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Análises foliares realizadas por aplicativos em espécies de amoreiras (Morus nigra)

RC: 89092
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

VASQUES, Eltiza Rondino [1], MENEZES, Cristian Amaral Santos [2], MOURA, Annelyse Sanches de [3] , SUDÁRIO, Ana Clara Lacerda [4], SANTOS, Poliana Xavier dos [5], ARAÚJO, Tais de Simone [6]

VASQUES, Eltiza Rondino. Et al. Análises foliares realizadas por aplicativos em espécies de amoreiras (Morus nigra)Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 12, pp. 48-71. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-ambiental/especies-de-amoreiras

RESUMO

Quando as espécies vegetais frutíferas apresentam sintomas de redução de crescimento ou produção ou diferença nas características normais das flores ou na qualidade dos frutos, infere-se estes atributos à deficiência de um ou mais nutrientes. Consequentemente, tais plantas tornam-se mais suscetíveis às pragas e doenças. Pela análise foliar é possível diagnosticar problemas nutricionais, que posteriormente, podem ser confirmados pela análise química de solo. A espécie Morus nigra foi a escolhida para a realização deste trabalho, já que é uma árvore comum nas áreas urbanas e está sujeita aos impactos negativos sofridos pelas espécies arbóreas das grandes cidades. O objetivo deste trabalho foi realizar análises foliares em exemplares de amoreiras (Morus nigra), de quatro localidades do Município de São Paulo e um do Município de Pedreira, no Estado de São Paulo, dando enfoque ao uso de aplicativos que medem área foliar e permitem realizar análise colorimétrica. Além disso, também foi avaliado o percentual de injúrias foliares, considerando influência por ozônio troposférico. Os resultados mostraram que a espécie estudada do município de Pedreira foi considerada a com melhores condições de desenvolvimento da amoreira e do bairro do Ipiranga como a de menores condições. Porém, é preciso ressaltar que para definir que em tais regiões existem condições favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento das espécies arbóreas, é necessário análises mais detalhadas com maior quantidade de espécies analisadas e de amostras foliares.

Palavras-chaves: Morus nigra, amoreira, área foliar, injúrias foliares, colorimetria.

1. INTRODUÇÃO

O estado nutricional de uma cultura pode ser diagnosticado por meio da análise visual de amostras de órgãos das plantas, principalmente folhas. Isto porque existe uma correlação entre os teores de nutrientes no solo e suas concentrações nos tecidos vegetais. As folhas são os órgãos das plantas que melhor refletem seu estado nutricional em determinada condição de solo, clima e manejo para a cultura, identificando casos de deficiência e toxicidade (GUEDES et al, s/d).

A análise foliar permite observar se a planta está ou não bem nutrida e ajuda a distinguir sintomas provocados por agentes patogênicos, daqueles decorrentes por nutrição inadequada (GUEDES et al, s/d).

O objetivo deste trabalho é realizar análises foliares em exemplares de amoreiras (Morus nigra), de quatro localidades do Município de São Paulo e um do Município de Pedreira, no Estado de São Paulo, dando enfoque ao uso de aplicativos que medem área foliar e permitem realizar análise colorimétrica. Além disso, também foi avaliado o percentual de injúrias foliares, considerando influência por ozônio troposférico.

A amoreira é uma planta de origem asiática, que se adaptou bem às condições climáticas brasileiras e muito comum nos quintais das residências e nos jardins dos prédios comerciais e residenciais paulistas. Silva (2019) mostra evidências científicas que comprovam os benefícios fitoterápicos da amora, sendo estes satisfatórios e positivos. Os estudos apresentados concordam sobre a presença de flavonoides, que são antioxidantes e resultados positivos em tratamentos respiratório, do sistema reprodutor feminino e reumatismo e diabetes mellitus tipo II. Ao mesmo tempo, o autor ressalta a importância de uma orientação nutricional para o uso da fruta.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.1 ANÁLISE FOLIAR COMO REFLEXO DO ESTADO NUTRICIONAL DA PLANTA

O estado nutricional das culturas agrícolas pode ser avaliado por processos diretos e indiretos. Pelos processos diretos são determinadas as concentrações reais (análise de tecidos ou da seiva) ou aparentes (análise visual) dos nutrientes. Da ideia de que existe uma correlação entre os teores de nutrientes no solo e suas concentrações nos tecidos vegetais, é possível diagnosticar o estado nutricional de uma cultura analisando-se amostras de órgãos das plantas, principalmente folhas (GUEDES et al, s/d).

