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A música folclórica do Brasil no ambiente escolar

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

VAZ, Fabrícia Rezende [1], VAZ, João Carlos [2]

VAZ, Fabrícia Rezende. VAZ, João Carlos. A música folclórica do Brasil no ambiente escolar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 17, pp. 45-57. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/ambiente-escolar

RESUMO

O folclore brasileiro tem a ver com a formação do povo, que sabemos, por conta do processo de colonização se deu da interação entre índios, brancos e negros, e povos que vieram posteriormente de grandes imigrações. A música folclórica está sujeita a diferenças regionais, o que é nítido em nosso país. É possível sentir e ver as ramificações e diferentes estereótipos. A escola deve aproveitar as riquezas do folclore em todas as suas estruturas – na dança, teatro, artes plásticas, artesanato e música. A escola como função social proporciona um espaço para que a identidade cultural seja construída, como forma de valorização do ser. Sabe-se que estas tem deixado o folclore a margem da educação, contudo, deve ser resgatado o espírito folclórico dentro das salas de aula e nos espaços da escola. A importância do ensino musical para crianças é algo realmente significativo. Como veremos no presente trabalho, a supremacia se dá pela preservação de identidade cultural e de mitos da nossa história. O folclore é, antes de qualquer coisa, a identidade de uma nação.

Palavras-chave: Folclore, música escola.

1. INTRODUÇÃO

O folclore está presente em nossa sociedade. Sua inserção se dá por meio da experiência — no contato de uma brincadeira de roda, cantigas acompanhadas de coreografias, lendas que adentraram por circunstâncias da vida cotidiana. É um material de grande importância, representa aspectos fundamentais para a identidade da nação e contribui para a proliferação dessas tradições.

O termo “folclore” é um fato social e cultural que diz respeito às comunidades ou grupos de pequena extensão demográfica. Condiz aos aspectos sociais, econômicos, religiosos e lúdicos ligados às manifestações folclóricas. A música folclórica está sujeita a diferenças regionais isso é nítido em nosso país. É possível sentir e ver as ramificações e diferentes estereótipos.

O fato folclórico apresenta características que fortalecem a identidade e a personalidade dos pequenos grupos. O tradicionalismo é o alicerce do fato folclórico, compreendendo-se por tradição a transmissão oral ou através de exemplos, por longos espaços de tempo, de doutrinas, lendas e costumes (VILELA, 2003). Resume-se a uma tradição se distanciando da condição estática. Age com dinamismo numa transformação constante. Existe dentro de um contexto sócio histórico, o que faz com que suas práticas culturais são constantemente recriadas, adequando-se às novas formas assumidas pela sociedade.

O folclore e a música folclórica, como formas de manifestação predominantes na cultura, fazem parte da cultura experiencial do aluno, constituindo-se num conjunto de variadas tradições das pessoas que vivem em sociedade, podendo fazer parte de suas vidas.

Existe uma dificuldade no reconhecimento do folclore, das manifestações culturais e expressões regionais — isso vale, também, para suas vivências e concepções — sendo necessário resgatá-lo e desenvolver estratégias para trabalhar na escola com forma de educação à sociedade. É importante vivenciar as manifestações culturais na escola, devido a sua contribuição para a formação social, histórica e crítica do aluno; e ainda, pelo seu caráter de interdisciplinaridade, uma vez que, ao partilhar nossos conhecimentos, estaremos nos enriquecendo culturalmente.

As formas constantes de prática — vivência e experiência — se dá por meio de canções. São elas os principais indicadores do processo de recepção. As músicas folclóricas se diferenciam do erudito e popular por suas manifestações. Elas representam a diversidade cultural, o respeito a essa diversidade é um dos maiores desafios não só da escola, mas de toda a sociedade.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO FOLCLORE E SUAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL

Quando falamos em manifestações folclóricas automaticamente fazemos uma ligação com o termo folclore, mas afinal, ao pé da letra, o que é folclore? A palavra Folclore é de origem inglesa — Folk-Lore — e surgiu pela primeira vez em uma carta do inglês Willian John Thoms em 1856 na revista The Atheneum. O autor caracterizava a palavra Folclore a partir de duas palavras anglo-saxônicas Folk, que significa “povo” e Lore que significa “conhecimento”. As palavras juntas traduzem o sentido de um saber tradicional — a sabedoria de um povo.

