REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Fitorremediação: uso de plantas como agentes despoluidores no tratamento de efluentes sanitários

RC: 96532
1.500
5/5 - (1 vote)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

OLIVEIRA, Franciane Soares de [1], OLIVEIRA, Ginarajadaça Ferreira dos Santos [2]

OLIVEIRA, Franciane Soares de. OLIVEIRA, Ginarajadaça Ferreira dos Santos. Fitorremediação: uso de plantas como agentes despoluidores no tratamento de efluentes sanitários. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 09, Vol. 02, pp. 23-47. Setembro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-ambiental/agentes-despoluidores

RESUMO

A urbanização atrelada à industrialização e a ineficiência dos serviços de saneamento ambiental têm trazido grandes impactos sobre o meio ambiente. Sendo um dos maiores problemas a poluição hídrica, causada pela atuação indevida das práticas humanas. A fitorremediação advém da capacidade que as plantas têm de realizar processos de extração, estabilização, acúmulo, estimulação e biotransformação de poluentes em diferentes ecossistemas.  Diante do exposto pergunta-se: será que a fitorremedição é suficiente para descontaminação dos efluentes dos saneamentos industriais e domésticos e como a técnica de jardim filtrante ou wetlands poderá contribuir para o reaproveitamento da água de forma sustentável? Este trabalho tem como objetivo apresentar a eficiência do uso da fitorremediação bem como a técnica de jardim filtrante e wetlands no tratamento de efluentes domésticos e industriais, através de uma revisão bibliográfica descritiva em volta da temática. De acordo com essas pesquisas as investigações científicas pontuam que as plantas macrófitas, são excelentes indicadores de filtração para metais pesados e outros contaminantes tóxicos favorecendo a descontaminação dos corpos hídricos, principalmente na utilização da técnica de jardins filtrantes ou wetlands que contribui para o reaproveitamento das águas de forma sustentável e com menor grau de contaminação. Portando a utilização da fitorremediação com uso das plantas aquáticas atribui grandes benefícios e vantagens como, o baixo custo e facilidade na implantação, alta eficiência no tratamento de efluentes, produção de biomassa reutilizável na geração de energia, sendo, uma boa alternativa ecologicamente viável.

Palavras – chaves: Fitorremediação, Meio Ambiente, Tratamento de Efluentes.

1. INTRODUÇÃO

A urbanização associada à industrialização e a ineficiência dos serviços de saneamento ambiental têm trazido diferentes efeitos sobre o meio ambiente e em vários setores ambientais. À medida que aumenta a complexidade da geração de resíduos, a gestão ambiental dos resíduos sólidos torna-se cada vez mais difícil, pois a complexidade está relacionada diretamente com a sua composição, o que inviabiliza a separação ou tratamento adequado dos mesmos (AKINBILE; YUSOFF; SHIAN, 2012).

Na era Industrial as precauções originadas dos resíduos sólidos advindos da produção eram consideradas mínimas. Na busca por produção intensa e em larga escala vários componentes do meio ambiente sofreram impactos da poluição, sejam pela extração   dos recursos naturais, destruição e contaminação do ambiente por substâncias perigosas e outros rejeitos (STEPHENSON; BLACK, 2014).

A biorremediação ou fitorremediação tem como base a utilização de plantas e utiliza tecnologia eficiente para o tratamento de água contaminada e tem apelo pelo custo-benefício por se tratar de uma tecnologia simples, de baixo custo, não requer grandes estruturas e é ambientalmente sustentável. Marcatto, Souza e Fontanetti (2016) definem a biorremediação como um processo dos quais os microrganismos degradam e transformam os resíduos orgânicos e inorgânicos perigosos em compostos com condições naturais.

Para Stephenson e Black (2014) a fitorremediação é um tipo de tratamento de remoção e estabilização de poluentes que parte da utilização de plantas na descontaminação de solos, sedimentos e águas contaminadas, sendo movida a energia solar por depender do sistema fisiológico da planta, que por sua vez tem seu crescimento a partir da energia que recebe do sol.

Em ecossistemas naturais é comum encontrar certos tipos de plantas que desenvolveram adaptações morfológicas e bioquímicas, o que lhes permite utilizá-las para a despoluição de vários ecossistemas.

De acordo com Rodrigues e Brandão (2017) na maioria das cidades brasileiras, o esgoto é descarregado diretamente nos corpos hídricos, sem nenhum tipo de tratamento adequado, acarretando grande impacto ambiental além de reduzir a captação de água e favorecendo a proliferação de microrganismos e doenças de veiculação hídrica. De acordo com Marques e Américo-Pinheiro (2018) é interessante buscar alternativas que utilizem técnicas de forma sustentável que visem e auxiliam na redução da contaminação dos corpos hídricos. Entre as técnicas de fitorremedição podemos destacar o uso dos jardins filtrantes ou wetlands que possui caráter promissor para o tratamento de efluentes domésticos e industriais.

Os wetlands são empregados para transformar a qualidade das águas e dos efluentes, seu sistema é projetado para a utilização das plantas aquáticas macrófitas como um filtro biológico, de modo a estimular o crescimento de microrganismos aeróbicos e anaeróbicos dispostos na rizosfera dessas plantas para a descontaminação da água (SALATI et al., 2003).

Diante do exposto pergunta-se, será que a fitorremedição é suficiente para descontaminação dos efluentes dos saneamentos industriais e domésticos e como a técnica de jardim filtrante ou wetlands poderá contribuir para o reaproveitamento da água de forma sustentável?

Este trabalho tem como objetivo apresentar a eficiência do uso da fitorremediação bem como a técnica de jardim filtrante e wetlands no tratamento de efluentes domésticos e industriais.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE NO BRASIL

O saneamento é um conjunto de medidas destinadas a proteger ou modificar as condições ambientais com o objetivo de prevenir doenças e promover a saúde, viabilizar a qualidade de vida da população e a produtividade pessoal e promover as atividades econômicas. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº 11.445 como a soma dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais (BRASIL, 2007).

