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Professor do Ensino Fundamental: Formação para o Futuro [1]

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CONTEÚDO

SILVEIRA, Cristiane Henrique da Silva [2], DIAS, Cátia de Castro [3]

SILVEIRA, Cristiane Henrique da Silva; DIAS, Cátia de Castro. Professor do Ensino Fundamental: Formação para o Futuro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 01, Vol. 02, pp. 34-48, Janeiro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

O professor é o mediador entre o conhecimento e o aluno, envolvendo-se intimamente na formação de seu futuro; sua intervenção, bem como dos demais profissionais dos centros de ensino, é fundamental para compor um ambiente eficaz de formação escolar. O tema revela seu valor de pesquisa mediante a proposta de análise dos métodos de ensino e formação dos professores da rede de Ensino Fundamental, pois além de averiguar sua grade de formação, estabelece-se uma relação entre a teoria e prática de sua concretização profissional. Os anos iniciais são uma fase essencial no desenvolvimento integral do indivíduo: os estímulos que a criança recebe nos primeiros anos definem seu sucesso ou fracasso na vida escolar. O objetivo geral da pesquisa é analisar a formação dos professores para os anos iniciais. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, com busca de artigos publicados em bases on-line de dados científicos. O professor dos anos iniciais encontra-se em uma realidade desafiadora, pois os cursos de formação inicial, por vezes, são precários, frágeis e/ou desatualizados no que tange à formação de pensamentos críticos e reflexivos, que respondam à altura os desafios que surgirão na vida do educando. É premente a necessidade de políticas públicas voltadas para a valorização do professor, com foco primordial em sua grade de formação, bem como remuneração adequada, estímulos constantes ao desenvolvimento profissional e melhorias nas condições laborais.

Palavras-Chave: Educação Primária, Formação Educacional, Professor.

INTRODUÇÃO

O docente é um formador de si mesmo, bem como de seu processo histórico, sendo que por meio de sua ação é que há a formação da sociedade. O professor é a ponte entre o conhecimento e o aluno, envolvendo-se intimamente na formação de seu futuro. Assim sendo, pode ser afirmado que a influência dos professores, e dos demais profissionais dos centros de ensino, é fundamental para compor um ambiente eficaz de formação escolar. O processo educacional ocorre em situações cotidianas vividas em comunidade; entretanto, ela acontece efetivamente na escola, visto que neste ambiente a construção do conhecimento é realizada de forma metódica e organizada.

Neste contexto, o docente precisa saber lidar com as diferenças e a personalidade de seus alunos. A formação do docente para os anos inicias é tema recorrente nas discussões sobre a importância da educação escolar e seus reflexos na vida do educando. Historicamente, a educação brasileira é marcada pelo descaso, principalmente no ensino para as classes populares e nos primeiros anos de escolarização. A precariedade na qualidade do ensino desenvolvido nas escolas brasileiras é crítica, embora sejam atingidos índices notáveis de universalização da oferta do ensino fundamental.

Neste contexto, o estudo norteia-se pela seguinte indagação: professores dos anos iniciais estão realmente prontos para lidar com as pequenas mentes infantis e prepará-las?

O objetivo geral da pesquisa é analisar a formação dos professores para os anos iniciais. Como objetivos específicos elencam-se: analisar a formação do professor dos anos iniciais ao longo da história; avaliar a grade de formação do professor dos anos iniciais; estabelecer uma relação entre teoria e prática desse professor.

A constituição de uma escola na qual os anos iniciais sejam aplicados de forma democrática, crítica e reflexiva é dos principais objetivos a ser atingido. Desta forma, identifica-se a importância da reflexão sobre o desenvolvimento proporcionado pelo professor, de modo que o próprio aluno se torne agente do processo de transformação, pensando, decidindo e modificando para melhor o ambiente escolar.