A análise foliar permite observar se a planta está ou não bem nutrida e consiste na determinação dos níveis dos diferentes nutrientes em tecidos vegetais, principalmente na parte aérea (folha + pecíolo) recém-formada. Estes órgãos refletem melhor o estado nutricional da planta em determinada condição de solo, clima e manejo para a cultura, identificando casos de deficiência e toxicidade. Também é possível distinguir sintomas provocados por agentes patogênicos, daqueles decorrentes por nutrição inadequada (GUEDES et al, s/d).

A análise foliar é um método preventivo para identificar e corrigir problemas nutricionais ocultos, antes que o crescimento das plantas e a produção de frutas sejam comprometidos (ANTUNES; RASSEIRA, 2004).

De acordo com Kurihara et al (2005), a análise foliar é uma das técnicas utilizadas para a avaliação do estado nutricional das plantas. Sua interpretação permite verificar a ocorrência de deficiências, toxidez ou desequilíbrio de nutrientes. A análise foliar permite o acompanhamento e a avaliação de um programa de adubação e, se for o caso, auxilia no seu ajuste para a próxima safra de culturas anuais, complementando as informações fornecidas pela análise de solo. Tudo isto porque a folha recém-madura é o órgão que, como regra geral, responde melhor às variações no suprimento do nutriente. Kurihara et al (2005) citam que nas folhas, ocorrem as principais reações metabólicas e é onde as alterações fisiológicas decorrentes de distúrbios nutricionais normalmente tornam-se mais evidentes.

A amostragem foliar exige procedimentos cuidadosos, onde devem ser considerados: a época e a idade da planta, a posição da folha na haste e o número de amostras por planta e por gleba. Também não se deve esquecer do encaminhamento da amostra para o laboratório. Na amostragem de uma cultura, deve-se escolher as folhas de acordo com a espécie. As partes das folhas indicadas para análise química devem ser coletadas no local, para evitar a translocação de nutrientes. O material coletado, quando coberto por terra, deve ser lavado no local mais próximo da coleta da amostra e colocado em saco de papel ou de pano para secagem mais rápida, com o objetivo de se evitar o desenvolvimento de agentes patogênicos e/ou saprófitos. As amostras devem estar livres de quaisquer danos ocasionados por pragas doenças e injúrias climáticas (ATELPE, 2012).

2.1.2 ÁREA FOLIAR, PERCENTUAL DE INJÚRIAS FOLIARES (OZÔNIO TROPOSFÉRICO) E ANÁLISE COLORIMÉTRICA

A área foliar é de grande importância na determinação de inúmeros parâmetros fisiológicos (especialmente os relativos ao crescimento e desenvolvimento). Costuma-se considerar a área foliar como a área plana da folha e não a área das faces, ou seja, só se registra a área de uma das faces da folha, para usá-la nos demais cálculos (REIS, 1978).

Esposito (2008), em seu trabalho sobre necroses foliares indicadoras de ozônio atmosférico e defesas antioxidativas em folhas de Nicotiana tabacum, cita que as injúrias foliares provocadas pela exposição ao ozônio podem ser classificadas como agudas – necroses e pontuações – ou crônicas – pigmentação, clorose e senescência prematura. Em muitas plantas, as injúrias provocadas por ozônio são delimitadas nas extremidades das folhas mais jovens, tornando-se mais extensas nas folhas maduras. A autora ainda menciona que folhas ainda em expansão ou que atingiram seu tamanho máximo são mais suscetíveis ao ozônio.