Para utilizar o saneamento como forma de promoção da saúde, o primeiro passo é superar as barreiras técnico-políticas e administrativas que dificultam a extensão dos benefícios aos moradores de áreas rurais, cidades e pequenos municípios. A maioria dos problemas de saúde que afetam a população mundial está relacionada ao meio ambiente. A diarreia é um exemplo, são mais de 4 mil milhões de casos de diarreia por ano, uma das doenças de maior impacto no ser humano (GUIMARÃES; CARVALHO; SILVA, 2007).

Segundo o SNIS (2018) o Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo, entretanto, não conseguiu garantir serviços básicos de saneamento para toda população brasileira. Somente 34 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada; 49% da população não possui coleta de esgoto; somente 44% dos esgotos são tratados.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS

A definição de esgoto segundo as Normas Brasileiras de Estudos de Concepção de Sistemas de Esgoto – NBR 9.648/ABNT (1986) é dada como a descarga líquida composta por esgoto doméstico e industrial, água de infiltração e aportes de água de chuva parasitária. O esgoto doméstico é o resíduo líquido produzido com o uso de água para saneamento e necessidades fisiológicas humanas. A água residual industrial é uma descarga líquida gerada em um processo industrial e está em conformidade com os padrões de descarga estabelecidos; água permeada é toda a água do solo subterrâneo, o que é indesejável para sistemas de separação e se infiltrará em dutos. A parcela de água pluvial parasitária é a parte do escoamento superficial que é inevitavelmente agregada pela rede de esgotos domésticos.

Para Dias; Nascimento e Meneses (2016) a água cinza é todo o esgoto gerado pelas casas, excluindo o esgoto dos banheiros. A água cinza pode ser dividida em água cinza claro e água cinza escura. A diferença entre eles é que a água cinza claro é composta por águas residuais de chuveiros, pias e lavanderia, enquanto a água cinza escura também inclui águas residuais de pias de cozinha. A água negra é a água residual dos banheiros, contendo principalmente fezes e urina (GONÇALVES, 2006).

Os detergentes contêm hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio, fósforo e outros compostos, esses compostos afetarão diretamente a qualidade da água e indiretamente afetarão a qualidade da água através do crescimento de algas, as algas são prejudiciais ao uso humano e aos organismos aquáticos. A massa orgânica acumulada promove o desenvolvimento de microrganismos que desencadeiam mau cheiro, a além de servir como um meio de cultura para moscas e mosquitos. Frequentemente, há relatos de odores desagradáveis ​​e reprodução de insetos perto de matadouros que são usados ​​como tanques de sedimentação. No entanto, despejar esse líquido no solo não resolverá o problema, apenas transferirá o problema para um local onde a água da chuva possa carregá-lo para o sistema do rio e poluir o lençol freático (POTT et al., 2002).

Os métodos frequentemente mais usados para processar os efluentes líquidos contendo matéria orgânica, são os métodos biológicos. No entanto, a presença de compostos inorgânicos inibe este processo. Nesse caso, uma etapa de tratamento químico é necessária antes do tratamento biológico, a fim de remover essa carga inorgânica. O tratamento clássico de efluentes de metais pesados ​​inclui processos físicos e químicos, como precipitação, troca iônica, adsorção e extração por solvente (JIMENEZ; DAL BOSCO; CARVALHO, 2004).

Dentre as principais fontes de poluição de mananciais, destaca-se a indústria de galvanoplastia, que processa metais extremamente prejudiciais à saúde pública, como níquel, cádmio, cromo, cobre e zinco. Essas empresas costumam trabalhar com alto teor de metal e acabam processando seus resíduos diretamente no curso d’água, prejudicando o equilíbrio do meio aquático e poluindo o solo da região. Uma vez ingeridos, os metais passam a se acumular em tecidos e órgãos, causando efeitos adversos à saúde pública (MARQUES; AMÉRICO-PINHEIRO, 2018).

2.2.1 PARÂMETROS LEGAIS

Os parâmetros dos fatores químicos e físicos avaliados no tratamento de esgoto doméstico são definidos por diferentes legislações, variando conforme o término do tratamento, ou seja, de acordo com o lançamento, seja na linha de tratamento pública ou na água de retorno, por exemplo.

A Resolução CONAMA nº 357/2005, vem substituir a resolução nº 20 do CONAMA, e dispõe sobre a “classificação dos corpos de água e determina diretrizes para o que determinam as condições e padrões de lançamento de efluentes”.

O Decreto nº 8.468, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente, traz padrões de emissão de efluentes nos seus artigos a partir da classificação dos corpos d´água (BRASIL, 1976).

Na tabela 1 são apresentados os parâmetros escolhidos para serem avaliados nos

efluentes após tratamento, e os limites de atendimento conforme legislações citadas.

Tabela 1 – Limites dos parâmetros medidos para Legislação Brasileira vigente.

Parâmetros Medidos Decreto Estadual 8468/76 art. 18 Decreto Estadual 8468/76 art. 19 Resolução CONAMA 430/11 art. 21
Matéria sedimentar mL / L 1 20 1
DBO mg / L 60 120
Temperatura 40 40 40
pH a 24ºC 5,0 – 9,0 6,0 – 10,0 5,0 – 9,0

Fonte: Dados disponíveis em acervo eletrônico dos órgãos governamentais relacionados. Adaptado pelo próprio autor (2020).

2.3 FITORREMEDIAÇÃO

A tecnologia de sistema de forma híbrida baseada em plantas usa coleções de plantas para fornecer várias combinações necessárias para alterar as formas físicas e químicas dos poluentes e convertê-los em elementos que são absorvidos e retidos pelas plantas.

Esses mecanismos funcionam juntos: os poluentes orgânicos são degradados pelas plantas que consomem oxigênio, os poluentes necessários à vida das plantas, como cobre, zinco, fósforo, nitrogênio, carbono etc., são acumulados pelas plantas e as formas físicas e químicas dos poluentes mudam e tornam-se não biodisponíveis, lixiviação da planta, permitindo que alguns contaminantes se tornem líquidos para mantê-los no filtro da planta (RIBEIRO et al., 2020).

