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EEEFM “LUIZ JOUFFROY” – Você faz parte dessa história

RC: 12722
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/historia/luiz-jouffroy

CONTEÚDO

SOUZA, Maria Lúcia Pizzáia de [1]

SOUZA, Maria Lúcia Pizzáia de. EEEFM “Luiz Jouffroy” – Você faz Parte dessa História. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 02. pp 55-72, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

A história da Escola Luiz Jouffroy é fato que se tem urgência em formalizar por escrito, ou seja, conhecer todo o seu processo de criação e formação, saber sua origem e de quem foi o ilustre da época que mereceu ser homenageado, já que esta não conta com uma história formalizada, contendo as informações do porquê de sua nomenclatura. Na busca de informações de quem seria o ilustre cidadão Luiz Jouffroy, esbarrou-se muitas vezes em relatos absurdos, onde alguns cidadãos garantiam tê-lo conhecido, mas quando se perguntava quem era e o que fazia, as respostas sumiam juntamente com as afirmações. Em uma localidade onde a maior parte da população é de maioria pomerana, alemã e italiana, com uma minoria de afro-brasileiros, nos cartórios locais nenhum sobrenome francês foi encontrado. Assim, no período do ano letivo de 2012 a Instituição Luiz Jouffroy abraçou a ideia de embrear-se em uma pesquisa de iniciação científica, em um estudo de caso, envolvendo todos os estudantes e professores da área de ciências humanas, com o objetivo Geral de contar a história da EEEFM “Luiz Jouffroy” a partir da investigação da origem do nome da escola, catalogar os nomes de todos os professores e diretores que passaram pela instituição desde 1940 à 2012, fazendo um levantamento de dados através dos livros atas, livros ponto, recortes do diário oficial do Estado do Espírito Santo, visitas ao Arquivo Público Estadual, Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Espírito Santo, pesquisa na internet, entrevistas com cidadãos da comunidade e autoridades locais, chegando então ao último dos descendentes de Luiz Jouffroy, tendo a culminância do projeto dia 1º de novembro, aniversário da Instituição. Através desse trabalho foi possível conhecer a história da instituição e a intenção do Interventor Federal Punaro Bley em 1940 a homenagear o ilustre cidadão Luiz Jouffroy em uma cidadezinha do Interior do Estado do Espírito Santo, quando toda a comunidade escolar passou a saber sua história. A história desta instituição é de grande importância para a comunidade Laranjense, pois é administrada nos preceitos da legislação vigente, consequentemente contribuiu e contribui ao longo de seus 72 anos para a formação dos cidadãos comprometidos para o exercício da cidadania e Luiz Jouffroy não foi apenas uma homenagem a um político da época, mas um imigrante francês que fez a diferença na  história do Estado do Espírito Santo no início do século XX, mas que ficou esquecido até então, e a Escola onde tem seu nome fez o favor aos anais da história em lembrar a sua importância.

Palavras-Chave: História, Luiz Jouffroy, Investigação, Catalogar.

JUSTIFICATIVA

No decorrer da história da Instituição estadual de ensino “Luiz Jouffroy”, uma lacuna de grande relevância incomoda àqueles que passam por ela. Quem foi o ilustre cidadão francês que vem sendo homenageado ao longo dos 72 anos desta escola no interior do Estado do Espírito Santo, já que não consta em nenhum registro uma possível biografia. Através dessas indagações de senso comum, reverberou a ideia de formalizar não só a biografia de Luiz Jouffroy, como também contar toda a história da Instituição, respondendo às perguntas feitas ao longo desses anos. É indubitável que esse projeto dará não só luz a história da escola, como também a história local, quiçá, elucidando o mistério de que envolve a nomenclatura da Escola, dirimindo qualquer ideia falaciosa, colaborando ainda com os anais da história do Estado Espírito Santo mais um capítulo até então desconhecido pelos apreciadores de uma boa história.

REFERENCIAL TEÓRICO

A História é uma ciência que está inserida na área de Ciências Humanas, área de conhecimento muito dinâmica que possibilita uma interação com outras áreas de conhecimento bem como permite “colocar lado a lado configurações sociais, econômicas, políticas ou culturais diversas, próximas e distantes, presentes e passadas” (IANNI, 2000, p.15).