Em seu trabalho, Martinazzo et al (2008) mostram que a colorimetria é a ciência usada para quantificar e descrever numericamente as percepções humanas da cor e especificar pequenas diferenças de cor que um observador pode perceber. Os índices de coloração determinadas pelo colorímetro emprega a escala CIELAB (Comissão Internacional de Iluminantes). A utilização de instrumentos para medição de cor tem a vantagem de eliminar o aspecto subjetivo da avaliação visual. O sistema de cores CIELAB é atualmente o mais utilizado para descrição quantitativa da cor. Nesse sistema, a* varia entre o verde (- a*) e o vermelho (+ a*); b* entre o azul (- b*) e o amarelo (- b*) e L* é a luminosidade que varia entre 0% – negro e 100% – branco.

2.1.3 MERCADO DE PRODUÇÃO DE FRUTAS NO BRASIL

Cavalcanti; Linhares (2021) comentam que, de acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, seguido somente pela China e Índia. Esta posição ocorre graças à extensão territorial do país, às técnicas utilizadas, à sua posição geográficas, além das suas condições pedológica e climática favoráveis. A produção brasileira chega a 44 milhões de toneladas de frutas.

As autoras também citam que, por meio de informações do Comex Stat, um sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro, o Brasil exportou aproximadamente 726 mil toneladas de frutas, de janeiro a outubro de 2020, o que resultou numa receita de US$ 577 milhões. Este volume de exportação supera em 2,8%, os números referentes ao mesmo período de 2019.

Os sabores e as cores das frutas brasileiras são altamente atrativos aos consumidores estrangeiros. Os europeus são os maiores compradores do Brasil, já que as frutas brasileiras são consideradas de excelente qualidade. Em 2019, a Holanda e Reino Unido foram os países que mais adquiriram as frutas do Brasil (CAVALCANTI; LINHARES, 2021).

A fruticultura é uma importante atividade econômica, geradora de renda para o produtor e para o Estado e responsável pela contratação de vasta mão-de-obra, já que os pomares necessitam de especialistas em podas, desbastes, raleio e colheita. Assim, esta atividade consegue gerar mais empregos diretos e indiretos do que qualquer indústria. Há diversas opções de espécies frutíferas com boas perspectivas de comercialização, dentre elas, estão as pequenas frutas como um grupo dos mais promissores. (PIO, 2008).

2.1.4 FRUTAS VERMELHAS OU PEQUENAS FRUTAS

Frutas como morango, framboesa, mirtilo e amora são coletivamente conhecidas como frutas vermelhas ou pequenas frutas. Pequenos frutos geralmente são bagas, pequenas e delicadas, advindas de regiões com clima mais frio. Como características comuns possuem grandes “concentrações de propriedades antioxidantes, são adstringentes, quando consumidos imaturos e ricos em vitaminas A e C, além de flavonoides”. Geralmente caracterizam-se também, por possuírem curto tempo de vida pós-colheita (BARBIERI; VIZZOTTO, 2012).

Porém, não existe uma definição botânica do que sejam as pequenas frutas. Não há um consenso técnico sobre quais são as dimensões que uma fruta deve ter para ser considerada pequena. Isto dificulta esta classificação. Estes termos fazem parte da linguagem informal, para designar frutas com coloração avermelhada ou arroxeada e de tamanho pequeno. Assim, o conceito de pequenas frutas é subjetivo e seu início se deu pela tradução à palavra inglesa berries, que designa popularmente os morangos (strawberries), os mirtilos (blueberries), as framboesas (raspberries), as amoras-pretas (blackberries) e outras pequenas frutas do Hemisfério Norte pouco conhecidas no Brasil, como as groselhas (gooseberries), cranberries e loganberries (BARBIERI; VIZZOTTO, 2012).

As pequenas frutas como as amoras são ricas em substâncias com características antioxidantes e protegem as células do corpo humano dos danos causados por radicais livres, que são altamente reativos e podem levar ao aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis. Assim, são benéficos e recomendados para a dieta humana. Estas substâncias antioxidantes são produzidas naturalmente pela planta e são denominadas fitoquímicos, compostos bioativos, metabólitos secundários ou compostos secundários. Além disso, contribuem com outras características como sabor, aroma e cor das frutas (BARBIERI; VIZZOTTO, 2012).