O tema revela seu valor de pesquisa mediante a proposta de análise dos métodos de ensino e formação dos professores da rede de Ensino Fundamental, pois além de averiguar sua grade de formação, estabelece-se uma relação entre a teoria e prática de sua concretização profissional. Os anos iniciais são uma fase essencial no desenvolvimento integral do indivíduo, visto que os estímulos que a criança recebe nos primeiros anos definem seu sucesso ou fracasso na vida escolar, bem como contribuem para seu desenvolvimento integral.

O estudo e capacitação para uma gestão democrática escolar, com a utilização de materiais didáticos e formação dos profissionais que atuam na escola, é determinante para a qualidade social da educação. Neste cenário, o estudo das diretrizes e políticas voltadas atualmente para o sistema de ensino é indispensável para a identificação dos fatores negativos e positivos vivenciados na formação do docente para os anos iniciais.

O estudo será composto por três seções, delineadas conforme a temática proposta e concretizada de forma didática, beneficiando um possível leitor do trabalho em sua compreensão e formação.

O primeiro capítulo resgata o processo histórico do ensino, especificadamente a formação do docente dos anos iniciais, sua relevância no decorrer dos tempos e as políticas e diretrizes atuais. O segundo capítulo delineia a grade dos professores dos anos iniciais, seus pontos positivos e negativos, bem como as consequências na formação dos alunos. O terceiro capítulo correlaciona a teoria e a prática, englobando o dia a dia do professor, suas dificuldades e impulsos ao lecionar.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente estudo foi a revisão bibliográfica, com busca de artigos publicados em bases on-line de dados científicos, como o Google Acadêmico e em sites das Universidades da PUC e UFMG. A coleta de dados web-bibliográfica, realizada entre abril e julho de 2017, norteou-se pela utilização das palavras-chave: educação Fundamental I, formação professor Fundamental I. Para seleção das fontes considerou-se como critério as bibliografias que abordam o papel do professor na formação dos alunos nas séries iniciais.

Para chegar aos resultados esperados através da pesquisa em apreço, foram analisados e discutidos estudos, abordando todas as nuances da docência durante o 1º ao 5º ano escolar, bem como os reflexos do aprendizado adquirido neste período para a formação no futuro.

1. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS AO LONGO DA HISTÓRIA

A sociedade humana desenvolveu-se com o decorrer dos tempos, assim como a aprendizagem. Cada contexto social depreendia uma atividade de ensino diferente, ou até mesmo sua omissão.

Na era dos primatas, a aprendizagem era realizada de forma espontânea. As crianças e os adolescentes aprendiam através da imitação, observando o que os mais velhos faziam em suas atividades essenciais, tais como: pesca, caça, plantio, colheita, etc. Diversos acontecimentos das “tribos” ou “comunidades” tornavam-se parte da educação dos jovens, sendo estes treinados para observação de fenômenos meteorológicos, rituais sagrados e preparados para a guerra (PACIEVITCH, 2017).

Em tempos antigos a prática escolar de ensino-aprendizagem era apenas passiva-receptiva, especificadamente pautada na memorização. A compreensão era reduzida, sendo o ensino baseado na concepção de que o ser humano seria semelhante ao barro ou à argila, sendo modelado à vontade. Aristóteles, notável filósofo grego, defendia esta teoria, afirmando que o pensamento humano era como uma tábua lisa, um papel em branco onde tudo podia ser impresso (SOUZA; SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

A alfabetização era ensinada como se aprende um ofício manual, através da repetição de exercícios, cada vez elevando-se o nível de dificuldade. O estudo da Literatura, História, Gramática, Geografia e teoremas relacionados à Física e Biologia foram, durante diversos séculos, ensinados pela recitação de cor. Desta forma, os conhecimentos adquiridos eram, de certa maneira, reduzidos. O professor utilizava o método de perguntas e repostas para que o aluno pudesse repetir o que foi repassado de forma correta e adequada. É o denominado método catequético, originário no ocidente da Grécia Antiga. Assim, a compreensão estava relegada a um segundo plano, sendo o discente elencado em um plano de “não assimilação” do assunto estudado, mas sim de respostas mecânicas, de forma não inteligente (SOUZA; SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

