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A Prática Esportiva do Tênis de Campo Durante a Pandemia de COVID-19

RC: 75838
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RAMOS, Gabriel Santana [1]

RAMOS, Gabriel Santana. A Prática Esportiva do Tênis de Campo Durante a Pandemia de COVID-19. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 06, pp. 56-75. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/tenis-de-campo

RESUMO

COVID-19 é uma doença causada pelo vírus da família Coronaviridae, possuindo o primeiro registro de ocorrência em Wuhan, na China. Este vírus rapidamente se espalhou pelo mundo, transformando-se na nova epidemia a ser enfrentada por todos. A acelerada proliferação do vírus e o alto número de mortes fez com que as autoridades médico-sanitárias e políticas desenvolvessem protocolos de segurança para coibir o contágio do vírus. Desta maneira, as pessoas foram impedidas de realizarem suas atividades rotineiras e esportivas. A retomada das atividades ocorreu de forma gradual e lenta, exigindo o cumprimento de protocolos de segurança. Após estudos, conclui-se que dentre as práticas esportivas, o tênis de campo era a mais segura aos usuários. Assim, este estudo objetivou averiguar os protocolos de segurança implementados por um clube de tênis de Juiz de Fora – MG e a sua eficácia e eficiência na proteção dos alunos, professores e funcionários contra a COVID-19.

Palavras-Chave: COVID-19, Protocolos de Segurança, Tênis de Campo, Juiz de Fora.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade pandemias e epidemias ocorreram tendo como causadores bactérias, vírus e outros microrganismos que levaram a mortandade de um grande número de indivíduos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2020), a epidemia consiste na ocorrência de doenças em um local geográfico restrito, ou seja, sua disseminação é limitada a um município, estado ou país em específico. Já a pandemia abarca um espaço geográfico maior como um continente ou até mesmo todo o Planeta Terra.

Dentre as pandemias vividas pelo homem destacam-se: peste de Atenas, peste negra, cólera, tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, febre amarela, sarampo, malária, AIDS, ebola, gripe suína, H1N1 (HAYS, 2005) e a mais recente delas, a pandemia da COVID-19.

COVID-19 pertence à família de vírus Coronaviridae que causam doenças que variam desde um resfriado comum a doenças graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda (SARS-CoV), segundo a OMS (2020).

Ao contrário de outros vírus que causam a gripe, como o influenza, os seres humanos não possuem pré-imunidade conhecida ou tratamento específico a COVID-19 o que permitiu que este vírus se espalhasse rapidamente causando um alto número de óbitos (OMS, 2020).

Como forma de coibir o rápido avanço deste vírus, autoridades ao redor do mundo implementaram em suas localidades a quarentena, obrigando os indivíduos a permanecerem em suas residências a fim de evitar a circulação e aglomeração de pessoas como estratégia para diminuir o contágio, segundo Brasil (2020).

Desta maneira, as pessoas foram impedidas de realizarem suas atividades rotineiras como trabalho, diversão e práticas esportivas no Brasil e no mundo, estando liberadas apenas para saírem de suas casas para a compra de alimentos e remédios.

A vida em sociedade começa a voltar gradativamente com medidas e protocolos de segurança que visem manter uma baixa taxa de contaminação do vírus.

Diante disso, este estudo objetiva descrever os protocolos de segurança implementados por um clube de tênis em Juiz de Fora -MG baseados nas recomendações da OMS, Confederação Brasileira de Tênis e Federação Mineira de Tênis para a prática das atividades esportivas do tênis de campo durante a pandemia de COVID-19.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A COVID-19

COVID-19 é uma doença causada pelo vírus da família Coronaviridae, possuindo o primeiro registro de ocorrência em 08 dezembro de 2019 em Wuhan, na China, como uma pneumonia grave de origem desconhecida para os cientistas e médicos. A identificação do agente causador, formas de prevenção e as consequências dessa nova doença passou a ser enfoque de estudos científicos ao redor do mundo (OMS, 2020).

