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O Estado de Conservação de uma Via do Distrito Industrial I e os Impactos Para a Logística do Polo Industrial de Manaus

RC: 7460
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CONTEÚDO

TUMA NETO, Alberto Antônio [1], GARCIA, Fabiano de Aguiar [2], VALADARES, Otávio César de Paiva [3], SOUZA, Ênio Neves de [4], MEDEIROS NETO, Gracindo da Rocha [5]

TUMA NETO, Alberto Antônio; et.al. O Estado de Conservação de uma Via do Distrito Industrial I e os Impactos Para a Logística do Polo Industrial de Manaus. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 16. pp. 588-596, Março de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O artigo aborda o atual estado de conservação das principais vias do Distrito Industrial da cidade de Manaus e os impactos causados ao Polo Industrial de Manaus (PIM) em termos de logística e competitividade. São frequentes as queixas das empresas da região com relação à precariedade das ruas e avenidas que servem aos milhares de trabalhadores que por lá trafegam diariamente. Observa-se também a divulgação por parte da mídia de uma grande quantidade de acidentes atribuídos às condições das vias. Nesse contexto, o presente estudo identificou parte dos problemas que acometem a infraestrutura viária do PIM, baseando-se em vistorias in loco feitas em uma avenida representativa da região no final do ano de 2015, e seus efeitos para a economia local através de revisão da literatura disponível sobre o tema. Desse modo foi possível notar que o sistema viário do PIM se encontra gravemente comprometido, ocasionando incremento de custos logísticos e diminuindo a competitividade de todo o Polo.

Palavras-chave: Infraestrutura Viária, Logística, Competitividade, Polo Industrial de Manaus.

INTRODUÇÃO

Situado na zona Leste da cidade de Manaus, o Distrito Industrial I é um bairro que abriga a maior parte das empresas que compõem o Polo Industrial de Manaus. Criado na década de 1960 para abrigar as indústrias atraídas para a Zona Franca de Manaus, hoje conta com aproximadamente 600 empresas, desde pequenos fabricantes a grandes multinacionais, que juntas obtiveram faturamento de 74 bilhões de reais em 2016 e geraram quase 90 mil empregos diretos.

De acordo com Oliveira et al (2008),

O Polo Industrial de Manaus (PIM) é o resultado do Modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), ação do Governo Federal efetivada a partir de 1967, com enfoque geopolítico baseado em incentivos fiscais à produção, e orientado a três setores: Industrial, Comercial e Agropecuário, a partir da redução de desvantagens logísticas inerentes à região da Amazônia Ocidental.

Por esses números fica clara a grande extensão física do Distrito Industrial e sua extrema importância para a cidade de Manaus (Figuras 01 e 02). Com 50 anos de idade, o PIM já teve períodos de prosperidade e hoje enfrenta o fantasma da recessão que assola todo o país.

Figura 01 – Destaque em vermelho da localização do Distrito Industrial. Fonte: Google Maps (2017)
Figura 02 – Vista aérea do Polo Industrial de Manaus. Fonte: https://www.suframa.gov.br/invest/en-como_projetos-industriais.cfm (2017)

DESENVOLVIMENTO

O Polo Industrial de Manaus está espalhado por uma grande área da cidade de Manaus, com empresas espalhadas ao longo de dezenas de quilômetros de ruas e avenidas. Devido essa grande extensão viária, optou-se por escolher uma avenida representativa para o PIM, assim selecionou-se a Avenida Buriti (Figura 03), uma das principais vias de entrada e saída do PIM.

Figura 03 – Avenida Buriti em destaque no mapa. Fonte: Adaptado de Google Maps

Com extensão total de quase 6 km, a Avenida Buriti se estende entre as rotatórias popularmente conhecidas como Bola da Suframa e Bola da Samsung. Essa via recebe tráfego constante de grandes carretas com container e ônibus que realizam o transporte diário dos trabalhadores do PIM, além de veículos leves atraídos pelo comércio existente em parte da avenida. Ela é constituída em sua maioria por pavimento flexível, com exceção das rotatórias que foram construídas em pavimento rígido.

Segundo Albano (2005) a ação do tráfego, não só pelo peso transportado bem como pela frequência com que solicita o pavimento, provoca a deterioração e o consumo da estrutura. Durante a vida de uso dos pavimentos podem aparecer patologias causadas por diversos motivos, desde fatores construtivos quanto ao tipo de uso.

Logo no início da avenida é notável a presença de algumas patologias que comumente afetam pavimentos flexíveis. A existência de trincas (Figura 04) e afundamento de pista (Figura 05) causa grave risco à circulação de veículos. Segundo Bernucci et al. (2008) as trincas são causadas pelo movimento repetitivo de cargas de tráfego, ação climática e fatores construtivos como má compactação e deficiência no teor de ligante asfáltico.

De acordo com o Manual de Conservação do DNIT (2005), o afundamento é uma depressão do revestimento onde ocorre a passagem do tráfego, ou seja, nas trilhas de rodas. As principais causas dessa patologia são infiltração de água e compactação insuficiente de uma ou mais camadas durante a construção.

Figura 04 – Presença de trincas. Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 05 – Afundamento de trilha de roda.  Fonte: Elaborado pelo autor

Outra patologia comumente encontrada na Avenida Buriti é a denominada panela, popularmente conhecida como “buraco” (Figuras 06 e 07). De acordo com Yoshizane (2005), ela ocorre como evolução de outras patologias prévias que avançaram devido à ação do tráfego e infiltração de água, até consumir parte do revestimento asfáltico. Um fator construtivo que facilita seu aparecimento é a aplicação insuficiente de asfalto.

Figura 06 – Panelas na Avenida Buriti. Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 07 – Panelas na Avenida Buriti. Fonte: Elaborado pelo autor

Não só a circulação dos veículos é prejudicada com os danos do pavimento, os pedestres também têm sua locomoção afetada por diversos obstáculos. Em alguns trechos da avenida as calçadas se encontram tomadas por vegetação e resíduos (Figura 08) e em outros estão danificadas (Figura 09). Sem um local adequado para circulação, os pedestres ficam expostos e altamente vulneráveis a acidentes de trânsito, como afirma Vieira (2013):

Os pedestres formam um grupo ao qual pertencem ou fazem parte de uma forma mais ou menos intensa, todos os demais usuários do sistema, fato que já deveria situá-lo como figura central no planejamento. Além disso, são os elementos mais vulneráveis e, simultaneamente, os mais expostos aos riscos dos conflitos do trânsito.

Figura 08 – Calçada obstruída. Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 09 – Calçada danificada. Fonte: Elaborado pelo autor

Há muitos dispositivos de drenagem de águas pluviais que se encontram sem nenhum tipo de tampa (Figuras 10 e 11). Assim, eles recebem grande quantidade de resíduos que podem acabar por obstruir a rede de drenagem e prejudicar o escoamento das chuvas. Além de representarem um risco tanto para pedestres quanto para veículos.

Figura 10 – Drenagem sem tampa. Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 11 – Drenagem sem tampa. Fonte: Elaborado pelo autor

É notável a ausência de sinalização viária adequada na maior parte da avenida. Entende-se por sinalização viária o sistema completo composto por dispositivos de controle que obedecem a normas e convenções, com objetivo de promover a ordenação, segurança e fluidez do tráfego. Segundo Freire (2011) placas, inscrições nas vias, sinais luminosos, gestos e sons compõem o código da sinalização de trânsito. Ainda segundo o autor, essas informações regulamentam o trânsito, advertem os usuários das vias, indicam sentidos e distâncias, sendo classificadas pelo Código de trânsito Brasileiro em sinalização vertical e horizontal.

As figuras 12 e 13 demonstram essa situação problemática. Em muitos trechos não há marcação da divisão das pistas, faixas de pedestres, indicação de ponto de ônibus, proibição de estacionamento e outros.

Figura 12 – Ausência de marcação de divisão de pista.  Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 13 – Ponto de ônibus sem sinalizaçã. Fonte: Elaborado pelo autor

A maior parte das vias do Distrito Industrial é executada em pavimento flexível. Em menor escala de uso devido ao alto custo inicial, o pavimento rígido é utilizado em alguns trechos e rotatórias, justamente onde as solicitações de cargas são maiores por causa dos movimentos de grandes veículos de carga. O atual estado de conservação das vias da região pode também ser explicado em parte pelo desgaste natural das mesmas. A fricção das rodas dos veículos com o pavimento somado com o próprio envelhecimento da superfície pavimentada causa o aparecimento de desgastes superficiais ao longo do tempo.

Aos primeiros sinais de desgaste dever-se-ia, idealmente, tomar providências corretivas a fim de evitar uma maior degradação do pavimento, preservando-se assim a integridade de todas as camadas componentes. No entanto não se vê ações dos órgãos governamentais nesse sentido, pelo contrário, no caso do Distrito Industrial há uma briga de responsabilidade entre os níveis da Administração Pública.

Uma manutenção ideal detectaria os problemas e adotaria as ações apropriadas para saná-los, utilizando as técnicas recomendadas para cada caso. Observa-se que, em função de custos, são adotadas medidas paliativas que apenas fazem restauros emergenciais e muitas vezes mal executados. Esses serviços de baixa qualidade acabam por apenas adiar o reaparecimento dos defeitos e torna-los mais graves, exigindo no final investimento muito maior que o custo inicial.