2.1.5 A ESPÉCIE Morus nigra Linnaeu

A amoreira é uma planta da família Moraceae, de origem asiática, que se adaptou bem às condições climáticas brasileiras. A espécie Morus nigra Linnaeu é a mais abundante no Brasil. Seu melhor desenvolvimento ocorre em solo rico em matéria orgânica e sua frutificação ocorre no período da primavera, que é a época das folhas novas (BOLZAN, 2008).

As folhas das amoreiras são consideradas simples, obovadas, sem simetria e com lobadas em amostras jovens. Em fase adulta, apresentam-se com margens serreadas, superfície superior brilhante, variando de 6 a 12 cm de comprimento e pecíolo de 1 a 2 cm (VANONI, 2006).

O município de São Paulo possui exemplares de amoreira plantadas por todo o seu território. A espécie Morus nigra apresenta-se na lista de espécies indicadas para a arborização de área interna no anexo II do Manual de Arborização do município. Segundo a Prefeitura Municipal de São Paulo (2015), sua altura varia entre 6 e 8 metros. Sua copa é globosa e as folhas, decíduas e o diâmetro do seu caule pode ser de 10 a 40 cm.

A amoreira por ser lenhosa e perene e uma árvore comum nas áreas urbanas, pode sofrer diversas injúrias. Diante disso, foi escolhida com a espécie alvo para as análises foliares avaliadas neste trabalho.

3. METODOLOGIA

O experimento foi realizado a partir da análise foliar de quatro exemplares de amoreiras que se encontravam em diferentes regiões da capital do Estado de São Paulo e um exemplar localizado em outro município deste Estado.

Os locais escolhidos para coleta das folhas foram:

  • Guarapiranga: bairro do distrito de Jardim São Luís, na Zona Sul do município de São Paulo, no estado de São Paulo.
  • Ipiranga: bairro do distrito do Ipiranga, situado na Zona Sul do município de São Paulo, no estado de São Paulo.
  • Jardim Elizabeth: bairro do distrito de Campo Limpo, situado na Zona Sul do município de São Paulo, no estado de São Paulo.
  • Liberdade: bairro localizado nos distritos da Liberdade e da Sé, situado na Zona Central do município de São Paulo, no estado de São Paulo.
  • Pedreira: município do estado de São Paulo, distante 135 km da capital.

A seguir são descritos os procedimentos usados nas análises realizadas nas amostras foliares das amoreiras.

3.1 ÁREA FOLIAR

A área foliar consiste na medição da área da folha. Para a análise da área foliar, foram utilizadas 10 folhas de cada amoreira analisada, uma impressora com escâner e o aplicativo (programa) chamado ImageJ.

O procedimento consiste em escanear as 10 folhas e com auxílio do programa, efetuar o cálculo das suas áreas. Este programa oferece uma análise consistente e simples que pode ser realizada por qualquer pessoa que disponha de um computador e uma impressora.

3.2 PERCENTUAL DE INJÚRIAS FOLIARES

As injúrias foliares podem ser consideradas as degradações que ocorrem com as folhas das plantas, causadas por fenômenos naturais ou pela ação humana. As injúrias foliares avaliam a qualidade do local onde a árvore se encontra.

De acordo com Martins; Rodrigues (2001), “o diagnóstico dos danos causados pelo ozônio sobre as plantas, faz-se pela ocorrência de sintomas, que são quaisquer alterações perceptíveis na aparência, estrutura ou função de um organismo, que indiquem que este não esteja saudável”.

O ozônio troposférico tem esse nome porque se encontra na troposfera (camada atmosférica mais baixa). É o principal poluente responsável por danos às plantas. Com isso, elas se tornam mais suscetíveis a estresses ambientais, como seca, calor excessivo e ataque de pragas e doenças (MARTINS; RODRIGUES, 2001).

O ozônio (O3) é um gás instável, constituído por três átomos unidos por ligações simples e duplas. Por causa de sua alta reatividade, é um elemento tóxico capaz de atacar proteínas e prejudicar o crescimento dos vegetais. O ozônio é produzido naturalmente na estratosfera pela ação fotoquímica dos raios ultravioleta sobre as moléculas de oxigênio. O ozônio, situado a uma altura entre 25 e 30 km de altitude, protege contra a ação nociva dos raios ultravioleta, deixando passar apenas uma pequena parte deles, que se mostra benéfica (SILVA et al, 2014).