Em contrapartida, a educação oriental estava associada à organização social estabelecida, com escrita sistematizada criada por estes povos. No Egito Antigo, as crianças começavam a frequentar instituições de ensino a partir dos 6 á 7 anos, aprendendo a ler, escrever e contar. Havia escolas superiores ou eruditas, nas quais se aprendia astronomia, matemática, música, poesia, dentre outras. A educação dos povos hebreus baseava-se nas escrituras sagradas (Tora e Talmud) e possuía a duração de 10 (dez) anos. Entre os hindus, a aprendizagem era restrita às castas superiores. O ensino era, geralmente, responsabilidade dos pais, sendo baseado nos textos Vedas (PACIEVITCH, 2017).

Após o século XV, na Era Renascentista, a educação torna-se humanista. Assim, o pensamento livre e crítico entra em foco, com estudos do latim e do grego, além da valorização das atividades físicas. Posteriormente, século XVI, o ensino surge com faceta religiosa, seja católica ou protestante. A Companhia de Jesus, organização fundada por Inácio de Loyola, foi ferrenha oposição ao Protestantismo. Os jesuítas, ordem religiosa ainda existente, foi uma das responsáveis por difundir o cristianismo por meio da educação durante muitos séculos (PACIEVITCH, 2017).

Embora esse ensino de caráter verbal, baseado na repetição de fórmulas já prontas, tenha predominado na prática escolar por muito tempo, vários foram os filósofos e educadores que exortaram os mestres, ao longo dos séculos, a dar mais ênfase à compreensão do que a memorização. […] Segundo João Amos Comenius, dentre as obras criadas por Deus, o ser humano é a mais perfeita. Dada sua formação cristã, Comenius acreditava que o fim último do homem é a felicidade eterna. Assim, o objetivo da educação é ajudar o homem a atingir essa finalidade transcendente e cósmica, desenvolvendo o domínio de si mesmo através do conhecimento de si próprio e de todas as coisas. Segundo ele, ao ensinar o professor deve: apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando; mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e sua aplicação na vida diária; fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às causas; explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes (SOUZA; SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

Através da base filosófica e científica de estudiosos como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Isaac Newton, René Descartes e Jean-Jacques Rosseau, a educação moderna consagrou-se. Para Rosseau, a liberdade, a experiência, a diferenciação entre criança e adulto são pressupostos para a educação, sendo esta integral, atendendo aspectos físicos, intelectuais e morais. Entretanto, para o citado filósofo, cada aluno deveria ter apenas um educador. Suas ideias foram inspiradoras para pensadores modernos, como Pestalozzi (PACIEVITCH, 2017).

Pestalozzi acreditava que o ser humano nascia bom e que o caráter de um homem era formado pelo ambiente que o rodeia. Sustentava que era preciso tornar esse ambiente o mais próximo possível das condições naturais, para que o caráter do indivíduo se desenvolvesse ou fosse formado positivamente. […] a educação era um instrumento de reforma social. Ele pregava a educação das massas e proclamava que toda criança deveria ter acesso à educação escolar, por mais pobre que fosse seu meio e que suas condições fossem limitadas. (SOUZA; SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

A educação nacional contém resquícios da Revolução Francesa (século XVII), ao determinar ser responsabilidade estatal o estabelecimento da escola primária universal, gratuita e obrigatória, visando à consciência patriótica. Hodiernamente, ressalta-se a educação democrática (PACIEVITCH, 2017).

