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O Incentivo à Cultura Material e Imaterial nas Escolas como um Formador de Identidade Pessoal

RC: 12938
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CONTEÚDO

COMARU, Lucas Fernandes [1]

COMARU, Lucas Fernandes. O Incentivo à Cultura Material e Imaterial nas Escolas como um Formador de Identidade Pessoal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 05. pp 51-57, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente artigo mostra os conceitos de cultura e suas ramificações: material e imaterial e a importância do incentivo às atividades culturais no contexto escolar para a formação da identidade pessoal de cada discente, assim como formar cidadãos críticos e criativos.

Palavras-Chaves: Cultura, Identidade Pessoal, Escola.

1. INTRODUÇÃO:

Vivemos atualmente um momento de grande violência nas escolas, que vão desde casos de bullying entre alunos até ameaças contra os professores que acabam muitas vezes sendo vítimas dos seus próprios discentes. A violência no contexto escolar pode ser explicada com mais detalhes através de dados por Assis e Marriel ( 2010, p. 46):

A violência dos estudantes se manifesta por meio de situações como: vandalismo, pichações na parede, xingamentos e agressões físicas a professores, indisciplinas no recreio e roubos no ambiente escolar. Na Bélgica francófona 30% dos diretores de escolas primárias e 51% dos que atuam em escolas secundárias se depararam ocasionalmente com tais situações. […] Outro estudo feito com 2.500 professores ingleses que atuam na escola secundária mostrou que 15% haviam sofrido ofensa verbal no intervalo de uma semana específica; 1,7% tinha sido vítima de agressão física direta em sala de aula e 1,1% fora da sala de aula.

Podemos perceber então que a violência escolar é algo que não só as escolas brasileiras enfrentam. Não é um problema meramente regional ou nacional, mas estamos tratando de algo que vai além das fronteiras de nosso país e que pode ser tão sério quanto aqui.

É de conhecimento popular que a educação começa dentro da própria família do indivíduo, mas nem sempre isso é o suficiente e, nós como educadores, temos esse papel social de formar cidadãos aptos a conviverem uns com os outros, respeitando a diversidade cultural de cada um e contribuindo para a minimização  dos dados expostos na citação acima.

O incentivo à cultura nas escolas pode ser a válvula de escape para muitos alunos que não possuem acesso ao conhecimento em suas casas e ambientes familiares. As experiências interpretadas a partir da vivência cultural no contexto escolar, pode fornecê-los outras alternativas que não seja a criminalidade ou a violência, sendo assim possível formarem suas próprias identidades perante os diversos componentes culturais a qual deve ter acesso como indivíduos únicos e importantes que são.

2. OBJETIVO:

Mostrar os conceitos de cultura material e imaterial e sua importância na aplicação de atividades que desenvolvam a formação de identidade pessoal dos discentes.

3. METODOLOGIA:

O presente artigo trata-se de um estudo qualitativo que foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas e entrevistas que tratam sobre cultura, identidade pessoal ou assuntos que se aproximem do tema a ser estudado.

4. DESENVOLVIMENTO:

4.1 CONCEITUANDO CULTURA:

Para darmos início ao estudo de cultura material e imaterial é necessário e, de certo ponto mais didático, que saibamos necessariamente qual o significado da cultura em si. Vários teóricos definiram conceitos sobre cultura, no entanto, trataremos nesse artigo da cultura de uma maneira mais descritiva e objetiva, proposta pelo antropólogo britânico Edward Burnett Tylor (1871, p.1 apud CUCHE, 1999, p. 35):

Cultura e civilização, tomadas em seu sentido etnológico mais vasto, são um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.

Tendo como base o conceito de cultura proposto por Tylor no século XIX, mas que ainda se aplica aos dias atuais, é necessário que deixemos claro que se a cultura é um conjunto de hábitos adquiridos pelo homem, significa afirmar que que ela é variável, subjetiva e pode se modificar a depender da sociedade em que o indivíduo está inserido. Com isso é possível entender a razão da existência de várias crenças, conhecimentos e fundamentos morais que certas vezes parecem não fazerem sentido para algumas pessoas que observam e julgam culturas diferentes.