2.3.1 TÉCNICAS UTILIZADAS NA FITORREMEDIAÇÃO DE SISTEMAS AQUÁTICOS

De acordo com Rodrigues e Brandão (2017) a utilização de rios, córregos, lagos e represas e a proteção relacionada à qualidade da água para atender ao uso múltiplo de seus recursos é um dos grandes desafios do mundo na atualidade. A água é um recurso natural cada vez mais escasso em todo o mundo, um recurso indispensável para a produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, essencial para a manutenção do ciclo biológico e do equilíbrio do ecossistema.

Segundo Philipi Júnior (2005) as mudanças ambientais causadas pelo descarte inadequado de resíduos sólidos e o lançamento inadequado de efluentes não tratados, é oportuno para um ambiente onde existam vetores para transmissão de doenças hídricas. O autor acredita que é necessário formular políticas públicas mais eficazes, para que o saneamento ambiental seja uma importante estratégia para reduzir ou reverter o impacto e controlar os fatores físicos nos humanos.

Rodrigues e Brandão (2017) salienta que os organismos sofrem vários tipos de adaptações na área onde ocorrem, podendo extinguir-se ou experimentar novas versões. Este processo é regido pelas leis do equilíbrio ecológico. Quando o ambiente muda, geralmente há tempo suficiente para se adaptar à biota, embora possa haver um desequilíbrio, ele retornará a um estado de equilíbrio. A intervenção humana e a sua concentração no meio ambiente são propícias à produção de efluentes, e não havendo tratamento adequado, há preocupações que implicam no impacto ao meio ambiente e aos riscos para a saúde humana.

Ainda, segundo os autores Rodrigues e Brandão (2017), é urgente priorizar os princípios ecológicos e não contrariados, com objetivos autossustentáveis ​​e menos radicais. O uso de plantas aquáticas para a despoluição e melhora das condições físico-químicas dos efluentes é bastante utilizado, mas ainda pouco explorado nos estados brasileiros. Segundo os autores, este tratamento visa a remoção de cor, sólidos em suspensão, nitrogênio, fósforo, matéria orgânica e demais contaminantes.

Incorporado nestas concepções e conceitos, esse fenômeno ocorre naturalmente em águas residuárias, onde as plantas interagem com as bactérias aeróbias por meio da fotossíntese para degradar a maior parte do oxigênio da matéria orgânica, outro fator que pode otimizar a eficiência da fitorremediação da água. A micorriza aumenta a absorção de água e elementos inorgânicos pelas plantas.

Segundo Da Matta et al. (2007) o sistema utiliza macrófitas de grande porte, onde todas as plantas ficam submersas na água por vários meses do ano. São abundantes e produtivas, contribuindo para a biodiversidade local. O manejo de forma desordenada pode vir a prejudicar suas várias aplicações em lagos, represas e rios, mas têm ampla utilização em sistemas de tratamento de esgoto, restaurando ambientes degradados e como plantas ornamentais, sendo ainda usadas ​​como indicadores biológicos dos ambientes aquáticos.

As macrófitas pertencem ao meio aquático e divide-se em plantas flutuantes de grande porte, submersas e emergentes. A primeira é uma planta com tecido fotossintético flutuante e raízes longas, livre (enraizando no fundo, que pode ser transportada por correntes oceânicas, ventos ou animais) ou enraizamento (utilizando caules e / ou folhas flutuantes fixadas no fundo) dependendo da profundidade do local. O segundo tipo é totalmente imerso (fixas, enraizadas no fundo e livres sem raízes), e o terceiro tipo está enraizado no fundo e parcialmente submerso e parcialmente fora da água (RODRIGUES; BRANDÃO, 2017)

2.3.2 JARDINS FILTRANTES OU WETLANDS

A fim de reduzir o impacto do despejo de esgoto doméstico não tratado em corpos d’água, novas tecnologias têm sido desenvolvidas. As wetlands configura-se como uma opção viável e de baixo custo (DIAS; NASCIMENTO; MENESES, 2016).

Para Diniz et al. (2005) os “wetlands naturais” são ecótonos, ou seja, são zonas naturais de fronteiras entre a água dos ambientes lênticos (lagos, açudes e represas) e o ambiente terrestre adjacente, que acaba desenvolvendo um bioma altamente diverso. São locais para receber e mitigar os efeitos do solo, onde as plantas realizam atividades de filtragem e sofrem modificações bioquímicas, químicas e físicas, alterando assim a qualidade da água.

O objetivo dos wetlands construídos é a utilização de plantas aquáticas, macroplantas, em substratos como areia, cascalho ou outros materiais inertes, onde a difusão de biofilmes reúne diversos microrganismos, que tratam os resíduos de água por meio de processos biológicos, químicos e físicos (SOUSA et al., 2004).

Os Jardins Filtrantes são constituídos por uma caixa aberta no solo com aproximadamente 50 cm de profundidade e área superficial de 2,0 m²/morador. O fundo da caixa é impermeabilizado com uma geomembrana de EPDM e as tubulações de entrada e saída são ligadas em pontos opostos da caixa. O efluente passa por um tanque de retenção de sólidos e depois por um tanque de graxa antes de chegar ao jardim para evitar o entupimento dos poros. Após a impermeabilização, preencha a caixa com uma camada de cascalho nº 2 e uma camada de areia grossa e, a seguir, molhe com água. Depois de colocar o meio de suporte, plante as espécies necessárias para criar um ambiente visualmente agradável (MARQUES; AMÉRICO-PINHEIRO, 2018).

Lima (2015) confirma que o uso de sistemas naturais para tratamento de efluentes é uma alternativa limpa e ecologicamente correta. Segundo Costa (2018) no Brasil a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária faz uso desta tecnologia, sendo adequada para complementar o uso de fossas sépticas de digestão biológica e cloradores desenvolvidos pela própria empresa como demostra a figura 1. Esse projeto foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com outras empresas e é amplamente utilizado no saneamento básico rural brasileiro.

Figura 1 –  Modelo de wetland elaborado pela Embrapa.

Fonte: EMBRAPA (2018).