O procedimento para se avaliar o ozônio troposférico foi a observação de danos, considerando a má formação das folhas. Para se determinar a porcentagem de injúrias, inferiu-se que, se das 10 folhas analisadas, uma apresentasse pontos escuros, concluir-se-ia que 10% das folhas teriam sofrido com a necrose decorrente do ozônio troposférico.

3.3 ANÁLISE COLORIMÉTRICA CIE- LAB

De acordo com Barros et al (2014), “um dos sistemas mais utilizados para a medição de cores é o sistema CIELAB (Comissão Internacional de Iluminantes), baseado em três elementos: a luminosidade ou claridade, a tonalidade ou matiz e a saturação ou cromaticidade”. Os autores também comentam que estes elementos são obtidos por meio dos parâmetros colorimétricos L*, +a*, -a*, +b*, -b* e C, de acordo com a Figura 1.

Figura 1: Representação do sistema colorimétrico CIELAB

Fonte: Barros et al (2014)

No estudo de Barros et al (2014), os autores citam que a luminosidade (variável L*) é definida pela escala cinza, entre o branco e o preto, assume valor 0 para o preto absoluto, e 100 para o branco total. A tonalidade é expressa pelas cores primárias nas coordenadas do eixo horizontal vermelho-verde (+a*, -a*) e coordenada do eixo vertical amarelo-azul (+b*, -b*) que variam de 0 a 60. A saturação ou cromaticidade (C) é o desvio a partir do ponto correspondente ao cinza no eixo L* (luminosidade). O ângulo de tinta (h*) é o ângulo do círculo derivado dos valores de a* e b*, variando de 0 a 60 para madeiras.

A análise consiste basicamente na avaliação da cor das folhas. Para este procedimento, utilizou-se três folhas aleatórias de cada amoreira de cada região, um celular e os aplicativos Color Grab e Color Meter. Com a ajuda dos aplicativos, efetuou-se a análise colorimétrica das folhas das amoreiras deste estudo.

4. RESULTADOS

Foram recolhidas 50 folhas ao todo (10 folhas da Guarapiranga; 10 folhas do Ipiranga; 10 folhas do Jardim Elizabeth; 10 folhas da Liberdade e 10 folhas de Pedreira).

As figuras 2 a 6 apresentam as fotografias das folhas coletadas em cada local de estudo.

Figura 2 – Folhas de 1 a 10 do Guarapiranga (ordenadas de cima para baixo)

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Figura 3 – Folhas de 1 a 10 do Ipiranga (ordenadas de cima para baixo)

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Figura 4 – Folhas de 1 a 10 do Jardim Elizabeth (ordenadas de cima para baixo)

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Figura 5 – Folhas de 1 a 10 da Liberdade (ordenadas de cima para baixo)

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Figura 6 – Folhas de 1 a 10 de Pedreira (ordenadas de cima para baixo)

Fonte: Dos próprios autores (2020).

4.1 ÁREA FOLIAR

A tabela 1 apresenta a área foliar em cm² (centímetros quadrados) de cada folha recolhida.

Tabela 1: Área foliar (cm²) das folhas das amoreiras nas regiões estudadas.

Locais Área foliar

(cm²)

Guarapiranga

Área foliar

(cm²)

Ipiranga

Área foliar

(cm²)

Jardim Elizabeth

Área foliar (cm²)

Liberdade

Área foliar (cm²)

Pedreira

1 43,92 47,09 50,67 61,59 115,77
2 95,80 34,71 134,62 58,11 63,37
3 60,85 68,91 82,72 63,73 67,28
4 83,79 61,89 101,67 72,89 165,54
5 71,86 43,87 45,43 70,20 202,60
6 85,10 62,75 83,58 61,16 98,86
7 67,51 41,30 65,21 84,94 88,68
8 54,15 44,53 40,24 44,28 133,67
9 36,07 33,27 97,11 54,06 119,35
10 36,44 29,02 81,45 79,81 162,29

Fonte: Dos próprios autores (2020).