Quanto à origem, o folclore brasileiro tem a ver com a formação do povo, que sabemos, por conta do processo de colonização se deu da interação entre índios, brancos e negros, e povos que vieram posteriormente de grandes imigrações. Uma aglutinação de culturas que geram novos significados e por fim novas expressões. O folclore interage com a cultura erudita, a cultura de massas, e a popular, unicamente através do seu próprio critério de aceitação coletiva espontânea, e possui características próprias que são formativas na consolidação do conceito, bem como da identificação do mesmo.

Essas características são: Anonimato; Aceitação Coletiva; Transmissão Oral; Tradicionalidade; Funcionalidade (MEGALE, 2003). No entanto, elas não serão aprofundadas nesse trabalho, por não ser o folclore em si o objeto principal de estudo, cabe apenas ressaltar o sentido da característica “funcionalidade” por não ser de entendimento tão óbvio como as outras se apresentam. Enquanto característica, funcionalidade trata-se da função, da razão pela qual se concebeu uma apresentação, fato folclórico, no que o povo se pautou para criar determinado fato e qual seria o designo do mesmo, se para ninar, festejar, dançar, trabalhar, rezar o que sublinha a ideia de que dentro do folclore existem tipos de manifestações, são as chamadas manifestações folclóricas, que de acordo com suas peculiaridades também ganham uma classificação.

2.1 MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS

Sendo o folclore a expressão natural da identidade de um povo, é natural que as manifestações do mesmo sejam diversas, mesclando-se dentro dos eixos de literatura oral, teatro, dança e música, na sequência alguns exemplos de tipos de manifestações folclóricas de acordo com sua classificação:

2.1.1 SABEDORIA POPULAR

Ciência do povo, como a época do plantio de uma planta, as fases da lua etc.

2.1.2 ARTES FOLCLÓRICAS

Criatividade artística de gosto popular, trabalhos anônimos, adaptados a convivência e a inspiração do momento. Na literatura: poesias, trovas, adivinhas, apelidos, correio elegante e literatura de cordel. No teatro: Representações diversas, autos, mamulengos, casamento das festas juninas, congadas, cavalhadas. Na música: Cantigas de roda, modinhas, cantigas de trabalho, inclui-se também instrumentos musicais, cuíca, pífaro, caxambu, marimbau, candongueiro, etc.

2.1.3 MANIFESTAÇÕES DE RELIGIOSIDADE

Rituais para cultuar santos protetores, festas religiosas, candomblé, umbanda, também os mitos e lendas, como mula sem cabeça, saci, crendices, mau olhado, tabu.

2.1.4 OFÍCIOS E TÉCNICAS

Manifestações relacionadas a profissões, trocas e transformações de produtos, tapeçaria, fabrico de rendas, cuidados com a boiada.

2.1.5 ALIMENTAÇÃO

Comidas, temperos típicos, receitas, vatapá, acarajé, cuscuz, feijoada.

2.1.6 TRAJE

Roupas típicas da região, ou de determinada profissão ou festa, como a xiripaia gaúcha, roupas baianas, trajes de congada, maracatu, maculelê.

2.1.7 DIREÇÃO DO LAR

Modo de construir casa e utensílios, casa de pau-a-pique, monjolos, galinheiros, panelas, mobiliário.

2.1.8 VIDA SOCIAL

Modo de se relacionar com as pessoas, vizinhos, relações de parentesco, casamento, batizados.

Existem outros tipos de manifestações folclóricas, porém a intenção aqui é apenas fazer uma contextualização explanativa como preparação para o estudo e observações das práticas das manifestações folclóricas nas escolas, porém antes de adentrar ao folclore dentro das escolas, é válido destacar o estudo sobre a música folclórica que integra boa parte das manifestações e é sem dúvida fundamental na construção e na execução do ato folclórico.

2. MÚSICA FOLCLÓRICA BRASILEIRA

Temos como música folclórica a que é aceita coletivamente por um povo de determinada região geográfica que a reconhece como sua tradição e união de seu povo.

