos de impactos para se conhecer as repercussões socioambientais advindas dessas atividades.

Diante dessas atividades, tornou-se necessário analisar os impactos ambientais provocados em decorrência da extração da argila no município de Ibiassucê-Bahia.

Em meados da década de 1990 foi inaugurado um Polo Cerâmico no município, onde o processo de extração do “barro” foi intensificado e a preocupação com o meio ambiente pouco manifestada pela população e autoridades locais.

O terreno destinado ao Polo Cerâmico foi cedido pela Prefeitura Municipal de Ibiassucê caracterizando-se como uma área específica para a construção de fábricas cerâmicas onde tem uma capacidade de comportar 07 indústrias. Já existem instaladas neste local apenas 05 (cinco).

Esta pesquisa tem como objetivo geral, identificar os impactos ambientais causados pela atividade ceramista no processo de extração de argila, principal matéria-prima deste tipo de indústria. Os objetivos específicos da pesquisa são: levantar os impactos ambientais causados pelas atividades de extração da argila; verificar de que ordem foram os impactos causados por essa atividade, refletir sobre a necessidade de uma educação ambiental efetiva para a sociedade local.

A seleção das áreas de exploração e a extração das argilas são realizadas de forma empírica e sem a fiscalização por parte dos órgãos públicos competentes. Por outro lado a expansão do mercado voltado para a construção civil em todo o Estado da Bahia, bem como da microrregião a qual pertence o município de Ibiassucê tem provocado o aumento da produção de blocos, telhas e lajotas que por sua vez tem levado a exploração de novas áreas para a extração da matéria prima para suprir a demanda da produção..

Assim, a produção desses produtos vem se transformando cada vez mais numa atividade lucrativa para os proprietários das Indústrias Ceramistas e tem implicado na necessidade de estudos sobre o assunto na região, sendo assim se motivou a realização do presente trabalho.

O estudo foi realizado nas minas de exploração de argila na zona rural do município e em dez indústrias de cerâmicas, nas quais cinco delas faz parte do Polo Cerâmico, implantado em meados da década de 1990, num terreno concedido pelo poder público municipal localizado na rodovia 030, próximo à sede do município.

2. EXTRAÇÃO DE ARGILA E IMPACTOS AMBIENTAIS

A atividade mineradora constitui-se em forte instrumento de degradação do meio ambiente, notadamente quando praticada de forma desordenada e irregular (MECHI e SANCHES, 2010). Nesse sentido o município de Ibiassucê-BA, em função de suas atividades industriais relacionadas à produção de blocos, lajotas e telhas destinadas à construção civil fabricados pelas Indústrias Ceramistas vem apresentando um processo de degradação ambiental nas áreas de extração de argila, que serve de matéria-prima básica para essas empresas.

“A argila pode ser definida como um material terroso, de granulação muito fina, que adquire plasticidade, quando umedecida com água” (PORTELA e GOMES, 2005, p. 02) O nome popular deste recurso mineral é o “barro” encontrado geralmente em terrenos sedimentares, em vales e terrenos residuais.

Segundo (MECHI e SANCHES, 2010) A extração de argila em terrenos planos aluviais é uma das formas mais impactantes de mineração, por realizar-se a céu aberto e em áreas próximas a recursos hídricos. Através de uma análise integrada da paisagem é possível entender quais os prejuízos provocados pela exploração da argila e lançar propostas visando à aplicação de medidas que reduzam a degradação ambiental e permitam o uso da área em atividades futuras.

Sabe-se que atualmente, é grande a preocupação com as questões relacionadas à degradação do meio ambiente provocada pelas atividades do mundo capitalista, principalmente a de origem industrial. Segundo Kerry (2008)

O planeta está em crise. Em todas as nações industrializadas, e especialmente nos Estados Unidos, as evidências mostram que vivemos em um mundo tão imerso em toxinas que elas abriram o caminho até o solo, o ar e a água, sem contar os nossos corpos, da concepção até a morte. (KERRY, 2008, p. 29)

Nesse sentido a preocupação em desenvolver trabalhos de pesquisas desta natureza, suscita um desejo de realizar identificação das áreas impactadas pela atividade mineradora, no caso específico, a extração de argila em função das atividades produtivas das indústrias ceramistas.

A atividade extrativa de argila tem degradado extensivamente e intensivamente a área em estudo, no caso os pontos onde realiza a exploração desse recurso, geralmente nas baixas, em terrenos aluviais e em forma de vale, sempre associados a um curso hídrico como rio, lagoa, córrego provocando impactos sobre estes recursos além do solo, do relevo, do ar, bem como de impactos visuais negativos pela descaracterização estética da paisagem local.

