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Patologias em estruturas de concreto armado em ambiente industrial

RC: 61501
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Diêgo Raffael Fernandes da [1], TELES, Euzébio Cardoso [2], BARROS, Enicléia Nunes de Sousa [3]

SILVA, Diêgo Raffael Fernandes da. TELES, Euzébio Cardoso. BARROS, Enicléia Nunes de Sousa. Patologias em estruturas de concreto armado em ambiente industrial. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 06, pp. 14-41. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/patologias-em-estruturas

RESUMO

O propósito para a elaboração deste artigo é de apresentar as principais patologias existentes nas estruturas de concreto armado visto que  elas devem ser projetadas e executadas com o melhor apuro técnico possível, uma vez que um simples negligenciamento seja das normas técnicas ou do método executivo, acarretará a diminuição da vida útil da estrutura, principalmente quando a mesma está exposta a agentes agressivos do meio ambiente. Portanto, o objetivo deste artigo foi  de averiguar quais os fatores que influenciaram para a deterioração da edificação apresentada no estudo de caso bem como quais os melhores métodos para a recuperação da mesma. Para alcançar esse objetivo, a metodologia adotada foi realizar uma inspeção em uma edificação deteriorada no PAIG – Parque Industrial de Gurupi, zona norte de Gurupi-TO. Foi realizado o uso de pesquisa eletrônica através da internet, para a visualização de livros que abordam sobre o tema sugerido, também de dissertações e artigos científicos na qual referem-se ao mesmo assunto, desta forma auxiliando para a melhor compreensão do tema tendo em ênfase que todas as patologias apresentadas tivessem verossimilhança para uma excelente descrição e posteriormente análise dos motivos da deterioração no empreendimento. Os resultados encontrados foram a presença de manifestações patológicas de bolor, desagregação, corrosão das armaduras e de fissuração na estrutura ocasionadas por causas intrínsecas e extrínsecas. Através de medidas corretivas como o reparo ou o reforço estrutural que serão apresentados de forma sucinta estes inconvenientes  são eliminados. Desta forma os problemas encontrados no local, provam que o método construtivo na região estudada ainda requer grandes discussões, na qual é observado que as empresas possuem o hábito em projetar e construir, sempre dentro do prazo estipulado e posteriormente ter o descuido das manutenções periódicas de uma das áreas que mais precisam de cuidados, já que uma estrutura com inúmeros tipos de patologias compromete a segurança de todos os usuários que utilizam o local.

Palavras-chave: Patologia, estrutura, análise.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos, o ser humano sempre tem almejado em realizar edificações que garantissem o bem-estar para a população, além de proporcionar modelos arquitetônicos únicos desde as pirâmides do Egito até o Burj Khlaifa (edificação mais alta do mundo) em Dubai. Para a construção das mais diversificadas obras foram utilizados uma grande variedade de materiais, em que foram se aperfeiçoando ao longo dos séculos. Entre eles está o concreto, que possui registros de sua utilização a mais de 2000 anos na cidade Roma, porém a composição deste elemento ainda era tido como distante do que é visto atualmente, na época era constituído basicamente de cascalho, areia grossa, cal e água. Em 1756, o engenheiro civil britânico chamado John Smeaton começou a usar uma mistura de cimento com agregado graúdo, que iria revolucionar os métodos construtivos até então.  A medida que o fim do segundo milênio se aproximava, o ser humano já reunia um grande acúmulo científico que permitissem a elaboração de projetos cada vez mais complexos, que fez com que muitas teses até então,  se tornassem o conteúdo de normas técnicas de projeto e execução nos mais diversos países.

Mesmo com o aperfeiçoamento dos materiais, técnicas construtivas e desenvolvimentos de projetos, muitas edificações não conseguem obter o desempenho estipulado, assim podendo frisar referencia ao descuido, negligência e até mesmo a falta de conhecimento do próprio profissional.