Amostras do epitélio respiratório dos doentes chineses foram coletadas e analisadas confirmando que se tratava de um novo vírus intitulado de Síndrome Respiratória Aguda-2 – SARS-CoV-2 (BRASIL, 2020).

O SARS-CoV-2 corresponde a um betacoronavírus de ácido ribonucleico – RNA, envelopado com 1.273 aminoácidos, possuidor de projeções em espículas que causam sintomas com diferentes graus de intensidade aos seres humanos (OMS, 2020).

Para a OMS e Brasil (2020), esta doença é capaz de gerar a síndrome respiratória aguda grave, pneumonia intersticial bilateral atípica, hipóxia sistêmica, síndrome da tempestade de citocinas e outras doenças ainda em estudo pelos cientistas, que afirmam que a COVID-19 se agrava em pacientes que apresentam doenças respiratórias pregressas, comorbidades prognósticas e idade avançada.

Responsável por causar febre alta, tosse seca e cansaço, a COVID-19 a princípio se assemelhou as gripes já conhecidas pela comunidade científica e médica, entretanto a dificuldade respiratória apresentada pelos pacientes contaminados alertou aos cientistas de que a COVID-19 era um novo tipo de gripe, não conhecido pelos acadêmicos como afirmam os autores supracitados.

Transmitida por gotículas de saliva presentes na tosse e espirros de pessoas infectadas e superfícies contaminadas rapidamente a doença se espalhou da China para outras partes do planeta, atingindo diversas localidades contaminando milhões de pessoas, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (2020).

Para detectar se um indivíduo está com COVID-19 ou se já teve contato com o vírus é necessário a realização de exames laboratoriais, que variam de acordo com os dias de contágio apresentado pelo paciente. Geralmente a COVID-19 é detectada entre o 2º e 12º dia de sintoma, sendo este o período ideal para realização dos exames.

O RT-PCR detecta a presença do RNA do SARS-CoV-2 em amostra obtida por meio do cotonete na mucosa do nariz e garganta do paciente. Consiste em um teste indolor, porém incômodo.

O exame de sorologia é realizado a partir de uma amostra de sangue venoso de pacientes que apresentam sintomas a mais de 10 dias, pois o corpo leva alguns dias após a infecção para produzir anticorpos detectáveis. Pacientes com mais de 14 dias de sintomas devem ser submetidos a testes imunológicos para detectarem os níveis de anticorpos IgM, IgA e IgG no sangue do paciente (OMS, 2020; BRASIL, 2020).

Como forma de evitar esta doença, a OMS (2020) recomenda a prevenção como principal arma de contensão ao vírus através de:

  • Isolamento social;
  • Distanciamento de pelo menos 1 metro para com pessoas que estejam com sintomas de gripe (tosse e espirros recorrentes);
  • Uso de máscaras cobrindo boca e nariz, devendo ser trocada a cada 3 horas de uso;
  • Uso de álcool em gel 70% para higienização das mãos, bem como, a lavagem adequada e frequente das mãos com água e sabão;
  • Evitar tocar olhos, boca e nariz com as mãos sem a correta higienização explicitada acima;
  • Limpar os objetos com álcool, a fim de evitar que o objeto se torne uma superfície contaminada e transmissora do vírus;
  • Ao tossir ou espirrar utilizar a parte interna do cotovelo e não as mãos para conter as gotículas de saliva;
  • Procurar um médico em casos de febre, tosse e dificuldade em respirar.

A COVID-19 é uma doença nova para todos e muitos estudos ainda precisam ser realizados para o total entendimento de como o vírus se manifesta no corpo humano, quais são suas consequências e sequelas durante e após o período de contágio, porém o enfoque agora é imunizar a população de forma efetiva para que a doença seja controlada e a humanidade supere este desafio.