É aquela que sendo usada anônima e coletivamente pelas classes incultas das nações civilizadas provém da criação também anônima e coletiva das mesmas, ou da adoção ou acomodação das obras populares ou eruditas, que perderam o uso vital nos meios onde se originaram. Ela se transmite por meios práticos e orais, vive em função de uma tradição e é concebida espontaneamente por quem ignora completamente os aspectos técnicos e teóricos da ciência e da arte musical. Ela nasce e vive intrinsecamente ligada à atividades e interesses sociais. Ex: Cantigas de roda, de ninar, de candomblés, de rixa etc. (MEGALE, 1999, p. 81).

Quanto à origem para falar de música folclórica, necessariamente temos de citar o processo de formação de seu povo, pois, sendo o folclore fruto da sua espontaneidade, entender os produtos do folclore significa entender parte da identidade de seu povo e essa identidade provém de um processo histórico de sua formação. Aqui no Brasil, sabemos que o povo é mestiço, por uma mistura triuna: o índio, o branco e o negro. Todos foram ativos na formação da cultura e da música brasileira, e inclui-se a folclórica. Vejamos brevemente de que maneira cada etnia contribuiu para a música brasileira, e por consequência para as manifestações folclóricas e suas músicas típicas.

2.1 A MÚSICA DO ÍNDIO

Atualmente cerca de 274 línguas indígenas nativas vivas, demonstrando a enorme diversidade de povos originários que, apesar de tudo o que sofreram (escravidão, doenças, chacinas, proibições culturais etc.), ainda mantêm, de um modo ou de outro, suas culturas, inclusive musicais. Há um vasto repertório de músicas rituais, cantos, músicas instrumentais, instrumentos musicais e danças, ainda por serem explorados (HELZA CAMEU). Devido à sua grande pluralidade, é difícil achar um elemento unificador da música indígena brasileira já que temos diversas etnias diferentes ao longo do território brasileiro. Há diversos pesquisadores, pesquisas sobre povos específicos como Anthony Seeger Rafael Menezes de Bastos, Acácio Tadeu Piedade.

O que se pode afirmar é que a mitologia indígena consiste na construção de arquétipos e estereótipos, estruturas estereotipadas — resultado do inconsciente coletivo. Toda e qualquer manifestação é precedida da mesma estrutura dualística que está inserida em nossa projeção de realidade.

No contexto indígena, assim como no de outras civilizações, a música além de entreter, relatar, tem um papel místico espiritual. As comemorações e as cerimônias indígenas são conduzidas por meio de melodias que possuem valor intrínseco dentro do contexto estabelecido.

Entre as civilizações indígenas e as civilizações antigas o que pode se afirmar é que as canções possuem papel fundamental para rituais, ações hierárquicas dentro da tribo e até nas batalhas.

2.2 A MÚSICA DO AFRICANO/ NEGRO

O ramo africano provavelmente é o que, popularmente exerceu maior influência na nossa música brasileira atual, graças à sua grande riqueza rítmica. A música dos negros está ligada aos costumes, batizados e festas. Diversos instrumentos que compõem a música folclórica veem da contribuição do negro na história do país dentre eles o ganzá, o atabaque, gonguê, agogô, marimba, tambu, cuíca, berimbau, etc. As principais danças de forte ênfase musical e rítmica são: Maracatu, Batuque, Jongo entre outras incluindo os cultos religiosos como candomblés e macumbas.

Acerca dessas questões, uma série desses estudos com a publicação do primeiro inquérito sobre as religiões negro-fetichista esboça em ensaios tais ações.

Os estudos do sentimento religioso é o melhor caminho para se penetrar na psicologia de uma sociedade. Leva diretamente a esses estratos profundos do inconsciente coletivo, desvendando-nos essa base emocional comum, que é o verdadeiro dínamo das realizações sociais. (RAMOS, 2007)

Para se dedicar à etnografia religiosa de sua população negra aqui no Brasil é necessária uma análise da obra de Nina Rodrigues. Os estudos sobre “O animismo fetichista dos negros da Bahia” alicerçam e retratam o início das investigações da produção artística e intelectual negra, que se resume nas ações padronizada/estereotipadas de sua cultura. Faz uma leitura profunda sobre o fetichismo dos negros baianos — a confirmar as pesquisas congêneres do Coronel A. B. Ellis na África Ocidental, sobre a religião de Ioruba.

2.3 A MÚSICA DO IBÉRICO

Os portugueses trouxeram para o Brasil séculos de cultura europeia acumulada, dos portugueses herdamos um principal fator que exerce extrema influência na musicalidade de um povo e que constrói por si só, por métricas poéticas e rítmicas, sonoridades e melodias: a língua. Herdamos a língua, a religião e muitos costumes, em especial os haver com a religião Megale (2003), que tem forte impacto na formação e no desenvolvimento de uma sociedade. Com o elemento Ibérico recebemos a técnica musical, as formas melódicas, a instrução musical por meio dos jesuítas, o tonalismo, a utilizar alguns instrumentos de timbre agudo como: a flauta, triângulo, viola, cavaquinho, rabeca, bumbo, zabumba, adufe, caixa e pandeiro.

Do lusitano recebemos o sistema harmônico tonal, a melodia quadrada, a nota melancólica do canto, trêmulos, maneira de entoar com contrações no rosto e no corpo e o canto narrativo individual. Mo estilo ibérico encontramos compasso ternário e de 6x 8 e a forma rítmica de colcheia e duas semicolcheias, característica das músicas portuguesas e espanholas (MEGALE, 2003, p. 101).

Trouxeram do folclore português as cantigas de ninar, rodas infantis, cantos de trabalho, romance e modas de violas, também as danças recheadas de musicalidade como a Ciranda, Quadrilha, Dança de São Gonçalo. A contribuição portuguesa também ocorre no tocante a polifonia, observada em nosso folclore no Coco Pernambucano, por exemplo.

Embora o bumba-meu-boi seja uma manifestação típica do folclore brasileiro, lembra um pouco os autos da idade média que eram compostos por encenações simples, com linguagem popular e falava da luta dualística — do bem contra o mal. O boi é um dos folguedos (festa popular) de nossa cultura. Reúne dentro dessa simbologia traços de três ramos da formação do nosso povo: europeu, indígena e afro-negro

A apresentação, que ocorre principalmente em festas juninas, mostra as relações desiguais entre senhores de engenho, escravos e indígenas, numa sutil crítica social. Segundo Vale (1978) em citação a Mário de Andrade, a dança nacional mais dramática, o bumba – o meu- boi, veio de Portugal. A música portuguesa começou seu domínio em Pernambuco, o que nos remete a pensar que não é mera coincidência a riqueza e a pluralidade de músicas folclóricas na região.

2.4 A MÚSICA DE OUTROS POVOS

Outros povos também contribuíram de maneira importante na música brasileira e, portanto, na música folclórica, dentre tantos o que estiveram em contato com o chamado “Novo Mundo” e cá entre nós se instalaram, destaca-se a influência da música dos espanhóis e dos holandeses.

Os espanhóis contribuíram na formação da nossa música, contribuíram com a inserção dos fandangos, boleros, cachuchas, malaguenhas, sapateados, seguidilhas, habaneras, tangos intitula os espanhóis como mais ricos de sentimentos artísticos que os portugueses, característica que muito agradou os nacionais. Os Holandeses e os portugueses em Pernambuco influenciaram a música religiosa — que resultou na fusão da música católica com a música protestante. Vale (1978) afirma que essa mistura trouxe vantagens para o meio artístico.

3. A MÚSICA DO FOLCLORE BRASILEIRO EM AMBIENTE ESCOLAR

Lima (2003) afirma que a escola deve aproveitar as riquezas do folclore em todas as suas estruturas — na dança, teatro, artes plásticas, artesanato e música. Segundo o autor, a escola como função social proporciona um espaço para que a identidade cultural seja construída, como forma de valorização do ser. Barbosa (2003) ressalta que:

A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual.

Por meio dela é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreende-se a realidade do meio ambiente e se desenvolve a capacidade crítica. Leva ao indivíduo analisar a realidade e a desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade analisada (BARBOSA, 2003).

Paulo Freire (1996) ressalta a importância do reconhecimento da identidade cultural tanto no ato de ensinar quanto no ato de aprender, como fator que contribui na prática educativo-crítica para o sujeito. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.