De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,

Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante de atividades humanas que direta ou indiretamente afetam: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1993)

Estudar os impactos ambientais é sobretudo avaliar as consequências de algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos.

Conforme Sousa (2000, p. 88-89) “Para a Economia Ambiental, a qualidade ambiental é considerada como um bem que proporciona utilidade aos indivíduos e, portanto, é tratada como os demais bens da economia”.

Sabe-se que para a sociedade humana sobreviver é necessário a utilização dos recursos naturais, por isso aqui a questão de os recursos naturais serem tratados como essenciais para a sobrevivência humana. O que se coloca em discussão neste trabalho é realização de conciliação com a natureza, de sustentabilidade, de projetos de recuperação das áreas degradadas pelas atividades extrativas de argila com responsabilidade ambiental, pautada na legalidade, na realização de licenciamento ambiental para efetuar tal atividade.

A extração mineral, e especificamente da argila, é uma atividade bastante desenvolvida no Brasil e no município de Ibiassucê, pelo fato da presença de indústrias ceramistas esta atividade tem crescido bastante.

A produção industrial de peças cerâmicas para a construção civil tem se caracterizado como uma das principais atividades econômicas de grande empregabilidade, perdendo apenas para a agricultura de subsistência a qual sustenta a maioria da população municipal.

Diante das questões relatadas, o meio ambiente de certa forma sofre os impactos com essa dinâmica produtiva, e medidas para melhorar a qualidade de vida e a degradação ambiental no município são necessárias. Para isto é preciso realizar estudos ligados aos diversos problemas ambientais e as consequências advindas das atividades industriais locais.

Para Jacobi (2003),

Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. (JACOBI, 2003, p. 191)

Nesse sentido, a educação ambiental e o processo de conscientização da população sobre a necessidade de cuidar do meio ambiente, para que ele proporcione sustento às populações se fazem urgentes. Uma sociedade educada apresenta condições de decidir, planejar e ter consciência das consequências advindas das suas ações sobre o meio ambiente.

3. CONTEXTO E PROCESSO DO ESTUDO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Ibiassucê (Figura 01) está inserido na Microrregião Homogênea de Guanambi, Região Econômica da Serra Geral da Bahia*. Com uma área de aproximadamente de 380km2, o município encontra-se a 630km de Salvador – Capital do Estado, e a 47 km de Caetité sede da Região Administrativa mais próxima.

Figura 01 – Caracterização do Município de Ibiassucê

Fonte: Compilação do autor[2]
Sobre uma altitude de aproximadamente 600m, Ibiassucê encontra-se entre as coordenadas geográficas 14º16’ de latitude Sul e 42º17’ de longitude Oeste, apresentando limites com os municípios de Rio do Antônio a leste, Caetité a oeste, Lagoa Real a norte e Caculé a sul como pode ser visto no mapa abaixo.

3.2 METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória, com revisão bibliográfica, visitas in lócus, entrevistas semiestruturadas aos trabalhadores das minas de exploração, moradores das comunidades e análise comparativa de fotografias, dos ambientes estudados em que são utilizados para a extração da argila como matéria-prima para as indústrias cerâmicas.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA

Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram imagens fotográficas, relatos por meio das entrevistas semiestruturadas a pessoas envolvidas direta e indiretamente às atividades de extração e produção ceramista, além da pesquisa em periódicos pela CAPES e google acadêmico.

As entrevistas foram realizadas junto à população que vive próxima as áreas de exploração da argila situada na zona rural, principalmente nas comunidades de Juazeiro, Pajeú e Olhos D’água todas localizadas a Oeste da sede do município. Foi desenvolvida uma entrevista a Secretária de Agricultura e Meio Ambiente do município.

Os dados obtidos foram analisados de forma qualitativa.

Com os trabalhadores para obter informações sobre o método de exploração de argilas, a produção de blocos, telhas e lajotas, números de funcionários e os locais de obtenção da matéria-prima.

Já as entrevistas com os moradores foram com o objetivo obter informações sobre os problemas causados pela exploração da argila na qualidade do meio ambiente e de suas vidas.

O estudo contemplou a identificação dos impactos ambientais, e socioeconômicos, considerando os positivos e negativos, onde os impactos positivos se referem aos resultados benéficos e os negativos quando produzem danos ao meio ambiente.