A justificativa para elaboração deste artigo é ao fato de que admite um facto contrário ao aperfeiçoamento da construção civil de forma anual, trazendo novas teses, novos conceitos, novos insumos, entretanto mantém-se de forma repulsa a garantir a melhor concepção de projeto que atenda todos dos critérios normativos, ou seja, tanto a mão de obra durante a execução quanto o profissional que idealiza o projeto, podendo referir-se a falta de preparo técnico e/ou desleixo do próprio profissional, que consequentemente colabora de forma significativa para a redução da qualidade e durabilidade do(s) empreendimento(s). Sendo assim, executar uma análise e levantar hipóteses até chegar em um motivo plausível de haver as manifestações patológicas no local, molda-se como guia para diversos profissionais que atuam na área da construção civil, que necessitam aprimorar métodos de trabalho para garantir a total segurança e bem-estar aos seus clientes.

O artigo detém por finalidade averiguar os fatores que possivelmente ocasionaram a uma edificação em apresentar diversas patologias, estas serão apresentadas posteriormente, para em seguida gerar uma análise e determinar se a  deterioração está relacionada as causas intrínsecas ou extrínsecas.

Desta forma, foi realizada análise das principais manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado em uma edificação na cidade Gurupi – TO, além de apresentar quais foram as possíveis causas deste problema, também dispõe o princípio de expor de maneira sucinta a explicação de como  podem ser corrigidas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A vida útil de um projeto conforme NBR 6118 de 2014 esclarece que é o tempo que a estrutura de concreto ainda possui suas características sem inconvenientes ou adversidades significativas, obviamente desde que a estrutura seja utilizada para o que foi designada pelo profissional que a projetou, além dos pequenos reparos que são inevitáveis ao longo de sua vida útil. (CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2014).

Figura 1 – Inter-relação entre durabilidade e desempenho

Fonte: (Souza e Ripper, 1998, p. 20).

Um dos grandes problemas relacionados com a diminuição da qualidade e durabilidade de uma estrutura de concreto armado é a agressividade do meio ambiente que conforme a NBR 6118 diz que está diretamente relacionada a reações sejam elas de origem biológica, química, física ou até mesmo mecânica que interagem na estrutura e aumentam seu grau de deterioração. (CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2014).

Figura 2 – Classificação das causas de deterioração das estruturas de concreto

Fonte: (Souza e Ripper, 1998, p. 28).

As causas intrínsecas são os processos de deterioração de uma estrutura ocasionadas pelo tipo de material utilizado, pelo tipo de elementos empregados, por erros de execução etc. Este processo costuma acontecer por equívocos durante a concretagem, utilização errada dos escoramentos e das fôrmas, imperfeição das armaduras longitudinais e transversais, errôneo manuseio dos materiais e equipamentos da obra, falta de um rigoroso controle de qualidade, excesso de porosidade do concreto, escolha ou a compra inadequada do cimento, etc. (SOUZA e RIPPER,1998).

As causas extrínsecas são os processos de deterioração que agridem uma estrutura de dentro para fora, isto é, durante sua execução ou ao longo da vida útil do empreendimento. Costumam acontecer por erros do profissional durante a concepção do projeto da obra, negligência durante a modelagem do projeto estrutural, errôneo dimensionamento das cargas que atuarão sobre a edificação, a falta de características  que melhor descrevem o projeto para o profissional que irá executá-lo na obra, uso inadequado da estrutura para aquilo que ela foi designada, etc. (SOUZA e RIPPER, 1998).

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) Entre os cuidados que o projetista deve ter durante a concepção de um projeto estrutural de modo que ele cumpra sua vida útil de projeto estão em fazer um estudo da região onde a futura edificação está situada como exemplo, definindo sua classe de agressividade ambiental que varia de fraca até muito forte. Através dessa escolha é possível obter outros dados de suma importância como o fck (Resistência característica do concreto à compressão) a ser empregado, o cobrimento mínimo das armaduras a ser adotado, o valor ideal para o uso da relação água/cimento ou o limite da abertura de fissuras que altera dependendo do tipo de uso da edificação.

2.1 PRINCIPAIS PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

2.1.1 PATOLOGIA POR CORROSÃO DAS ARMADURAS

A corrosão é o processo que ocorre a deterioração de um material, que geralmente costuma ser em metais, através de uma reação química ou eletroquímica. (GENTIL,1996).