Segundo dados da Suframa (2002), o PIM é altamente dependente de insumos nacionais ou importados, e a inexistência de um sistema logístico eficiente para superar as distâncias geográficas desfavoráveis gera um risco para a competitividade das empresas instaladas na região.

De acordo com Olave et al. (2010) para que os produtos oriundos do PIM sejam competitivos, é essencial a redução do custo de frete, para que assim o valor final dos produtos seja atrativo para os consumidores.

O atual estado das vias do Distrito Industrial de Manaus não contribui para aumentar a competividade das empresas da região. São comuns os noticiários de acidentes de trânsito causados por deficiências construtivas e falta de manutenção das ruas e avenidas. Isso afeta diretamente os custos de produção, já que ocasiona danos aos insumos e produtos finais, além de aumentar custos com afastamentos de trabalhadores em casos de acidentes com vítimas.

CONCLUSÃO

É inegável a importância do Distrito Industrial para a cidade de Manaus e o estado do Amazonas. Os números mostram sua força e importância para a economia local, entretanto a infraestrutura viária atual não faz jus às necessidades do Polo Industrial de Manaus.

A Avenida Buriti, escolhida para esse estudo por receber todos os tipos de veículos, serve de exemplo das condições atuais da infraestrutura viária do Distrito Industrial de Manaus. Ao longo dela encontram-se vários tipos de patologias, desde trincas a afundamentos de trilha de roda.

Em geral, a mobilidade dos transeuntes é prejudicada pela ausência de calçadas adequadas ou obstrução das mesmas por vegetação e resíduos, o que gera conflito entre veículos e pedestres, transformando-os em potenciais vítimas de acidentes de trânsito.

A imensa distância que separa Manaus dos maiores mercados consumidores do Brasil já é um entrave logístico para o PIM. O custo para fazer o transporte de mercadorias é alto, já que se utiliza em maior parte os modais hidroviário e aéreo. As condições das vias que ligam as fábricas aos portos ou aeroporto são precárias, causando atrasos nas entregas de insumos e bens finalizados e acidentes. Portanto, a ineficiência da logística de transporte local prejudica os resultados econômicos do PIM.

REFERÊNCIAS

ALBANO, João Fortini. Efeitos dos excessos de carga sobre a durabilidade de pavimentos. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

BERNUCCI, L. B. et al. Pavimentação asfáltica: formação para engenheiros. 1. ed. Rio de Janeiro: Petrobrás ABEDA, 2008.

DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: Manual de Pavimentação. Rio de Janeiro, 2006.

FREIRE, Renato Teixeira de Sá. Trânsito: Um Problema Urbano. Especialização em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011.

OLAVE, Maria Elena León; SOUZA, Kleber Abreu; SILVA, Débora Pereira. Entraves Logísticos: Uma visão do setor eletroeletrônico no Polo Industrial de Manaus. XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. São Carlos, 2010.

OLIVEIRA, F. L. et al. O transporte aéreo como fator determinante no desenvolvimento da cadeia de suprimentos em um modelo de incerteza: uma análise do Polo Industrial de Manaus – PIM. Revista Sitraer v.7, Rio de Janeiro, 2008.

SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS (SUFRAMA) – Ciência, Tecnologia e Inovação para uma Nova Era de Desenvolvimento do Pólo Industrial de Manaus. Informativo. Fundação CERTI, 2002

VIEIRA, Heitor. Avaliando a sustentabilidade da mobilidade urbana com base no risco enfrentado pelos usuários vulneráveis. Rio Grande do Sul: Dunas, 2013.

YOSHIZANE, H.P. 2005. Defeitos, Manutenção e Reabilitação de Pavimento Asfáltico. Limeira, Universidade Estadual de Campinas, Centro Superior de Educação Tecnológica (CESET), 2005.

[1] Bacharel em Engenharia Civil. Universidade Federal do Amazonas-UFAM.

[2] Bacharel em Engenharia Civil. Universidade do Estado do Amazonas-UEA Pós-Graduado em Engenharia e Gerenciamento de Manutenção.

[3] Bacharel em Engenharia Civil. Universidade Federal do Amazonas-UFAM.

[4] Bacharel em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica. Instituto Tecnológico de Aeronáutica-ITA.

[5] Bacharel em Engenharia Civil. Centro Universitário Luterano de Manaus. Pós-Graduado em Engenharia e Gerenciamento de Manutenção.

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Gracindo da Rocha Medeiros Neto

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