Neste contexto, tal dinamicidade, quando bem trabalhada, possibilita transformar os educandos em cidadãos de uma visão contextualizada e mais crítica. De acordo com Kant o papel confiado à educação é o de promover a saída do homem de sua minoridade para a condição de ser pensante e autônomo. Esta condição leva a escola a ir muito além de, simplesmente, ensinar a ler e escrever; ela deve ensinar o sujeito a ser, a pensar por si só, a caminhar sozinho, a questionar seu sistema e suas abjeções.

A memória é função de o historiador transformar em história, para que assim todo esse tempo seja fonte de orientação, pesquisa e afirmação da identidade desse povo.

De acordo com o Currículo Básico Escola Estadual,

“Assim, a influência da historiografia contemporânea sobre o ensino de história se faz perceber, por exemplo, na necessidade de o professor de História relacionar as metodologias de seu ensino( teoria relacionada à prática e resultando em conteúdo procedimentais)); no reconhecimento dos diferentes sujeitos da História; na diversidade das fontes, na necessidade da consolidação e historicização de conceitos, e na ampliação das possibilidades em torno do fato histórico; e na introdução do ensino de História de aspectos relativos a mentalidades, cotidianos, representações e práticas culturais.

A construção de uma consciência histórica das possibilidades de pensar historicamente sobre a realidade de pensar a realidade em que vivemos confere ao ensino de História especificidades e particularidades no que diz respeito às contribuições da disciplina na formação humana.” ( 2009, pg. 62).

Contar a história é registrar os fatos para não caírem no esquecimento, e a Escola Luiz Jouffroy é um desses fatos que se tem urgência em formalizar por escrito, pois sua história agora mesmo já não terá sentido se tudo ficar na memória, na oralidade, ou em arquivos que o tempo consome.

Sabe-se tanto do outro, conhece-se tanto dos outros, e conhece tão pouco de si, apenas um fato aqui, outro ali ou mais adiante, e assim se perde a essência dos grandes momentos, quando esses não são registrados em algum momento ou lugar. Sabe-se que é possível viver sem quase se lembrar, mas é quase impossível viver sem se esquecer, e o mito e a lenda tomam conta da verdade para se tornar quase uma mentira.

No estado em que estão as coisas, um homem abandonado desde seu nascimento à sua própria sorte seria o mais desfigurado dos mortais, as preocupações, a autoridade, a necessidade, o exemplo, todas as instituições sociais, nas que estamos submergidos, se apagariam no seu modo natural de ser e não colocaria nada em seu lugar que as substituíssem. Seria como um arbusto que, por azar, tenha vindo a nascer no meio do caminho e que os transeuntes, sacudindo-o em todas as direções, o matariam. (Rousseau, 2009, p.4).

A educação histórica deve ter por objetivo a construção de conceitos que considerem o desenvolvimento da pessoa, uma manifestação saudável, necessária e desejável de determinada época, com intuito de romper com preconceitos, mitos, tabus. Ao registrar uma história, essa tem como objetivo não só a informação, mas de compreender as atitudes de cada época.

Morin (2000) diz que a própria memória, não regenerada pela rememoração, tende degradar-se, porém cada rememoração pode embelezá-la ou desfigurá-la. A mente intelectual humana, inconscientemente, tende a selecionar as lembranças que nos convém, a recalcar, ou mesmo apagar, aquelas desfavoráveis, e cada qual pode atribuir-se um papel vantajoso. Existem, às vezes, falsas lembranças que julgamos ter vivido, assim como recordações recalcadas a tal ponto que acreditamos jamais a terem vivido. Assim a memória, fonte insubstituível de verdade, pode ela própria estar sujeita aos erros e às ilusões.

No mundo em que se exige mais que domínio da técnica, o conhecimento da história é muito significativo. A tarefa do Historiador, não é mais a de levar conhecimento pronto e acabado, mas fazer o momento histórico do presente, sistematizado onde o professor não ensina, mas aprende com quem está ensinando. De acordo com Morin (2005, p 365)

Sua tarefa doravante, é levar em conta a singularidade de cada cultura, de cada época, de cada modo de desenvolvimento, comparando-os entre eles e pondo em evidência suas interrelações. Não se trata mais de restituir, mas sim de compreender, e nessa busca, a história torna-se indistinta das ciências sociais.

