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Caracterização e destinação ambiental do lodo gerado pelas Estações de Tratamento de Água – ETAS

RC: 64486
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

COSTA, Edmilton Rodrigues Moraes [1], OLIVEIRA, Ginarajadaça Ferreira dos Santos [2]

COSTA, Edmilton Rodrigues Moraes. OLIVEIRA, Ginarajadaça Ferreira dos Santos. Caracterização e destinação ambiental do lodo gerado pelas Estações de Tratamento de Água – ETAS. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 24, pp. 25-38. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-ambiental/destinacao-ambiental

RESUMO

As Estações de Tratamento de Água são o local onde ocorrem a captação da água bruta e acontece a transformação em água potável ao consumo humano, por meio das operações unitárias e etapas convencionais como a coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. Da qual ao fim desse processo de purificação é gerado um resíduo de partículas sólidas, rico em matéria orgânica e elementos químicos, com grande potencial de contaminação ambiental, nominado de lodo. Em sua grande maioria as E.T.A.s não possuem destinação final para esse resíduo por apresentarem sérios problemas relacionados a questão ambiental e também econômico. Entretanto esse resíduo possui características compatíveis com as diretrizes da PNRS – Lei 12.305/2010 que promove a redução, reuso e reciclagem desse subproduto. Desta maneira este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão bibliográfica, caracterizar o material, descrever as possibilidades de reuso do lodo afim de diminuir os impactos ambientais através da sua utilização. Por fim, baseado nos princípios da sustentabilidade se faz necessário que as ETAs procurem de forma efetiva analisar as propriedades para cada tipo de lodo gerado, sendo também indispensável o controle de qualidade dos produtos resultantes dele. Assegurando desta forma que o reuso do lodo seja de forma coesa e responsável contribuindo sobretudo com a preservação ambiental.

Palavras chaves: ETA, impactos ambientais, lodo, reaproveitamento.

1. INTRODUÇÃO

O crescimento exponencial da população urbana implica diretamente na demanda de produtos, bens e serviços. Acarretando no aumento industrial e na geração de resíduos. Diante deste contexto é viável a procura por alternativas tecnológicas para a reciclagem dos resíduos que são subprodutos de outro processo produtivo (CARVALHO, 2005).

As E.T.A.s acabam utilizando os métodos tradicionais para o tratamento de água transformando em água própria para consumo humano, gerando ao final deste processo como resíduo o lodo. Este resíduo é um amontoado de material orgânico e inorgânico, com alto teor de umidade e de textura pastosa. Tendo como consequência do processo de tratamento uma maior concentração de elementos químicos como alumínio, ferro, magnésio, titânio, silício e partículas orgânicas que são descartados de modo inapropriado impactando de modo negativo o meio ambiente como um todo (TARTARI; DIAZ-MORA; MÓDENES, 2011).

Segundo os autores Richter e Azevedo Netto (2003) os metais pesados podem fazer parte dos sedimentos das águas fluviais em razão dos poluentes que são levados pelo deflúvio superficial urbano e também dos despejos de efluentes industriais das quais as estações se alimentam.

A quantidade de lodo está ligada diretamente a qualidade físico-química encontrada na água bruta e tratada e dos produtos químicos que são utilizados durante o sistema de potabilização e limpeza dos decantadores, lavagem dos filtros e floculadores. Assim, o volume gerado passa a ser proporcional a dosagem de coagulantes utilizada no processo que podem variar entre 0,2 a 5% do volume total da estação.

Para o estudo dos possíveis danos ao meio ambiente é primordial a caracterização dos resíduos gerados na ETA assim como obter uma disposição final apropriada. As ETAs variam de uma estação para outra, pois se diferenciam entre as características do local de captação da água bruta, dos produtos químicos utilizados e do tipo de processo de tratamento que é aplicado (ZANCAN; TONIOLLO; MIOTTO, 2015).

O lodo que é gerado pelas ETAs é habitualmente destinado de forma inapropriada, muitas das vezes exposto ao ambiente e lançados aos cursos d’água adjunto às estações. Entretanto a legislação atual está limitando e por vezes proibindo esta prática. Da qual o lodo é classificado como resíduo sólido segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei 12.305/10 e a NBR 10.004/871 que determinam diretrizes para a reutilização ou reciclagem desses lodos, estando proibido o lançamento de forma in natura nos corpos d’água.