Meira (2017) Na corrosão química as barras de aço que foram utilizadas para a confecção da armadura reagem com os gases presentes na atmosfera, isto é, esta reação não requer a presença de água. A forma de corrosão das barras de aço ocorre de forma muita vagarosa pelo fato do oxigênio presente na atmosfera em contato com a armadura forma óxidos que atuam como uma película de proteção, desacelerando o processo de deterioração do aço. Já a corrosão eletroquímica possui um grau de deterioração amplamente mais considerável, por isso o cuidado durante a concepção do projeto deve ser redobrado para retardar ou inibir este processo. Este tipo de corrosão ocorre no meio aquoso e tem-se a reação oxidação e a reação por redução onde se cria o equivalente a uma pilha eletroquímica onde ocorrem uma transferência dos elétrons do anodo para o catodo, desta forma com o translado dos elétrons para uma área específica do material que irá perder sua massa e consequentemente reduzir sua seção.

No interior de uma estrutura de concreto armado, a armadura está protegida pela camada passivadora e pela elevada alcalinidade do concreto. Entretanto, ao longo de sua vida útil devido à própria porosidade do concreto ou através do surgimento de fissuras no elemento, contribuem diretamente para a inserção de agentes agressivos como a título de exemplificação, os íons cloreto, íons sulfato, dióxido de carbono e outros, que acarretam na perda da estabilidade da camada passivadora da armadura. (GENTIL, 1996).

A corrosão do aço na construção civil costuma ser segmentada em duas formas:  a corrosão generalizada, isto é, ela abrange um grande percentual das barras de aço que compõe a  armadura, já corrosão localizada, que possui um grau de severidade maior no material uma vez que ela agi em pontos bem específicos comprometendo sua integridade já que este tipo de corrosão reduz a consideravelmente a seção de uma barra de aço com uma velocidade muito maior que na generalizada. (SOUZA e RIPPER, 1998).

Figura 3 – Reação eletroquímica na armadura do concreto

Fonte: Helene (1986, p. 2).

2.1.1.1 CORROSÃO PELO FENÔMENO DE CARBONATAÇÃO

Com a redução da alcalinidade do concreto para níveis inferiores a 9 do seu pH, a camada passivadora começa a ficar vulnerável ao ataque de vários agentes presentes no meio ambiente, e entre eles está o dióxido de carbono (CO2) liberado pelas fábricas e pelos veículos. (SOUZA e RIPPER, 1998).

2.1.1.2 CORROSÃO PELO ATAQUE DE CLORETOS

Os íons de cloreto diferentemente da carbonização, degradam tanto o concreto quanto o aço na estrutura. Sua origem em grande maioria é pela água dos oceanos, que possuem em sua composição uma grande parcela de íons, da qual o mais aparente são os íons cloretos. (MEIRA, 2017).

2.1.2 PATOLOGIAS POR DESAGREGAÇÃO DO CONCRETO ARMADO

De acordo com Souza e Ripper (1998, p 71), “[…] a própria separação física de placas ou fatias de concreto, com perda de monolitismo e, na maioria das vezes, perda também da capacidade de engrenamento entre os agregados […]”.

A desagregação do concreto armado está diretamente ligada às patologias de corrosão e fissuração. A medida que a armadura se expande devido à penetração de agentes agressivos do meio ambiente ao elemento, que consequentemente acarreta  fissuras que contribuem exponencialmente para o surgimento desta patologia. Pode aparecer por causas biológicas ou por contato direto com altas temperaturas, como a título de exemplificação, um incêndio na edificação. (SOUZA e RIPPER, 1998).

2.1.3 PATOLOGIAS POR FISSURAS

De acordo com Souza e Ripper (1998, p. 57),

As fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica característica das estruturas de concreto, sendo mesmo o dano de ocorrência mais comum e aquele que, a par das deformações muito acentuadas, mais chama a atenção dos leigos, proprietários e usuários aí incluídos, para o fato de que algo de anormal está a acontecer.

Mesmo assim quando as fissuras já são visíveis é um indício que a deterioração do material já chegou em um grau acentuado que merece mais atenção, já que este problema em muitas vezes, surge pela corrosão da armadura presente no concreto que já passou pela reação eletroquímica que expande o aço de dentro para fora surgindo a aparecimento desta patologia. (MARCELLI, 2007).