Uma vez entendendo o conceito de cultura, é possível dividirmos o seu conteúdo em dois grupos, que são: Cultura Material e Cultura Imaterial, como veremos a seguir.

4.1.1 CULTURA MATERIAL:

Esse tipo de cultura tem como característica principal a sua tangibilidade, que se resume ao fato de ser possível tocar os seus componentes e é o que lhe diferencia da  cultura imaterial.

[…] são as estruturas, objetos e modificações que compõem os nossos espaços de lazer, trabalho, moradia, entre inúmeras outras possibilidades. A cultura material é tudo aquilo que é produzido ou modificado pelo ser humano, ou seja, tudo aquilo que faz parte do cotidiano da humanidade, independente do tempo ou mesmo do espaço (FUNARI; CARVALHO, 2009, p. 4).

Sabendo-se que a cultura material é tudo aquilo que é produzido ou modificado pelo ser humano, podemos afirmar que estamos criando novos componentes dela constantemente, tendo em vista a aceleração tecnológica e a obsolescência dos produtos que possuem um ciclo de vida mais curto.

A cultura material é dinâmica e rápida em suas mudanças, sendo necessário o contato do discente com seus componentes com certa periodicidade para não ficar desatualizado.

4.1.1.1 EXEMPLO DE CULTURA MATERIAL LOCAL:

Para este exemplo nos limitaremos à cultura regional do estado do Ceará. Um ótimo exemplo para ilustrar são as comidas típicas que temos nessa região que se caracterizam como cultura material por ter sido produzido pelo homem. Como exemplo veremos a seguir alguns itens da culinária cearense:

  • Baião de dois;
  • Carne de sol;
  • Cuscuz;
  • Doce de leite;
  • Paçoca.

4.1.2 CULTURA IMATERIAL:

Sua principal característica é o oposto da cultura material, ou seja, a intangibilidade. Todos os seus componentes não são palpáveis. É a parte da cultura que não podemos tocar, mas podemos senti-la e vivenciá-la através das experiências que ela nos proporciona. O artigo 2º da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (UNESCO, 2003) explica a cultura imaterial da seguinte forma:

Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Diferentemente da cultura material, a imaterial não é criada pelo homem mas pelas comunidades sendo transmitida através das gerações. Pode sofrer mudanças e adaptações no decorrer do tempo e da interação com o seu ambiente e os indivíduos.

Tendo em vista que a cultura imaterial é construída através das comunidades, podemos dizer que ela é uma cultura construída coletiva e historicamente e é de fundamental importância a participação do discente em suas atividades para ser parte integrante de sua construção.

4.1.2.1 EXEMPLO DE CULTURA IMATERIAL LOCAL:

Para ilustrarmos a cultura imaterial com exemplos, continuaremos a tratar a cultura regional e local do Estado do Ceará. Abaixo segue alguns exemplos de cultura imaterial cearense.

  • Bumba-meu-boi;
  • Caninha Verde;
  • Dança do Coco;
  • Dança de São Gonçalo;
  • Maneiro Pau;
  • Maracatu;
  • Reisado;
  • Tiração de Reis;
  • Torém.

4.2 A RELAÇÃO ENTRE CULTURA E IDENTIDADE PESSOAL:

Na entrevista de Zygmunt Bauman – Identidade Pessoal (disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sMaWuh6nw3g>. Acesso em 28 de maio de 2016. Fronteiras do Pensamento, 2013) é possível perceber que a identidade pessoal do indivíduo, diferente da cultura imaterial, não é herdada, tem que ser criada sozinha desde o início para que seja algo único e particular. Entretanto, assim como a cultura, a identidade não é uma verdade única e acabada. É necessário que o indivíduo passe a vida redefinindo sua identidade, como afirma Bauman, para que seja possível acompanhar os aspectos da cultura.