As primeiras tentativas de formar um professores por uma base universitária aconteceram em instituições isoladas, como o Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1960, e, anos depois, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAM), em São Paulo. Na primeira metade da década de 80, a Universidade Federal de Goiás e a Universidade do Vale dos Sinos originaram a habilitação destinada à formação de professores de séries iniciais. (VALMORBIDA, 2008, p.19)

O histórico da educação brasileira, entre o século XIX e XX, demonstra um tradicional descaso com a educação, principalmente no que tange às classes populares. Atualmente, atingiram-se elevados índices da oferta universal do ensino fundamental; entretanto, o nível da qualidade de ensino é crítico. A constituição de um ambiente escolar público dos anos iniciais democrática, inclusiva e reflexiva é um dos principais desafios a ser transpassado. O principal objetivo do professor, neste cenário, é primordial para que o ambiente escolar seja recriado como espaço de formação cidadã e individual (LIMA, 2012, p.149).

A institucionalização da formação de professores, durante toda sua história, enfrentou obstáculos para ser reconhecida enquanto ciência. Contudo, as preocupações atuais vão além, focando-se na formação profissional. Embora as políticas educacionais superiores determinem os programas acadêmicos, no curso de formação de professores, ainda não definem quais são os conhecimentos profissionais pretendidos pelo educador para serem construídos durante sua trajetória de formação. (VALMORBIDA, 2008, p.18)

Perante o exposto, constata-se que, embora o ensinar seja uma atividade realizada em quase todas as partes do mundo desde a Antiguidade, ainda há um campo aberto e vasto para investigação e pesquisa, de forma que se assimilem melhor os conhecimentos e experiências necessários para que o professor possa bem exercê-la.

2. A GRADE DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS

O professor, por meio de seu trabalho, é um mediador entre o conhecimento e o educando. Sendo assim, o profissional da educação deve envolver-se com seus alunos, buscando compartilhar o caminho da busca do saber. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.2). Com um grande papel na história, o educador possui a prerrogativa de intervir, através de seu trabalho, na transformação social, pois sua formação tem como intuito a preparação de outras pessoas, sendo assim uma atividade bastante complicada, que necessita formação rígida e de maior qualificação, não somente inicial, mas sim contínua e que possibilite diversas formas de superar os diversos desafios existentes no contexto educacional. (LIMA, 2012, p.149)

Abordar a temática atinente ao papel dos centros de ensino nos dias atuais é também repensar como a educação transformou-se de uma mera transmissão de conteúdos para a formação de uma cultura democrática e cidadã, englobando princípios e diretrizes de formação para a vida, transformando o discente em um agente reflexivo em todos os níveis de atuação em sociedade. Como consequência das diversas modificações existentes na trajetória histórica educacional, as bases educativas ocupam lugar de destaque, sendo a qualidade na preparação do professor o eixo central na construção do processo educativo. Esta formação não pode se distanciar do compromisso primordial da docência que é a investigação e a produção intelectual qualificada em diversas áreas do conhecimento. (BARBOSA; MAIA, 2012, p.5)

O professor dos anos iniciais é denominado polivalente, de modo que ensina, de forma geral, em diferentes áreas do saber (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, etc.), sendo esta tarefa árdua e desafiadora. O principal papel deste profissional é a formação continua do aluno, enfatizando a alfabetização, ou seja, o ensino da literatura e gramática, bem como o contar, envolvendo principalmente as áreas de Língua Portuguesa e Matemática. (LIMA, 2012, p.150-151)

Os anos iniciais são uma etapa muito importante para a formação do aluno, pois os estímulos que as crianças recebem no decorrer deste tempo determinam seu sucesso ou fracasso educacional, bem como contribuem para seu progresso nas mais variadas áreas. Diante do exposto, os materiais didático-pedagógicos, a gestão escolar e a formação do corpo docente devem ser pautados pela evolução crítica e criativa, com foco no pleno exercício da cidadania. O aluno deve ser valorizado como produtor do conhecimento, juntamente ao seu professor. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.3)

Na composição do currículo – escolha de disciplinas e atividades – um critério importante são os conhecimentos que se pretende que o aluno construa ao longo do curso. Nesse sentido, a atuação profissional será o norte, pois os conhecimentos profissionais tratam sempre de alguma relação com a atuação e, portanto, não podem ser aprendidas apenas pela comunicação de ideias. (VALMORBIDA, 2008, p.20)

Cabe ao docente aprimorar o tema a ser ministrado em aula e saber repassa-lo a seus alunos de acordo com à necessidade dos alunos e principalmente ao seu contexto social, de forma que estabeleça uma prática de investigação crítica e reflexiva sobre seu próprio trabalho. A docência é determinada como um campo de conhecimento específico, que se configura em variados aspectos.

