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A Educação de Jovens e Adultos no Município de Parintins – Amazonas: Desafios e Possibilidades

RC: 77064
201
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

COSTA, Elineia Nascimento da [1]

COSTA, Elineia Nascimento da. A Educação de Jovens e Adultos no Município de Parintins – Amazonas: Desafios e Possibilidades. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 12, pp. 119-130. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/adultos-no-municipio

RESUMO

A Educação de Jovens e adultos – EJA surge como uma possibilidade para que jovens consigam concluir seus estudos, e assim entrarem no mercado de trabalho, com o mínimo de escolaridade que garanta uma renda digna para sua subsistência. Para isso a EJA possui estrutura diversificada em comparação ao ensino regular comum, o que a priori seria uma garantia de sucesso. Diante disso este artigo tem por objetivo compreender de que forma ocorre o processo de ensino da modalidade EJA da Escola Municipal Claudemir de Carvalho no município de Parintins no Amazonas, buscando conhecer: as conquistas alcançadas; as dificuldades encontradas; além de investigar como se dá a relação professor/aluno e principalmente as contribuições que este ensino tem para a sociedade. Para que alcançássemos os objetivos propostos, foi feito um questionário, tendo como público-alvo o corpo docente e discente da escola. O que se destaca é o alto índice de evasão escolar, além de muita infrequência, principalmente pelo público feminino, que na sua maioria são mães de família, que muitas vezes não tem com quem deixar os filhos. Isso compromete o processo ensino e aprendizagem, o que se percebe é que uma alternativa seria a implantação de salas de recreação para que as mães alunas pudessem deixar seus filhos, enquanto estão em sala de aula. Sabemos que existem políticas educacionais que versam sobre a educação de jovens e adultos, mas é necessário que essas políticas também sejam voltadas para o lado social. Através dos resultados obtidos nesta pesquisa buscamos poder colaborar com futuros trabalho e contribuir com o processo de ensino e aprendizagem de alunos e professores.

Palavras-chave: Aprendizagem, processo de ensino pedagógico, motivação.

INTRODUÇÃO

A educação no Brasil, desde o período da colonização é marcada pela desigualdade, embora o direito a educação de qualidade esteja previsto em lei, é perceptível que não ocorre de fato, uma vez que o acesso é para todos, mas nem todos tem possibilidade a este acesso.

Muito se tem trabalhado em políticas educacionais para minimizar o problema da educação, pois o número de analfabetos chega a milhões de pessoas, e o ensino na modalidade EJA, surge como uma alternativa, pois possui regras mais flexíveis, condensando os conteúdos além de diminuir a tempo escola, deixando de trabalhar o ensino por série e adotando o ensino por fase.

Este projeto de pesquisa tem por objetivo, identificar as principais contribuições que essa modalidade de ensino apresenta na vida de jovens e adultos. Compreende-se que é necessário oportunizar a essas pessoas para inserção dentro do mercado de trabalho, onde só a educação tem o poder de transforma a realidade que muitos vivem. Por outro lado, busca conhecer a prática pedagógica do professor dentro de sala de aula, observando seu relacionamento aluno e professor e como esse relacionamento de sala de aula interfere no processo ensino e aprendizagem.

Por sua vez, compreende que a educação tem importância fundamental no desenvolvimento dos seres humanos e na forma com o qual ele percebe o mundo em que vive. Logo, ter a oportunidade de voltar novamente em sala de aula e integrar-se aos temas abordados, faz da modalidade de ensino do EJA (educação de Jovens e Adultos), um recomeçar que para muitos já não existia.

Além disso, a educação abre caminhos de descobertas e oportunidades até então não sonhadas, a educação de jovens e adultos é um novo passo onde muitos lançam-se a dar e que necessita ser olhada com carinho, observado a realidade de cada agente envolvido, com plano e recursos que estejam acessíveis para a realidade de cada um.

O ato de aprender se dar continuamente, porém cabe ao professor ser um facilitador deste processo apontando saídas para problemas, e a alunos motivação para a cada dia combater as dificuldades e superar cada uma com determinação.