2.2 A PANDEMIA DA COVID-19

Como forma de coibir o rápido avanço da doença, em 11 de março de 2020 a OMS declarou que a COVID-19 consistia na nova pandemia a ser enfrentada pela humanidade e como protocolo de segurança para evitar a ocorrência de novos casos a quarentena foi a estratégia encontrada para que pessoas não se aglomerassem e o vírus se proliferasse ainda mais.

A fim de evitar maiores contaminados e danos o isolamento obrigou as pessoas a se recolherem em suas residências parando a vida em sociedade, as atividades de trabalho, estudo e práticas esportivas. “Isolar-se protege não só a você, mas aqueles que você ama (BRASIL, 2020)”.

A principal característica de uma pandemia é causar um alto número de mortos em um curto espaço de tempo, provocando um colapso no sistema de saúde e econômico das regiões afetadas. O número de mortos é crescente a cada dia que passa, por isso a busca por um tratamento eficaz é a preocupação de todos ao redor do mundo e o foco de pesquisas e estudos científicos.

A OMS atualiza diariamente o número de casos confirmados bem como o número de óbitos ao redor do mundo que cresce sem precedentes.

Figura 01: Número de casos confirmados e mortes em 30 de dezembro de 2020

Fonte: OMS (2020)

Até a data desta pesquisa, foram 80.453.105 casos confirmados de COVID-19 em todo o mundo com 1.775.776 mortos. A região menos afetada é a do Pacífico Ocidental com 1.079.899 casos confirmados, enquanto a região das Américas é a mais afetada com 35.072.919 casos confirmados (OMS, 2020).

Os Estados Unidos da América lideram o ranking com maior número de contaminados (19.147.627) seguido pela Índia com 10.204.852 e Brasil com 7.563.551 casos confirmados, 6.754.111 recuperados e 192.681 mortos (BRASIL,2020).

A figura abaixo mostra a incidência da COVID-19 a cada 100 mil habitantes, demonstrando que em todas as localidades brasileiras existem mais de 1.000 casos (verde escuro) de COVID-19 registrados por 100 mil habitantes.

Figura 02: Coeficiente de Incidência de COVID-19 por Estado Brasileiro

Fonte: Secretarias Estaduais de Saúde, Brasil (2020)

No Brasil, a região mais contaminada é o Sudeste (2.202.213 casos), seguido do Nordeste (1.631.796 casos), Sul (966.486 casos), Norte (769.630 casos) e Centro-Oeste (765.753 casos), segundo o Ministério da Saúde do Brasil (2020).

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais compõem a Região Sudeste, sendo o estado de São Paulo a localidade com mais infectados da região e do país com 1.440.229 casos, seguido de Minas Gerais (536.044 casos), Rio de Janeiro (426.259 casos) e Espírito Santo (247.057 casos) (BRASIL, 2020). Como forma de coibir o aumento de casos foram criados protocolos de segurança criados pelas autoridades sanitárias e políticas a fim de conter o avanço da COVID-19 no país.

O estado de Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país e com o maior número de municípios, 853 ao todo. Possui 21.293 milhões de habitantes distribuídos em 586.522,123 km² (IBGE, 2020). No dia 30 de dezembro de 2020, segundo o Governo de Minas Gerais (2020), a capital Belo Horizonte apresentava 60.434 casos, seguido de Ipatinga (14.225), Montes Claros (14.148), Juiz de Fora (13.525), Contagem (12.769) e Governador Valadares (12.026).

A referida fonte salientou que as cidades de São Thomé das Letras e Senador Modestino Gonçalves apresentaram, até o momento desta pesquisa, apenas 2 casos de COVID-19 com nenhum óbito em São Thomé das Letras. Esses resultados positivos foram possíveis devido a implementação por parte do Governo dos protocolos de segurança intitulado de Minas Consciente: Retomando a economia do jeito certo.