Os programas de formação inicial devem dispor de subsídios para que os professores reflitam sua própria prática educacional, desenvolvendo sua autonomia em mobilizar conhecimentos técnicos e buscar instrumentos em seu planejamento, alcançando as metas traçadas, englobando o “além sala de aula”. O professor que busca, em sua formação docente integrada, uma visão democrática que relacione a educação com a realidade social alcança o objetivo de educar para emancipar as pessoas, modificando e promovendo o desenvolvimento social e profissional, rompendo com paradigmas obsoletos. (BARBOSA; MAIA, 2012, p.8)

A docência é envolvida por uma gama de funções diversificadas, conforme Libâneo, Oliveira e Toshi (2003) e Tardi e Lessard (2005) ambos citados por Lima (2012, p.150), sendo sintetizadas a seguir:

Relação como ensinar, que envolve a relação com o aluno e seu acompanhamento, a preparação do planejamento do ensino (objetivo, conteúdo, metodologia e avaliação) e a gestão do ambiente escolar. Cabe ao docente aprimorar seus conhecimentos sobre diversos conteúdos, saber repassa-lo, relacionando o ensino à realidade vivida pelo aluno e a seu contexto social. Desenvolvimento pessoal e profissional, que consiste em pensamentos, críticas, debates sobre sua própria formação e ações educativas consistentes. Tudo isso auxiliado por leituras e participação em palestras, congressos, associações, profissionais e sindicatos, dentre outros espaços, que contribuam significativamente para sua formação contínua, possibilitando ao professor o exercício da investigação crítica e reflexiva sobre sua própria didática de trabalho, possibilitando uma ação docente transformadora. Gestão educacional, que aborda a atuação docente na organização e gestão da escola, mediante a participação crítica e consciente: na construção coletiva do projeto pedagógico e na elaboração dos planos de ensino, nos conselhos de classe e da escola; na Associação de Pais e Mestres, na organização de reuniões com pais. (LIMA, 2012, p.149)

A aprendizagem ocorre em diversos espaços sociais, sendo a escola a responsável por proliferar este conhecimento de forma sistêmica. Dessa forma, é notória a necessidade de reflexão sobre o desenvolvimento do pensar, decidir e participar do docente, visto que ele é um agente de transformação. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.3)

É preciso que os modelos pré-estabelecidos de aprendizagem sejam reavaliados, tentando-se assimilar como o educador organiza seu ensinar, quais argumentos utiliza para justificar suas “verdades” no interior da sala de aula. Em síntese, quais conhecimentos o professor mobiliza. A sociedade atual é propulsora do questionamento de “verdades indiscutíveis”, repensando-se os caminhos já trilhados pela educação, transformando o ensinar em algo humano, acessível a todos, de forma que contribua para o desenvolvimento do indivíduo. (VALMORBIDA, 2008, p.18)

3. TEORIA E PRÁTICA NA DOCÊNCIA

A docência, assimilada em uma análise da atividade do professor, modifica-se juntamente com a sociedade, constituindo-se e transformando-se no cotidiano da vida em comunidade; através da prática, objetiva a metamorfose de uma realidade, partindo-se dos desejos e necessidades práticas do homem social. A docência é rica e complexa, necessitando principalmente de um profissional qualificado para bem exercê-la. Para Pimenta (1999), a identidade profissional é construída a partir da significação social da profissão. A atividade docente, no seu cotidiano, é formada a partir de valores, representações, saberes e rede de relações com os demais professores. A autora indica que os saberes da docência se determinam em: experiência, conhecimento e pedagógicos. (VALMORBIDA, 2008, p.26-27)