Existem diversos tipos de fissuras encontradas nas estruturas de concreto armado, entre as principais destacam-se:

2.1.3.1 FISSURAS POR MOVIMENTAÇÕES TÉRMICAS

Thomaz (2003) Surgem pela variação térmica da região onde o elemento estrutural está situado, que interfere diretamente o quanto o material está sujeito a se dilatar ou se contrair.

2.1.3.2 FISSURAS POR EXCESSO DE CARGAS

Acontecem por uma errônea elaboração do projeto estrutural pelo profissional contratado ou pela errada execução do mesmo. Estes tipos de fissuras em alguns casos ainda não comprometem a integridade estrutural de seus elementos uma vez que as deformações ocasionadas pela sobrecarga ainda são aprovadas no seu estado de limite de serviço (THOMAZ, 2003).

2.1.3.3 FISSURAS POR RETRAÇÃO DO CONCRETO

A retração ocorre de forma natural no concreto pela própria hidratação do cimento, entretanto alguns fatores podem desregular este processo como a concretagem em elevadas temperaturas, baixa umidade do local ou pela grande incidência de ventos na região que afetam na evaporação da água presente no concreto. Desta forma a escolha do cimento e de seus respectivos agregados quando não é bem elaborada, auxilia no surgimento desta patologia ao elemento estrutural. (THOMAZ, 2003).

2.1.3.4 FISSURAS POR RECALQUE

Ocorre pelo rebaixamento da estrutura que excede a tensão admissível no solo deslocando-se para baixo que gera um aumento de tensões ao elemento, muito além da qual ele foi concebido ocasionando o surgimento de fissuras que quando não tratadas aumentarão sua abertura  que podem comprometer a vida útil de projeto do da edificação. (SOUZA e RIPPER, 1998).

Diante das patologias apresentadas é de suma importância que o responsável pelo empreendimento realize medidas que previnam ou que corrijam os problemas antes que os mesmos comprometam a  sua durabilidade aos usuários que o utilizam. É necessário se atentar a alguns procedimentos que devem ser seguidos para padronizar a qualidade das vistorias realizadas nas edificações, desta forma foi concebida a NBR 16747: Inspeção predial de 2020, de acordo com esta norma técnica é definido procedimentos para melhor realização desse processo, como executar o levantamento de todos os documentos possíveis do local, realizar a análise dos dados coletados em campo, efetuar a anamnese  das características construtivas do local, efetuar a vistoria na edificação, categorizar quais os problemas encontrados e realizar a avaliação da edificação para saber que tipo de manutenção efetuar dependendo do seu grau de deterioração.

A NBR 16280: Reforma em edificações de 2015,  estabelece parâmetros que deve ser seguidos para melhor qualidade dos serviços de reforma empregados na edificação, que de acordo com esta norma técnica o profissional responsável deve possuir conhecimento para o correto uso das normas técnicas para a execução da obra, garantir que a estrutura tenha estabilidade, segurança e conforto aos seus usuários durante e após o término de sua reforma, ter o controle da entrada e saída de sua equipe no trabalho no local, apontar no projeto tudo o que deverá e foi alterado depois da reforma, identificar o uso de susbtâncias tóxicas bem como os equipamentos que gerem alto nível de decibéis, planejar o local de maior eficiência onde todas as máquinas e equipamentos estarão dispostos no canteiro de obras, garantir a correta separação dos resíduos sólidos e comprovar que o profissional esteja legalizado para a realização do serviço.

3. ESTUDO DE CASO

A metodologia para o estudo de caso primeiro teve como embasamento o uso de dissertações, periódicos científicos, livros de autores especializados na área de estudo além de normas técnicas da ABNT como meio de busca.

Foi realizado visita in loco, ou seja, no próprio local, tendo como embasamento a utilização da NBR 16747: Inspeção predial – diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento de 2020. Os dados coletados no dia da inspeção foram pelo auxílio de blocos de notas e câmera fotográfica.

Processos adotados na inspeção do empreendimento:

Verificar os elementos estruturais da edificação;

Apontar quais destes elementos se enquadram para este estudo de caso;

Analisar as patologias existentes nas estruturas de concreto armado;

Realizar a coleta de dados através de anotações e registros fotográficos;

3.1 ÁREA DE ESTUDO

Para a realização do estudo de caso foi utilizada uma pesquisa de caráter qualitativa. Foi realizada a inspeção no imóvel que lida com recapagem de pneus e que está situado na Via Eixo Principal Quadra 06, Modulo 05 no PAIG – Parque Industrial de Gurupi, a uma distância de aproximadamente 10 km do centro da cidade Gurupi-TO.