Nas palavras de Febrvre (1998) “Não existe história que não seja do presente”, é necessário renunciar a pretensão do passado em si mesmo. Ao que defende Morin e a linha de pesquisa desse trabalho, fica um tão sonhado momento para discutir e até mesmo formalizar a História da Escola Luiz Jouffroy, ou mais além, envolver pais, alunos, professores e a comunidade escolar na elaboração da história dessa importante instituição.

Nas sábias palavras de SHAKESPEARE, justifica-se a ideia central desse projeto:

Na hora de sua morte o príncipe Hamlet diz a Horácio que não o acompanhe na morte, “pois quero que vivas para contar a minha história aos outros!” (HAMLET). Ou seja, a história deve ser contada, discutida, refletida, revisada, questionada, mas acima de tudo transmitida às gerações futuras.

Hamlet – (…) Horácio, estou morto, tu estás vivo. Explica minha conduta e justifica-me perante os olhos daqueles que duvidarem.

Horácio – Não esperais que o faça. Sou mais um romano antigo do que um dinamarquês. Ainda sobrou um pouco de líquido na taça.

Hamlet – Se és homem, dá-me a taça! Solta-a! Pelo Céu, dá-me a taça! Bom Horácio, que nome desonrado ficará depois de mim, se as coisas permanecerem assim desconhecidas? Se alguma vez me conservastes em teu coração, afasta-te algum tempo da felicidade e reserva, sofrendo, o teu sopro de vida neste mundo de dor para contar minha história (SHAKESPEARE, 2003:113-114).

SHAKESPEARE enfatiza que se as pessoas se calam, automaticamente a história se cala, se acaba ou deixa margens para especulações [na maioria das vezes, indevidas e fraudulentas]. Esta é fato, está lá, parada no tempo e no espaço, só caminhando pela transmissão daqueles que dela usufruem através do conhecimento, e dessa forma gera o reconhecimento.

Objetivo Geral

Compreender toda a trajetória de construção histórica da EEEFM “Luiz Jouffroy”, resgatando e conhecendo os profissionais que contribuíram com a busca da qualidade da educação ao longo de seus 72, identificando os passos de sua trajetória, para formalização de sua história.

Objetivos Específicos

  • Analisar todos os documentos e relatos que contribui para realização da pesquisa in loco.
  •  Reconhecer a importância da oralidade como fonte importante na construção da histórica
  • Conhecer a biografia de Luiz Jouffroy;
  • Formalizar e publicar a história da EEEFM “Luiz jouffroy”.

Contextualização da experiência

A Escola Luiz Jouffroy é mais uma das instituições de ensino do Estado do Espírito Santo que vem ao longo de seus 72 anos trabalhando por uma  educação de qualidade. Com uma clientela de 511 alunos, funciona em três turnos (matutino, vespertino e noturno). A maioria dos estudantes são de origem pomerana, vindos da área rural que são atendidos no turno matutino, ficando os alunos da zona urbana com atendimento no turno vespertino, enquanto o noturno está mesclado entre estudantes da zona rural e urbana oportunizando a todos aqueles que não dispõe de tempo de estudar durante o dia. O prédio escolar conta com 12 salas de aula, um laboratório de informática, um auditório para 150 pessoas e outras salas auxiliaries.

Articulado com o Projeto Político Pedagógico a professora de História e Geografia Maria Lúcia Pizzáia de Souza, professores da área de Ciências Humanas, estudantes e voluntários da comunidade escolar catalogaram fotos de todos os professores e diretores que trabalharam na EEEFM “Luiz Jouffroy” ao longo de sua história.  Através de um levantamento de dados e consulta aos arquivos de instituições públicas como, Instituto Histórico e Geográfico do Estado do EspíritoSanto, Arquivo Público Estadual do Espírito Santo, Diário Oficial do Estado do Espírito Santo, livros Ata e de recortes, livros ponto e boletins de frequência e das histórias contadas por meio da oralidade, abriu-se caminhos para aproximar-se da verdadeira história dessa escola e mais ainda, tirar da memória e por na História oficial os caminhos percorridos pela Instituição de Ensino EEEFM “Luiz Jouffroy”, servindo no futuro como fonte de pesquisa científica para  trabalhos de cunho acadêmico.

AÇÕES

O grupo de planejamento semanal denominado de “Ciências Humanas” ficou responsável em planejar as ações no Ensino Fundamental e Médio,

1-Catalogar o nome de todos os professores e diretores que trabalharam na Escola Luiz Jouffroy de 1940 a 2012.