Júnior et al. (2019) explica que a tecnologia de wetlands construídos é a alternativa ecológica mais comum para o tratamento de água cinza no nível doméstico ou em pequenas comunidades, e pode ser aplicada no tratamento de águas urbanas, pluviais ou industriais. A diversidade das espécies de plantas usadas torna essa capacidade de limpar diferentes águas residuais. Sendo possível para o tratamento de materiais orgânicos, óleos, hidrocarbonetos e metais pesados ​​ (metais com alta densidade) na água.

O tratamento de águas poluídas realizado pelo sistema de wetlands construídos tem maior eficiência de tratamento de esgoto. Eficiência provocada pela diminuição de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio), máximo controle sobre o sistema hidráulico e da vegetação da área alagada. Plantas flutuantes são utilizadas em projetos onde o canal é raso e uma ou mais plantas podem ser utilizadas, a planta mais estudada é a Eichornia Crassipes da família das Pontederiáceas. No Brasil, popularmente essas plantas são chamadas de aguapé, baroneza, mururé, pavoá, rainha do lago e uapê (SALATI et al., 2003).

Melo Júnior et al. (2019) de acordo com seu relato, essa planta é usada porque pode suportar águas altamente poluídas, que variam muito em nutrientes, pH, substâncias tóxicas, metais pesados ​​e temperatura. A purificação da água pelas plantas flutuantes se deve à absorção de nutrientes e metais, à ação de microrganismos relacionados à rizosfera e ao transporte de oxigênio à rizosfera.

2.3.3 SISTEMAS COM PLANTAS EMERGENTES

Use plantas com raízes presas a sedimentos, onde os caules e as folhas estão parcialmente submersos. A Figura 2 mostra as grandes plantas emergentes, comumente chamadas de herbáceas, que deriva de diversas famílias. As espécies mais empregadas são as Phragmites Australis, as Typha Latifolia e as Scirpus Lacustris (SALATI et al., 2003).

Figura 2 –  Visão geral de um fluxo vertical com Typha sp.

Fonte: Cooper et al. (1990).

2.3.3.1 IMPLANTAÇÕES DA TÉCNICA

Devido à eficiência dos wetlands construídos, a tecnologia foi implantada em muitos países / regiões. Já foram implantados mais de cem wetlands construídos na Europa, de acordo com Arnauld Fraissignes, gerente da empresa francesa Phytorestore, a empresa efetua o tratamento em mais de quarenta tipos diferentes de efluentes. Inicialmente, a meta de implantação dessa tecnologia no Brasil incluía o tratamento de lodo e efluente industrial de estações municipais (PHYTORESTORE BRASIL, 2018).

2.3.3.2 SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Para autores como Valentim (1999) e Melo Júnior (2003) os métodos de dimensionamento indicados e normalmente utilizados em wetlands são os seguintes:

  • Carga orgânica: de 50 a 300 Kg de DBO.ha–1. d–1, depende do tipo de água residual a ser tratada e dos objetivos do tratamento;
  • Tempo de residência: > 40 dias, para tratamento secundário (TS); 6 dias para tratamento secundário avançado (TSA); 6 dias para afinação terciária;
  • Carga hidráulica: > 2 cm.d–1 para tratamento secundário (TS); 8 cm.d–1 para tratamento secundário (TS); e Tratamento Secundário Avançado (TSA).

De acordo com Melo Júnior et al. (2019) nestes casos é importante utilizar vários leitos. Em muitos casos, esse tipo de sistema pode causar problemas com surgimento de mosquitos que em outros métodos, é mitigado através do controle biológico usando peixes predador da espécie Gambusia affinis.

Os parâmetros de dimensionamento recomendado e mais utilizados em leitos cultivados com plantas aquáticas emergentes e que tenham drenagem subsuperficial horizontal são encontrados na literatura dos autores Reed et al. (1988), Cooper et al. (1990), Watson e Hobson (2020).

2.3.4 O PAPEL DAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS NA DESPOLUIÇÃO

É recomendado o uso de algumas plantas de descontaminação, pois podem retirar nutrientes e substâncias tóxicas da água e proporcionar condições favoráveis ​​para a base alimentar no ecossistema aquático. Lemnáceas ou lentilhas d’água são empregadas no tratamento das águas servidas (esgoto), pois possuem ampla capacidade de se multiplicarem rapidamente e de retirarem substâncias tóxicas da água. Outras plantas eficientes são o aguapé (Eichhornia crassipes), a alface-d’água (Pistia stratiotes), a orelha-de- onça (Salvinia auriculata) e a taboa (Typha domingensis) (POTT et al., 2002).

As principais características biológicas das macrófitas são: elas tendem a concentrar biomassa, acelerar o ciclo de nutrientes, ter um impacto significativo na química da água e servir como substratos para outras algas, detritos e herbívoros para apoiar a cadeia alimentar. Também são um importante componente estrutural do metabolismo dos ecossistemas aquáticos no Brasil. As condições climáticas favorecem seu crescimento estando presente durante todo o ano. Contudo, seu crescimento é potencialmente prejudicial nos reservatórios de diversas concessionárias, tanto para a geração de energia quanto para abastecimento de água (POMPÊO, 2008).

Segundo Pott et al. (2002), ao selecionar espécies removedoras de poluentes, as plantas aquáticas locais devem sempre ser usadas para evitar a inserção de espécies de plantas exóticas e fauna relacionada, que podem invadir ecossistemas aquáticos e eliminar espécies locais e reduzir a biodiversidade. Para estes autores propágulos podem ser carreados pela água como por exemplo, “tanner-grass” ou braquiária-d´água (Brachiaria subquadripara), no Pantanal em solos argilosos.

2.4 ALGUMAS ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NA FITORREMEDIAÇÃO

Echinochloa polystachya: pertencente à família Poaceae, sendo uma gramínea. Esta família de plantas tem grande importância econômica e ecológica dominando vários ecossistemas e também servem de alimento para animais. A Echinochloa polystachya (canarana) é uma espécie fundamental ao ecossistema de várzea da Amazônia, como mostra a figura 3.