O contato com diversas pessoas na escola, muitas vezes de culturas e costumes diferenciados, assim como as atividades culturais que a escola deve promover para seus alunos, é de fundamental importância para o desenvolvimento da identidade pessoal do discente. Primeiramente ele deve conhecer um pouco de cada cultura, participar, interagir, ter novas experiências, e então absorver os elementos dos quais se identifica e formar a sua própria identidade.

4.3 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO À CULTURA NAS ESCOLAS:

O incentivo às atividades culturais no âmbito escolar é importante para a criação e o desenvolvimento das identidades dos alunos. A sua imersão em determinadas atividades trarão para eles novas experiências que irão moudá-los com o decorrer do tempo e guiá-los para o que lhes é mais atrativo e coerente com seus padrões éticos e morais.

As atividades culturais devem propiciar ao aluno o conhecimento da diversidade cultural da nossa cidade, estado e do nosso país e consequentemente a formação de um cidadão crítico e criativo. E, além disso, precisam promover a interdisciplinaridade e o trânsito entre os conhecimentos para propiciar uma educação transformadora e responsável, preocupada com a formação e identidade do cidadão. (DEVASTO, disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfTrMAK/atividades-culturais-no-contexto-escolar>)

Há diversas atividades que podem ser utilizadas dentro da escola com o objetivo de despertar o interesse da construção da identidade do aluno, entretanto, é importante que sejam abordados temas que tenham relação com a cultura regional e de nosso país a fim de formar cidadãos que possam ter um pensamento crítico em relação a nossa cultura.

4.3.1 SUGESTÃO DE ATIVIDADE:

Atividades como aulas de música, desenho, pintura, teatro, artesanato e cinema são uma das mais conhecidas formas de se trabalhar a cultura com os alunos no ambiente escolar. As aulas também podem ser feitas fora da sala de aula, através de visitações em museus ou locais históricos com o objetivo de despertar a curiosidade do aluno pela cultura local e regional e gerar amor e cuidado pelo local em que vive.

A escola pode incluir uma ou mais atividades no seu currículo ou até mesmo fazer parcerias com outras instituições que possam promovê-las de forma acessível para seus alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou entender a relação da cultura e a formação de identidade pessoal do indivíduo dentro do contexto escolar, entretanto, a cultura , assim como as identidades dos discentes são questões que precisam sempre serem trabalhadas devido seu constante desenvolvimento.

É importante lembrar que devemos promover atividades culturais que não prevaleçam apenas uma determinada cultura, mas que que sejam abrangentes o suficiente para possibilitar ao discente o contato com diversos aspectos das culturas materiais e imateriais  e, consequentemente, uma rica experiência que será utilizada em sua formação como cidadão.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Simone Gonçalves de; MARRIEL, Nelson de Souza Motta. Reflexões sobre Violência e suas Manifestações na Escola. In: Impactos da violência na escola: um diálogo com professores. Organizado por Simone Gonçalves de Assis, Patrícia Constantino e Joviana Quintes Avanci. Rio de Janeiro: Ministério da Educação / Editora FIOCRUZ, 2010. 259 p.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade Pessoal. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=sMaWuh6nw3g>. Acessado em: 28 de maio de 2016, Fronteiras do Pensamento, 2013.

CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. Bauru: EDUSC, 1999. 256 p.

DAVASTO, Sara Pereira. Atividades culturais no contexto escolar. Disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfTrMAK/atividades-culturais-no-contexto-escolar>. Acessado em 28 de maio de 2016.

FUNARI, Pedro Paulo; CARVALHO, Aline Vieira de. Cultura material e patrimônio científico: Discussões atuais. In: Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia. Organizado por Marcus Granato e Marcio F. Rangel. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências afins – MAST, 2009. 374 p.

Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Paris: UNESCO, 2003. 17 p.

[1] Graduado em Design Gráfico e Marketing.

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