Segundo Oliveira (2019) para resolver os problemas ambientais originados pelo lodo, é preciso promover a criação de novos materiais e de novas ideias constritivas para o sistema de reutilização e reciclagem, ainda que são necessários estudos que permitem a utilização dos resíduos de ETA na indústria de cerâmica.

Considerando as limitações legais que vetam o lançamento destes lodos no meio ambiente e observando os altos custos para envio a aterros sanitários, encontrar um destino final adequado para este lodo é uma das dificuldades de uma ETA. Desta forma algumas pesquisas estão sendo realizadas com a finalidade de encontrar outras opções de destinação final sem causar grandes impactos no meio ambiente. Ainda neste contexto este trabalho tem através de uma revisão bibliográfica a finalidade de apontar as principais alternativas para o reaproveitamento desse resíduo gerado pela ETA.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Para que a água bruta captada dos rios se torne agua potável para consumo, ela precisa passar por alguns processos de purificação nas estações de tratamento de água.

As ETAs são um conjunto de unidades que que de acordo com Andrade et al, (2016) tem por finalidade tratar a água bruta e adequá-la ao consumo humano. Podendo ser pelo modo convencional ou de ciclo completo, com unidades de mistura rápida, floculação, decantação, filtração, reserva e distribuição.

Com grande importância para a economia e para a sociedade o tratamento de água é realizado para vários fins segundo Rodrigues (2012) entre elas:

– Higiênicas: remoção de bactérias e outros microrganismos patogênicos, diminuição de impurezas e de altos teores dos compostos orgânicos.

–   Estéticas:  melhoria do odor, sabor, cor e turbidez.

– Econômicas: diminuição da dureza, cor, corrosividade, ferro e outros elementos químicos presentes.

O processo de tratamento da água mais utilizado no Brasil está representado na figura 1.

Figura 1- Processo convencional de uma ETA.

Fonte: SABESP (2016).

O lodo residual é produzido nas unidades de decantação e de filtração. De acordo com Rodrigues (2012) uma estação de tratamento com processo convencional gera resíduos das limpezas dos decantadores e da lavagem dos filtros, sendo a maior produção de lodo originado dos decantadores visto que são inseridos maior quantidade de floculantes a base de sulfatos de alumínio e ferro.

As propriedades do resíduo modificam de acordo com a qualidade da água bruta captada, dos seus processos unitários e quantidade de produto químico aplicado. A quantidade de lodo gerada varia entre 0,2 e 5,0 do volume de água tratada pela ETA. (CAETANO, 2018).

2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS: CARACTERIZAÇÃO DO LODO DA ETA

As características dos lodos das ETAs são distintas, pois são influenciados diretamente pelas características da água bruta captada e também dos produtos químicos utilizados, assim como a forma que é realizada a limpeza nos decantadores.

A ETA apresenta ao final do seu processo de tratamento um lodo de características não newtonianas, de grande volume e que em estado de repouso apresenta aspecto gelatinoso e ligeiramente liquido quando agitado. O lodo originado nos decantadores após limpeza manual presentam uma alta densidade sólida e os provenientes de decantares com fluxo continuo de lodo e das águas de filtragem apresentam um nível menor de concentração de sólidos (DI BERNARDO; DANTAS; VOLTAN, 2012).

A NBR 10004, classifica os resíduos em sólido e semissólido, desta definição estão englobados os lodos gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, do qual o resíduo da ETA é classificado como classe II A- não inerte, ou seja, que não pode ser desaguado nos rios sem o devido tratamento (ABNT, 2004).

Segundo Richter (2009) os lodos apresentam valores relativos de até 4% de teor sólidos, de 75 a 90% de sólidos suspensos e de 20 a 35% de compostos voláteis, também apresentam hidróxidos de metais dos coagulantes utilizados. Também são encontrados sais diversos, cianobactérias e microrganismos, substancias orgânicas e inorgânicas (FONOLLOSA et al., 2015).