2.3 MINAS CONSCIENTE: RETOMANDO A ECONOMIA DO JEITO CERTO

Os protocolos de segurança são ações destinadas a prevenção, diminuição e minimização dos riscos da COVID-19 contra a saúde humana auxiliando os indivíduos durante a pandemia a não contraírem o vírus (OMS, BRASIL, 2020).

Em Minas Gerais, o protocolo de segurança fora o Minas Consciente, criado em abril de 2020, que orientou a retomada de forma segura e eficaz das atividades econômicas nos municípios mineiros através da volta gradual do comércio, serviços e outros setores da sociedade e economia seguindo rígidos protocolos de segurança propostos pelo Governo de Minas Gerais através das secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Saúde.

Minas Consciente fora embasado em informações coletadas junto a instituições médico-sanitárias e entidades de classe, com o objetivo de orientar os 853 municípios mineiros a retornarem suas atividades de forma segura, ratificando a luta no combate ao avanço do Coronavírus em solo mineiro (BRASIL, 2020).

O plano estruturou o retorno das atividades em Ondas Vermelha, Amarela e Verde nas quais as atividades foram classificadas em essenciais, não essenciais e não essenciais com alto contágio de risco, respectivamente. A classificação em uma das três ondas depende da propagação da doença no local após análise da taxa de evolução da COVID-19. Assim, dentro do estado de Minas Gerais cada município pode ser classificado em uma cor de onda podendo regredir ou progredir no processo de liberação das atividades.

Tabela 01: Atividades permitidas em cada Onda do Minas Consciente

Fonte: Governo de Minas Gerais (BRASIL, 2020)

Os serviços de transporte coletivo exigem especificidades particulares regidas por atos próprios, as atividades desempenhadas pela Administração Pública serão retornadas seguindo critérios adotados pelos organismos responsáveis (BRASIL, 2020).

A retomada das atividades ficou a cargo dos prefeitos de cada município a partir do plano e instruções passadas pelo Governo do Estado, que salientou que municípios com até 30 mil habitantes podem adotar a Onda Amarela de início, desde que respeitado os protocolos de segurança. A incidência de casos ativos confirmados abaixo de 50 a cada 100 mil habitantes no período de 14 dias permite a qualquer cidade adotar a onda amarela.

Já os municípios com mais de 30 mil habitantes adotarão ondas através do critério de Macrorregião de Saúde (Norte, Nordeste, Noroeste, Jequitinhonha, Leste, Vale do Aço, Centro, Triângulo do Norte, Triângulo do Sul, Oeste, Leste do Sul, Centro Sul, Sudeste e Sul) ou agrupamento, tendo em vista que muitas regiões mineiras dependem de outras regiões por não possuírem capacidade assistencial médico-hospitalar adequada a população.

2.4 JUIZ DE FORA NO MINAS CONSCIENTE

A cidade de Juiz de Fora aderiu ao Minas Consciente, em maio de 2020, orientando toda a população e setores da economia a seguirem os protocolos de segurança médico-sanitários e as recomendações para retomada gradual e responsável da economia juiz-forana, como forma de coibir o avanço da COVID-19 na cidade e no estado de Minas Gerais como um todo, segundo a Prefeitura de Juiz de Fora – PJF (2020).

Com o slogan “JF Contra Coronavírus: Um passo por vez”, a PJF (2020) ratificou o compromisso da cidade em preservar os cidadãos e o sistema municipal de saúde que é referência para 94 municípios da macrorregião Sudeste, autorizando a onda verde no município a partir de setembro de 2020.

A liberação ocorreu de forma gradual que perpassou pelas cores vermelha, amarela até alcançar a verde, com flexibilização do funcionamento de vários setores da economia, enfatizando a importância de continuar a realizar os protocolos de segurança: distanciamento social, uso de máscara e higiene redobrada nas mãos com uso álcool em gel (PJF, 2020).