Figura 3 –  Echinochloa polystachya

Fonte: Museu Nacional /UFRJ (2020).

É uma das principais espécies que compõe as ilhas flutuantes de capins no rio Amazonas. É conhecida como capim-canarana-de-pico, canarana verdadeira ou fluvial. Possui rápido crescimento com reprodução vegetativa regulada pelo nível da água. Por ser um capim semiaquático pode ter duas fases, aquática e terrestre e pode substituir comunidade de plantas pioneiras (BIAZÃO, 2012).

Morfologicamente, a Echinochloa polystachya possui de 1 a 4 metros de altura e até 4 metros de comprimento, com nós densamente híspidos com pelos amarelo-adpressos e inflorescência panícula de 10-20 cm. Possui teor de água superior a 80%.

A adição de folhas em plantações realizadas na várzea leva ao aumento de 120% na biomassa do solo. Esta planta é capaz de sobreviver em solos contaminados com petróleo, devido à eficiência de degradação de hidrocarbonetos (BIAZÃO, 2012).

A fitorremediação com plantas indígenas da própria região em que o processo de remediação de poluentes irá ser realizado é uma forma menos onerosa e fácil adaptada às condições locais da região. As plantas das áreas alagáveis são impulsionadas pelo pulso de inundação já que o regime hidrológico afeta a distribuição de nutrientes na água e no solo. No caso da Echinochloa polystachya, forma grandes bancos vegetativos e homogêneos em águas ricas de nutrientes. Possui ampla distribuição nas Américas e no Brasil é mais frequente na Amazônia.

Eichchornia Crassipes: é uma herbácea aquática livre, perene, é muito comum em ambientes aquáticos de todo o Brasil, na Amazônia serve de alimento para o peixe-boi. Pertencente à família Pontederiaceae, a Eichchornia Crassipes é conhecida popularmente como aguapé. Possui folhas com câmaras de ar (aerênquimas), ovadas, inflorescência em cacho, flores grandes, mácula amarela. As estruturas entre o caule a raiz podem ser longas em ambientes rasos e curtos em ambientes mais profundos. Possui proliferação rápida, com cerca de aumento de 15% por dia (MUSEU NACIONAL/UFRJ, 2020).

Esta planta possui uma alta capacidade de estocar nutrientes. De maneira geral, os efeitos da poluição nas plantas podem variar de acordo com o tipo e a quantidade de poluente envolvido, a idade da planta, a época do ano e as espécies de plantas atingidas no ambiente.

Na pesquisa de Carreno Sayago e Granada Torres (2017), utilizou-se a Eichchornia Crassipes no tratamento de águas residuais com resíduos orgânicos e de cromo. Como resultado houve redução de 80% do teor de DBO e 71% do teor de cromo. A fitorremediação desta planta é positiva para a remoção de metais pesados e matéria orgânica de amostras de água contaminada.

A Eichchornia crassipes demostrada na figura 4, também foi utilizada no tratamento da vinhaça de cana-de-açúcar. Este líquido tem alto poder poluidor devido à grande quantidade de matéria orgânica, baixo pH, poder de corrosão e altos níveis de DQO, sendo prejudicial a fauna, flora e recursos hídricos. A vinhaça após o período de decantação e filtração foi submetida à fitorremediação, que obteve redução de 90% da DBO, sendo uma alternativa no tratamento deste resíduo (MARCATTO; SOUZA; FONTANELLI, 2016).

 Figura 4 – Eichchornia Crassipes

Fonte: Museu Nacional /UFRJ (2020).

Segundo Pi et al. (2017) a biomassa e a produtividade de Eichchornia Crassipes são altas e a taxa de crescimento desta planta é rápida, sendo inferior a 4 meses. Estudos sobre a bioacumulação de substâncias perfluoralquil (PFASs) em macrófitas aquáticas são limitadas.  No presente estudo destes autores, os PFASs foram prontamente acumulados nesta espécie de planta, porém, com mais eficiência para espécies submersas do que flutuantes. São preferencialmente trans localizados nos tecidos da folha da planta.

As macrófitas aquáticas podem ser determinantes para a atenuação ambiental de bioacumulação de substâncias perfluoralquil (PFASs) (PI et al., 2017). Os PFASs são comumente encontrados em embalagens de comida, panelas antiaderentes e espuma anti-incêndio. As exposições a essas substâncias podem levar ao câncer testicular e renal, além de problemas na tireoide. A poluição através de PFASs pode ser inserida no ambiente através de efluentes contaminados.

2.4.1 MICRORGANISMOS QUE ATUAM NO PROCESSO DE FITORREMEDIAÇÃO

A palavra “periphyton” foi aplicada pela primeira vez por Behning em 1924, para indicar microrganismos ligados a substratos artificiais na água. A palavra é de origem grega, que significa literalmente “ao redor da planta” (prefixo “peri” = “ao redor de”; “phyton” = “planta, vegetal”). Posteriormente ao trabalho de Behning, a palavra ganhou amplitude, sendo estabelecida como “perifíton” englobando todos os organismos aquáticos que crescem em superfícies submersas (BURLIGA; SCHWARZBOLD, 2006).

Perifíton são definidas como uma comunidade complexa de microrganismos (algas, bactérias, fungos e animais). Os fragmentos orgânicos e inorgânicos estão ligados a substratos orgânicos ou inorgânicos, vivos ou mortos apresentados na figura 5. Constitui uma importante base alimentar da cadeia alimentar. As algas perifíticas são excelentes indicadores biológicos de qualidade da água e do estado nutricional e têm a capacidade de acumular poluentes como pesticidas, herbicidas e fungicidas, metais pesados ​​e substâncias orgânicas (MARQUES; AMÉRICO-PINHEIRO, 2018).

Figura 5 – Apresentação de Perifíton em macrófitas e microrganismos dispersos.

Fonte: ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA (2018).

Segundo Coutinho e Barbosa (2007), as pesquisas em andamento na área de fitorremediação visam trazer uma série de benefícios ao meio ambiente, porém muitos outros mecanismos são necessários. As plantas possuem formas específicas de remover, fixar ou transformar determinados poluentes presentes nos efluentes conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Apontamentos sobre a competência de bioacumulação pelas plantas com relação à diferentes poluentes.