Os saberes de experiência são determinados originariamente no curso de formação inicial, colaborando no processo de passagem dos alunos de “seu ver” o professor como aluno ao “seu ver se” como professor. Os saberes de conhecimento perpassam três estágios. O primeiro oportuniza compreender que o conhecer não se reduz a informações. O segundo implica em trabalhar com as informações, ordenando-as, avaliando-as e inserindo-as em um contexto. O terceiro estágio norteia-se pela consciência ou sabedoria, onde é necessário fazer elaborações sobre as informações para a construção da inteligência, não sendo o bastante a construção do conhecimento; é preciso que sejam determinadas condições favoráveis para essa produção. Os saberes pedagógicos são importantes para que o professor, além de possuir experiência e conhecimentos específicos, saiba como reinventar a prática educacional conforme o contexto social no qual se insere. (VALMORBIDA, 2008, p. 27)

A formação inicial está articulada com a formação continuada, ocorrendo anteriormente a essa. Grande parte dos cursos de licenciatura promove a aproximação do futuro docente apenas de forma teórica, seja nas disciplinas específicas ou nas áreas pedagógicas. Entretanto, o caminho deve ser diferente, integrando os alunos do curso de licenciatura desde o início a situações práticas que coloquem problemas, possibilitando a experiência da procura por soluções. (BARBOSA; MAIA, 2012, p.4)

Sobre a formação profissional ela é vista como um processo amplo de preparação científica, pedagógica, ética, política e técnica para o exercício da prática profissional. Ela ocorre por meio interação entre experiências, tomada de consciência, discussão e envolvimento em novas situações de ensino aprendizagem. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.2)

A formação inicial dos professores, seja em nível médio ou no curso superior, é determinada como base na construção da identidade profissional docente. Contudo, a formação inicial encontra-se distante da realidade da sala e aula, pois os docentes desconhecem os contextos nos quais trabalharão, não conseguindo aplicar os conhecimentos adquiridos no decorrer de seus anos de estudo. Ademais, essa formação não prioriza a questão dos saberes que são adquiridos com a prática educacional, ou seja, a experiência que integra a identidade do professor, que é elemento fundamental nas práticas e decisões pedagógicas, caracterizado como um conhecimento original, centrado na competência profissional. Por outra perspectiva, a formação continuada, proposta aos profissionais da educação, também se encontra defasada, principalmente para sua implantação/implementação, que abrange a resistência dos professores em assumir novas propostas curriculares, devido a concepções prévias ou representações de currículo e de escola, sua própria formação e experiências profissionais vividas, até mesmo na seleção e organização dos conteúdos que desafiam a cultura escolar já estabelecida e as condições laborais existentes. (MAIA, 2009, p.5299)

O sistema educacional é falho ao ser ausente na ligação entre a teoria e a prática nos cursos de licenciatura, deixando de retratar o cotidiano escolar e isentando-se de promover reflexões em busca de alternativas eficientes e eficazes para os problemas enfrentados. A vocação natural do professor deve ser embasada pelo domínio das bases teóricas e, científicas e técnicas, articulando as cobranças dentro do ensino, possibilitando uma maior segurança profissional, bem como seu constante aprimoramento, buscando a excelência. (BARBOSA; MAIA, 2012, p.7)

Na prática de ensino, observamos com muita frequência o fato de que os professores considerados como sendo aqueles que têm o domínio do conhecimento em suas aulas, são também os que têm mais possibilidades do que os outros de compreender a ação educativa na sua contingência radical: a via de produção do conhecimento pelos alunos, em parceria com o professor em aula, no coletivo escolar. Esse fato prova a capacidade que tem conteúdo e forma de estabelecerem relações vivas na conquista do conhecimento. Poderíamos então afirmar: a forma de ensinar é o conteúdo em movimento. Os conteúdos de ensino, postos em movimento, assumem as suas formas de existir na realidade e no pensamento. Assim, dominar os conteúdos é essencial, porém, não o suficiente. A maneira de trabalhar do professor é que vai conferir ou não a qualidade ao ensino e cumprir com a finalidade da instituição escolar, que é a aprendizagem dos alunos. (PINHEIRO, 2010, p.3)