A primeira parte dedicou-se ao planejamento da pesquisa, definição do assunto, escolha do tema, delimitação do tema, busca de fontes e fundamentação, elaboração dos objetivos e da justificativa do projeto, a metodologia adequada à pesquisa, bem como os instrumentos a serem utilizados no decorrer do trabalho.

O próximo passo da realização do trabalho foi a execução da pesquisa propriamente dita, a definição das áreas a serem observadas e estudadas no município, formulou-se as hipóteses da pesquisa; coletou-se os dados e informações por meio de visitas, observações, fotografias e entrevistas. Buscou justificar as hipóteses comprovando ou refutando a validade das mesmas.

Seguindo para o próximo passo do desenvolvimento do trabalho, foi verificado os dados coletados, analisou-se criticamente os dados, deduziu e criou significados, comparações e testes, classificação, argumentação e apresentação dos resultados que estão expostos adiante.

E por fim concluiu-se o trabalho mostrando os resultados obtidos, verificando as teorias, deduzindo causas e consequências.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As empresas ceramistas do município de Ibiassucê foram fundadas na segunda metade da década de 1990, quando o poder público municipal concedeu terreno para a implantação de um Polo Cerâmico no município.

Ainda por meio das entrevistas e conversas com os atuais empresários do ramo, antes da fundação do Polo Cerâmico existia apenas uma indústria ceramista e algumas olarias artesanais que fabricavam tijolos no município. Por saber que era uma região com uma quantidade de argila significativa para ser explorada, o poder público junto com um grupo de empresários resolveu investir no ramo.

Por meio das observações diretas, da utilização de fotografias e das entrevistas, verificou-se que entre os impactos negativos destacam-se a erosão, o assoreamento, a denudação do solo e a compactação do mesmo.

Por causa da retirada da vegetação para o processo de escavação e retirada da argila, parte do solo local fica desprotegido provocando processos de compactação em determinadas situações e em lixiviação por outra. “Lixiviação do solo é um processo erosivo ocasionado a partir da lavagem da camada superficial pelo escoamento das águas superficiais” (RIBEIRO, 2020).

Uma vez o solo lixiviado fica impróprio para a agricultura, sendo assim, os terrenos que são utilizados para a extração da argila acabam sendo abandonados pelos donos, que sobrevivem da agricultura de subsistência.

Além do mais, o local em que acontece a extração da argila, ficam enormes crateras a céu aberto, que não passam por um processo de recuperação, ou seja, estas crateras deveriam ser recobertas pelo rejeitos, camada superficial de solo com matéria orgânica que é removida do local e não serve para a construção de peças cerâmicas para a construção civil. O resultado é que estas crateras inundam com a água da chuva, e por vez, esta água não serve para a comunidade, pois fica barrenta, imprópria para o consumo como visto na figura 02 a seguir.

Figura 02 – Cratera a céu aberto inundada provocada pela extração de argila na Fazenda Grama. Ibiassucê-BA

Fonte: O autor (2019)

O processo de exploração da argila nos locais de extração é feito de forma completamente irregular, uma vez que não obedece a distância dos leitos do rio, provocando desmoronamento das encostas tendo como consequências o assoreamento e a derrubada da mata ciliar contribuindo para que estes recursos hídricos tornarem mais secos.

Ao extrair a argila, as indústrias ceramistas jogam o rejeito, ou seja, a parte superficial do solo que é retirado, no leito do rio. Onde tira a argila fica uma cratera sem nenhuma proteção vegetal como visto na figura 02 acima, fazendo com que a área fique inóspita para o desenvolvimento da vegetação. O rejeito é lançado ao rio e quando vem a enchente no período das chuvas ele é arrastado pela correnteza da água contribuindo para o assoreamento destes e das lagoas.

O impacto ambiental é visível, um ambiente completamente degradado, sem nenhum cuidado. Alguns desses impactos podem ser vistos através das figuras de 03 a 06.

Figura 03: Rejeito jogado no leito do rio

Fonte: O autor (2019)

Figura 04: Retirada da camada superficial do solo

Fonte: O autor (2019)

Figura 04: Retirada da mata ciliar

Fonte: O autor (2019)

Figura 05: Retirada da argila em leito de rio

Fonte: O autor (2019)

Observando os impactos demonstrados nas fotos, averígua-se que as perdas de solo, o processo de assoreamento e a destruição da mata ciliar é constatada de forma evidente que esses impactos realmente estão acontecendo nas regiões onde a atividade de extração da argila é feito.