No mês de novembro o Comitê Municipal de Enfretamento e Prevenção a COVID-19 diante do aumento do número de casos no município decidiu retroceder para onda amarela regredindo a onda vermelha outra vez em dezembro, devido ao aumento vertiginoso de casos na cidade. Desta forma, o Comitê adotou medidas mais restritivas, permitindo a abertura de estabelecimentos de prestações de serviços essenciais no período das festas de fim de ano.

2.5 TÊNIS DE CAMPO: ESPORTE MAIS SEGURO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

O tênis de campo teve sua origem no final do século XII e início do XIII na França com indivíduos golpeando uma bola com as próprias mãos sendo conhecido pelo nome de paume (RAMOS, 2009). Rapidamente a prática esportiva se popularizou na França alcançando anos depois o continente Europeu e o planeta como um todo.

Atualmente existem 87 milhões de tenistas ao redor do mundo (1,17% da população mundial), 71.263 clubes de tênis, 489.135 quadras de tênis, 163.548 treinadores, segundo descreveu a Federação Internacional de Tênis (ITF) no Global Tennis Report de 2019.

Para a referida instituição, o Brasil possui 2,2 milhões de praticantes de tênis, 4.490 clubes de tênis, 4.900 quadras de tênis, 7.200 técnicos e 3.873 profissionais envolvidos nesta prática desportiva.

O esporte se popularizou no país na chamada “Era Guga”, quando Gustavo Kuerten, em 2000 e 2001, venceu Rolland Garros despertando nos brasileiros o olhar para além da prática do futebol, segundo Rondinelli (2020).

Passados 20 anos, o tênis volta a ser destaque no Brasil e no mundo, como a prática desportiva mais segura durante a pandemia de COVID-19, o que fez aumentar outra vez a procura pelo esporte, visto que outras práticas esportivas são consideradas pouco seguras neste período de pandemia, estando muitas proibidas, segundo a Associação Médica do Texas (2020).

A referida instituição realizou uma pesquisa e classificou as atividades em níveis de 1 a 10 de risco de contaminação, sendo o nível 1 menor risco e 10 maior risco. De acordo com a pontuação, a atividade poderia apresentar: pouco risco, médio-baixo risco, risco médio, médio-alto risco e risco alto.

O Instituto Politécnico de Turim (2020) também realizou pesquisas para classificar o risco de contágio utilizando uma escala numérica de 1 a 8, sendo 1 menor risco e 8 maior risco. As pesquisas evidenciaram que a prática esportiva mais segura seria o tênis de campo, seguido do golfe, ginástica artística, futebol, ciclismo, boxe, judô, basquetebol, rugby. Voleibol e a prática de exercitar em academias foram consideradas as atividades de maior risco de contaminação entre os praticantes.

A prática de tênis fora considera a mais segura na pandemia, segundo as pesquisas, pois naturalmente o esporte é praticado de forma individual ou em duplas (durante a pandemia, o jogo em duplas não é permitido), o que caracteriza não aglomeração.

Pelo tamanho de uma quadra de tênis ter cerca de 24 metros de comprimento, durante a partida os tenistas podem ficar até 30 metros de distância um do outro quando posicionados em lados opostos da quadra, retratando o distanciamento social exigido pelas autoridades médico-sanitárias.

Cada atleta utiliza seu próprio material (raquete, squeeze, bandana, boné, toalha) em partidas de tênis ao ar livre (quadras descobertas) sem contato com seu oponente, ou seja, não há contato físico entre praticante e treinadores.

2.6 PROTOCOLOS DE SEGURANÇA PARA PRÁTICA DO TÊNIS DE CAMPO

Os protocolos de segurança para a prática segura do tênis de campo foram desenvolvidos baseando nas instruções da OMS pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) com o aval do Diretor da Comissão de Medicina e Ciência do Esporte da Federação Internacional de Tênis (ITF).