A partir dos resultados, é possível afirmar que a espécie localizada no município de Pedreira foi a que apresentou, maior média da área foliar e, consequentemente, uma melhor condição de crescimento (média= 121,74 cm²) (tabela 2 e gráfico 1). Em contrapartida, a que se mostrou com menor média da área foliar e que, possivelmente, não apresenta condições favoráveis ao crescimento da espécie foi a localizada no bairro do Ipiranga (46,73 cm²) (tabela 2 e gráfico 1).

Avaliando o desvio padrão, é possível inferir que as amostras foliares dos bairros do Ipiranga e da Liberdade são as que se apresentaram mais homogêneas. Em relação à homogeneidade dos dados, os da Liberdade, foram os que assim mais se mostraram (menor coeficiente de variação) (tabela 2 e gráfico 2). Os valores que se apresentaram mais distantes da média (maior variância) foram os da espécie do município de Pedreira (tabela 2), assim como os que apresentaram maior variação entre os menores e maiores valores nos dados (tabela 2 e gráfico 3).

Tabela 2: Média aritmética, desvio padrão, coeficiente de variação, amplitude, variância, mediana e erro padrão das folhas das amoreiras nas regiões estudadas.

Local Guarapiranga Ipiranga Liberdade Jardim Elizabeth Pedreira
Média (cm²) 63,55 46,73 65,08 78,27 121,74
Desvio padrão (cm²) 21,00 13,58 12,16 29,05 45,06
Coeficiente de variação (%) 33,05 29,06 18,68 37,11 37,01
Amplitude (cm²) 59,73 39,88 40,66 94,38 139,22
Variância 441,11 184,48 843,67 147,85 2030,46
Erro padrão 6,64 4,29 3,84 9,18 14,24

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Gráfico 1: Média das áreas foliares dos exemplares de amoreiras analisados

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Gráfico 2: Coeficiente de variação (%) das áreas foliares dos exemplares de amoreiras analisados

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Gráfico 3: Amplitude das áreas foliares dos exemplares de amoreiras analisados

Fonte: Dos próprios autores (2020).

4.2 PERCENTUAL DE INJÚRIAS FOLIARES

A tabela 3 apresenta o percentual das injúrias foliares por ozônio. A espécie analisada do bairro Jardim Elisabeth apresentou maior percentual das injúrias foliares por ozônio, o que causa a redução da capacidade das plantas de absorver o gás carbônico que elas necessitam para crescer.

A do bairro do Ipiranga não apresentou injúrias foliares.

Tabela 3: Percentual de injúrias decorrentes do ozônio nas amostras de folhas coletadas.

Local Percentual de Ozônio
Guarapiranga 10%
Ipiranga 0%
Jardim Elizabeth 30%
Liberdade 0%
Pedreira 10%

Fonte: Dos próprios autores (2020).

Gráfico 3: Percentual de injúrias decorrentes do ozônio nas amostras de folhas coletadas.

Fonte: Dos próprios autores (2020).

4.3 ANÁLISE COLORIMÉTRICA CIE- LAB

Na análise colorimétrica, as amostras foram escolhidas aleatoriamente para realizar o teste L A B pelo aplicativo Color Grab. A tabela 6 mostra os resultados da análise colorimétrica.

A análise colorimétrica mostrou que a folha 7 da amostra do Guarapiranga foi a que se mostrou mais luminosa (51,6) e a folha 6 de Pedreira foi a menos luminosa. A folha 11 da amostra do Ipiranga mostrou-se a mais verde, já que apresentou valor -18,2 na variável a. A folha 7 do Guarapiranga mostrou-se mais amarela, pois apresentou valor 55,6, na variável b.

Tabela 6: Resultados da análise colorimétrica.

Local Folhas L a b
Guarapiranga 7 51,6 3,1 55,6
8 16,7 -17,9 20,7
9 16,7 -6,2 21,1
Ipiranga 10 32,7 11,1 41,7
11 26,1 -18,2 33,0
12 24,7 0,8 32,5
Jardim Elizabeth 13 37,8 2,4 44,8
14 21,6 -7,0 22,4
15 23,7 -16,3 30,3
Liberdade 1 24,8 -17,3 23,1
2 14,2 -12 16,9
3 17,3 -16,4 20,4
Pedreira 4 17,2 -17,3 23,5
5 24,9 -16,4 21,0
6 13,7 -16,0 18,5

Fonte: Dos próprios autores (2020).