2-Leitura dos livros Ata.

3-Conferência de dados entre boletim de frequência e livros ponto.

4-Consulta aos livros recortes do Diário Oficial, na busca de publicações acerca da mudança de nomenclatura da Instituição.

5-Entrevistas com professores aposentados, ex-alunos e com parentes de Luiz Jouffroy.

6-Gincana com as séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio com o propósito de recolher o máximo de fotos possível de professores e diretores que trabalharam e trabalham na EEEFM “Luiz Jouffoy”.

6-Visita a ex-funcionários e pessoas da comunidade com o objetivo de coletar fotos antigas da Escola Luiz Jouffroy.

7- Visita ao Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), em busca de documentos que possa auxiliar para êxito da pesquisa.

8-Organização de uma sala temática, onde serão exposicionados todos os livros ponto, livros Ata, Livros Recortes do Diário Oficial, mostra iconográfica de eventos realidados ao longo de seus 72 anos de história. Paredes cobertas por fotos de ex-diretores, ex-professores, diretor e professores da EEEFM “Luiz Jouffroy” .

9- Banner com a foto de Luiz Jouffroy e sua história.

10-Folder de publicação do evento para todos os alunos e a comunidade de Laranja da Terra.

11-Banner com as fotos dos diretores que administraram a EEEFM “Luiz Jouffroy”

11-Confecção de um chaveiro com o slogan “EEEFM ‘Luiz Jouffroy’  Você faz parte dessa história, 72 anos / 1940-2012.

12-Divulgação na rádio local convidando a comunidade laranjense a participar da data comemorativa dos 72 anos de Escola “Luiz Jouffroy”.

13-Presentear com um chaveiro aos ex-diretores, ex-professores e autoridades que comparecerem ao evento de 72anos da Escola Luiz Jouffroy.

14-Palestra com os alunos da escola sobre a história da Instituição

15-Publicação do envento no Portal da SEDU.

16-Publicação da História da Escola Luiz Jouffroy e a biografia de Luiz Jouffroy na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Espírito Santo.

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Os alunos sentiram o quão importante foi sua participação na construção da história da instituição, conhecendo os caminhos trilhados por uma pesquisa de cunho científico, onde tudo era avaliado cuidadosamente, buscando sempre o foco principal que era a elucidadação da origem do nome Luiz Jouffroy e quais caminhos no decorrer dos 72 anos essa Instituição trilhou para chegar onde chegou (sempre com o objetivo principal de formar cidadãos para a vida, que pudessem melhorar a qualidade de vida da localidade onde está inserida).

Em todos os momentos de desenvolvimento do projeto, foi notável o espírito de solidariedade dos alunos, pais de alunos, ex-alunos, etc. em juntar fotografias dos professores e ex-professores, ao catalogarem o máximo de dados possíveis para exposicionar no dia do aniversário da escola, construindo um acervo rico em iconografia  lembrando da maioria de todos os  ex-professores e professores, ex-diretores e diretor  que fizeram e fazem parte da história da Escola Luiz Jouffroy, Laranja da Terra/ES.

O QUE SE ESPERA DESSA EXPERIÊNCIA

Com os resultados positivos desse trabalho, almeja-se realizar uma segunda parte dando continuidade a outros projetos, sugerindo que este sirva como exemplo para um projeto piloto da SEDU (Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo), a ser desenvolvido nas escolas estaduais do Estado, na tentativa de resgatar através da micro-história a história das instituições de educação do Estado do Espírito Santo.

HISTÓRIA DA EEEFM “LUIZ JOUFFROY”

A história da Educação de Laranja da Terra e de seu município tem suas particularidades quando contada por moradores mais antigos da cidade, quando relatam que a primeira escola teve início por volta de 1930, em uma casinha emprestada por um morador da Vila de São João de Laranja da Terra, nas antigas terras de Leopoldino dos Santos, conhecido como “Leopoldino o Bravo”, período esse, Município de Afonso Cláudio. Portanto, não se tem documentos que comprovam ‘data’. Diz os mais velhos que no início o ensino era particular e privilégio de poucos, pois somente alguns moradores contavam com renda o suficiente para pagar a professora Judite dos Santos, que veio de Vitória (Capital do Estado do Espírito Santo) para realizar o trabalho de docente.