São sugeridos, aos professores, os trabalhos em equipe, de forma que se tenha uma interação democrática com a direção, os coordenadores e toda comunidade. Entretanto, é notório que há intensa dificuldade nesta formação grupal, regular e sistemática de professores, devido ao alto nível rotativo da profissão, principalmente em localidades periféricas das grandes cidades, ausência de pessoal técnico disponível para levar adiante esta atividade e inexistência de horário específico na jornada de trabalho dos docentes. (SILVA; DAVIS, 1993, p.37)

Não obstante, é notável que as condições do ambiente de trabalho para os próprios educadores são degradantes. Salas de aula com alunos acima do limite, remuneração menos que o previsto, carga de trabalho desgastante, desvalorização, rotina, indisciplina, desatenção, dentre outros fatores, que causam desânimo e descrédito aos profissionais da educação. Desta forma, atualmente o docente necessita melhor preparação para superar os diversos desafios em sala de aula. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.4)

No geral, para ser professor, só é preciso tomar certo conteúdo, formulá-lo para apresentar, ir para uma sala de aula e colocar em pratica o ato da docência, fazendo-se uma rotina comum sem preocupar-se com o sentido, seu significado crítico e consciente da ação docente. Assim, existem educadores nas escolas que não tiveram o mínimo preparo para atuar como docente desde sua formação, já alguns são profissionais de outras áreas do conhecimento, e a partir daí, estão na regência escolar. (CAMARA; ARONSON, 2006, p.4)

O Sistema Educacional brasileiro, a partir da aprovação da Lei de Diretrizes de Bases (20 de dezembro de 1996), passou a estabelecer fatores para o desenvolvimento da rede pública de ensino, redefinindo o papel do professor dentro e fora dos centros educacionais. Dessa forma, os docentes teriam uma melhor concepção do ambiente no qual se inserem, da importância do planejamento das aulas e as teorias basilares da aprendizagem. A escola possui o dever de reduzir o espaço existente entre a ciência e cultura de base, sendo o professor intermediário desta ação. Assim, para exercer a atividade pedagógica, o profissional deve encarar os avanços tecnológicos, deixando de utilizar como instrumentos do labor o giz e o quadro-negro, para adaptar-se ao computador, televisão e vídeo. (COSTA, 2009)

Contudo, é imprescindível ressaltar que os profissionais da educação são caracterizados como agentes de alto risco, devido às inúmeras queixas e denúncias de situações de mal-estar na área docente. Este quadro é decorrente de três fatores: características pessoais, variáveis relativas ao trabalho e situações cotidianas, nas quais os profissionais contextualizam suas ações. Estes fatores, seja em conjunto ou isoladamente, possuem potencial negativo, afetando principalmente as condições psicológicas e sociais dos professores, o que acarreta estresse emocional crônico e incapacidade para utilização de recursos adaptativos, já elencados neste estudo, devido à baixa auto-estima, insegurança e sentimentos de incompetência social. Isto afeta a interação com os discentes, colocando em “xeque” a solidez e segurança dos centros de ensino. Consequentemente, a indisciplina juvenil e os problemas com aprendizagem decorrentes da falta de interesse em aprender afloram, colaborando para um cenário ainda mais caótico. (OLIVEIRA, 2005, p.231)

A educação é um instrumento de humanização, visto que é uma prática social realizada em todas as instituições da comunidade. Desta forma, a finalidade da educação escolar na atual sociedade tecnológica e globalizada é possibilitar aos alunos o trabalho com conhecimentos científicos e tecnológicos, desenvolvendo habilidades para operá-los e construí-los com sabedoria. (VALMORBIDA, 2008, p.28)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posteriormente à abordagem realizada, é passível afirmar que o sistema educacional, frente ao seu papel de formação dos futuros cidadãos e às exigências para integralização de pessoas cada vez mais autônomas dentro do seio comunitário, exige dos professores uma formação completa, como profissional de destaque, seja no perfil pedagógico, científico ou cultural.