Plantas Local de Tratamento Resultados encontrados Autores
Lemna, Spirodela

Pistia stratiotes Eichhornia crassipes

Bacia do riacho Mussuré (João Pessoa, PB) com despejo de efluente doméstico bruto. Eichhornia crassipes, obteve bons resultados físico-químico e microbiológicos:  a cor foi reduzida em 95%, a turbidez foi reduzida em 83% e o DBO foi reduzido em 53% DIAS; NASCIMENTO; MENESES (2016).
Canavalia ensiformes L. Solução nutritiva contendo chumbo (Pb) Tolera e superacumula espécies de chumbo em suas raízes. ROMEIRO et al. (2007)
Eichhornia crassipes

Vetiveria zizanioides L.

Simulação uma zona de lâmina de água superficial contaminada com metais pesados: chumbo (Pb), cádmio (Cd), níquel (Ni) e zinco (Zn), existente em um projeto de sistema de wetland construída. Ambas as espécies têm excelente absorção de chumbo e podem remover Cd em valores de pH da água entre 6 e 9. TAVARES (2009)
Typha dominguensis Efluentes de tanques de piscicultura na Bacia do Iraí – Paraná Reduzir a concentração de N e P requerendo fertilidade mínima

Para seu crescimento.

MARTINS et al. (2007)
Ricinus Communis L Efluente sintético contendo chumbo (Pb) Remoção de 50 % a 80% de Pb dependendo do tratamento aplicado. LIMA et al. (2010)
Potamogeton natans

Potamogeton pectinatus

Lemna minor

Rio Mondego em Porto-Portugal próximo à jazidos uraníferos Alta capacidade de acumulação de urânio com alta produção e crescimento de biomassa PRATAS et al. (2010)
Eleocharis acutangula Tratamento de efluente de uma central de processamento de alimentos vegetais, lançado no córrego da Glória – Uberlândia Reduções nas taxas de fósforo, nitrogênio e DQO. O fósforo relacionado ao esgoto bruto foi reduzido em 87,9%, o nitrogênio em 80,8% e o DQO em 92,69%. DE CAMARGO FAXINA, BERTOLINO, DE AZEVEDO (2018)

Fonte: Adaptado pelo próprio autor (2020).

3. MEDOTOLOGIA

Definição dos termos e palavras chaves: buscou-se termos livres como: plantas, técnicas, fitorremediação, macrofilas aquáticas, solo, herbicidas, contaminação, poluentes, manguezal e biomassa, foram combinados com as associações de interesse.

Estratégias de Busca: Foram realizadas revisão de literatura bibliográficas com base em dados científicos como Scielo, Livros, Revistas-Periódicos, Teses e Dissertações, Foram pesquisados trabalhos originais de 1999 a 2020, com estudos de casos utilizando plantas em solos e águas contaminadas por diferentes substâncias.

4. RESULTADOS

Nos anos de 1984, realizou-se o primeiro projeto de wetland no Brasil. Perto de um riacho altamente poluído foi construído um lago artificial na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Em 1985, devido ao sucesso do primeiro experimento, o Instituto de Ecologia Aplicada continuou a desenvolver novas tecnologias, melhorando a eficiência do sistema e reduzindo custos (SALATI et al., 2003).

Outros trabalhos sobre a utilização dos jardins filtrantes também foram e estão sendo realizados no Brasil e no mundo, considerando os mais diversos tipos de poluentes. Sendo estes trabalhos considerados de grande progresso na comunidade científica nacional e internacional. O uso de plantas aquáticas tem como vantagens o baixo custo para o plantio, o aprimoramento eficiente dos parâmetros que caracterizam os recursos hídricos e o alto rendimento de biomassa que pode ser utilizada na produção de ração, geração de energia e fertilizantes biológicos.

Estudos realizados por Tavares (2009) que simulava uma zona de lâmina de água superficial contaminada por metais pesados como chumbo (Pb), cádmio (Cd), níquel (Ni) e zinco (Zn) existente em um sistema de wetland construído, a planta aquática Eichhornia crassipes mostrou ter excelente absorção de chumbo e de poder remover Cd em valores de pH da água entre 6 e 9. Assim como trabalhos realizados por Dias, Nascimento e Meneses (2016) que obtiveram bons resultados físico-químico e microbiológicos:  a cor foi reduzida em 95%, a turbidez foi reduzida em 83% e o DBO foi reduzido em 53%, com o despejo de efluente doméstico bruto na Bacia do riacho Mussuré (João Pessoa, PB).

Com todos esses avanços, é inevitável discutir as tecnologias envolvidas, uma delas sobre o uso da planta jacinto-d’água (Eichornia crassipes), que para algumas pessoas são consideradas pragas e, para outras, a solução de seus problemas.

Estudos têm demonstrado que a má fama do aguapé se deve ao seu uso abusivo, o que pode acarretar sérios riscos ambientais. Mauro e Guimarães (1999) mostram que os microrganismos presentes nas raízes dessas plantas produzem mercúrio da forma mais toxica. Para Pompêo (2008), o aguapé possui um sistema radicular que funciona como filtro mecânico e pode ser utilizado de forma controlada, sua biomassa tem diversos usos, incluindo uso como fertilizante, geração de energia (biogás), etc.

Phytorestore Brasil (2018) o wetland construído, além de ser eficiente na despoluição também não possui odor, o que proporciona um espaço que pode ser utilizado como parques públicos e área de passeio, tendo uma função social e elevando a qualidade de vida da população que vive ao seu entorno.

Melo Júnior et al. (2019), asseguram que empresas profissionais já utilizam essa tecnologia de tratamento há décadas, como por exemplo na suinocultura do interior de São Paulo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisas realizadas apontam atualmente que a fitorremediação é uma alternativa promissora para o tratamento de efluentes tanto domésticos quanto os industriais, que estão em desenvolvimento visando uma série de benefícios em grande escala para o meio ambiente e para as futuras gerações.