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um dos processos mentais mais importantes da vida de nós seres humanos, pois o resultado do que nos tornamos deve-se ao ato constante de aprender. O desenvolvimento de cada pessoa é resultado não somente de fatores genéticos e biológicos, mas principalmente em suas habilidades apreendidas e desenvolvidas ao longo de sua existência. Quando falamos em aprender, entendemos: “buscar informações, rever a própria experiência, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, adaptar-se a mudanças, mudar comportamentos, descobrir o sentido das coisas dos fatos, dos acontecimentos” (MASSETO, 1994, p. 45).

Aprender é um processo que exercitamos a cada etapa da vida, desde criança até atingir a velhice, a cada passo que damos somos deparados com diversas situações que nos trazem inúmeros aprendizados e que ajudam a construir o sujeito que desejamos ser, pois aprendemos sempre e consequentemente modificamos tudo que está a nossa volta, através da aprendizagem cria-se sujeitos comprometidos com a realidade em que vive e questionadores de si mesmo. “É uma construção contínua, comparável à edificação de um grande prédio que, na medida em que se acrescenta algo, ficará mais sólido” (PIAGET, 1990, p. 12).

Aprender está também voltado a conhecer um mundo cheio novidades, coisas e pessoas que se transformam a cada dia, e principalmente conhecimento próprio de limites e superação, é um processo que se vincula através de valores que cada um traz consigo e que não se restringe somente a atividade de decorar, mas no que cada um observou ao longo de sua vida.

Mostrar que a educação pode ser um ato prazeroso é um desafio que vem sendo superado a cada ano, pois aprender não está vinculado com o simples fato de decorar, ou por medo. Ao contrário, está voltado para uma nova realidade a ser descoberta e que só através da aprendizagem é que barreiras podem ser superadas e realidades transformadas.

Porém, é necessário que haja condições para que este processo de ensino e aprendizagem aconteça, pois fatores como fome, desemprego, brigas conjugais etc., auxiliam para que haja alunos desmotivados e dispersos a aprender e que muitas vezes esses conflitos chegam a criar barreiras para o aprendizado.

Na modalidade de ensino EJA, muitos destes fatores mencionados acima acabam sendo decisivos para que um aluno continue ou não a estudar. Logo, é necessário um olhar com mais atenção a essa modalidade de ensino, já que ela está diretamente atrelada a esses agentes externos que tanto dificultam no resultado da aprendizagem.

O QUE É A EJA?

No intuito de amenizar a situação negativa que a educação vem passando no decorrer dos anos, instituiu-se um ensino que pudesse atender a parte jovem da sociedade, que por algum motivo, não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos na idade certa. Em 1938, o governo brasileiro cria o INEP, com a finalidade de promover a educação de jovens e adultos e de amenizar os altos índices de miserabilidade social em que o país se encontrava. Segundo Haddad e Di Pierro (2000).

A educação de jovens e adultos pode ser visto que começou no Brasil por volta de 1934, mas as condições que favoreceram para que essa educação viesse a eclodir foi em torno de 1940 com o Plano Nacional de Educação. Em 1938 foi criado o INEP Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos que projetou o Fundo Nacional do Ensino Primário, no intuito de promover a educação de jovens e adultos.

Em 1947 o governo instituiu a CEAA- campanha de educação de adolescentes e adultos, “Apesar de, no fundo, ter o objetivo de aumentar a base eleitoral (o analfabeto não tinha direito ao voto) e elevar a produtividade da população, a CEAA contribuiu para a diminuição dos índices de analfabetismo no Brasil” (VIEIRA, 2004, p. 19-20).

Porém, nas décadas seguintes, principalmente no período militar, a educação volta a dar uma estagnada, no sentido social, pois neste período, a educação brasileira sofrera com as intervenções da política da época, e muitos que lutavam por melhorias de ensino e qualidade foram perseguidos e mortos pela ditadura militar. É neste contexto que o MOBRAL (movimento brasileiro de alfabetização), surge como resposta para as necessidades de aprender da população, mas que acabou não dando certo devido as intervenções que o estado fazia.