A vila de São João de Laranja da Terra nos primeiros anos contava com uma população muito pequena, alguns dos alunos da professora Judite vinha a pé ou a cavalo, já que nas redondezas só existia aquela escola.

Ao que conta o Sr. Zequinha (José Luiz Antônio) antigo morador da cidade, aos 91 (noventa e um) anos de idade disse que, “essa primeira Escola funcionava em uma casa particular em um salão, pois ainda não existia um prédio do Estado para atender aos alunos” (Comunicação pessoal). Ele estudou na primeira escola pública de São João de Laranja da Terra quando era chamada de Grupo Escolar Rural São João de Laranja da Terra e conta, ainda, que a primeira professora foi Raquel Guedes, professora leiga, que tinha como função de ensinar a ler, escrever e ensinar as quatro operações.

Em outubro de 1940, foi publicado no Diário Oficial as realizações do governo Getulio Vargas no Estado do Espírito Santo do ano de 1939 uma verba para construções escolares em núcleos de colonização estrangeira, e entre os grupos escolares está o Grupo de Laranja da Terra. Diante dessa publicação, constata-se que no ano de 1939 tenha então a primeira escola recebido o nome de Grupo Escola Rural de São João de Laranja da Terra (jurisdição do Município de Afonso Cláudio), onde foram construídas duas salas de aula, dando início ao ensino público nesse “núcleo de colonização estrangeira”, como foi chamado pelo governo Federal.

Nesse momento a localidade estava iniciando seu processo de colonização por imigrantes europeus, que vinham em busca de terras para trabalhar, já que sua maioria eram agricultores em seus países de origem. Supõe-se que houve por parte do governo uma forma de incentivar uma educação voltada para o campo despertando maior interesse para a lavoura e crescimento para a economia agrícola da Vila de São João de Laranja da Terra, e as outras vilas próximas, pois juntamente com o Grupo Escolar funcionava um projeto voltado para incentivo a agricultura o qual se denominava “Clube agrícola” (sendo referido várias vezes nas atas da escola).