Além da técnica de jardins filtrante ou wetlands que beneficiem a descontaminação da água através da utilização de plantas aquáticas, se faz necessário estudos mais aprofundados em novas técnicas de fitorremediação utilizando outras espécies de plantas aquáticas que são facilmente encontradas no meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Mário de Souza. Elaboração de projeto, TCC, dissertação e tese: uma abordagem simples, prática e objetiva. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

AKINBILE, C. O., YUSOFF, M. S., SHIAN, L. M. Leachate Characterization and Phytoremediation Using Water Hyacinth (Eichorrnia crassipes) in Pulau Burung, Malaysia. (2012). Journal Bioremediation, v. 16, 2012 – Issue 1. Disponível em: https://doi.org/10. 1080/10889868.2011.628350. Acesso em: 12 set. 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9648: Estudo de concepção de sistemas de esgoto. Comitê Brasileiro de Construção Civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/61140917/NBR-9648-Estudo-de-concepcao-de-sistemas-de-esgoto. Acesso em: 17 jun. 2020.

BIAZÃO, T. C. Utilização de Echinochloa polystachya (Kunth) Hitchc. (POACEAE) na fitorremediação de solo contaminado com petróleo. Dissertação de Mestrado (Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial), Universidade Federal do Paraná – UFPR. Curitiba, 2012. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/ handle/1884/27525/R%20-%20D%20-%20BIAZAO%2C%20THALITA%20COLOMBO. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 30 ago. 2020.

BRASIL. Decreto Estadual nº 8.468, de 8 de setembro de 1976. Aprova o Regulamento da Lei n° 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/ 1976/decreto-8468-08.09.1976.html. Acesso em: 12 jun. 2020.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2005.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/le giabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 05 jun. 2020.

BRASIL. Decreto-lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2007/lei-11445-5-janeiro-2007-549031-normaatua lizada-pl.pdf . Acesso em: 17 out. 2020.

BURLIGA, L. A. SCHWARZBOLD, A. Perifíton: Diversidade Taxonômica e Morfológica. 1. ed. São Paulo: Rima Editora, 2006.

CARRENO SAYAGO, Uriel Fernando; GRANADA TORRES, Carlos Arturo. Projeto, desenvolvimento e avaliação de um sistema de fitorremediação em escala de laboratório usando Eichhornia Crassipes para o tratamento de águas contaminadas com cromo. Tecciencia, Bogotá, v. 12, n. 22, 2017. Disponível em: http://www.scielo.org.co/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1909-36672017000100007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 02 set. 2020.

COSTA, Carla Aparecida Oliveira; JACOB, Raquel Sampaio. TRATAMENTO BIOLÓGICO DE ÁGUAS RESIDUAIS: fossa séptica biodigestora como alternativa ao tratamento de esgoto doméstico. Sustentare, v. 2, n. 2, p. 115-131, 2018.

COOPER, P.F. et al. (Eds.). Constructed Wetlands in Water PollutionControl. Pergamon Press, Oxford, U.K., 1990.

COUTINHO, D. H.; BARBOSA, R. A. Fitorremediação: Considerações Gerais e Características de Utilização. Silva Lusitana. v. 15, n.1, p. 103-117, 2007.

DA MATTA, Julio Cesar et alFitorremediação: O uso de plantas na melhoria da qualidade ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

DE CAMARGO FAXINA, Rudmir Rogerio; BERTOLINO, Sueli Moura; DE AZEVEDO, Lucas Carvalho Basilio. ESPÉCIE DE VEREDA NA FITORREMEDIAÇÃO DE EFLUENTE DE UMA CENTRAL DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS VEGETAIS. Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais, v. 6, n. 1, p. 71-84, 2018.

DIAS, S. F.; NASCIMENTO, A. P. J.; MENESES, M. J. Aplicação de macrófitas aquáticas para tratamento de efluente doméstico. Revista Ambiental, v.2, n. 1, p. 106 -115, 2016.

DINIZ, R. C. CEBALLOS; O. S. B.; BARBOSA, L. E. J. KONIG, M. A. Uso de macrófitas aquáticas como solução ecológica para melhoria da qualidade de água. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.9, (Suplemento), p. 226-230, 2005.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Folder Jardim Filtrante. 2018. Disponível em: https://www.google.com/search?q=jardim+filtrante+embrapa&source= lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjW4qX0uZPeAhUGhZAKHUPhARIQ_AUIDigB&biw=1093&bih=674#imgrc=scBF_a9iPS5ncM. Acesso em: 17 jun. 2020.

ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA, Inc., 2018. Principais comunidades biológicas de lagos de água doce. Disponível em: https://www.britannica.com/science/inland-water-ecosystem/ images-videos/media/288440/38. Acesso em: 23 mai. 2020.

 JIMENEZ, S. R. DAL BOSCO, M. S. CARVALHO, W. A. Remoção de metais pesados de efluentes aquosos pela zeólita natural escolecita – Influência da temperatura e do pH na adsorção em sistemas monoelementares. Química Nova na Escola, vol. 27, nº. 5, p. 734-738, 2004.

JÚNIOR, ARISTON SILVA MELO et al. QUALIDADE NO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO POR WETLAND. INOVAE-Journal of Engineering, Architecture and Technology Innovation (ISSN 2357-7797), v. 7, n. 1, p. 20-39, 2019.

KADLEC, Robert H. et al. Desempenho da qualidade da água em áreas úmidas de tratamento no Imperial Valley, Califórnia. Engenharia Ecológica, v. 36, n. 8, pág. 1093-1107, 2010.

LEONETI, Alexandre Bevilacqua; PRADO, Eliana Leão do; OLIVEIRA, Sonia Valle Walter Borges de. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2, p. 331-348, 2011.

LIMA, Sandovânio Ferreira. Jardim filtrante como alternativa para o tratamento do Riacho Águas do Ferro, antes de seu lançamento na praia de Lagoa da Anta. Caderno de Graduação-Ciências Exatas e Tecnológicas-UNIT-ALAGOAS, v. 3, n. 1, p. 83-94, 2015.