O objetivo destes protocolos é definir regras e padrões mínimos (Tabela 02) para a reabertura de clubes e academias que ofereçam a modalidade de tênis de campo, permitindo a prática segura do esporte para alunos, treinadores e funcionários.

Tabela 02: Padrões Mínimos criados pela CBT

PADRÕES MÍNIMOS
Ações Comentários
Implementar distanciamento social: modificar ou não realizar a troca de lados. Jogadores trocam por lados opostos da quadra. Manter o distanciamento mínimo de 2 metros entre os indivíduos.
Manter jogadores separados. Não dividir bancos e/ou cadeiras e manter uma distância mínima de 2 metros de um para o outro. Evitar aquecimentos junto a rede.
Eliminar o contato físico. Não apertar mãos com jogadores/oponentes ou ter qualquer tipo de contato físico antes, durante ou depois da partida.
Jogadores usam bolas diferentes. Cada tenista deve usar somente as bolas designadas para ele(a). Identificar bolas para cada jogador, seja com marcações ou através na numeração vinda de fábrica. Cada jogador deverá utilizar 1 (um) terno de bola, sendo que cada terno terá a numeração diferente do outro. Deste modo, cada jogador utilizará o seu terno de bolas no seu game de saque. Exemplo: Jogador “A” sempre irá sacar com as bolas Nº 1; Jogador “B” sempre irá sacar com as bolas Nº 2. Evitando assim o contato indireto.
Sem divisão de equipamentos e itens. Alimentos e bebidas individuais.
Utilização de ambientes externos Quadras descobertas.
Partidas/Treinos de simples somente. Máximo de 3 indivíduos em cada quadra na configuração de um treinador/preparador + dois Jogadores.
Optar pela reserva de quadras de forma online/remota. Evitar o contato com outros indivíduos.
Utilizar preferencialmente toalhas e papéis descartáveis, em hipótese alguma compartilhar seus materiais e itens. Providenciar um local para itens descartáveis.
Jogadores devem chegar ao local perto do horário da partida já arrumados e preparados e ir embora logo após os treinos/jogos (sem vestiário). Utilização de máscara conforme recomendação das autoridades locais. Atentar ao cumprimento dos horários de chegada e saída.
Implementar regras de higiene: desinfecção e limpeza de todos os equipamentos pré e pós prática do esporte, desde os bancos/cadeiras até raquetes, mochilas, cadeira de jogo, calçados e materiais de manutenção de quadra. Evitar se possível, tocar em superfícies; lavar as mãos regularmente, principalmente antes e depois da prática do Tênis; quando tossir, utilizar um lenço e descartar imediatamente; não tocar na face.
Preparadores Físicos, Treinadores e jogadores seguindo as normas de utilização de máscaras do local. Usar a máscara tampando boca e nariz.
Materiais para os jogadores: lenços, sacolas plásticas, máscaras, copos descartáveis, álcool 70%. Uso de materiais descartáveis.

Fonte: Confederação Brasileira de Tênis (CBT, 2020).

A CBT (2020) reitera que se o indivíduo apresentar qualquer tipo de sintoma deve procurar imediatamente auxílio de profissionais da saúde, e sob hipótese alguma retornar à prática esportiva sem a realização de testes e adequado tratamento.

Aos indivíduos que apresentarem sintomas da COVID-19 após 14 dias da prática de tênis devem informar a todas as pessoas com que teve contato (adversário, parceiro, treinadores, funcionários) sobre seu estado de saúde para que medidas sejam tomadas por todos os envolvidos.

Cada Federação, Associação, clube e academia poderá criar seus próprios protocolos de retorno às atividades de tênis sempre seguindo os protocolos de segurança pré-estabelecidos e em conformidade com as recomendações das esferas governamentais, como salienta a CBT (2020).