De acordo com documento oficial, o Ato de Criação publicado no Diário Oficial de 03 de novembro de 1940, resolve que em 1º de novembro de 1940 o Grupo Escolar Rural São João de Laranja da Terra, Município de Afonso Cláudio, passa a denominação de Grupo Escolar Rural “Prof. Luiz Jouffroy” (Nome dado pelo Interventor Federal no Estado do Espírito Santo, Governador João Punaro Bley). (Decreto Nº 12.291 de 1º de novembro de 1940). Já, em 1945, era chamado de Grupo Escolar “Luiz Jouffroy”, funcionando em dois turnos: Matutino e Vespertino, contando com 115 alunos, distribuídos em turmas de 1ª à 4ª série, oferecendo educação em nível de escola primária. O regime de trabalho da Equipe Técnico-Pedagógica era de 25 horas semanais. Com esta denominação de Grupo Escolar “Luiz Jouffroy”, esta escola ficou  conhecida até 1963, quando passou a ser chamada de Escola Reunida “Luiz Jouffroy”. Em 1965, pelo Dec. N. º 1097 de 28/04/65 transformam-se as (ER) Escolas Reunidas “Luiz Jouffroy” em Grupo Escolar “Luiz Jouffroy”, funcionando de 1ª à 4ª série até 1975, de acordo com a Res. CEE n. º 41/75 de 28/11/75. Em 1976, mais precisamente, em agosto, teve início a Pré-Escola e o Dec. 917 de 23/11/76 autorizam o funcionamento do curso de 2º Grau Habilitação para Exercício do Magistério. Em 1978, pela Port. E n. º 924 de 04/07/78 transformam o Grupo Escolar “Luiz Jouffroy” em Escola de 1º Grau “Luiz Jouffroy”, unidas completa de 1ª à 8ª série. Foi nesta época em que o Estado encampou os alunos de 5ª à 8ª série do CEE. Isto aconteceu em junho de 1978. Em 1979, a Port. E n. º 1115 de 09/03/79 transformam a Escola em Escola de 1º e 2º Graus “Luiz Jouffroy”, publicada no D.O. de 10/03/79, funcionando com Curso Técnico em Contabilidade, que pouco depois foi desativado. Em 1988, a Port. E n.º 2502 de 03/10/88, cria na EPSG “Luiz Jouffroy”, o curso de 2º Grau não profissionalizante, nos termos estabelecidos na Lei n.º 5692/71, nova redação dada pela Lei n.º 7044/82 e Res. CEE n. º 73/82 que nos seu Art. 2º, diz que os efeitos desta Portaria deverão vigorara a partir do ano letivo de 1989, publicada em D.O. De 06/10/88.  Em 1989, a Res. CEE n. º 22/89 de 12/06/89 aprova o funcionamento do Curso Técnico em Contabilidade na EPSG “Luiz Jouffroy”, a partir do ano de 1979 a 1984, convalidando todos os atos escolares praticados ao nível de 2º Grau, o que foi publicado no D.O. de 23/06/89. Ainda em 1989, pela Port. E n. º 2630 de 14/1 2/89, no seu Art. 1º, cria na EPSG “Luiz Jouffroy”, o Curso de Técnico em Contabilidade e no seu Art. 2º esclarece que os efeitos desta Portaria retroagem no inicio do corrente ano letivo. Foi publicada no D.O. de 18/12/89. Coincidentemente, São João Laranja da Terra nesse momento passou a ser sede do município de Laranja da Terra, conforme Lei Nº 4. 069 (Diário Oficial de 10 de maio de 1988) sob o Governo do Estado do Espírito Santo. As mudanças cartográficas e políticas foram de grande importância não só para a Escola Luiz Jouffroy, mas também para todo o Município. Com a implantação do transporte escolar foi possível dar condições de trazer os jovens moradores dos novos Distritos do Município, que não tinham condições de sair de casa para estudar em outras cidades, e assim, darem continuidade a seus estudos em nível de 2º graus, já que somente era ofertado o ensino em nível de 1º Grau em todas as escolas do Município de Laranja da Terra, até então. Em 1990, a Escola passa funcionar também no prédio alugado da Associação Centro Educacional Rural “União Laranjense”, formando assim, um anexo, além do seu próprio prédio. Em outubro de 1990, acontece a primeira eleição direta para Diretores de escolas em todas as escolas de rede estadual, onde tiveram direito a voto todos os funcionários da escola, professores, alunos maiores de 14 anos e pais de alunos menores de 14 anos, com direito a um voto por família, num bonito exercício da cidadania, ocasião em que foi eleita a Professora Cleuza Vitorasse Delboni. Em dezembro de 1992 aconteceu a 2ª eleição direta a Diretor a qual foi eleita a Professora Angela Maria Merlo Soares. Em 1993, pela Port. E. 3012 de 16/12/93 no seu Art. 1º criam o Curso de 2º Grau de habilitação para o Exercício do Magistério em 1º Grau na EPSG “Luiz Jouffroy” formando professores para atender a demanda do próprio Município e no seu art. 2º, diz que, esta Portaria entre em vigor a partir do inicio do ano letivo de 1994 e foi publicada no D.O. de 06/10/94. Ainda em 1993, a Res. CEE 63/63 de 20/12/93, aprova o funcionamento do Curso de Técnico em Contabilidade na EPSG “Luiz Jouffroy”, convalidando todos os atos escolares praticados D. O. de 02/02/94. Em 1994, a escola passa a atender também os alunos do Projeto “Todos Podem Ler” (Alfabetização de Jovens e Adultos) e turma do Projeto “Um Salto para o Futuro”, com objetivo de capacitação para os professores. Em agosto de 1995, entra no ar, em fase experimental o Projeto “TV – Escola” e a Escola recebem o Kit tecnológico composto de TV e Vídeo e antena parabólica. Este Projeto tem como objetivo ajudar os professores e alunos no seu dia-a-dia escolar e, é mais voltado para o Ensino Fundamental. No final do ano de 1995 ocorreu a 3ª eleição para diretor da escola, sendo eleita a Professora Elvira Luiza Deorce dos Santos. Ainda em 1995, a Res. CEE n.º 132/95 de 01/11/95, aprova o funcionamento do Curso de habilitação para Exercício do magistério para as séries iniciais do 1º Grau ministrado pela EPSG “Luiz Jouffroy”, convalidando-se os atos escolares anteriormente praticados, até a presente data D. O. de 05/12/95. Em 1996, o Curso de Habilitação para o Exercício do Magistério passou de 3 anos para 4 anos.