A espécie analisada do município de Pedreira pode ser considerada como a que apresentou as melhores condições para o desenvolvimento da amoreira, já que suas folhas possuem maiores áreas foliares, baixo índice de injúrias por ozônio e análise colorimétrica mais próxima do verde, nas três amostras de folhas analisadas.

Ao contrário, as folhas coletadas no bairro do Ipiranga mostraram-se como as de menor áreas foliares e as com análise colorimétrica mais próxima do amarelo.

As amostras de folhas coletadas nos bairros do Guarapiranga, Jardim Elizabeth e Liberdade apresentaram índices intermediários que mostram que o desenvolvimento das espécies arbóreas em tais locais ocorre, porém, não em toda sua efetividade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que as folhas da amoreira avaliadas apresentaram áreas foliares diferentes, tornando-as desiguais no quesito desenvolvimento.

Os resultados mostraram que a espécie estudada do município de Pedreira foi considerada a com melhores condições de desenvolvimento da amoreira e o exemplar do bairro do Ipiranga como o de menores condições.

Este trabalho atingiu seu objetivo ao apresentar metodologias realizadas com aplicativos de celulares que permitem calcular área foliar e análise colorimétrica de folhas de espécies vegetais.

Porém, para definir se em tais regiões existem condições favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento das espécies arbóreas, é necessário análises mais detalhadas com maior quantidade de espécies analisadas e de amostras foliares.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Luis Eduardo Correa; RASSEIRA, Maria do Carmo Bassols. Aspectos Técnicos da Cultura da Amora-preta. Pelotas: Embrapa Clima Temperado. Documentos 122, 2004. 54 p. Disponível em:  https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/32426/1/documento-122.pdf  . Acesso em 21/10/2020.

ATELPE. Amostragem de Tecido Vegetal. Atelpe Laboratório, 2012. 8 p. Disponível em: http://www.atelpe.com.br/tecido.pdf . Acesso em 22/10/2020.

BARBIERI, Rosa Lia; VIZZOTTO, Marcia. Pequenas frutas ou frutas vermelhas. Informe Agropecuário, v. 33, n. 268, p. 7-10, 2012. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/69389/1/Rosa-lia-Info-agropec.-p-7-10.pdf . Acesso em: 19/10/2020.

BARROS Sâmia Valéria dos Santos; MUNIZ Graciela Inês Bolzon de; MATOS Jorge Luís Monteiro de. Caracterização colorimétrica das madeiras de três espécies florestais da Amazônia. CERNE, v. 20, n. 3, p. 337-342, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cerne/v20n3/a01v20n3.pdf . Acesso em: 21/10/2020.

BOLZAN, Viviante Cordeiro. Efeito do extrato das folhas da Morus nigra sobre a citologia baginal e níveis plasmáticos de hormônios sexuais femininos em ratas wistar. 2008. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=139290  Acesso em: 24/10/2020.

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[1] Doutora em Ciências (USP), Pós graduada em Gestão Ambiental (FGV), Engenheira Agrônoma e Geógrafa (USP).

[2] Mestre em Tecnologia (CEETEPS), Graduado em Química industrial (Faculdades Oswaldo Cruz).

[3] Pós graduada em Direito e Processo do trabalho com docência para o ensino superior (Escola Superior de Advocacia); Graduada em Direito (Universidade São Judas Tadeu); Técnica em Química (ETEC Getúlio Vargas);Técnica em Meio Ambiente (ETEC Getúlio Vargas).

[4] Técnica em Administração (ETEC Carolina Carinhato Sampaio); Técnica em Química (ETEC Getúlio Vargas); Técnica em Meio Ambiente (ETEC Getúlio Vargas).

[5] Técnica em Química (ETEC Getúlio Vargas); Técnica em Meio Ambiente (ETEC Getúlio Vargas).

[6] Técnica em Química (ETEC Getúlio Vargas); Técnica em Meio Ambiente (ETEC Getúlio Vargas).

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Junho, 2021.

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Eltiza Rondino Vasques

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