Os sais de alumínio e de ferro são substancias inorgânicas e não biodegradáveis utilizadas no tratamento da água. Os sais de ferro são os agentes coagulantes reagindo na forma de neutralizante das polaridades dos coloides, favorecendo a formação dos hidróxidos de ferro não solúveis. Os mais utilizados são o sulfato de alumínio, sulfato férrico e cloreto férrico, das quais os hidróxidos desses elementos químicos se precipitam produzindo resíduos, sendo este uma das principais apreensões das estações de tratamento que buscam melhorar o processo e minimizar a quantidade de resíduos (KLOC; LAIRD, 2017).

De acordo com Scalize et al. (2012) o sulfato de alumínio é um outro coagulante muito comum utilizado nas estações de tratamento, sua melhor eficiência se dá com o aumento da temperatura da água que ocorre na maior parte do dia. No entanto para Richter (2009) o lodo de sulfato de alumínio apresenta características de acordo com a tabela 1 e o lodo originado da coagulação utilizando os sais de ferro apresentam valores aproximados, diferindo apenas o valor do potencial de hidrogênio (pH) conforme a tabela 2.

Tabela 1 – Propriedades do lodo de sulfato de alumínio

Sólidos totais (%) Al2O3.5,5H2O

(%)

Inorgânicos

(%)

Matéria orgânica

(%)

pH DBO (mg/l) DQO (mg/l)
0,1 – 4 15 – 40 35 – 70 15 – 25 6 – 8 30 – 300 30 – 5000

Fonte: Richter (2009).

Tabela 2 – Propriedades do lodo de sais de ferro

Sólidos totais (%) Fe (%) Voláteis (%) pH
0,25 – 3,5 4,6 – 20,6 5,1 – 14,1 7,4 – 9,5

Fonte: Richter (2009).

No Brasil (2011) a resolução 430/2011 do CONAMA que determina valores máximos permitidos dos metais presentes no lodo de ETA e tem como destino os efluentes, de acordo com a figura 2.

Figura 2 – Padrão dos metais presentes no lodo de ETA.

Fonte: CONAMA (2011).

Estudos apontam que o cádmio causa efeitos indesejados aos animais, plantas e seres humanos depois de absorvido pode ser encontrado nas células sanguíneas. Pode se acumular nas plantas e animais afetando o homem por meio da alimentação e acumulando-se nos rins e no fígado (FERNANDES et al., 2014).

O chumbo é dos contaminantes ambientais mais comuns e tóxicos para os seres vivos, onde se acumula no organismo formando ligações covalentes dos grupos sulfídricos, amino e carboxílicos (MOREIRA; MOREIRA, 2013). Já o nível de toxidade do alumínio é uma das limitações de plantas em áreas de importância agrícolas causando a inibição do desenvolvimento das raízes das plantas (ECHART; CAVALLI-MOLINA, 2001).

O mercúrio é encontrado em sua forma de cátion associa-se a partículas suspensas, que se depositarão nos corpos d’água, que por meio da ação dos microrganismos acabam sendo convertidos em uma substancia neurotoxica, o metil mercúrio que acaba sendo acumulado no tecido adiposo (LIMA; MERÇON, 2011).

Apesar do ferro ser um micronutriente essencial para os crescimentos das plantas, ele em excesso pode ocasionar o acumulo de espécies ativas de oxigênio, diminuindo seu crescimento. Os níveis elevados de ferro em sua grande maioria não chegam a ser um problema nos solos, salvo em lugares onde ocorre a extração ou beneficiamento de ferro (JUCOSKI et al., 2016).

2.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

No Brasil há uma legislação que engloba apenas os assuntos envolvidos com o meio ambiente.

O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) é instituída pela Política Nacional do Meio Ambiente e regido pela Lei nº 6.938 /81, da qual promove ações para a gestão ambiental no país, e é formado pelos órgãos e entidades da União que são encarregados pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Tem o objetivo de determinar e expor ao poluidor o dever de indenizar ou recuperar os danos ambientais causados pelo mesmo, cabendo ainda ao Ministério Público propor ações de compromisso civil pelos danos causados e obriga a elaboração de estudos e relatórios de impacto ambiental (BRASIL, 1981).

A PNRS lei nº 12.305 de 2010 regulamenta o incentivo a não geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos, assim como a destinação correta dos rejeitos. Em linhas gerais resíduos sólidos é aquilo que tem todas as alternativas findadas para haver tratamento e/ou recuperação por meios de processos tecnológicos e financeiramente viáveis, não obtendo outra viabilidade que não seja a destinação adequada no meio ambiente (BRASIL, 2010).