O Ensino para o Magistério teve sua última turma a se formar no ano de 2002. Em 29 de dezembro de 1999 é publicado no Diário Oficial o Ato de Criação do Ensino Médio (que passou a ser conhecido como Científico), processo SEDU nº 16972384 / portaria – E nº 3527. Ato de Criação do Ensino Médio: Port. E nº 3527 de 28/12/99. Pelo Ato de Aprovação a partir de 2005, como as demais Escolas Estaduais, a ESPG “Luiz Jouffroy” passa a responder, juridicamente, sob a denominação de Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Luiz Jouffroy”, ou EEEFM “Luiz Jouffroy”. Pelo Ato de Aprovação: Res. CEE/ES 1630/2008 de 03/03/2008, (Resolução do Conselho Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo nº 11630/2008 de 03 de março de 2008), mais uma modalidade de Ensino passa a ser ofertada pela EEEFM “Luiz Jouffroy”: O curso Técnico em Agropecuária, com salas funcionando pela manhã e a noite, dando oportunidade ao aluno de fazer o curso técnico-profissionalizante em um horário e o Ensino Médio (científico) em outro e ao final de 3 (três) anos o aluno estarão  aptos a ingressar no mercado de trabalho e podendo ainda dar continuidade a seus estudos, em nível superior.

UMA BREVE BIOGRAFIA DE LUIZ JOUFFROY OU “LOUIS JOUFFROY”.

De acordo com os relatos de Gladys Jouffroy Bitran, Luis Jouffroy nasceu em Nice (França), em 1876 e seu nome de batismo era ‘Louis Jouffroy’. Estudou e graduou-se em medicina pela Escola de Paris. Chegou ao Brasil de navio em 1908; tornou-se professor catedrático na Escola Normal D.Pedro II; veio solteiro e aqui conheceu Adelaide Dias Gonnet Jouffroy, também francesa que viera ao Brasil ainda criança e que, de início fora sua colega de trabalho no referido colégio. Ela era, também, professora no Colégio D. Pedro II; Luiz Jouffroy e Dona Adelaide casaram-se, em 1910. O casal teve 4 (quatro) filhos: Maria Luiza, a mais velha, nasceu em 1911; Maria Stella, nasceu em 1912; Pedro Luiz, nasceu em 1914 e Maria Cecília, a caçula, nasceu em 1917.

O fato de o Dr. Jouffroy ter assumido a cadeira de professor em uma escola de ensino regular pode ser deduzido do fato de ser um imigrante recém-chegado ao país e, de imediato não ter sido possível abrir-lhes portas para exercer a sua profissão de ofício. Como as escolas francesas tinham em seu currículo uma proposta muito voltada para a área filosófica, a carreira do magistério não foi-lhe um fardo. Até, pelo contrário, possivelmente foi uma maneira de tornar-se conhecido da elite da época, considerando que somente membros da classe alta tivessem acesso à educação formal.

Faleceu em 14 de setembro de 1924, aos 48 (quarenta e oito) anos de idade, na cidade de Acioli, no Estado do Espírito Santo, (atualmente Distrito de João Neiva – ES) para onde teria ido cuidar da saúde em razão de ter alegado o bom clima da cidade. Tinha insuficiência respiratória e problemas cardíacos que fazia com que se sentisse muito cansado; assim mesmo consta dos autos que ainda praticou medicina naquela cidade.

Quando faleceu, em 1924, seus 4 (quatro) filhos tinham, respectivamente, Maria Luiza, 13 (treze) anos de idade; Maria Stella, 12 (doze) anos; Pedro Luiz, 10 (dez) anos e Maria Cecília 7 (sete) anos. Estes foram criados pela mãe, Srª. Adelaide Dias Gonnet Jouffroy, que atuou como professora de Artes Femininas e Português na antiga Escola Normal D. Pedro II (hoje Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Maria Ortis”), até aposentar-se. Adelaide veio a falecer de câncer, no ano de 1958.

Dos filhos do casal Jouffroy apenas Maria Stella se casou com o súdito britânico (como ele gostava de ser chamado) John Vita Bitran, inglês que chegou ao Brasil em 1930. Pedro Luiz faleceu também jovem, com 42 (quarenta e dois) anos do mesmo mal do pai (Luiz Jouffroy) insuficiência respiratória e cardíaca; Maria Luíza faleceu em 1977, vitimada por um câncer de mama; Maria Stella faleceu em 1988 de falência total de órgãos e do rompimento de um aneurisma da aorta abdominal, tudo causado pela tristeza de ter perdido dois filhos (John e Charles Roger) o que causou-lhe profunda depressão. John teve o mesmo problema do avô; e Charles faleceu em um acidente de carro. Cecília viveu mais que todos, faleceu em 2010, com 96 (noventa e seis) anos de idade. Como apenas Maria Stella se casou, não há muitos descendentes. A última a ter o sobrenome Jouffroy é Gladys Jouffroy Bitran, seus filhos e os filhos deixados pelos seus irmãos já não possuem mais esse sobrenome.

O fato de ser em sua época, considerado um ótimo médico, foi por motivos de ser inovador e conhecedor de várias práticas desconhecidas dos médicos de Vitória. Por seu conceito médico foi nomeado médico do Governo, atendendo os Governadores e vários políticos, tais como: Governadores Henrique da Silva Coutinho; Jerônimo de Souza Monteiro; Marcondes Alves de Souza; Bernardino de Souza Monteiro e Nestor Gomes. Outros Políticos (antes de ser Governador) Jones dos Santos Neves de quem ficou muito amigo e Carlos Fernando Monteiro Lindenberg. Possivelmente, são esses políticos os responsáveis por essa homenagem.

Louis Jouffroy era também um exímio pianista e cantor clássico (Tenor); encantava os vizinhos cantando óperas e outras peças clássicas. Cantava também nas missas da Catedral do Centro de Vitória. Ensinou as filhas a tocar piano e a desenvolver as técnicas do canto clássico. Maria Stella e Maria Cecília também cantavam nas missas e nas procissões encantando quem as ouvia.

Em sua carreira social inclui-se que, em 1916 participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), onde consta entre os nomes da ata de fundação, deixando claro o seu interesse pela arte e cultura, herança essa de sua origem francesa que trazia no sangue e em sua formação. Em sua página da saudade a Revista do IHGES nº IV do ano IV de 1925, faz uma homenagem de honra a alguns membros do Instituto; entre os homenageados está Luiz Jouffroy, tema de uma parte da pesquisa. Confirmando assim, as informações dadas por sua neta, Drª Gladys Jouffroy Bitran.

Figura 1 - Foto de Luiz Jouffroy. Fonte: Drª Gladys Jouffroy Bitran.
Figura 1 – Foto de Luiz Jouffroy. Fonte: Drª Gladys Jouffroy Bitran.
Figura 2 – Páginas de Saúde. Fonte: Revista do IHGES nº IV, ano IV, 1925. Arquivos do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo: Vitória, 2012.
Figura 2 – Páginas de Saúde. Fonte: Revista do IHGES nº IV, ano IV, 1925. Arquivos do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo: Vitória, 2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Escola Luiz Jouffroy hoje, tem orgulho em ter a sua história passada a limpo. Mais satisfação ainda, colaborando para mais uma parte da história do Estado do Espírito Santo até então desconhecida  pelos historiadores, quando conta a história de um médico dos governadores do estado do Espírito Santo no início do Brasil República.  A micro-história abraça os pequenos acontecimentos, transformando-os em importantes fontes para compreensão dos fatos em outros momentos vividos da história da humanidade.

REFERÊNCIAS

Currículo Básico Escola Estadual – Ensino Fundamental: Anos Finais: área de Ciência Humanas / Secretaria de Educação. – Vitória: v.3 SEDU,2009

FEBVRE, Lucien. POR UMA HISTORIA DIRIGIDA. In: aldepsico.com.ar.

IANNI, Octávio. Enigmas da Modernidade – mundo. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

KANT, Immanuel.  Resposta à Pergunta: O que é Esclarecimento? [05 de dezembro de 1873]. São Paulo: Edusp, 2009.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000. R

___________. A Religação dos Saberes – O Desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

PINSKY, Jaime. (Org.) O Ensino de História e a criação do fato. 6ª ed. São Paulo: Contexto, 1984.

ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio ou da Educação. São Paulo: Difel, 1979.

SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Martin Claret, 2009. Ato Quinto, cena II.

[1] Licenciada em Geografia e História, Mestre e doutora em Ciência da Educação pela Universidad Del Norte (Paraguai) Professora da rede pública Municipal e Estadual do Estado do Espírito Santo.

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Maria Lúcia Pizzáia de Souza

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