O terreno possui área de 2.800,20 m² conforme é mostrado na figura 4, da qual 60% do mesmo já possui área construída.

Figura 4 – Planta de situação do terreno

Fonte: Elaborado pelo autor.

Durante a inspeção a ênfase foi em manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado da edificação, embora o local apresente problemas em outras áreas, estes não serão apontados, pois não são o foco deste estudo.

É perceptível que a edificação possui diferentes tipos de elementos estruturais, enquanto internamente uma grande parcela de pilares, vigas e do telhado é feito com o uso de aço, na parte externa do empreendimento é onde se encontra uma maior quantidade de estruturas de concreto armado como a cisterna, os pilares externos, torre para reservatório, caixas de areia pluvial e de inspeção, os mourões da cerca que delimitam o terreno, etc.

A secretaria de desenvolvimento econômico e meio ambiente através do departamento de indústria e comércio da prefeitura municipal de Gurupi disponibilizou a planta de situação do PAIG – Parque Industrial de Gurupi para o levantamento de dados do terreno, na qual se encontra a edificação utilizada neste estudo de caso. A edificação atualmente está sendo reformada seguindo as diretrizes na NBR 16280 de 2015 já comentada, em que até meados de agosto se encontrava desativada. A empresa responsável pelo empreendimento tem realizado as medidas corretivas para retornar suas atividades no local.

A inspeção no empreendimento ocorreu no dia 27 de agosto de 2020 às 10h00min com a respectiva autorização do proprietário do Imóvel.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após ser realizado a visita in loco, com todos os dados coletados da edificação e também através de um amplo registro fotográfico foi elaborado uma análise de possíveis erros, estes podendo ser caracterizado por projeto, execução ou de descuido do proprietário como a ausência de manutenções da edificação ao longo de sua vida útil, para obter o parecer final do local estudado.

4.1 DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS ENCONTRADAS

Figura 5 – Deterioração de uma laje em uma guarita

Fonte: Elaborado pelo autor.

Foi verificado que a laje da guarita, que atualmente não está mais em funcionamento, está em acentuado grau de deterioração. Existem uma grande quantidade de bolor e diversas manchas com coloração escura e esverdeada que já comprometeram a pintura e a estética do elemento estrutural.

Figura 6 – Laje com mofo e manchas escuras

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este tipo de patologia tem sua origem em locais com umidade alta, provavelmente a face superior da laje possui diversas fissuras que possibilitam a água proveniente da chuva penetrar no concreto armado aumentando a umidade da laje e consequentemente ocorre a penetração de agentes agressivos como o dióxido de carbono comum em zonas industriais onde a edificação está situada, ocorre que abaixa o pH das armaduras e gera a reação eletroquímica, causando sua deterioração. A presença de bolor ocorre pelo surgimento de microrganismos que se alojam nas frestas do elemento pelo acúmulo de infiltrações e se alimentam dos componentes do próprio material empregado. Já a mudança de tonalidade na laje ocorre pela deterioração da matéria orgânica no local, na proporcionalidade em que aumenta, influencia no tamanho das manchas no elemento.

Figura 7 – Armadura sofrendo processo eletroquímico

Fonte: Elaborado pelo autor.

Foi constatado que em algumas regiões da edificação ocorria a exposição das armaduras do concreto as intemperes como em tampas das caixas de areia pluvial e na cisterna que já possuía sérios problemas de deterioração em suas bordas. Esta atualmente se encontra desativada no local.

Figura 8 – Vergalhão exposto as intemperes comprometendo sua vida útil

Fonte: Elaborado pelo autor.

Esta patologia é ocasionada por técnica construtiva errônea, pela ausência do cobrimento mínimo estipulado pela NBR 6118 de 2014 (as vezes elementos pré moldados são feitos usando uma classe de agressividade ambiental inferior do que local onde eles serão utilizados, como é o caso desta edificação situada em uma região industrial), utilização equivocada do cimento ou do agregado, relação água/cimento muito elevada ou até mesmo pela própria corrosão das barras de aço  ocasionado pela inserção de cloretos, sulfatos ou do alto teor de dióxido de carbono  nesta região que provoca a expansão da armadura gerando um acúmulo de tensões  no concreto até o mesmo não resistir e ocorrer seu desplacamento, deixando sua armadura exposta   e consequentemente acelerando seu processo de corrosão.