Os docentes que se formam possuem saberes, por diversas vezes faltam-lhes competências, no sentido de capacidade para mobilizar conjuntos de recursos cognitivos, tais como saberes, capacidades e informações, solucionando as mais diversas situações inerentes à docência.

Os cursos de formação devem desenvolver o professor, preparando-o para a sala de aula. Faz-se necessária uma releitura da prática abordada pelos programas de formação, para que as modificações culminem em desenvolvimento de bons hábitos. O momento primordial na preparação continuada dos docentes é a reflexão crítica sobre a prática. Para que o educador possa ter a formação teórica e prática completa, é imprescindível a preparação de ações concretas dinâmicas, que extrapolem a mera formação profissional e originem espaço para a vontade e as ações pessoais de formação, bem como os processos que as caracterizam.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Raquel R.; MAIA, Regina Sousa. Políticas educacionais para a formação de professores para educação básica. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.5, n.4, out. 2012. Disponível em: <http://www.itpac.br/arquivos/Revista/54/3.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2017.

CAMARA, Silvane; ARONSON, Mariana Vanhoni. A percepção do professor sobre sua função nas séries iniciais. 2006. Disponível em:<http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/303_398.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2017.

COSTA, Francisco. O professor das séries iniciais – 1º ao 5º anos – dias atuais. WebArtigos, 9 ago. 2009. Disponível em: <http://webartigos.com/artigos/o-professor-das-series-iniciais-1-ao-5-anos-dias-atuais/22705>. Acesso em: 21 abr. 2017.

LIMA, Vanda Moreira Machado. A complexidade da docência nos anos iniciais na escola pública. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente/SP, v.22, n.23, p.148-166, maio/ago. 2012. Disponível em: <http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/1767/1701>. Acesso em: 22 abr. 2017.

MAIA, Helenice. A competência dos professores das séries iniciais do ensino fundamental posta em xeque. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. 26 a 29 de out. 2009. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2806_1783.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2017.

OLIVEIRA, Cynthia Bisinoto Evangelista de; ALVES, Paola Biasoli. Ensino Fundamental: papel do professor, motivação e estimulação no contexto escolar. Paidéia, v.15, n.31, p.227-238, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v15n31/10.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2017.

PACIEVITCH, Thais. História da Educação. InfoEscola, 2017. Disponível em: < http://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/>. Acesso em: 23 abr. 2017.

PINHEIRO, Geslani Cristina Grzyb. Curso de pedagogia: formação do professor da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Formação Docente, v.2, n.3, ago./dez. 2010. Disponível em: <http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br/artigo/exibir/8/24/1>. Acesso em: 21 abr. 2017.

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VALMORBIDA, Terezinha Ivone Vian. A formação do professor das séries iniciais do ensino fundamental e o ensino de matemática: um estudo de caso. 108p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, Santa Catarina, 2008. Disponível em:<http://www.unoesc.edu.br/images/uploads/mestrado/terezinha_valmorbida1.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2017.

[1] Artigo apresentado à Faculdade Patos de Minas como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Matemática.

[2] Curso de Matemática da Faculdade Patos de Minas (FPM) formando no ano de 2017

[3] Curso de Matemática da Faculdade Patos de Minas (FPM). Mestrado pela faculdade UFU

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Cristiane Henrique da Silva Silveira

Uma resposta

  1. Olá!!!
    Gostaria de dizer que, adorei o artigo e ele segue de frente com o que eu desejo escrever no meu servindo de grande bússola em minha pesquisa; nada mais justo do que agradecer: Obrigada!!!

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