Esta legislação tem o objetivo de sugerir o reaproveitamento dos resíduos e diminuir os impactos ambientais gerados, viabilizando o uso dessa matéria-prima por longos períodos a baixo custo.

Segundo Cunha et al. (2019) o lodo de ETA é disposto como rejeito e na sua maior parte acaba sendo inserido no mesmo corpo d’ água que ocorre a captação da água bruta. Esse lançamento acaba por promover muitos problemas ambientais, e se opõe ao artigo 54 da lei nº 9.605/98 que determina que esses resíduos oriundos de ETAs lançados nos corpos d’ água sem autorização dos órgãos ambientais pertinentes é caracterizado como crime ambiental que atribui a poluição e prejuízos ao ambiente aquático (ACHON; BARROSO; CORDEIRO, 2013).

3. DISCUSSÃO TEÓRICA

3.1 ALTERNATIVAS PARA A DESTINAÇÃO DO LODO GERADO PELA ETA

Algumas pesquisas realizadas apontam algumas estratégias alternativas para a destinação e reaproveitamento do lodo e tem tido grande importância no desenvolvimento de novas formas de reaproveitamento, de baixo impacto ambiental e desenvolvimento sustentável.

De acordo com Gomes (2019) as formas de reaproveitamento que mais se destacam são as áreas: Industrial na fabricação de tijolos e cerâmicas, de agregado leve para construção civil e na produção de cimento. E na área agrícola atuando como fertilizando orgânico na compostagem e recuperação de áreas degradadas.

3.1.1 FABRICAÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS

O tijolo solo-cimento possui consistência endurecida resultado da prensagem manual ou hidráulica e cura da mistura de areia, argila, cimento e água. E um material de construção que causa atração por causa de seu baixo custo de produção, pois seu processo não possui o processo de queima que gera um grande consumo de energia (RODRIGUES, 2012).

A composição físico química do lodo de ETA acaba fazendo com que ele seja visto como uma opção de material na fabricação dos tijolos, pois suas propriedades se equiparam as da argila, principal ingrediente da fabricação de tijolos solo-cimento.

A indústria de tijolos é uma das que se sobressai quando se trata da reciclagem de resíduos industriais e urbanos, pois além de possuir um alto volume de produção ainda favorece a incorporação de novas substancias. Incorporando o lodo na matriz dos tijolos ecológicos acaba favorecendo na economia de matéria-prima não renovável e contenção no consumo de energia (DINIZ; MELO, 2019).

Ainda neste contexto Diniz e Melo (2019) consideram que a quantidade anual de lodo gerado pode reduzir significantemente o uso de argila e os consequentemente os impactos ambientais causados pela sua extração, como desmatamento da vegetação nativa, poluição do ar e extinção das jazidas de argila.

3.1.2 PRODUÇÃO DE AGREGADO LEVE PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

As propriedades do lodo de ETA são bem semelhantes as qualidades dos materiais utilizados na confecção dos tijolos, blocos de concreto e argamassa apresentando características físicas e químicas semelhantes a argila natural e xisto que são usados na fabricação desses materiais (ZANCAN; TONIOLLO; MIOTTO, 2015).  Desta maneira as grandes quantidades de lodo utilizados podem mitigar tanto a quantidade destas matérias primas quanto postergando a vida útil das jazidas naturais.

Os elementos mais utilizados na fabricação de cimento são o calcário, xisto e argila. Cerca de 80% da composição do cimento corresponde ao calcário, e em baixas concentrações são adicionados o ferro, sílica e alumínio. Para diminuir esta deficiência é somado argila, xisto, ferro e bauxita. Os lodos de ETAs resultantes do uso de coagulantes possui todos esses elementos e são adicionados a composição do cimento, na fase de pré- homogeneização das matérias-primas (TSUTYA; HIRATA, 2001).

Ainda neste contexto vale ressaltar que as características do lodo podem afetar a qualidade do produto e até mesmo impedir seu uso na fabricação são alto teor de matéria orgânica, carvão ativado, permanganato de potássio e metais pesados (ZANCAN; TONIOLLO; MIOTTO, 2015).