Providências cabíveis até o momento não são tomadas tanto dos responsáveis pela destruição tanto por órgãos públicos fiscalizadores. Sabe-se que trata de uma atividade que gera renda e emprego para a população, mas é necessário que se desenvolva novas estratégias para que o meio ambiente não seja destruído sem nenhum escrúpulo.

Por meio de conversas e entrevistas algumas pessoas relataram que onde é retirada a argila não pode mais fazer plantações de mantimentos, ou seja, o terreno fica impróprio para a agricultura. As baixadas aluviais tornam-se improdutivas devido à falta de umidade pela retirada da vegetação, e pela compactação do solo, principalmente pelo maquinário utilizado nos trabalhos de exploração, deixado a céu aberto sem nenhum processo de recuperação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A extração de argila no município de Ibiassucê-Bahia é considerada uma atividade lucrativa e que gera renda. Mas o processo de extração é feito sem preocupação com a recuperação das áreas de onde é retirado o material argiloso. Nesse sentido o processo de exploração desse recurso causa uma série de impactos ambientais.

Dentre esses impactos existe um positivo, que é a geração de renda. Os demais foram negativos como: assoreamento dos rios e lagos, retirada da mata ciliar, compactação do solo, crateras a céu aberto que são inundadas com água da chuva e impróprias para a utilização humana. Impactos esses provocando repercussões socioeconômicas uma vez que compromete a realização das atividades agrícolas nas áreas em que realizam tal atividade extrativa.

Logo, com todos os impactos negativos causados em decorrência da extração de argila para as indústrias ceramistas, é indispensável à implantação da Educação Ambiental nas escolas do município e nos demais segmentos da sociedade, com o intuito de sensibilizar, mobilizar e consequentemente provocar mudanças, principalmente no que se refere à recuperação das áreas degradadas, atribuição daqueles que são responsáveis pela exploração do recurso mineral e reorganização das formas de retirada da argila no município.

Na Educação Ambiental encontram-se possibilidades de motivar as pessoas a transformar a realidade local em defesa da qualidade de vida, do meio ambiente com vistas à cidadania e transformação tanto social e ambiental, quanto econômica, por meio de ações sustentáveis.

REFERÊNCIAS

BAHIA, CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES. Informações Básicas dos Municípios Baianos: Região Serra Geral. Salvador, 1994.

BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resoluções, 1983.

GIL, Antônio Carlos. Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Atlas, 1988.

JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. São Paulo, n. 118, pág. 189-206, março de 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742003000100008&lng=en&nrm=iso>. acesso em 24 de julho de 2020.

MECHI, ​​Andréa; SANCHES, Djalma Luiz. Impactos ambientais da mineração no Estado de São Paulo. São Paulo, v. 24, n. 68, pág. 209-220, 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142010000100016&lng=en&nrm=iso>. acesso em 24 de julho de 2020.

KERRY, John. Antes que a terra acabe: um relato real dos desafios ambientais. São Paulo: Saraiva, 2008.

PORTELA, M. O. B; GOMES J. M. A. Os danos ambientais resultantes da extração de argila no bairro Olarias em Teresina – PI. (Programa de pós-graduação em políticas públicas). São Luís – MA, 2005.

RIBEIRO, Amarolina. “O que é lixiviação do solo?”Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-lixiviacao-solo.htm. Acesso em 18 de julho de 2020.

SOUSA. Renato Santos de. Entendendo a questão ambiental: temas de economia, política e gestão do meio ambiente. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.

APÊNDICE – REFERÊNCIA DE NOTA DE RODAPÉ

2. Foto do autor e mapa extraído de BAHIA, CENTRO DE ESTATÍSTICAS E INFORMAÇÕES. Informações básicas dos municípios baianos: Região Serra Geral. Salvador, 1994.

[1] Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, Especialização em Formação Socioeconômica do Brasil, Mídias na Educação e Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Graduado em Geografia, Ciências Biológicas e Pedagogia.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Setembro, 2020.

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Janilton de Lima Almeida

2 respostas

  1. De suma importância esse artigo,pois trata de uma realidade que precisa ser mais conhecida e discutida por todos, afim de que se possa encontrar novas possibilidades de garantir a manutenção do trabalho que, de fato, essas empresas proporcionam,sem que tamanho prejuízo ao meio ambiente continue a acontecer.Espero que as pessoas se sensibilizem e que ações em prol desta causa comecem a aparecer o mais depressa possível.Parabéns, Janilton. A sua causa é de todos!

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