No currículo da educação básica mais atual (CNE) encontramos, referências indiretas a transversalidade sobre o folclore como por exemplo nos direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento que se firmam em relação a princípios político. Deve-se estudar o sistema modal/tonal no Brasil, por meio das culturas locais, regionais, nacionais e internacionais. Isso é um fator que colabora para o conhecimento de nossa língua musical materna. Eventos da cultura popular e outras manifestações musicais proporcionam condições para uma apreciação rica e ampla em que o aluno passa a valorizar os momentos em que a música se inscreve no tempo e na história.

A Lei de Diretrizes e Base Da Educação nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional: Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conexões entre o desenvolvimento cognitivo e o musical revelam-se nos aspectos do desenvolvimento global infantil. As causas resultam numa ampliação das metodologias empregadas, a mudar a concepção a respeito da criança em vários aspectos. Nesse âmbito, as teorias de Gardner (1973/1997,1994), Hargreaves (1996, 1986) e Swanwick (1994) permanecem atreladas à Teoria piagetiana e fundem-se como importantes teorias sobre o desenvolvimento sócio cognitivo/musical.

A contribuição Keith Swanwick (1994; 1988) — e a Teoria Espiral — talvez seja a linha responsável por uma união significativa e expressiva dos estudos de Piaget e Swanwick. Ela reflete acerca das aquisições de habilidades e produção intelectual.  A teoria analisa as manifestações comportamentais que se projetam do desenvolvimento cognitivo, no entanto, os processos cognitivos responsáveis pelo desenvolvimento da criança permanecem submersos. Os estudos apontam que o estudo da teoria piagetiana pode explicar o processo de desenvolvimento musical da criança a partir de descrições mais acentuadas acerca das aquisições cognitivas.

A importância do ensino musical para crianças é algo realmente significativo. Como vimos no presente trabalho, a supremacia se dá pela preservação de identidade cultural e de mitos da nossa história. O folclore é, antes de qualquer coisa, a identidade de uma nação.

Alguns acreditam que a importância do ensino musical o restringe à formação cultural do cidadão, mas este conceito está ultrapassado. O ensino ou prática musical contribui para a formação psicológica, histórica e social das crianças, além da formação cultural também.

O incentivo ao estudo musical deve começar nos primeiros anos de vida. Mesmo que a criança não demonstre aptidão, o processo educacional musical infantil nunca será em vão, uma vez que a criança absorve tudo o for ensinado, de maneira direta ou indireta, e essa contribuição contribui para o desenvolvimento de seus psicomotores. Além de reter as substâncias e estruturas estereotipadas de sua nação.

REFERÊNCIAS

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AMARAL, A. Tradições Populares. 3ª. ed. São Paulo: Hucitec, 1982.

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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ISBN 85-219-0243-.

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KEBACH, P. F. C. Musicalização coletiva de adultos: o processo de cooperação nas produções musicais em grupos. Porto Alegre: Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. 301f. Tese (Doutorado em Educação).

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MAFFIOLETTI, L. D. A. Diferenciações e integrações: o conhecimento novo na composição musical infantil. Porto Alegre: Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005. 279f. Tese (Doutorado em Educação).

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VILELA, I. O caipira e a viola brasileira. Etnográfica, Lisboa, p. 173-189, novembro 2003. In: Somoridades Luso-Afro-Brasileiras.

[1] Mestranda em Educação, pela Integralize.  Especialista em Psicopedagogia Institucional pela ISEAT. Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Atendimento Educacional Especializado e os Transtornos do Desenvolvimento Infantil pela INTERVALE. Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Alfa América e Licenciada em Letras, Português e Inglês, pela FIAR.

[2] Mestrando em Filosofia, pela Integralize, Especialista em metodologia do ensino de Filosofia e Sociologia, pela Wenceslau Braz. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pela FAMART.  MBA em competências e Coaching, pela Batista de Minas. Bacharel em Teologia pela FAETEL. Licenciado em Filosofia, pela FAERPI. Licenciado em Letras, Português e Inglês, pela FIAR. Licenciado em Pedagogia, pela INTERVALE. Maestro de Bandas, registrado na OMB/TO.

Enviado: Junho, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

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João Carlos Vaz

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