Desta forma, se houver alguma restrição para a prática do tênis durante a pandemia, por medida municipal, estadual ou federal estas devem ser acatadas por todos e a prática do tênis de campo deve permanecer suspensa enquanto persistirem as medidas de restrições impostas pelas autoridades governamentais.

Em cumprimento às recomendações da CBT, a Federação Mineira de Tênis (FMT) lançou seus protocolos de segurança de retorno à prática do tênis e beach tennis como mostram as figuras abaixo:

Figura 03: Protocolos de Segurança de Retorno a Prática do Tênis e Beach Tennis

Fonte: Federação Mineira de Tênis (FMT, 2020).

Assim, as instituições ligadas à prática do tênis de campo no Brasil buscaram adequar suas instalações para melhor atender e receber seus alunos, treinadores e funcionários para o exercício das atividades físicas vinculadas ao tênis durante a pandemia da COVID-19 da maneira mais segura e eficaz para todos.

3. METODOLOGIA

A pesquisa fora realizada com viés qualitativo com análise em profundidade de uma organização em específico (CERVO E BERVIAN, 2002). Caracterizado como estudo de caso, conforme Gil (2002), pois abarca de forma profunda um ou poucos objetos, visando o detalhamento e a robustez do assunto pesquisado.

Para Lakatos e Marconi (2003) o estudo de caso representa uma estratégia de pesquisa que responde a perguntas “como” e “por que” com enfoque no contexto atual e da vida cotidiana visando aplicar a teoria na prática do dia a dia.

A coleta de informações para execução deste estudo ocorreu junto a artigos e reportagens publicados durante a pandemia de COVID-19 com enfoque no documento “Protocolo de Retorno à Prática do Tênis no Brasil” emitido pela Confederação Brasileira de Tênis.

O local de estudo fora um clube de tênis na cidade mineira de Juiz de Fora fundado em 2014, composto por 5 quadras de saibro, sendo uma destinada ao público infantil. A prática do tênis de campo ocorre nos turnos manhã, tarde e noite para um total de 90 alunos com idades entre 10 a 60 anos.

Desta forma, analisou-se a implementação dos protocolos de segurança durante a pandemia da Covid-19 no clube em enfoque bem como o comportamento dos alunos diante da nova forma de praticar o tênis de campo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O clube de tênis na cidade de Juiz de Fora – MG retornou suas atividades no dia 31 de agosto de 2020, seguindo os protocolos de segurança recomendados pelas autoridades médico-sanitárias, a CBT e FMT e implantou novos protocolos para manter seguros os alunos, treinadores e funcionários do estabelecimento durante a pandemia da COVID-19.

O responsável pelo clube de tênis realizou uma reunião a distância para instruir os treinadores e funcionários sobre as novas medidas e comportamentos a serem adotados durante a jornada de trabalho. Todos os colaboradores receberam 1 frasco de álcool em gel 70% e 2 máscaras com ação antiviral e antibacteriana permanente, que mantém a proteção contra a COVID-19 mesmo após lavagens.

Os protocolos de segurança (Tabela 03) foram divulgados aos alunos por meios das redes sociais da organização, para que os alunos já possuíssem conhecimento prévio de como se portar na entrada e saída do clube, bem como, para realizar suas atividades físicas.

Tabela 03: Protocolos de Segurança adotados pelo clube mineiro

Protocolos de Segurança adotados pelo clube
Funcionários e Professores
Devem já usar a máscara de proteção ao chegarem ao clube.
Higienizar as mãos com álcool em gel disponível na entrada do clube.
Limpar os sapatos no tapete de entrada que possui solução antibacteriana.
Limpeza das raquetes e do ambiente pelo funcionário responsável.
Os professores antes do início de cada aula limpam os canos de recolhimento de bolas e bancos com solução desinfetante.
Alunos/praticantes
Devem já usar a máscara de proteção ao chegarem ao clube, caso o aluno se esqueça é distribuída máscara descartável.
Higienizar as mãos com álcool em gel disponível na entrada do clube e quadras.
Limpar os sapatos no tapete de entrada que possui solução antibacteriana.
Ler os protocolos de segurança afixados na porta de entrada.
Trazer seus próprios materiais (squeeze, tolhas, raquete quando possuir) para a prática do tênis
Chegar no horário marcado de sua aula, caso contrário, aguardar do lado de fora do clube. Ao terminar sua aula, retira-se do clube.
Ambiente do Clube
Foram fechados cantina, vestiários e academia de musculação.
Mesas e cadeiras recolhidas.
Uso do bebedouro apenas por meio de copo descartável.
Delimitação no chão com fita amarela para obrigar o distanciamento do aluno para com o funcionário.
Colocação de placas de acrílico transparente para evitar o contato físico.
Manter janelas e portas sempre abertas durante funcionamento do clube.

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

Os protocolos foram inseridos na rotina das aulas e prontamente aprendidos e executados pelos professores e alunos, que respeitaram todas as indicações propostas. Desde o retorno das atividades do clube, nenhum aluno ou colaborador se contaminou.

Os alunos se mostraram satisfeitos e seguros com os protocolos elaborados e aplicados pelo clube o que refletiu no retorno dos alunos às quadras de tênis e a entrada de novos alunos também fora observado no clube por causa da segurança que o esporte apresenta em tempos de pandemia.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O vírus da família Coronaviridae com primeiro registro de ocorrência em Wuhan, na China, provocou grandes alterações nesta região e no mundo. Causador da doença intitulada COVID-19, que rapidamente se espalhou, infectando milhões de pessoas e levando a óbito muitas delas.

Com o intuito de combater o contágio e o aumento dos casos da COVID-19 autoridades médico-sanitárias e governamentais criaram protocolos de segurança que permitissem conter o rápido contágio. Para tal o uso de máscaras cobrindo boca e nariz, adequada higienização das mãos com álcool em gel e distanciamento/isolamento social foram algumas das medidas recomendadas aos indivíduos.

Desta maneira, os indivíduos passaram por um processo de quarentena que os obrigava a permanecerem em suas residências, somente saindo para a compra de alimentos e remédios. A pandemia da COVID-19 obrigou a reclusão impedindo que atividades rotineiras e esportivas fossem realizadas.

A retomada a essas atividades ocorreu de forma gradual e cautelosa por meios de protocolos de segurança que assegurassem e continuassem a manter eficácia no combate ao vírus. Em Minas Gerais, fora adotado o Minas Consciente, protocolo de segurança para a volta das atividades de forma adequada nos municípios mineiros.

No processo de retomada das atividades físicas, a prática do tênis fora considerada a mais segura para seus praticantes dentre as outras modalidades esportivas por naturalmente ser um esporte que se pratica ao ar livre, com distanciamento entre os jogadores, poucas pessoas envolvidas (treinador + 2 jogadores) teve sua prática liberada durante a pandemia.

O clube analisado nesta pesquisa implantou protocolos de segurança seguindo todas as recomendações estipuladas pelas autoridades competentes o que permitiu o retorno de seus alunos, treinadores e funcionários em segurança. No decorrer das atividades realizadas com os protocolos sendo praticados não houve ocorrência da doença entre praticantes e colaboradores do clube, comprovando a eficiência dos protocolos de segurança e do tênis ser uma prática desportiva segura durante a pandemia.

Ao alcançar este status de esporte mais seguro durante a COVID-19 a procura por aulas de tênis aumentaram no clube e novos alunos passaram a frequentá-lo, utilizando o esporte como forma de movimentar o corpo e a mente de forma segura e prazerosa na pandemia.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO TEXAS (Texas Medical Association). Know Your Risk During COVID-19. Disponível em: <https://www.texmed.org/TexasMedicineDetail.aspx?id=53977> Acesso em: 10 de novembro de 2020.

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[1] Bacharel em Educação Física.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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