Segundo Godoy (2013) o lodo transformado em cinzas quando incorporado a fabricação do cimento possui grande vantagem na redução dos custos de produção, sendo que o cimento é o item mais caro da fabricação do concreto. Sendo viável a substituição de até 35% do consumo de cimento pelo lodo calcinado.

3.1.3 FERTILIZANTE ORGÂNICO E COMPOSTAGEM

Uma técnica viável para a disposição final do logo é a de espalhar o lodo no solo natural ou na agricultura principalmente quando o lodo gerado é o de sulfato de alumínio, que atua sobre o solo deixando-o mais poroso, com maior teor de umidade e coesividade (BATALHA, 2012).

De acordo com Godoy (2013) o uso do lodo como fertilizante agrícola tem sido a melhor alternativa de reaproveitamento, pois impacta diretamente o uso dos recursos naturais que são usados para fabricação dos fertilizantes, entretanto este lodo deve ter suas qualidades físicas, químicas e biológicas asseguradas sem ocasionar risco de contaminação.

Zancan; Toniollo e Miotto (2015) destaca que apesar do lodo ser um dos recursos alternativos que promovem a redução de custos, se faz necessário controlar a sua aplicação pois o uso indiscriminado e não regulamentado pode promover a poluição dos solos, níveis altos de toxidade nas plantas e até risco a saúde pública.

A aplicação no solo de modo controlado tem como benefício a melhora na qualidade do solo, com o ajuste de pH, adição de minerais, aumento da retenção de água e uma melhor aeração (BATALHA, 2012).

3.1.4 RECUPERAÇÃO DE SOLOS DEGRADADOS

Estudo realizados por Silva, Melo e Teixeira (2005) apontam que a adição de forma controlada do lodo de ETA em solos degradados pela mineração, aumentam a sua capacidade de fertilização e seu teor de micronutrientes, pH e também as proporções de cálcio e ferro. Mostrando-se um método de aplicabilidade satisfatória para a recuperação desse tipo de solo.

4. METODOLOGIA

O estudo teve a revisão bibliográfica como estratégia, que de acordo com Pádua (2019), tem como foco principal levantar, selecionar, analisar e interpretar as informações e contribuições teóricas que envolvam a temática sobre o tratamento de água, a legislação atual e as possíveis destinações para o lodo gerado na ETA, que se enquadrem nos padrões determinados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei nº 12.305 (BRASIL, 2010). Para este fim utilizou-se como referências o uso de artigos, periódicos, revistas, sites e leis pertinentes a temática abordada.

Foi dado ênfase em compreender e apontar as principais alternativas de disposição final do lodo de ETA de modo a minimizar os efeitos causados no meio ambiente como um todo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A opção para reuso do lodo de ETA deve ser realizada de forma sistemática, pois acabam tendo fatores que contribuem para a diversificação das suas propriedades dificultando a padronização. Desta maneira cabe ao gestor analisar qual seria a melhor opção de destinação baseando-se nas condições especificas da sua estação de tratamento.

A caracterização dos resíduos da ETA é fundamental para a avaliação dos possíveis impactos causados no meio ambiente, assim como métodos de remoção e destinação final. As caraterísticas físicas interferem desde do manejo até o destino final e a característica que mais influência no destino final e um possível reaproveitamento, são as químicas.

Apesar do lodo possuir características apontadas como toxicas, sua destinação deve obedecer às diretrizes da Política nacional dos Resíduos Sólidos lei nº 12.305/2010. Assim a utilização para produção de mudas ornamentais e para a produção de matérias – primas como os “tijolos ecológicas” que suportam a alta concentração dos metais presentes no lodo, acabam esbarrando na complexidade da temática, visto que não podemos estabelecer essas opções como padrões para o reaproveitamento do lodo, pois alguns critérios precisam ser melhores estudados, tanto por meio de análises laboratoriais quanto na logística.

REFERÊNCIAS

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[1] Graduando do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária – FUCAPI, Técnico Agrícola do Trópico Úmido – EAFAM (2003).

[2] Orientadora. Graduação em Ciências Biológicas pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (1985), Especialização em Micologia-UFPE; Mestrado em Biologia de Fungos pela UFPE (2003) e Doutorado em Biotecnologia pela UFAM (2011).

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Edmilton Rodrigues Moraes Costa

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