Figura 9 – Mourão para cerca com acentuado grau de deterioração

Fonte: Elaborado pelo autor.

É identificado que grande parcela dos mourões de concreto armado que definem os limites da propriedade estão com grandes problemas de deterioração, além do suporte para a sustentação do reservatório da edificação apresentar inúmeras fissuras que embora ainda não estejam com grandes aberturas, se não tratadas, comprometerão o uso deste elemento com o surgimento de outras patologias.

Figura 10 – Suporte para reservatório com problemas de fissuração

Fonte: Elaborado pelo autor.

O surgimento de fissuras costuma ocorrer pela própria corrosão das armaduras atacadas por agentes agressivos que aumentam seu volume e geram fissuras visíveis no elemento estrutural, embora possa ocorrer pelo excesso de carga submetido ao concreto, inexistência de juntas de dilatação, ausência de cura úmida após a concretagem, escolha inadequada do agregado, uso errôneo do vibrador de imersão e clima (baixa umidade relativa do ar, elevada temperatura, incidência constante de ventos).

Figura 11 – Desagregação do concreto de uma rampa na edificação

Fonte: Elaborado pelo autor.

Foi verificado em que algumas áreas na edificação estavam havendo problemas de desagregação do concreto, principalmente em pilares externos do empreendimento e na rampa de concreto situada dentro da empresa.

Figura 12 – Desagregação do concreto de um pilar de extremidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

O motivo desta patologia costuma ocorrer pela corrosão das armaduras dentro do concreto,  a medida que se expandem geram fissuras com aberturas cada vez maiores até o desprendimento da massa de concreto no elemento. Outras formas do surgimento desta patologia são por elevadas temperaturas ocasionadas por um incêndio, má execução das fôrmas do elemento, inadequado adensamento durante a concretagem, baixa resistência característica do concreto ou uso contaminado do material durante sua execução.

4.2 FORMAS MAIS USUAIS DE RECUPERAÇÃO DAS PATOLOGIAS APRESENTADAS

Na patologia de bolor e manchas na laje deve ser feito um bom projeto de impermeabilização para garantir a estanqueidade do elemento estrutural. Após a concretagem da laje o melhor processo de impermeabilização consiste nas seguintes etapas: realizar uma nova camada de regularização acima da laje; passagem do primer em cima da camada regularizadora; colocação da manta asfáltica em cima do primer; fixação do filme de polietileno em cima da manta; por último realizar a concretagem do contrapiso. Entretanto, caso isso não tenha sido feito na execução da obra e anos após o término de sua construção ocorreu o surgimento desta patologia, ela pode ser recuperada pelo uso de jatos d’água sob alta pressão e/ou uso de uma escova rígida com solução clorídrica. Caso o problema persista, pode ser feita o arranchamento da tinta e da argamassa e a aplicação de produto impermeabilizante no local para posterior pintura.

Figura 13 – Limpeza do substrato pelo uso de escova de aço

Fonte: Souza e Ripper (1998, p. 113).

Na patologia de corrosão das armaduras os melhores artifícios para o correto reparo são a colocação de grampos de aço que tem como propósito suportar o efeito de tração produzido, desta forma ocorre a inserção deste material perpendicularmente  à fissura no concreto, inibindo o avanço desta patologia no local. Outra técnica é por meio da injeção na fissura quando já possui uma abertura considerável, da qual são inseridos pequenos furos que servirão para a instalação de tubos metálicos ou plásticos que dentro dos mesmos serão injetados resina epóxi, calda de cimento ou poliuretano hidro expansivo para preencher todos os espaços da patologia.

Figura 14 – Procedimento realizado para injeção de fissuras

Fonte: Souza e Ripper (1998, p. 123).

Na patologia de corrosão das armaduras os melhores recursos para reparar quando já se encontram exposta as intemperes são pelo uso inicialmente de inibidores de corrosão. Em casos de maior deterioração o correto a executar é a recuperação estrutural do elemento deteriorado. Para isso é necessário e importante se atentar as seguintes etapas: realizar a análise dos locais deteriorados, para depois demarcá-los para em seguida remover todo o substrato deteriorado por talhadeira, serra mármore, martele, etc. Posteriormente é realizada a limpeza da armadura por escova de aço, jatos d´agua, etc. Em seguida é aplicado um material anticorrosivo na armadura exposta pelo uso de primer epóxi ou zarcão para depois criar uma ponte de aderência podendo ser feita de pasta de cimento, argamassa polimérica ou resina epóxi para garantir a aderência do antigo com o novo substrato, em que pode ser feito por argamassa ou por grautes. Em casos ainda mais graves de deterioração do concreto armado é feito o reforço estrutural no elemento através do método mais usual na construção civil, o encamisamento da peça deteriorada, assim é feito uma nova camada de concreto mais espessa ao redor da antiga deteriorada.

Figura 15 – Reparo estrutural de armaduras expostas as intemperes

Fonte: Retirada do site AEC Web[4]
Na patologia de desagregação sua forma de reparo é bastante semelhante com a manifestação patológica anterior, em que é retirada todo o substrato do material deteriorado, é feita toda limpeza da região para posteriormente a utilização de um material anticorrosivo assim podendo ocorrer a colocação de uma ponte de aderência para o novo substrato. Em casos mais graves é feito o encamisamento do elemento estrutural.

Figura 16 – Reparo estrutural ocasionado pela desagregação do concreto

Fonte: Marcelli (2007, p.119).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, as estruturas de concreto armado do estudo de caso apresentado têm sofrido algumas deteriorações relativas a causas intrínsecas que apesar de atualmente não comprometerem a integridade física da mesma e de seus usuários que utilizam o lugar, é justamente por esse fator que os empreendimentos construídos nesta região terão dificuldades de atingir a vida útil de projeto de cinquenta anos conforme a norma de desempenho da construção civil já delimita.

Para qualquer estrutura é de suma importância que se ocorra as manutenções periódicas para que desta forma consiga atingir sua durabilidade estipulada, entretanto os fatores como a falta de preparo técnico e/ou a negligência do profissional em proporcionar a melhor concepção do projeto, vícios construtivos durante a execução e até mesmo a ausência de um projeto de impermeabilização que deveria ser obrigatório justamente para evitar diversas patologias encontradas na edificação que afetam sua estética, a sua vida útil de projeto e consequentemente afetarão a avaliação da empresa no ato de compra e venda do local.

As manifestações patológicas encontradas neste estudo são a prova que normalmente os proprietários e as empresas responsáveis pela realização do empreendimento costumam focar apenas com medidas corretivas, isto é, corrigir algo que já foi deteriorado, e não em medidas preditivas e preventivas, ou seja, antes mesmo da patologia começar a tomar forma ela já é solucionada, como a título de exemplificação, as fissuras que são reparadas antes de atingirem uma elevada abertura ou a realcalinização do concreto para aumentar seu pH e evitar a despassivação da armadura.

REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16280: Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16747: Inspeção Predial – Diretrizes, Conceitos, Terminologias e Procedimentos. Rio de Janeiro, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

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FERNANDES, Andréa Sousa da Cunha; NÓBREGA, Marcelo de Jesus Rodrigues da. Corrosão em estruturas de concreto armado. Revista Tecnológica da Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, p. 47-59, Dez 2018.

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APÊNDICE – REFERÊNCIA DE NOTA DE RODAPÉ

4. Disponível em: < https://www.aecweb.com.br/revista/materias/corrosao-do-concreto-e-causada-por-umidade-e-gases-nocivos/6412 >. Acesso em 30/08/2020.

[1] Graduação em Engenharia Civil.

[2] Graduação em Engenharia Civil.

[3] Orientadora. Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais. Especialização em andamento em EaD em Ensino em Matemática. Graduação em Engenharia Civil.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Uma resposta

  1. PARABÉNS
    EXCELENTE ARTIGO.
    COMPROVAÇÃO POR FOTOS QUE DEMONSTRAM CLARAMENTE A DEGRADAÇÃO EM TELA.
    SOU PERITO IBAPE E O TJBA
    EXPECIALISTA EM PATOLOGIAS

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