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Em busca das origens da língua Tupinambá

RC: 26815
1.396
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/historia/lingua-tupinamba

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PEREIRA, Carlos Simões [1], ALMEIDA, Arthur da Costa [2]

PEREIRA, Carlos Simões, ALMEIDA, Arthur da Costa. Em busca das origens da língua Tupinambá. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 02, Vol. 03, pp 40-54. Fevereiro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/historia/lingua-tupinamba

RESUMO

Este trabalho propõe uma hipótese de origem da língua tupinambá, usando entre outros indícios, grupos linguísticos como indicativo de origem dos povos que falavam essa língua. Faz uma abordagem sobre a disseminação de populações humanas ancestrais na América do Sul a partir da entrada de povos asiáticos pelo estreito de Bering, passando pelo Caribe com a entremistura de povos taino, karib e arawak e suas migrações em diversas levas até a ilha de Marajó onde plasmaram a Cultura Marajoara, um Cacicado Indígena, e geraram a língua tupinambá; não deixamos de fora como evidencias, nem as lendas indígenas como a do açaí, uma fruta tipicamente marajoara (tupinambá eça ‘olhos’ i ‘agua corrente’ = lágrimas). Observando que o biótipo asiático está presente no nosso caboco e sua fonação característica está presente na linguagem tupi e do caboco paraense. O fim da Cultura Marajoara por conta de uma catástrofe climática (erupção de vulcão na Indonésia) pode ter dado origem ao nome tupinambá a partir da expressão “Tupã’mbae” (coisa de Tupã), uma possível referencia à catástrofe que pressionou os povos marajoaras a migrarem pelo litoral até o sul do Brasil e pelo Amazonas e afluentes até o Paraguai, mais tarde esses dois ramos linguísticos (tupi e guarani) se misturaram gerando empréstimos em ambas as direções. Após o descobrimento do Brasil o padre jesuíta espanhol Anchieta sistematizou o tupinambá, dotando-o de uma gramática, denominando a partir daí como tupi, uma redução de tupinambá. O trabalho aponta indícios dos deslocamentos desses grupos pelo território amazônico e cita a visão europeia dos primeiros contatos com os povos marajoara na visão de Vicente Yanez Pinzon, dos padres D’Abbeville (francês) e Cazal, geografo e historiador português, onde relata sua viagem ao Marajó na década de 1810, quando conheceu o maracatim, a canoa de guerra tupinambá, e do Frei Francisco dos Prazeres. Constatamos também que em Belém setecentista, que só veio à luz em 1771, houve uma tentativa jesuíta de revitalização do tupinambá com a produção de um vocabulário com adição de novas palavras, que seria usado na alfabetização dos cabocos e indígenas da região, violentamente combatida pelos portugueses da facção Pombalina, que viam nisso uma substituição do português pelo tupinambá. Esse vocabulário ficou conhecido como “O Tupi de Belém”. Finalmente, parafraseando as lendas modernas, concluímos que os tupinambás “pegaram um maracatim no norte e foram pro sul morar”.

Palavras Chave: tupinambá, tupi, Cultura Marajoara, guarani, arawak.

1. NA IDADE DA PEDRA

Os primeiros habitantes do que hoje se chama Amazônia, vieram via Caribe, com uma vertente pelo litoral passando pelo que hoje é o Estado do Amapá; outra vinda através do atual Suriname e também pelo canal Cassiquiare que conecta o rio Negro ao rio Orinoco. Os pioneiros dessas levas chegaram provavelmente no inicio do período de tempo denominado de Idade da Pedra (em torno de 10.000 aC.), como mostram seus traços em pinturas rupestres na Serra da Lua em Monte Alegre[3] (The New York Times, 2013), e em cavernas próximo ao Rio Paru na serra Jauaru, no rio Cuminau (SEMA, 2009)[4] em Almeirim, no Pará. O megálito Jatimã (tupi, de forma circular) em Calçoene no Amapá (Stan, 2006), provavelmente construído em cerca de 700 aC. (na Europa, Stonehenge 2.000 aC. e na China em 1.000 aC.), representa o próximo estagio no desenvolvimento cultural do homem, seguido da cerâmica elaborada como a da Cultura Marajoara. Esses estágios primitivos de desenvolvimento estão visivelmente marcados ao longo da região que vai do Amapá a Santarém e ao Marajó. A figura 1 dá uma visão desses deslocamentos.

Fig. 1 – Em (a) rota principal da difusão da espécie homo nas Américas, onde foram encontrados vestígios desse trajeto, mostrada em vermelho; em laranja as rotas entrando no Brasil e três alternativas de supostas outras rotas (2, 3, 4, e 5), alternativas que apoiariam uma ocupação mais antiga, mas sem nenhuma evidencia até agora. Em (b) as possíveis rotas principais de entrada na Amazônia. Fonte: Autor.

Um fato que gera oposições é que essas datações ou suposições, se chocam com a datação da Cultura Clovis no Novo México, Estados Unidos, que traçou o deslocamento desses povos desde Beringia[5] até um sitio no Novo México próximo a cidade de Clovis, com datação em torno de 9.500 anos aC. (Haynes, 2002), e que deles descendem todos os povos das Américas, embora haja informação que em testes genéticos, povos como os Suruís e Karitianas de Rondônia e Mato Grosso, entre outros, mostrarem que eles não se relacionam à Clovis, mas podem ser originários de pequenos grupos não asiáticos, que atravessaram Beringia junto com estes.

Naquela época do Marajó pr’o sul, só havia animais pré-históricos, no entanto há a proposta de que em Minas Gerais encontrou-se um esqueleto de mulher numa lagoa junto com ossos de animais da Idade da Pedra, depreendendo-se por isso, que teria a mesma idade dos restos dos animais, ou cerca 12.000 anos (10.000 anos aC.) e parafraseando a australopitecinea Lucy, chamaram-na Luzia, embora haja um brutal lapso de tempo entre o evento comprovado de Lucy e a pura suposição de Luzia.

2. DO CARIBE AO MARAJÓ

No Caribe os taino, karib e arawak disputavam a terra, tendo os arawak, migrado para o sul, segundo alguns, pela periferia da bacia amazônica (Dall’igna, 1986), tendo a vertente principal vinda pelo litoral atravessando o Amapá ate o Pará em Almeirim e ilha de Marajó, e outra ao longo do Peru ate o Paraguai e o sudoeste do Matogrosso do Sul. Uma terceira rota ocorria periodicamente quando o canal Cassiquiare[6] unia o rio Negro ao rio Orinoco, que desagua no mar, próximo à ilha Trinidad.

Trabalhos de pesquisadores locais (Frikel e Coirolo) mostram a existência de uma rota migratória desde o Suriname, usando o rio Trombetas e regiões de savanas no interflúvio Trombetas/Paru de Oeste até as margens do Amazonas na região de Óbidos. Esse ambiente facilitou esses deslocamentos até a região do encontro dos rios Tapajós e Amazonas ou região dos Pauxis (um empréstimo do karib pauxiana, a ave mutum, ao tupinambá) rota evidenciada com o trabalho sobre a migração dos kaxuyanas (Frikel, 1970).

Essas migrações chegaram até onde hoje é a região denominada baia de Caxyuanã ao norte da qual, encontrou-se no furo de Kamusin (Camusim), num sitio denominada Ilha de Terra, trabalhos cerâmicos semelhante ao marajoara (Coirolo, 2005), com datação que pode situa-los em cerca de 500 a.C., o que sugere um uso mais antigo da rota e uma indicação de que os movimentos migratórios usaram o Mar Dulce[7] para se expandir, uma opção muito mais fácil e coerente do que usar a periferia da bacia do Rio Amazonas, com matas densas e de difícil deslocamento, ou seja, os arawak e nuarawk (e entre eles os tupinambá) usaram também a rota ao longo do Rio Amazonas ou Mar-Dulce, segundo Pinzon, e também o Rio Madeira para o oeste e sul, até o Paraguai.

A Cultura Marajoara é um produto da chamada revolução do neolítico, quando a humanidade produziu uma cerâmica de qualidade, com o uso da roda do oleiro; era a transição para a agricultura. No Marajó eles formaram um cacicado: “Unidades tribais pertencendo a este tipo são cacicados formados por muitas aldeias, governadas por um chefe supremo em controle de distritos e aldeias governadas por uma hierarquia de chefes subordinados. A característica distintiva desse tipo de organização política é que os chefes têm poderes judiciais para resolver disputas e punir os culpados mesmo com a morte e, sob a liderança do chefe supremo, requisitar homens e mantimentos para a guerra” segundo (Oberg, 1955).

É evidente que uma organização desse porte precisa de uma língua geral para comunicação entre a elite dominante e as tribos suseranas, que além de suas línguas individuais, entendiam a língua geral, e nesse contexto as línguas especificas passavam à classe de dialetos dentro da língua geral. Através de evidencias linguísticas descritivas, e o uso de lendas indígenas, apresentamos a hipótese de que essa língua geral era o tupinambá.

3. O CRESCIMENTO DAS MIGRAÇÕES (ARAWAK, TUPINAMBÁ, ETC.)

Em cerca de 400 a.C., os arawak (e os nuarawk como o tupinambá) eram o povo mais disseminado pelo espaço amazônico estando essas populações plenamente estabelecidas (Alexandra, 1999), como mostrado na figura 2, uma complementação desses dados com as evidências nas referências (Frikel, 1970) e (Meggers, 1987). Embora nesse trabalho os pontos de medição procurassem indícios de arawak, essas populações provavelmente eram misturas de arawak, tupinambá e karyb.

Fig. 2 – Línguas arawak ou nuarawak da América do Sul há cerca de 3000 anos atrás. Fonte: Adaptação do mapa da referencia (Alexandra, 1999) com dados de (Frikel, 1970) e (Meggers, 1987) e pt.slideshare.net.

No Marajó esses povos encontraram condições propicias (Meggers, 1987), pois essa região é periodicamente inundada, disso tirando proveito os antigos, plantando culturas nas várzeas férteis deixadas depois de um ciclo de cheia/vazante, que aliado à pesca no lago Arari, era capaz de manter uma população estimada em 120.000 habitantes (atualmente o Marajó tem uma população de mais de 500.000 habitantes). Eles miscigenaram-se no que se passou a chamar de Cultura Marajoara com um cacicado ou governo central que controlava a região, que atingiu seu máximo em cerca de 400 d.C. (Meggers, 1987).

A cultura marajoara foi um cadinho linguístico, onde foi misturada a língua ancestral asiática trazida pelos migrantes que atravessaram Beringia, cujo núcleo pode ser observado no Quadro 1, se compararmos vocábulos do sânscrito (língua do norte indiano que influenciou as línguas asiáticas da região da Tartária, tal como o latim influenciou as línguas europeias), com palavras tupinambá:

Qud. 1 – Elementos compartilhados entre a língua asiática Sânscrito e tupinambá

Sânscrito Tupinambá
narang / laranja naran / laranja
mandala / círculo manda/ feixe, rôlo
parô / água em movimento pará, paru / rio, mar
saita / sulco; sulcado çaita / muitos olhos; atento

Fonte: Autor.

Esse núcleo, enriquecido por elementos linguísticos taino, karib e arawak, plasmou a linguagem que viria a ser conhecida como tupinambá, o grupo mais numeroso dos indígenas que compunham os povos do Marajó. Devido à sua posição estratégica a maior parte dos movimentos migratórios passava por Marajó influenciando e sendo influenciados pela Cultura Marajoara.

A língua dos arawak e os outros, denominados nuarawak (Payne 1991) contem a partícula nu (semelhante em arawak), guardando correspondência com nungara (semelhante em tupinambá ou tupi) e, portanto fazendo da palavra nuarawak um forte indicio de uma língua geral; que era a língua falada pelos povos do Marajó e pode ser considerada como a protolíngua de onde se derivou o tupinambá, que depois viria a ser denominado tupi. Nesse cacicado a língua dominante era o tupinambá, com a existência de inúmeras etnias que falavam o tupinambá como uma língua franca da elite dominante, e dentro da família falavam o seu idioma original.

Populações misturas de arawak e karib que falavam o tupinambá migraram e geraram a língua guarani, na região do Paraguai e no sudoeste do Brasil (Mato Grosso); mais tarde com o encontro ou reencontro desses povos, verificaram que as línguas eram parecidas, provendo empréstimos a ambas as partes, que moldaram tanto o guarani como o tupinambá ou tupi. No Quadro 2 podem ser vistas algumas retenções lexicais compartilhadas, evidenciando as semelhanças entre as línguas que moldaram a língua ancestral, trazida pelos migrantes, plasmando o tupinambá.

Qud. 2 – Elementos compartilhados entre as línguas formadoras do tupinambá

arawak tupinambá taino karib
Meu, igual nu nungara
iguana iguana yguana
cacique cacique cacique cacique cacique
amapá amanpaã amanpaã
colibri colibri colibri
capivara kibiwarha Capii’urara
preguiça hau

Fonte: Autor.

Algum evento catastrófico no inicio da Idade Média (400-500 dC.), o mesmo que provavelmente varreu do mapa as populações da América Central da Cultura Maia, principalmente, tema abordado por Ken Wohletz do Los Alamos National Laboratory, em seu trabalho “Were the Dark Ages Triggered by Volcano-Related Climate Change?”, observando que “During this period agricultural failures and the emergence of the plague contributed to: (1) the demise of ancient super cities, old Persia, Indonesian civilizations, the Nasca culture of South America”, que pode ter sido causada por uma erupção vulcânica na Indonésia, que deixou espessas nuvens de pó na faixa equatorial, causando secas e morticínios de peixes, e que determinou o fim da Cultura Marajoara, promovendo um gatilho para grandes migrações em busca de melhores condições de vida.

Essa catástrofe provavelmente seria pensada como uma “coisa de Deus, ou Tupã’mbae” na sua língua e pode ter plasmado o seu próprio nome: tupinambá.

Como consequência dessa catástrofe os tupinambá, iniciaram uma maciça migração para o sul, pelo litoral e pelos rios amazônicos até o Paraguai, fugindo da escassez de alimentos e desordem que se estabeleceu na região.

4. A ORIGEM ASIÁTICA DO NOSSO CABOCO

O nosso nativo veio da Ásia, provavelmente da região da Manchúria e Mongólia, como atestam suas feições de rosto e a característica fonação que substitui o L pelo R, pois no japonês como no chinês e mandarim, não há distinção fonemica entre consoantes roticas e laterais. Essa fonação caracteristica asiatica foi, portanto herdada pelo tupinambá, a linguagem final moldada pelos povos da Cultura Marajoara. Assim quando você ouvir um caboco amazônico falar “arma” no lugar de alma e “mardita” no lugar de maldita, não se trata de um erro crasso e sim a manifestação dessa fonação peculiar; bem assim, quando você ouvir um estudante japonês de eletrônica falar “pêrêrê” para um circuito eletrônico chamado PLL[8] e que nós chamamos “pêlêlê”.

Por esse fato tivemos em Belém uma perlenga, pra saber se o igarapé (hoje canalizado) que formava uma grande doca se chamaria Igarapé das Armas (arma de fogo) ou Igarapé das Almas, devido à característica pronuncia tupinambá do nosso caboco; perlenga só resolvida com o abandono da figura do igarapé pela Avenida Doca Souza Franco em que o mesmo jazia, ou simplesmente Doca, como é hoje.

5. EVIDÊNCIAS TUPINAMBÁ

Em 1499, quando Vicente Yanes Pinzon descobriu o rio Amazonas e batizou-o com o nome de Mar Dulce; nessa época a ilha de Marajó era chamada ilha tupinambá e já era grafada em documentos antigos (como tabuas de navegação) que informavam que ela é antípoda da Ilha de Gilolo nas Molucas.

Marajó também é termo tupinambá, segundo nosso étimo mbae’r’yoabi, que causa rixa, confusão’, porque era o nome do vento forte que sopra na ilha no sentido sudeste causando raios, vendavais, tromba d’água e também, que levantava as tangas das mulheres causando brigas.

O açaí (tupinambá eça ‘olhos’ e i ‘agua corrente’ = lagrimas), uma palmeira típica do Marajó tem uma lenda que afirma que “em tempos imemoriais uma menina foi sacrificada para combater um grande mal, uma grande fome: do lugar onde a menina foi enterrada, sob o efeito das lagrimas derramadas pelos parentes, nasceu o açaí’, corroborado por restos de caroços de açaí encontrados em cerâmicas da época Marajoara.

Assim, nesse espaço de tempo considerado, (400-500 dC.) temos evidencias de catástrofes climáticas mundiais; temos a lenda do açaí de grande época de fome; temos sementes dessa frutinha em vasos da cerâmica da época marajoara; que em conjunto apresentam forte evidencia: 1. – Da ocorrência de grandes migrações em função de catástrofe climática. 2. – Da cunhagem do étimo tupinambá. 3.- E considerando que a palavra açaí é tupinambá, sugerindo que a língua geral da cultura Marajoara era mesmo o tupinambá.

Os franceses, como relatado através das “Historias” do religioso Claude D’Abbeville (D’Abbeville, 1614) estiveram no local no inicio dos anos 1600, e constataram a presença dos tupinambá na ilha de São Luís e até foram ao local de origem dos Caeté, a região da atual Bragança, no Pará, que hoje chamamos de região bragantina. La Ravardiere fez contatos com os apotianga, grupo tupinambá da região.

D’Abeville faz uma reconstituição sobre as origens dos tupinambá dizendo “Convém saber-se em primeiro lugar, que os índios do Maranhão julgam haver no tropico de capricórnio uma bonita terra a que chamam Cayté, ‘Floresta grande’, por ahi haver muito arvoredo, e florestas repletas de arvores de grossura incrível, e de admirável altura, e onde habitavam desde tempos immemoriaes, é por serem considerados os mais valentes e os maiores guerreiros de todas as nações tinham o nome de Tupinambá, que conservam até hoje.”.

Ocorre que Cayté/Caeté (tupinambá caa’ete = floresta verdadeira, densa) é a região do Rio Caeté, onde fica a atual cidade de Bragança, que era o local de uma povoação indígena com esse nome, mas os portugueses para apagar esses vestígios mudaram o nome para Bragança, quando estabeleceram a sua cidade. E se se falava de uma floresta densa com árvores gigantescas, naquela época tanto como agora, não se pensaria no nordeste brasileiro nem tampouco mais ao sul e sim na Amazônia, além de que, como os nativos não conheciam o nome dos trópicos, alguém deve ter introduzido o de Capricórnio no lugar do de Câncer, que localiza o Caribe, região de onde realmente vieram os indígenas brasileiros, sendo esta mais uma evidencia da antiguidade do tupinambá.

D’Abbeville descreve um ataque que sofreram os franceses por grupos tupinambá do sul que viviam em uma serra próxima, ajudados por pernambucanos. Esse ataque foi repelido e os indígenas que eram mantidos em cativeiro por esse grupo, fugiram para a Ilha do Maranhão (localmente conhecida também como ilha tupinambá), sendo esses fatos hoje atribuídos a um possível fluxo de imigração de tupis para o norte, tangidos por guerras tribais.

A cópia do trabalho de D’Abbevile esta profusamente enxertada por notas de rodapé feitas pelo tradutor, completando e alterando o sentido da publicação original, e que atualmente são citadas como evidencias em outros trabalhos.

O Padre Manoel Ayres de Cazal, sacerdote, geografo e historiador português, que editou o primeiro livro no Brasil, onde relata sua viagem ao Marajó na década de 1810 (Cazal, 1817) deixou observações como: “em linguagem do paiz, igara, d’onde se lhes derivou o appellido d’Igaruanas; isto he, gentes que andão sempre em canoas… Debaixo do nome Igaruanas erão comprehendidos os Tupynambas, os Guayanas, os Juruunas, os Pacayas“. ”Tinham igáras pequenas… e grandes de 40 a 50 pés de comprimento… para a guerraque davão os nomes de maracatim, vocabulo composto de maracá, nome d’hum instrumento de cabaça com seixos.. e tim, que propriamente significa nariz… estas canoas tinhão na prôa uma grande vara em forma de gorupé, ao qual amarravão os maracas, e com cordeis os faziam chocalhar com grande ruido igualmente bélico e horrivel. As suas batalhas eram fataes, e decididas à setta, lança e maça”.

O maracatim, a canoa de guerra tupinambá, ainda hoje pode ser reconhecida nas embarcações ditas geleiras e nas canoas curicacas, presentes na vida marajoara, com alguns exemplos podendo serem observados no ancoradouro do Ver-o-Peso. A etimologia de maracatim, uma forma de embarcação só encontrada no Marajó, também é um indicio de que o tupinambá estava em uso há tempos imemoriais na região marajoara.

Adicione-se a isso as observações de Frei Francisco dos Prazeres, um testemunho por assim dizer ocular da realidade quando fala “Porem o certo é, que em nenhuma parte do Brazil se falou a lingua geral (Ainda no cazo que a principio os Portuguezes a falassem em todo elle) tantos annos, como no Maranhão e Pará e portanto deve prezumir-se, que os vocabulos, que n’estas duas provincias existem, são os primitivos, ou os que menos d’elles diferem” (Prazeres, 1820). O frei Prazeres em seu vocabulário conhecido como Poranduba Maranhense, informa que o recebeu de um religioso jesuíta da região amazônica.

Alguns autores já se deram conta da maciça distribuição de tupinambá na Amazônia, só compatível com uma antiquíssima existência e uso da língua; como em (Almeida, 2015), e o trabalho de (Brochado, 1984) que propõem uma hipótese à história antiga de grupos indígenas na América do Sul, destacando os tupinambá e os guarani como descendentes de antigas populações que teriam se expandido a partir da Amazônia central; uma tese que está de acordo com a nossa.

Observamos que os trabalhos sobre o assunto estão tratando movimentos indígenas recentes (depois do inicio da colonização), mas não vão fundo ate a dispersão original, por que se existiam tupis no rio de janeiro, de onde eles vieram? Não aprenderam falar tupinambá lá, pois a direção da ocupação da América do Sul foi indubitavelmente de norte pro sul, com as grandes migrações tupinambá iniciadas provavelmente cerca de 400 a 500 d.C. Na época do descobrimento, o Brasil litoral era um país tupinambá, e isso facilitava os movimentos desses povos.

Movimentações internas sempre existiram, como a dos anambé, grupo tupinambá originalmente da região da foz do rio Anapu na baia de Caxiuana e que por motivos de guerras tribais emigraram e atualmente estão em uma reserva no rio Cairari, perto da cidade paraense de Tailandia, onde alias foram encontrados pela expedição (1865) do sertanista e General, Couto de Magalhães (Magalhães, 1934), outro pesquisador que esteve nos locais, de onde até recolheu o mito tupinambá da “velha gulosa”[9], atualmente bastante difundido em outras publicações para crianças.

Resta inda ressaltar que não existiu originariamente uma linguagem tupi, pois que essa palavra, uma redução ou um epônimo de tupinambá, foi cunhado por Anchieta ou sua equipe, para designar uma língua geral e sistematizada, baseada no tupinambá, para suas atividades de catequização das populações indígenas brasileiras e da América do Sul, no geral.

6. A DISTRIBUIÇÃO DOS TUPINAMBÁ

À época da chegada dos europeus os tupinambá estavam distribuídos pelo litoral brasileiro como sugerida pelo mapa da Figura 3. Observe nesse mapa que os tembé podem ter virado os Tremembé do Maranhão; os Apotianga viraram os Potiguar do Ceará e Rio grande do Norte, os Caeté ficaram por Alagoas e os que ficaram na Bahia, mantiveram o nome original de Tupinambá. Daí por diante as condições locais passaram a ditar as mudanças de nomes.

Fig. 3 – Distribuição dos tupis no litoral brasileiro. Fonte: prof. Alexandre Morais, in pt.slideshare.net.

Quando o missionário jesuíta espanhol Jose de Anchieta chegou ao Brasil, verificou que esses grupos indígenas falavam basicamente a mesma língua, resolvendo então adota-la como linguagem de sua catequese. Ele construiu uma gramatica e um vocabulário básico em seu trabalho de 1595 “Arte de Gramatica da Língua mais usada na costa do Brasil” (Anchieta, 1595) e a essa, por assim dizer, nova linguagem, denominou de tupi, uma redução de tupinambá.

No sul depois da descoberta espanhola em 1542 das minas de Potosí no alto Peru (atual Bolívia) iniciou-se uma corrida para o oeste, que ficaram conhecidas como “entradas e bandeiras”, se intensificando a partir de 1554; nessas andanças os então chamados bandeirantes começaram a encontrar nativos que falavam uma língua parecida a dos nativos brasileiros: era o guarani, e esses contatos propiciaram empréstimos entre o tupi e o Guarani, pois esta também era oriunda do arawak, o mesmo que gerou o tupinambá e, portanto aparentadas. Refletindo a incerteza entre essas duas línguas parecidas os estudiosos da matéria classificam os dois como pertencentes de um tronco comum o que chamaram tupi-guarani, mas em verdade o tronco comum é o arawak, ou o próprio tupinambá.

Em 1621 o Padre Jesuíta Luís Figueira publica a Arte da Lingua Brasilica; em 1640 o jesuíta Montoya publicou o Tesoro de la Lengua guarany, e em 1724, Arte de la Lengua Guarani, o mais bien Tupi. O trabalho de Anchieta, de Figueira e de Montoya são os clássicos das linguagens tupi e guarany e permanecem assim até a atualidade.

7. O TUPI DE BELÉM

Durante o século XVIII surgiram inúmeras contribuições na área de vocabulários tupi na Amazônia (Cândida, 2015), mas produzir e publicar os primeiros vocabulários não era uma tarefa fácil naqueles tempos: os padres tinham que viajar pelos diversos lugares anotar cuidadosamente os sons das dicções, registrando segundo uma metodologia previa e na volta para a base ajustar e catalogar tudo. Depois vinha a tarefa de organizar os verbetes por ordem alfabética e escrever aquelas informações produzindo um exemplar rigorosamente manuscrito da obra; era tarefas de anos e às vezes quase que uma vida inteira.

Uma contribuição significativa foi o vocabulário e gramatica de 1771 (Cândida & Lessa, 2004) que alguns estudiosos alcunharam como o “Tupi de Belém”, ou como o mesmo se autodenomina “Diccionario da lingua geral do Brasil que se falla em todas as villas, lugares e aldeas deste vastissimo Estado, 1771, Cidade do Pará” de autoria anônima foi manuscrito em Belém com cerca de 7.600 verbetes, que em verdade começou a ser escrito em 1750 e que depois da proibição pombalina, contida no “Diretório que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e do Maranhão enquanto sua majestade não mandar o contrário, publicado em 3 de maio de 1757 e transformado em lei por meio do alvará de 17 de agosto de 1758“, continuou a ser desenvolvido na clandestinidade.

O Tupi de Belém foi um levantamento da fala de povos já aculturados da época, na região do Marajó e Belém, o que mostra a penetração da língua tupinambá no falar do povo. Esse documento etimológico também é uma evidencia da grande penetração do uso do tupinambá na região, só possível pelo uso da língua já em remotas épocas.

O objetivo do Tupi de Belém era alfabetizar os nativos na língua comum da região, o que já era de fato. Com a introdução de palavras tupi equivalentes a designações modernas (paganismo, serralheiro, alfaiate, estatua, etc.) que o capacitaria a tornar-se uma língua viva e oficial. Mas houve uma reação violenta do grupo de portugueses liderados pelo Marques de Pombal que temiam ver o português substituído pelo tupi na região. Por conta desse evento houve um extenso período de visitação pelo Santo Oficio em Belém (1763-1773) para a reorganização da estrutura eclesiástica na região (Souza & Melo, 2014). Melhor sorte teve o guarani que se tornou a língua oficial do Paraguai.

8. O REGISTRO E LEVANTAMENTO DO TUPI

As primeiras documentações do tupinambá pelos padres jesuítas levaram a escolhas hoje consideradas estranhas, como o uso do Ç para representar o som do S, evitando-se inclusive o esse dobrado; a opção pelo não uso do L no inicio das palavras, substituindo-a pelo R rolado, devido à fonação das consoantes não roticas e laterais das línguas asiáticas.

Na sua “Arte da Língua Brasílica” o padre Figueira (Figueira, 1620) já apontava que os antigos usavam o som do i e do j como no latim e por isso o i era pronunciado como i e às vezes como u, levando a um maior uso do y no lugar do i. No latim o U e o V são representações da mesma fonação ou dicção, uma questão de estilo, então eles resolveram usar só o U. Ele também observa o pouco uso do k, apontando que “ha muitas dicções nessa língua que não se pode escrever sem ela”.

Com o tempo muitos estudiosos de tupi aplicavam regras de português para o uso de letras, fazendo com que fossem substituídos o QU ou C por K, Ç por S, e o maior uso do W, além de trocas do Y por I ou vice-versa, gerando varias diferenças e complicações. Talvez o melhor fosse uma revisão da grafia tupi compatibilizando-o com os sons do alfabeto internacional, que não existia naquele tempo.

Durante o estudo do tupinambá, muitas observações equivocadas ou más percepções, geraram algumas inconsistências, levando a Vicente Chermont declarar “recusamos grande numero de etimologias dadas por tupinistas, alias de grande saber e talento” (Chermont, 1907) como a que considera a existência do que chamaram nheengatu como uma outra linguagem ou dialeto, mas em realidade o que há, além de pequenas diferenças vocabulares, é uma diferença de sotaque na fala dos tupinambá do norte em relação aos do sul, igual a que atualmente persiste no português do norte e do sul: nheengatu e nheengaíba são apenas palavras do léxico tupinambá e a diferenciação por sotaque não constitui um idioma em separado.

9. CONCLUSÃO

Com as evidencias apresentadas, como a natural progressão dos povos da Ásia através do estreito de Bering descendo do norte para o sul; a marcação da fonação asiática (troca da pronuncia do L por R) presente no tupinambá e na “arma” do nosso caboco; os indícios de catástrofes climáticas à época; as descrições dos primeiros europeus que visitaram a Amazônia e sobre ela escreveram; passando pelas lendas indígenas como a lenda do açaí como indício de época de fome e de palavras tupinambá usadas a longo tempo atrás, concluímos que o tupinambá desde esses tempos era a língua franca falada no Marajó e em toda sua periferia. E ainda podemos concluir, parafraseando a cultura local, que os tupinambá “pegaram um maracatim no norte e foram pro sul morar”, levando consigo o seu eficiente idioma. Alguns acabaram ficando pelo meio do caminho e eventualmente alguns voltaram para o antigo lar, como atualmente.

REFERÊNCIAS

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3. Município brasileiro no estado do Pará.

4. Localizado na Floresta Estadual do Paru, sob a gerência do IDEFLOR-Bio, Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará.

5. Porção de terra que uniu o Alasca e a Sibéria durante as glaciações, onde, se encontra o Estreito de Bering.

6. Canal Casiquiare ou rio Cachequerique, canal natural com 326 km que se desenvolve entre a margem esquerda do rio Orinoco, e a margem direita do rio Negro, na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia. Esse canal se deve a uma falha geológica na região.

7. Nome cunhado por Vicente Yanez Pinzon, talvez em 1499 ao descobrir a foz do atual Amazonas.

8. PLL- Phase Locked Loop, circuito eletrônico muito usado em sistemas GPS.

9. Denominação de uma fada indígena que percorria os bosques, sempre perseguida por eterna fome.

[1] Doutor em Sistemas de Energia Elétrica pela UFPA; atuou no SIPAM com sistemas fotovoltaicos e micro estações de comunicação por satélite, em terras indígenas nos estados Pará, Maranhão e Amapá, onde compilou dados de linguagem e deslocamentos de grupos indígenas. Mestre em Engenharia Elétrica (UFPA), Engenheiro Eletricista (UFPA).

[2] Doutor em Sistemas de Energia Elétrica pela UFPA, estagiou no MPEG na área de Antropologia. Mestre em Matemática Aplicada (UFPA), Bacharel em Matemática (UFPA). Professor Associado.

Enviado: Fevereiro, 2019.

Aprovado: Fevereiro, 2019.

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Carlos Simões Pereira

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