Contudo, foi nesse ínterim que, pela primeira vez na história, a educação de adultos adquiriu um estatuto legal disposto no capítulo exclusivo da Lei nº 5.692/71, nominado ensino supletivo. Conforme o estabelecido em seu em seu art. 24, o supletivo atuava em função dos adolescentes e dos adultos que não tinham conseguido concluir ou ter acesso a escolarização, visando suprir essa necessidade básica de todo o ser humano (VIEIRA, 2004, p. 40).

Após o período ditatorial, os movimentos direcionados a educação pública, passaram a propor estratégias para tentar diminuir o alto índice de analfabetismo, em que o Brasil se encontrava. Embora a escola já esteja implantada em torno dos centros urbanos, era possível observar que nas periferias e no campo os índices de analfabetismo ainda eram muito grandes, e que necessitavam ser pensadas políticas públicas que viessem a atender essa grande demanda. Muitos programas como Escola no Campo, Brasil alfabetizado foram criados com a finalidade de conter esses elevados percentuais de analfabetismo no Brasil.

Em 1993 a lei de diretrizes e bases da educação- LDB, traz em um de seus artigos, a garantia de que o jovem possa usufruir de uma educação de qualidade, garantida também pela constituição federal de 88, “que diz todos, sem exceção de nenhum, tem direita a educação e está de qualidade” inclusive aqueles que não tiveram acesso na idade certa. É neste sentido que surge a EJA, como alternativa promissora para garantir que a lei seja comprida. Segundo a Lei de Diretrizes e Base:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

Contudo, os resultados, embora positivos, não são os esperados. Pois ainda é muito alto o índice de analfabetismo no país. E são vários os fatores que contribuem para que esse problema ainda não tenha sido solucionado. O “conceito  de  políticas  educacionais  vai  além  das questões  de  ordem  legal,  mas  as  inclui,  denotando  claramente  as  perspectivas  e intencionalidades de cada tempo histórico e dos  grupos que detêm o poder” (CÓSSIO, 2010, p. 01). É preciso compreender que as políticas educacionais por si só, não conseguem mudar a realidade enraizada durante séculos, é preciso que haja um comprometimento por parte dos governantes, em também trabalhar políticas públicas que garantam o acesso a rede escolar.

Percebemos que se busca acabar com as desigualdades no âmbito educacional, e uma dessas alternativas, está em tentar respeitar que o Brasil é um país multicultural, e que, portanto, precisa ser respeitado esse multiculturalismo no momento em que se pensa em estratégias que possam garantir que o processo ensino aprendizagem ocorra de maneira satisfatória.

Entretanto,  não  está  em  crise  a  ideia  de  que necessitamos  de  uma  sociedade  melhor,  de  que  necessitamos  de  uma sociedade  mais  justa.  As  promessas  da  modernidade –a  liberdade,  a igualdade  e  a  solidariedade –continuam  sendo  uma  aspiração  para  a população mundial (SANTOS, 2007, p. 37).

A educação de jovens e adultos é uma dessas alternativas, mas para que tenha êxito naquilo que é proposta a fazer, aqueles que estão envolvidos no processo tem que ter em mente que é necessário que haja uma reflexão de como trabalhar uma pedagogia específica para essa modalidade de ensino, pois são histórias de vidas diferentes, realidades diversas, sendo necessário uma reflexão de que tipo de individuo se desejo ajudar a construir. É nesse sentido que  Silva e Navarro (2012, p. 96) afirmam que “A relação professor-aluno é uma condição indispensável para a mudança do processo de aprendizagem, pois essa relação dinamiza e dá sentido ao processo educativo”.

O que se espera é que educação de jovens e adultos possa oportunizar o acesso a linguagem escrita em um universo de saberes produzidos nas diferentes áreas do conhecimento, em conjunto com o conhecimento adquiro fora do ambiente escolar.  possibilitando assim, uma educação interativa, onde o aluno não é mero receptador de conhecimento, mais traz junto de si experiências que o ajudam a promover uma educação de qualidade. Libâneo (1994, p. 156) ressalta que “deve-se estabelecer vínculos entre conteúdos, as experiências e os problemas da vida prática”.

Nesse sentido,  estar em sala de aula, fará com o conhecimento passe a ser de maneira sistematizada, uma vez que a sala de aula é um lugar de constantes descobertas, pois possibilita o diálogo, a problematização, a socialização, a interdisciplinaridade, a integração e a relação entre a teoria e prática, cujas peças são importantes para o ensino de jovens e adultos.

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS EM RELAÇÃO AO ENSINO

A pesquisa foi realizada nos dias 13 e 14 de setembro na Escola Municipal Claudemir Carvalho, contou com a participação de 30 (trinta) alunos, de um total de 120, que se dispuseram a responder os questionamentos surgidos ao longo da pesquisa. A escolha deste educandário de ensino se deu, primeiro por ser um ambiente já conhecido por uma das participantes da pesquisa, que conhecia o universo de amostra a ser pesquisado e também porque está na referida escola o público-alvo são os estudantes da educação de jovens e adultos, objeto de pesquisa deste artigo.

Foram aplicados questionários semiabertos, além de entrevistas, que permitiram conhecer um pouco mais a realidade de cada aluno, além de responder nosso primeiro objetivo, que era identificar as principais dificuldades, por eles elencadas para aprender em sala de aula, como também as maiores conquistas já conquistadas pelos mesmos ao longo de sua caminha de ensino.

uma das perguntas do questionário foi, qual a ocupação deles, quando não estão no ambiente escolar? e obtivemos como resposta: 40% responderam que eram donas de casa e que trabalhavam apenas para os filhos e maridos, 20% disseram trabalhar dirigindo triciclo (modalidade de trabalho autônomo), 10% eram garis e trabalhavam o dia inteiro varrendo as ruas da cidade, 5% eram pescadores, exerciam sua profissão nas feiras e mercados da cidade e os outros 5% não responderam a esta perguntam.

Dentro do contexto pesquisado foi possível detectar que a maioria dos alunos pesquisados eram compostos de mulheres donas de casas, que buscavam no ensino da EJA uma saída da rotina que muitas levavam dentro de casa. Em conversas com as mesmas, muitas relataram que viam nas aulas um avivamento de si mesma já que “as aulas a aproximavam de pessoas diferentes, permitia novas amizades, além de dar a esperança de uma vida melhor”.

Quando questionado, sobre o que eles esperavam obter no término do ano letivo, 60% dos entrevistados responderam que esperavam terminar e ingressar o ensino médio, 30% responderam que esperavam aprender com os professores, 15% dos entrevistados viam na EJA uma oportunidade de mudar suas vidas, e 5% não souberam responder ao questionamento.

Quando perguntados se eles tinham pretensão em continuar seus estudos, a partir da conclusão do ensino médio, e se tinham o desejo de ingressar em um curso superior 97% responderam que só esperavam concluir o ensino médio, o que já garantiria um emprego melhor, e que o curso superior na palavra deles “é muito difícil não sei se dou conta”, ou então “não é pra mim não professora”. O que preocupou é que o grande percentual de entrevistado não apresentou motivação a cursar um ensino superior, como se entrar na faculdade fosse algo externo da realidade deles, principalmente por se sentirem incapazes de cursar um “nível tão alto de ensino”.

Quanto a questão da aprendizagem, foi perguntado a eles, qual a melhor forma que para eles consigam aprender, 95% responderam que aprendiam melhor e prazerosamente, quando o professor trazia atividades lúdicas como pintura, recorte e colagem, músicas, filmes, slides, coisas que no universo deles era novo e que conseguiam captar a atenção dos mesmos. Além disso, esse 95% responderam que quando o professor traz esse tipo de atividade que não é apenas a aula expositiva, eles se sentem construtores desse saber, como se o trabalhar em equipe desse a eles também a oportunidade de contribuir para o aprendizado dos demais colegas de classe. Apenas 5% responderam que não se importavam com a maneira que o professor trabalha em sala de aula, para esse percentual de alunos, o que realmente importa são os conteúdos ministrados pelo professor. Silva e Navarro (2012, p. 99)

Se o professor realmente deseja ser um educador dinâmico deverá criar situações em sua classe de forma sistematizada, com trabalhos desenvolvidos por meio de projetos que envolvam questões de interesse da turma, levando o aluno a um ambiente motivador, voltado para uma aprendizagem mais significativa.

Quando perguntados se a relação aluno e professor interferi no aprendizado ou até mesmo em continuar as aulas, todos foram unanimes em responder que, o professor interfere sim no aprendizado e que quando ele não demostra ser carismático e atencioso de modo geral com a sala, tende a se criar antipatia, logo o desinteresse e em alguns casos até a evasão escolar.  Assim como muitos foram os relatos de alunos que diziam que muitas vezes pensaram em desistir, mas pela paciência do professor, o carinho, a preocupação, e as contínuas visitas em domicílio fizeram com que estes alunos repensassem em abandonar a sala de aula.

Questionado a eles o que eles esperavam para seus filhos e netos, novamente foram unanimes em responder que esperavam que seus filhos e netos pudessem concluir a escola em tempo normal, e que pudessem vir a fazer um curso superior, pois para muitos “é muito triste estudar tarde e é tão bonito ver alguém com um curso superior”.

Os dados apresentados puderam dar dimensão da realidade da educação de jovens e adultos na cidade de Parintins, o que foi feito e principalmente o que ainda poderá ser melhorado. Todos têm o direito de aprender e com qualidade, basta oportunizar para que mais pessoas deixem o analfabetismo e passem a sonhar com coisas novas. Sabemos que o fazer pedagógico precisa estar de acordo com as perspectivas dos alunos, para que o processo ensino e aprendizagem ocorra de maneira satisfatória. Nesse intuito, foram feitas também a aplicação do questionário e entrevista com os professores da referida escola.

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS SEGUNDO A VISÃO DOS PROFESSORES

Buscando compreender o processo educativo da EJA, foram entrevistados um total de 10 professores, os quais também responderam a um questionário, com a intenção de conhecer a visão que estes docentes têm do ensino de jovens e adultos. Ao serem questionados acerca da importância do ensino de Jovens e adultos, 75% responderam que ela dá oportunidade para quem está fora de sala de aula voltar a estudar, 20% responderam erradicar o analfabetismo nos pais, e 5% responderam diminuir as desigualdades sociais.

Por outro lado, quando questionados  se eles acreditavam que seus alunos iriam prosseguir seus estudos, 97% responderam que não, pois muitos já tinha dificuldade em estudar o ensino fundamental, não tinha o apoio da família, amigos e deste modo, acreditavam que eles não iriam adiante, o que para muitos “seria uma pena” de acordo com os relatos de um dos professores “muitos só desejam concluir o ensino médio, é muita dificuldade em casa, marido, filhos, trabalho, são muitos os impedimentos que os afastam de prosseguirem a caminhada”. Por outro lado, 3% acreditavam que sim, que muitos são capazes de continuar os seus estudos, pois têm a capacidade para isso, o que falta é o incentivo da família e amigos.

Buscou-se conhecer qual a metodologia que os professores aplicavam em sua sala de aula, 75% afirmou que sempre buscaram trazer para suas salas aulas mais dinâmicas, que pudessem fazer seus alunos interagissem com os mesmos, pois perceberam que desta maneira eles participavam mais e não teriam vontade de desistirem. Já os outro17% relataram que não dão muita importância para esse tipo de atividade, pois acreditam que dispersam seus alunos.

Questionou-se a eles se a relação aluno e professor interferiria no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, 75% responderam que sim, que o muitas vezes o aluno quando não gosta do professor , acaba criando barreiras para o processo de ensino, e que muitas vezes é preciso tomar bastante cuidado com o modo de falar, e de comporta-se diante deles, pois pode ocorrer que muitos acreditarem está sendo ridicularizados e desistirem de estudar. Outros 20% responderam que não há nada que possa interferir no relacionamento de aluno e professores, que estes são bastantes imparciais e que executam seu trabalho de acordo com o que planejou, já outros 5% não responderam a estes questionamentos.

Os dados revelam o contraste existente nesta modalidade de ensino, onde de um lado encontra-se professores que gostam do que fazem e procuram trazer novidade que atraiam a atenção de seus alunos, de outros, encontra-se professores que fazem de sua atividade escolar mera reprodução de conhecimento, tornando seus alunos mecanizado a aprenderem o que é exposto sem que haja uma reflexão do que realmente eles precisam. Oliveira (1999, p. 61) nos diz que:

O educador de jovens e adultos deve ter como qualidade a capacidade de solidarizar-se com os educandos; a disposição de enfrentar dificuldades como desafios; a confiança de que todos são capazes de aprender; a ensinar e aprender numa troca mútua. Devem ser coerentes com essas posturas para que possam identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem no processo de aquisição da leitura e da escrita para em seguida reverter essa tal realidade.

Deste modo, o professor deve ser um facilitador de conhecimento, apresentado ao aluno questionamentos, problemas e soluções, para que mais tarde esse aluno consiga caminha sozinho e desenvolva todas as suas potencialidades. O professor não é o dono da verdade, ao contrário, deve mediar seu aluno em busca de novas informações e a questionar o universo em que está inserido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação de jovens E adultos foi pensada com uma oportunidade de integrar homens e mulheres que não tiveram oportunidade de concluírem seus estudos em tempo normal. Surgiu como resposta as necessidades de combater a erradicação do analfabetismo e atender a grande população que necessitava de uma nova oportunidade de mudar de vida.

Para muitos alunos a educação de jovens e adultos é uma oportunidade de quebrar a rotina em que vivem, para outros é a oportunidade de construírem uma nova história, mas em geral, todos buscam na educação uma possibilidade de construírem um sonho que outrora estava adormecido.

A perspectiva da maioria dos professores a EJA é uma maneira de partilhar um pouco do que aprenderam e tornar possível o sonho de muitos homens e mulheres que muitas vezes deixaram de acreditar em si.

Porém, entende-se que da mesma forma em que existe professores e alunos comprometidos com uma educação de qualidade, por outro, é possível deparar-se com profissionais que estão somente em busca do salário e que muitas vezes não interessasse em conhecer e ajudar seus alunos.

Deste modo, conclui-se que muito se avançou nesta modalidade de ensino e que muito precisa avançar, mas com a ajuda de todos será possível construir uma educação de qualidade e a serviço de todos. Além disso, através dos resultados obtidos podemos colaborar com a melhoria da qualidade de ensino e contribuir para possíveis trabalhos que possam surgir.

REFERÊNCIAS

CÓSSIO, M. F.; RODRIGUEZ, R. C.; LEITE, M. L. Políticas Educacionais: entre a autoria e o controle. IX SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ETAPA E REDE, REDESTRADO, 2012, Santiago do Chile, Chile. Anais do IX Seminário Internacional deLa Red Estrado, 2012.

HADDAD, Sérgio e DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação, mai-ago, número 014, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. São Paulo, Brasil, 2000.

LDB, Lei de Diretrizes e Base da Educação, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez, 1994.

MASSETO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo. FTD, 1994

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e Adultos como Sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, n°12, set- dez, ANPED, 1999.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda, 1990, p.12.

SANTOS, B. S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social.São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

SILVA, O.G; NAVARRO, E.C.A relação professor-aluno no processo ensino -aprendizagem.  Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol –3 p. 95 -100

VIEIRA, Maria Clarisse. Fundamentos históricos, políticos e sociais da educação de jovens e adultos – Volume I: aspectos históricos da educação de jovens e adultos no Brasil. Universidade de Brasília, Brasília, 2004.

[1] Licenciado em Pedagogia/ Pós – Graduação/ Pisicopegagia Institucional.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Elineia Nascimento da Costa

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