 LIMA, Anita et al. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FITORREMEDIADOR DA MAMONA (Ricinus communis L) UTILIZANDO EFLUENTE SINTÉTICO CONTENDO CHUMBO. HOLOS, [S.l.], v. 1, p. 51-61. 2010. Disponível em: http://www2.ifrn.edu.br /ojs /index.php/HOLOS/article/view/379. Acesso em: 30 maio 2020.

MAURO, J. B. N.; GUIMARÃES, J. R. D. Aguapé agrava contaminação por mercúrio. Ciência hoje, v. 35, n. 150, p.68-71, junho, 1999.

MARQUES, Márjori Brenda Leite; AMÉRICO-PINHEIRO, Juliana Heloisa Pinê. Wetlands: uma alternativa ecológica para o tratamento de efluentes. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 6, n. 41, 2018. Disponível em: https:// amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/gerenciamento_de_cidades/article/view/1875. Acesso em: 30 maio 2020.

MARTINS, Ana P. L. et al. Capacidade da Typha dominguensis na fitorremediação de efluentes de tanques de piscicultura na Bacia do Iraí – Paraná. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 2007, v. 11, n. 3, p. 324-330. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-43662007000300013. Acesso em: 10 jun. 2020.

MARCATTO, A. C. C.; SOUZA, C. P.; FONTANETTI, C. S. Reduction of BOD values of sugarcane vinasse through bioremediation by water hyacinth (Eichhornia crassipes). Toxicology Letters Volume 259, Supplement, 2016, p. S98-S99. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.toxlet.2016.07.246. Acesso em: 15 ago. 2020.

MELO JÚNIOR, Ariston Silva et al. QUALIDADE NO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO POR WETLAND. INOVAE – Journal of Engineering, Architecture and Technology Innovation, v. 7, n. 1, p. 20-39. 2019. Disponível em: http://revistaseletronicas.fmu.br/index.php/inovae/article/view/1848. Acesso em: 30 maio 2020.

MUSEU NACIONAL/UFRJ. Horto botânico – Eichchornia crassipes. Disponível em: http://museunacional.ufrj.br/hortobotanico/aquaticas/eichhorniacrassipes.html. Acesso em: 05 set. 2020.

PI, N et al. Uptake and elimination kinetics of perfluoroalkyl substances in submerged and free-floating aquatic macrophytes: Results of mesocosm experiments with Echinodorus horemanii and Eichhornia crassipes. Water Res. 2017; 117:167-174. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0043135417302580. Acesso em: 01 set. 2020.

PHYTORESTORE BRASIL. UNESCO Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para gestão da água. 2018. Disponível em: https://issuu.com/phytorestore.brasil/docs/unesco_-_sbn_massimiliano_lombardo. Acesso em: 16 jun. 2020.

PHILIPPI JÚNIOR, Arlindo. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. [S.l: s.n.], 2005.

POMPÊO, Marcelo. Monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas. Oecologia Brasiliensis, v. 12, n. 3, 2008. p. 406-424.

POTT, Vali Joana et al. Potencial de uso de plantas aquáticas na despoluição da água. Embrapa Gado de Corte-Documentos (INFOTECA-E), 2002. Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/325560. Acesso em: 02 jun. 2020.

PRATAS, J. et al. Acumulação de urânio em plantas aquáticas (região uranífera das Beiras): possibilidades de bioindicação e fitorremediação Uranium accumulation in aquatic plants: opportunities for bioindication and phytoremediation. e-Terra, v. 9, n. 15, 2010.

 RIBEIRO, Beatriz de Fatima, BLAUTH, Gabrielle Peruch; BEATI, André A. Gutierrez Fernandes. ESTUDO DA EFETIVIDADE DOS JARDINS FILTRANTES NO TRATAMENTO DE EFLUENTES SANITÁRIOS. 2020. Disponível em: https://tratamentodeagua.com.br/artigo/efetividade-jardins-filtrantes-tratamento-efluentes/. Acesso em: 10 maio de 2020.

RODRIGUES, Janaina Vitor; BRANDÃO, Jeane de Fátima Cunha. FITORREMEDIAÇÃO: JARDINS FILTRANTES COMO SOLUÇÃO PARA ÁGUAS CINZAS. Anais do Seminário Científico do UNIFACIG, n. 1, 2017.

 SALATI, Eneida; SALATI FILHO, Eneas; SALATI, Eneida. Utilização de sistemas de wetlands construídas para tratamento de águas. Biológico, São Paulo, v. 65, n. 1/2, p. 113-116, 2003.

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO (SNIS). 2018. Disponível em:  http://app3.cidades.gov.br/serieHistorica/. Acesso em: 15 jun. 2020.

SOUSA, José Tavares de et al. Utilização de wetland construído no pós-tratamento de esgotos domésticos pré-tratados em reator UASB. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 9, n. 4, p. 285-290, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/esa/a/GQ6Mfkn7htmGfqr QXgsFcJN/?lang=pt. Acesso em: 28 maio de 2020.

 STEPHENSON, Chloe; BLACK, Colin R. Um passo à frente, dois passos atrás: a evolução da fitorremediação em tecnologias comerciais. Bioscience Horizons: The International Journal of Student Research, v. 7, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1093/biohori zons/hzu009. Acesso em: 15 set. 2020.

TAVARES, SR de L. Fitorremediação em solo e água de áreas contaminadas por metais pesados provenientes da disposição de resíduos perigosos. Embrapa Solos-Tese/ dissertação (ALICE), 2009.

WATSON, James T.; HOBSON, John A. Considerações de projeto hidráulico e estruturas de controle para áreas úmidas construídas para tratamento de águas residuais. In: Pântanos construídos para tratamento de águas residuais. CRC Press, p. 379-391, 2020.

[1] Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária – FUCAPI.

[2] Graduação em Ciências Biológicas pela Fundação de Ensino Superior de Olinda, Especialização em Micologia-UFPE; Mestrado em Biologia de Fungos pela UFPE e Doutorado em Biotecnologia pela UFAM.

Enviado: Junho, 2021.

Aprovado: Setembro, 2021.

5/5 - (1 vote)
Franciane Soares de Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita