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Crowdfunding e o empreendedorismo no Brasil

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CONTEÚDO

ESTUDO DE CASO

AMORIM, Aline de Cássia Souza de Oliveira [1], SARMENTO, Danielle [2], TOGO, Marcelo Hideki [3]

AMORIM, Aline de Cássia Souza de Oliveira. SARMENTO, Danielle. TOGO, Marcelo Hideki. Crowdfunding e o empreendedorismo no Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 02, pp. 37-68 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Demonstrar novas oportunidades de captação de recursos no intuito de arrecadar fundos financeiros a quem tem intenção empreendedora, ou seja, vontade em nível elevado de tornar realidade o financiamento de uma ideia inovadora e criativa, através do Crowdfunding, conhecido também como financiamento coletivo. Abordando sua origem e seu início no Brasil, os dados e tipos de plataformas brasileiras existentes, a utilização e permanência de usuários nessa modalidade, as particularidades existentes no acesso e o modelo e metas apresentadas por cada plataforma. Permitindo, desta forma, que muitos indivíduos vislumbrem a possibilidade efetiva de êxito na arrecadação do recurso financeiro, com a utilização de um novo modelo de financiamento, diferente do convencional que se apresenta com uma série de exigências e burocracias adotadas e exigidas pelos bancos e órgãos públicos que muitas vezes inviabilizam a criação de um projeto.

Palavras chaves: Crowdfunding, captação de recursos, empreendedorismo, financiamento coletivo

INTRODUÇÃO

Diante da alta competitividade apresentada no mundo atual e o Brasil vivendo um momento de muitas incertezas no âmbito político e econômico, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada em abril de 2018, relata que a taxa de desemprego no Brasil nos últimos 3 anos vem aumentando, apresentou uma redução no último trimestre de 2017, todavia voltou a aumentar no primeiro trimestre de 2018. Para o empreendedor esse cenário aguça a vontade de tirar o seu projeto inovador do papel. Porém, é necessário que o empresário planeje a forma de concretizar suas ideias, o que é conhecido como empreendedorismo.

E assim o Crowdfunding, também conhecido como financiamento coletivo, surge como alternativa simples e sem burocracia na arrecadação dos recursos. Este trabalho é baseado no artigo: A ABORDAGEM SISTÊMICA PARA O CROWDFUNDING NO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO – VISÃO SISTÊMICA DOS NEGÓCIOS, publicado na PUC Minas – campus Poços de Caldas (W. S. SILVA, J. C. FREITAS 2012). No Brasil o financiamento coletivo através das plataformas crowdfunding está em fase de crescimento, e por isso as referências e estudos teóricos sobre o tema ainda é escasso. A tecnologia está avançando disparadamente no mundo todo e com isso qualquer indivíduo pode ter acesso a internet. Para que o projeto seja aceito e financiado na plataforma se faz necessário apenas um bom relacionamento virtual.

Diante desse cenário, este artigo apresenta o conceito de crowdfunding e suas plataformas como meio de alavancar novos projetos, e assim colaborar com o empreendedorismo do Brasil.

Baseado nesses pontos o objetivo principal desse artigo é expor como os meios alternativos de captação de recursos se enquadra melhor na atual conjuntura dos empreendedores brasileiros, em relação ao modelo tradicional, tornando possível o financiamento de projetos e colaborando com o empreendedorismo no Brasil.

O objetivo geral será desdobrado em objetivos específicos, buscando identificar as principais plataformas no Brasil, evidenciar projetos, definir benefícios e riscos do financiamento, analisar os principais fatores que levam os investidores a financiarem um projeto.

Dado este contexto define-se como questão central de pesquisa analisar a seguinte questão: de que forma o crowdfunding pode potencializar o empreendedorismo no Brasil?

Esta pesquisa é importante porque fomenta o empreendedorismo no Brasil, e contribui com a disseminação do crowdfunding, uma vez que se trata de um assunto novo, onde não se encontra material suficiente para pesquisa.

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxonomia apresentada por Vergara (2000), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

Em relação aos fins trata-se de uma pesquisa exploratória, devido a ser realizada em uma situação onde há pouco conhecimento acumulado e sistematizado (VERGARA, 2011).

Destaca-se que com os estudos exploratórios, “procura-se obter um primeiro contato com a situação a ser pesquisada ou um melhor conhecimento sobre o objeto em estudo levantado”. (SAMARA e BARROS, 2002, p.29).

Quanto aos meios, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e documental. Bibliográfica, por se respaldar em “material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos sobre o tema”. (GIL, 1997, p.48).

A pesquisa também é documental, uma vez que se baseia “na investigação de documentos que não receberam tratamento analítico como, por exemplo, registro, anais, circulares, resoluções, entre outros”. (VERGARA, 2011, p.48; GIL, 1997, p.51).

No estudo de caso foram analisadas quatro tentativas de conseguir o financiamento coletivo, por meio da base Catarse, sendo três aprovadas, duas não apenas proporão um projeto, mas com o sucesso deste propuseram também um segundo que de igual modo obtiveram retornos satisfatórios.

O quarto, por sua vez não foi aprovado devido uma série de fatores que contribuíram negativamente, mas que serviram também para a reflexão e aprendizado

2. EMPREENDEDORISMO

Conforme Schumpeter (1945), o empreendedor é alguém versátil, que possui as habilidades técnicas para saber produzir, e capitalista, que consegue reunir recursos financeiros, organizar as operações internas e realizar as vendas da sua empresa.

Segundo Chiavenato (2014) a iniciativa de criar um projeto, um novo empreendimento ou uma atividade autônoma é considerada um ato empreendedor. O autor ainda comenta a cadeia que o empreendedorismo causa, pois para a sobrevivência do negócio há o envolvimento de uma equipe de fornecedores, uma clientela e os colaboradores, raramente o empreendedor trabalhará individualmente.

Dornelas (2001), menciona a chegada do empreendedorismo no Brasil e um pouco da história empreendedora com a chegada de novos programas. O autor comenta que se iniciou o movimento em 1990, quando organizações como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de apoio às Micros e Pequenas Empresas) e SOFTEX (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) foram criados para o apoio as micros e pequenas empresas.

De acordo com Domingos (2016), com a melhoria do ambiente legal no Brasil, presenciamos um bom crescimento de iniciativas empreendedoras. O aumento de incentivos influenciou esse forte crescimento do empreendedorismo por oportunidade, que pode ter voltado a um patamar mais equilibrado quando comparado com o empreendedorismo por necessidade.

Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso Robert D. Hisrich (1985), em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.

Schumpeter (1984), economista austríaco, defendeu o papel do empreendedor e seu impacto sobre a economia. Ele definiu o termo como alguém com desejo e potencial de converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem-sucedida, tendo como principal tarefa a “destruição criativa”. Para o autor, o empreendedor é capaz de modificar a economia introduzindo novos produtos ou serviços no mercado.

O empreendedor está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a melhoria do produto.

Para inovar o empreendedor necessita de recursos, estes estão espalhados na economia, porém podem não existir perfeitamente ainda, assim sendo é também papel do empreendedor agir para alocar todos os recursos necessários de forma a alcançar os resultados desejados.

Entretanto com a necessidade de captar recursos de terceiros para empreender, visando a obtenção de melhores resultados, os empreendedores buscam alternativas de captação de recursos mais atraentes, porém buscar alternativas de fontes de captação de recursos apropriada ao negócio é um desafio constante. Para muitos empreendedores, o momento da captação de recursos para fazer o negócio avançar é definitivo. Isso porque buscar investidores ou tomar empréstimos requer tempo, preparo, planejamento e saúde financeira.

2.1 TIPOS DE EMPREENDEDORES

Não existe um único tipo de empreendedor ou modelo-padrão, é difícil rotulá-lo. Esse fato mostra que tornar-se empreendedor é algo que pode acontecer a qualquer um. A seguir são apresentados os tipos de empreendedores (DORNELAS, 2005).

  • Empreendedor nato

Os empreendedores natos (mitológicos), o quais são geralmente os mais conhecidos e reverenciados, normalmente são pessoas que começaram a trabalhar desde muito cedo, com poucas condições, e acabaram criando grandes empresas. Como desde muito jovens esses empreendedores iniciaram a sua jornada de trabalho, acabaram adquirindo a habilidade de negociação e venda. São visionários, otimistas, estão sempre à frente de seu tempo e comprometem-se 100% para realizar os seus sonhos.

  • Empreendedor que aprende

O empreendedor que aprende pode ser caracterizado por ser aquele que, ao se deparar com uma oportunidade de negócio, decide aprender a gerir seu próprio empreendimento. Geralmente são pessoas que, quando menos esperavam, se depararam com uma oportunidade de negócio e tomaram a decisão de mudar o que faziam na vida para se dedicarem ao próprio negócio. Logo, caracterizam-se pelo inesperado. Muitas vezes, esse tipo de empreendedor imaginava que seria sempre um empregado e não gostava de assumir riscos, mas quando surge a oportunidade, vê-se entusiasmado. E, então, vem a tomada de decisão de assumir o risco e criar seu próprio negócio, ou ainda fazer algum tipo de parceria ou sociedade. É o caso clássico de quando a oportunidade “bate à porta”. Um ponto importante a ser considerado é o fato do empreendedor que aprende a partir do surgimento de uma oportunidade. Sua característica é de ter uma maior cautela que os demais empreendedores; e, por isso, quando se depara com a oportunidade, não assume o risco imediatamente, somente após analisar as possibilidades e a viabilidade do negócio ou da ideia.

  • Empreendedor serial

O empreendedor serial é aquele que cria um negócio para vendê-lo. Dessa forma, o capital ganho com essa ideia inicial é utilizado para criar outro, vendê-lo novamente e produzir algo novo sempre, tornando-se uma atividade cíclica. Assim, a venda é parte do fim de um empreendimento e o começo de um novo.

  • Empreendedor corporativo

O empreendedor corporativo tem ganhado importância nos últimos anos devido ao crescimento de multinacionais, a necessidade de inovação e pela busca por continuarem evoluindo. São executivos que se destacam e que buscam crescer dentro da empresa, trazendo bons frutos para a organização. Possuem grande conhecimento em ferramentas administrativas e sabem gerenciar uma equipe com excelência. Também são considerados ótimos vendedores e negociadores, uma vez que sabem vender suas ideias e trabalhar em situações limitadas, nas quais a empresa não dá toda a liberdade para o empreendedor agir. Esse tipo de empreendedor possui o perfil que é considerado ideal para uma atuação bem-sucedida em grandes empresas, tornando-o muito procurado por tais organizações. Sabe desenvolver seu networking dentro e fora da empresa para trazer pessoas à equipe e gerar novas oportunidades. Em sua maioria, são indivíduos que sabem autopromover-se e são muito confiantes, adorando trabalhar com grandes metas e com aquelas que geram grandes recompensas.

  • Empreendedor social

O empreendedor social vem de qualquer setor que seja sem fins lucrativos, possuindo as características dos empreendedores tradicionais de criatividade, visão e determinação. Objetiva a inovação social no lugar do dinheiro, por meio do emprego e da focalização na inovação, almejando o benefício social que pode trazer, além de utilizarem suas experiências organizacionais e empresariais para auxiliar a outros. Os empreendedores sociais podem trabalhar em negócios éticos, órgãos governamentais, públicos, voluntários e comunitários.

  • Empreendedor por necessidade

Empreendedores por necessidade são aqueles que iniciaram um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções para o trabalho e precisam abrir um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. O empreendedorismo por necessidade é evidentemente aquele que está visivelmente menos fadado ao sucesso, embora existam, sim, alguns casos de sucesso. A maioria desses empreendedores entram no mercado totalmente despreparados, sem conhecimento dos verdadeiros riscos e totalmente expostos ao fracasso.

  • Empreendedor herdeiro

O empreendedor herdeiro é motivado desde cedo a empreender. Ele tem a missão de continuar o legado da família, administrando a empresa e os recursos nela envolvidos a fim de que o empreendimento se sustente por mais tempo. Atualmente é comum que executivos sejam contratados para gerir empresas familiares, mas o empreendedor herdeiro sempre acompanha de perto as atividades a fim de dar suas impressões e sugestões. O perfil de empreendedor herdeiro não é único. Existem os tipos mais inovadores, que tendem a buscar medidas diferentes das que estão atuando na empresa e são mais visionários. Por outro lado, existem o tipo mais conservador, que tende a manter as coisas como estão e possuem uma gestão mais próxima da gestão anterior.

3. CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Para o empreendedor iniciante as opções de crédito são desanimadoras, uma vez que os créditos bancários estão sujeitos a análise financeira, desde que inexistam restrições cadastrais em nome do cliente e sendo o mesmo avaliado quanto sua saúde financeira e experiência de crédito. A relação dos bancos com os clientes é impessoal. O banco estará disponibilizando o crédito, caso ocorra a aprovação, independente do capital que precise de fato para realização do seu projeto.

Por compreender que o banco não avalia o projeto, mas sim o potencial financeiro do solicitante, o banco necessita ter garantias de que o valor a ser disponibilizado estará dentro dos limites possíveis de pagamento do cliente que o fara com inserção de juros e caso não ocorra, estará o banco resguardado lançando mão dos bens que constarão como cláusulas no contrato de garantia.

Outros meios de captação de recursos são as financeiras e os órgãos públicos, as primeiras cobram juros altíssimos e também fazem avaliação de perfil, se tornando tão desanimadoras quanto os bancos, e conseguir encontrar o edital de financiamento ideal para a necessidade do seu projeto também não é uma missão fácil, os órgãos púbicos são restritos quanto aos editais.

3.1 CROWDFUNDING

Crowdfunding ou financiamento coletivo é uma nova maneira de captar recursos para concretizar projetos. Ele se organiza por meio de plataformas online (sites, blogs, redes sociais etc.) e seu objetivo é reunir pessoas que precisam de financiamento para projetos e potenciais apoiadores dessas ideias (SEBRAE, 2017).

O financiamento coletivo entrou para a história e teve destaque mundial ao ser utilizado para a obtenção de recursos para materialização da Estátua da Liberdade, em 1884, o editor Joseph Pulitzer pediu ao povo americano, em seu jornal New York World, para doar dinheiro para a construção da obra. Em seis meses, ele conseguiu um montante de 100 mil dólares junto a mais de 125 mil contribuintes, muitos deles doando menos de 1 dólar para a “causa”.

O crowdfunding, é a evolução desse tipo de financiamento, os empreendedores têm uma ferramenta favorável para mostrar e convencer os apoiadores sobre o seu projeto. As conexões começam do menor núcleo, família, amigos, até o inimaginável que a internet pode levar.

Os projetos podem ser voltados para criação de uma empresa virtual, apoio a uma causa social, realização de eventos, elaboração de novos produtos/serviços, enfim, qualquer projeto, desde que gere valor à sociedade e seja inovador.

Nos EUA os avanços na tecnologia são mais rápidos, por isso o financiamento coletivo ganha espaço e movimenta a economia. Uma ideia brilhante pode se tornar uma empresa milionária em poucas horas. Prova disso foram as primeiras ideias inovadoras que bateram recordes com a primeira plataforma de Crowdfunding no mundo, o Kickstarter, fundado em 2009 por Perry Chen, Yancey Strickler e Charles Adler, com objetivo de ajudar projetos criativos dos mais diversos temas a ganharem vida com a ajuda dos “backers“, que são os patrocinadores das ideias, bateram recordes com projetos brilhantes como o Pebble Time que arrecadou USD $ 10,2 milhões em 2012, a versão do relógio inteligente que deixou de ter tela de e-paper para ter tela colorida, com o grande sucesso da primeira versão em 2015 foi lançado a segunda versão que também virou recordista arrecadando USD $ 20,3 milhões. Outro caso de sucesso foi o COOLEST um cooler, trazendo bebidas combinadas, música e diversão para qualquer ocasião ao ar livre, ultrapassou a primeira versão do relógio inteligente e arrecadou USD $ 13.2 milhões, sua meta era de USD $ 50 mil.

Um projeto inovador e revolucionário virou documentário na Netflix, uma produção original que inspira novos empreendedores, Print The Legend, retrata a história da revolução na impressão 3D, lançado em 2014. Parte desse processo tecnológico de miniaturizar as máquinas de impressão 3D foram patrocinadas por várias iniciativas independente de financiamento coletivo, uma delas foi o Kickstarter, onde a meta foi alcançada com sucesso. Essa ferramenta pode ser potencializada no Brasil, e servir de inspiração para realizadores e apoiadores. Fazer parte desse movimento é transformador.

3.2 CROWDFUNDING NO BRASIL

O Brasil vem tomando cada vez mais conhecimento do que são as plataformas de financiamento coletivo e o modelo deve ficar ainda mais popular. Em um país em que se torna cada vez mais difícil conseguir investidores, o crowdfunding aparece como uma alternativa simples e sem burocracia de realizar seus sonhos.

A primeira plataforma de financiamento coletivo para projetos criativos no Brasil foi o Catarse, entrou no ar em 17 de janeiro de 2011, o manifesto de fundação diz que o site nasceu de uma dor: ver gente brilhante com projetos engavetados. Projetos dos mais simples aos mais requintados não saiam do papel por falta de recursos ou por não terem sido autorizados pelos editais do governo e/ou não terem patrocínio.

Segundo Caruso (2016), porta-voz do Catarse, destaca que o modelo de financiamento coletivo pode ser uma alternativa às estratégias tradicionais, como empréstimos em bancos. A ferramenta pode ser uma forma de evitar as altas taxas de crédito, que devem subir com a tendência de aperto nos juros.

3.3 AS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE CROWDFUNDING NO BRASIL

1. Catarse: Já mencionada foi a primeira plataforma de financiamento coletivo do Brasil e já contribui para mais de três mil ideias, desde 2011. No site, os principais projetos são ligados à cultura, ciência e tecnologia. No início, a plataforma aceitava somente campanhas no modelo “tudo ou nada”, mas agora também permite que o usuário fique com o dinheiro levantado mesmo que não atinja a meta estabelecida. A taxa dessa plataforma é de 13% do valor arrecadado.

2. Kickante: é uma das maiores plataformas de crowdfunding do país e abriga até mesmo campanhas do Greenpeace e Médicos Sem Fronteiras. O modelo de sucesso nesse site se deve ao fato de possibilitar aos empreendedores que arrecadam o dinheiro colocar como recompensa o próprio produto. A plataforma aceita tanto campanhas do tipo “tudo ou nada”, em que fica com 12% do valor arrecadado, quanto do modelo “flexível”, no qual fica com uma fatia de 17,5%.

3. Benfeitoria: tem como objetivo financiar projetos que gerem impacto cultural, social, econômico e ambiental. A plataforma permite o modelo de arrecadação “tudo ou nada” e o financiamento recorrente, que é feito a partir de colaborações mensais para o projeto, como uma assinatura. Ainda possibilita a modalidade de “financiamento turbinado”, em que a ideia recebe uma ajuda extra, principalmente através de divulgação, para conseguir atingir o seu objetivo. A Benfeitoria não cobra taxa, apenas repassa os custos das transações financeiras, o que resulta em torno de 4% do valor arrecadado. No entanto, o empreendedor é convidado a realizar uma contribuição voluntária para ajudar a manutenção do site.

4. Idea.me: é focado no mercado latino-americano e tem atuação em sete países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Estados Unidos e Uruguai. Contudo, a plataforma realiza uma seleção dos projetos. Para ir ao ar, é necessário que sua ideia seja aprovada pela equipe. O site trabalha tanto com o modelo “tudo ou nada” quanto “flexível”. A plataforma tem uma taxa de 10% sobre o valor arrecadado, mais os impostos e a taxa referente as transações financeiras.

5. Patreon: é uma plataforma de financiamento coletivo para artistas e criadores. Existem projetos que vão desde produções audiovisuais, bandas, até artistas plásticos e podcasts. A ideia do nome veio pela referência à patrono, que seriam os financiadores das iniciativas, não só financeiramente, como também com sugestões e críticas. A plataforma também está disponível em aplicativos para celulares com Android e iPhone (iOS).

6. A juntos.com.vc: é um site de crowdfunding com foco específico para projetos sociais e apresenta diversas iniciativas ligadas aos direitos humanos, desenvolvimento social e educação. Os projetos, nessa plataforma, também passam por um filtro de seleção da equipe do site antes de irem ao ar. Um ponto positivo, porém, é que não há cobrança de taxa, o empreendedor apenas paga a quantia referente a transação financeira.

7. Eqseed: é uma plataforma de “equity crowdfunding”, voltada para startups brasileiras. O valor mínimo para o investimento é de mil reais e o teto é de 2,4 milhões de reais. O investidor se torna um credor da empresa que recebe o capital, com a garantia de se tornar um acionista quando o negócio migrar para o sistema de Sociedade Anônima. A plataforma não cobra taxa inicial. Porém, caso o empreendedor consiga lucro com a transação no futuro, deverá pagar um valor ao Eqseed.

8. Broota: também é uma plataforma de investimento coletivo voltado ao modelo de “equity crowdfunding”. A plataforma cobra uma taxa fixa de 3.500 reais. Porém, esse valor retorna ao empreendedor caso a campanha seja bem-sucedida. O Broota cobra ainda uma taxa que varia de 2% e 9% da captação, que é dividida entre os investidores. Há ainda um valor a ser pago caso haja lucro com a operação no período de 10 anos.

9. A Start Me Up: é outra plataforma para quem deseja o modelo “equity crowdfunding” e se assemelha ao funcionamento do Broota. O foco são negócios inovadores em busca de investimento. Não é estipulado o valor mínimo para o investidor, ou seja, é possível colocar 10 reais. Já o valor máximo é de 2,4 milhões de reais, conforme estabelecido na legislação. A plataforma cobra uma taxa de 13% em cima do valor captado, que deve ser paga pelo empreendedor. O investidor, por sua vez, fica responsável pelo pagamento da taxa de transferência financeira.

10. Vakinha: A ideia do Vakinha surgiu em 2006, no casamento do sócio-fundador, Luiz Felipe Gheller, quando o Fabrício Milesi, atual CEO da empresa, ficou encarregado de arrecadar os presentes na forma de dinheiro, algo cada vez mais comum nos dias de hoje. Em 2015 o Vakinha enfim lançou sua nova plataforma, desenhada desde 2013, porém o site Vakinha já permitia arrecadações desde 2009. Criar uma vaquinha virtual é um processo democrático, qualquer pessoa pode começar sua campanha. Não pagando nada para abrir a sua, pois as taxas (6,4% + R$ 0,50) são descontadas das doações recebidas, no momento em que for realizado o saque. Além disso, há uma tarifa de R$ 5,00 quando você realizar o saque da sua arrecadação para sua conta bancária.

3.4 OS RISCOS DO CROWDFUNDING

Os riscos na hora de fazer uma campanha, não são diferentes, por se tratar de financiamento coletivo, o realizador deve fazer um planejamento que contenha todos os custos envolvidos para realização do seu projeto, contendo prazo e recursos necessários, como material para produção, impostos e taxas da plataforma, frete para entrega das recompensas, fotos e filmagens, prazos estipulados, enfim, o levantamento de todo custo necessário com o produto da campanha, para que a partir daí seja estipulado o valor real da meta que venha suprir todas as necessidades financeiras para a produção do produto/serviço e o prazo para entrega. Ou seja, planejamento feito por todo empreendedor que deseja criar um projeto a fim de evitar prejuízos.

O investidor também está sujeito ao risco uma vez que pode investir em uma campanha em que ocorra problemas e dificuldades em sua execução fazendo que o prazo estipulado pelo realizador para entrega do produto/serviço não seja cumprido ou até mesmo o não recebimento da recompensa. As plataformas efetuam a devolução do valor financiado ao investidor, quando a meta estipulada na campanha tudo ou nada não é alcançada, porém quando a campanha é bem sucedida ou quando se trata da campanha flexível o risco é inteiramente do investidor, que deve manter contato com o realizador através da própria página da campanha, podendo também realizar uma pesquisa sobre o realizador através das redes sociais antes de investir, para julgar se o que está sendo proposto é algo viável e desejável, avaliando sua decisão de confiar no projeto, onde a partir daí, caso faça o investimento, passa a fazer parte na construção do mesmo onde está sujeito a possíveis riscos, que fazem parte de qualquer financiamento.

4. ESTUDO DE CASO

A pesquisa tem como estudo projetos que já entraram em campanha, suas metas, valores alcançados, aprovação ou reprovação, o que isso contribuiu para o empreendedor, os riscos e vantagens da utilização, e os fatores que levam as pessoas a investirem em determinados projetos.

O objetivo é expor a captação de recursos através de uma plataforma de financiamento coletivo, expondo alguns projetos, analisando os principais fatores que levam os empreendedores a fazerem uso dessa modalidade e o que faz com que as pessoas invistam nesses projetos.

Em 2011 surge o Catarse a primeira plataforma no Brasil, e no mesmo ano o Benfeitoria, em 2012 a plataforma Juntos.com.vc, no ano seguinte o Kickante. Ao longo dos anos, diversas plataformas foram lançadas no Brasil, em 2018 dez principais plataformas se estabeleceram como as principais, porém esta pesquisa analisará apenas a pioneira no país, ou seja, o Catarse.

O Catarse é formado por um time de 18 pessoas espalhadas por 8 cidades e 3 países (Brasil, Holanda e Austrália), o CEO é Rodrigo Machado. Entrou no ar em janeiro de 2011, seu primeiro projeto bem-sucedido foi o Rabiscaria que ajuda novos artistas a produzir e vender suas obras, ganhando royalties e criando um ciclo sustentável e criativo de ideias, projeto foi finalizado em março de 2011, alcançando 102% da meta.

Começaram com 5 projetos e no final do mesmo ano, já eram 5 por semana. Nesse primeiro ano foram 146 projetos bem-sucedidos na categoria Tudo ou Nada, como o próprio nome já diz, se a campanha alcança a meta, o realizador leva o valor, se não, o valor é devolvido ao apoiador, mais de R$ 1.300.000,00 arrecadados e 15.000 mil apoiadores distribuídos em 250 cidades, sendo SP e RJ as regiões com maior número de apoiadores.

Em 2012 o Catarse quase triplicou o número de apoiadores, foram 37.874, cresceu 160% em projetos lançados na plataforma e arrecadou R$ 3.856.828,00. A plataforma foi se adaptando ao mercado, houve crescimento, algumas baixas. Mas foi em 2014 que o Catarse lançou sua maior campanha, o Mola, que será detalhado no Estudo de Caso, a meta era de R$ 50.000,00 e em três dias já havia conseguido, o projeto arrecadou R$ 603.764,00 com a ajuda de 1583 apoiadores, em 45 dias.

Já em 2015 foram 87 mil apoiadores, 775 projetos lançados, 11,7 milhões arrecadados e 2500 cidades conectadas e em 2016 o ano muito difícil para os brasileiros, o Catarse cresceu 41% em relação ao ano anterior, arrecadando 16,2 milhões, mais de 30 reais por minuto.

De 2011 a 2017 foram 390.000 mil apoiadores e 4500 ideias saíram do papel. Vários projetos lançados no Catarse ganharam prêmios, como as cantoras e compositoras “Anavitória”, uma fusão de seus nomes, uma é Ana Clara Caetano Costa e a outra Vitória Fernandes Falcão, que ganharam o Grammy Latino entre outros.

O Catarse já arrecadou 82 milhões em 7.539 projetos lançados. Desde 2011, 504.092 pessoas já apoiaram pelo menos um projeto no Catarse totalizando 82 milhões que foram direcionados a 7.539 projetos financiados nessa plataforma. A taxa usada pelo Catarse é de 13% em cima do valor total, sendo aproximadamente 9% para a plataforma e 4% para o parceiro de pagamento, pagar.me. A plataforma começou com a modalidade tudo ou nada e em 2015 começou a testar outra modalidade o Catarse Flex, que consiste em levar a quantia arrecadada independente de atingir a meta, porém, caso tenha oferecido alguma recompensa, terá que cumprir.

O projeto mais bem-sucedido do Catarse, foi o “Mola Structural Kit”, campanha feita por Marcio Sequeira de Oliveira, em que nessa campanha apresentava o projeto como uma nova maneira de estudar e ensinar o comportamento das estruturas arquitetônicas. Tendo como meta R$ 50.000,00 para o financiamento do seu projeto na campanha tudo ou nada.

Figura 01: O projeto Mola 01.

https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/cdn.br.catarse/uploads/redactor_rails/picture/data/87120/Imagens_Produtos.png
Fonte: Catarse (2018)

A ideia inicial do Mola surgiu durante o curso de pós-graduação em arquitetura, quando o mentor desse projeto percebeu o quanto era abstrata a abordagem das disciplinas de estrutura.

O desafio era criar algo que pudesse demonstrar, de forma tátil e visual, o comportamento das estruturas arquitetônicas – conhecimento absolutamente necessário para todo engenheiro e arquiteto, especialmente na fase de concepção de projeto.

Figura 02: Projeto arquitetônico de um prédio sobre efeito de vento forte.

http://i.imgur.com/6vhsuGJ.png
Fonte: Catarse (2018)

Figura 03: Modelo interativo simulando estruturas.

http://i.imgur.com/ZJUGrwE.png
Fonte: Catarse (2018)

O resultado é um modelo interativo que simula o comportamento de estruturas reais. Trata-se de uma maneira experimental de estudar e ensinar o comportamento das estruturas arquitetônicas. Com o Mola, pode-se montar, visualizar e sentir as estruturas com as próprias mãos.

Figura 04: Combinação para simular a estrutura de uma roda gigante.

Fonte: Catarse (2018)

Figura 05: Combinação para simular a estrutura de uma ponte.

Fonte: Catarse (2018)

Figura 06: Combinação para simular a estrutura de um imóvel.

Fonte: Catarse (2018)

Figura 07: Combinação para simular a estrutura de uma embarcação.

Fonte: Catarse (2018)

Figura 08: Combinação para simular uma estrutura complexa.

Fonte: Catarse (2018)

Através da montagem de diversos modelos estruturais, Mola possibilita a análise e compreensão de diferentes conceitos estruturais, associados a estabilidade estrutural, deslocamentos e deformações, comportamento de acordo com tipos de carregamentos, comportamento de acordo com diferentes condições de contorno, influência da forma e processo de montagem.

Além disso, o modelo é portátil, fácil de usar e todo o processo de interação é feito manualmente, desde a montagem até a aplicação do carregamento. Trata-se de uma atividade lúdica, na qual se aprende a refletir e solucionar problemas estruturais através da interação com o modelo.

A produção do modelo em escala comercial significaria um investimento alto, principalmente devido as ferramentas específicas envolvidas na fabricação das peças.

Marcio Sequeira Oliveira apresentou sua pesquisa de mestrado que se tratava do seu projeto mola, em congressos no Brasil e no exterior, e sempre recebeu respostas positivas sobre a ideia, e pedidos para a produção dos modelos para venda. Sem dinheiro para o investimento inicial, buscou editais de leis de incentivo e investidores que acreditassem no projeto, mas as duas frentes de financiamento fracassaram.

Não achando opções de leis de incentivo para projetos de educação, só de cultura e esporte. E ouvindo dos investidores que o projeto era para um nicho específico, e que não haveria demanda.

A decisão de lançar essa campanha aqui no Catarse surgiu como resposta ao público interessado no modelo, e como alternativa de tornar esse projeto realidade.

Então decidiu anunciar seu projeto na plataforma Catarse. Sua meta era arrecadar, em 45 dias, R$ 50 mil, na campanha tudo ou nada. A ideia inicial era produzir uma tiragem piloto, entre 100 e 150 kits, e logo percebeu o alcance da proposta. O projeto foi bem-sucedido e financiado em 16/10/2014, com financiamento de R$ 603.764,00 apoiado por 1583 pessoas.

A meta inicial foi alcançada em apenas três dias. Ao final dos 45 dias, ele havia arrecadado de R$ 603.764,00, no caso do Mola, a plataforma serviu paralelamente para a “pré-venda” dos kits, a maior parte dos apoios foi de cerca de R$ 350,00, o preço mínimo para que o apoiador recebesse um kit em casa.

Essa demanda fez com que Márcio mudasse seus planos de carreira. Antes do financiamento coletivo, o Mola era um projeto paralelo que ele mantinha junto com o trabalho de arquiteto. A partir de então, constatou que necessitaria abrir a própria empresa e passar a se dedicar prioritariamente ao modelo de ensino de estruturas.

A segunda campanha, devido a demanda do Kit Mola, foi inserida no Catarse em 2016, com lançamento do kit estrutural Mola 2, que promete melhorar ainda mais a experiência com as estruturas.

O Kit Estrutural Mola 2 amplia ainda mais as possibilidades de montagem, e é composto por 144 peças, uma base metálica e um livro/manual bilíngue (português e inglês). O objetivo na concepção do Kit, foi projetar um modelo que permitisse ser mais criativo e inovador durante sua utilização. Para isso, foi adicionado um conjunto de peças que vão além das possibilidades do Mola 1, mas mesmo com peças diferentes, o Kit Estrutural Mola 2 é totalmente compatível com o Mola 1, permitindo a junção das peças e criação de muitas outras estruturas.

Ao perceber através dos meios de comunicação de massa, como a internet, a utilização dos usuários com o Mola, notou-se que a solução para um modelo mais versátil estava diretamente ligada ao comprimento das barras. Pensando nisso, foi criado e patenteado, um mecanismo que vai revolucionar o uso do Mola, que são as Barras de Comprimento Regulável, e as Ligações Super Leves, que proporcionam muito mais liberdade na criação, principalmente para aqueles que pretendem montar estruturas mais ousadas. Por serem mais leves que as ligações padrões do Kit, poderão ser montadas estruturas mais altas, com vãos e balanços maiores.

Figura 09: O projeto Mola 02.

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Fonte: Catarse (2018)

Figura 10: Barra de Comprimento Regulável (AD. B).

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Fonte: Catarse (2018)

Figura 11: Peças para simulação de estruturas.

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Fonte: Catarse (2018)

Campanha tudo ou nada, meta inicial de R$ 350.000,00. O projeto foi bem-sucedido e financiado em 15/12/2016, com o valor arrecadado de R$ 700.273,00 apoiado por 1082 pessoas.

A meta inicial foi estipulada para cobrir os custos de:

  1. Taxa do Catarse;
  2. Fabricação das ferramentas necessárias para a produção das peças;
  3. Fabricação de todos os componentes dos Kits;
  4. Edição, fotografia e projeto gráfico do livro/manual;
  5. Projeto gráfico e fabricação das embalagens;
  6. Montagem dos Kits;
  7. Recompensas da campanha;
  8. Frete.

Em 2017 o projeto Mola ganhou o 31º prêmio de reconhecimento design do museu da casa Brasileira.

As recompensas foram no valor inicial de R$ 25,00 a R$ 15.000,00, em que cada valor financiamento tinha sua própria recompensa, entre elas: cartão postal colecionável, e-mail de agradecimento, nome do colaborador no investimento no manual do projeto, barras de comprimento regulável, ligações super leves, o próprio kit mola 2, assim como o kit mola 1, logo de empresa ou universidade na caixa do produto assim como no manual, e 10 kits mola 2, com palestra do criador do projeto e também workshop para 20 pessoas.

4.1 OUTROS PROJETOS DO CATARSE

  • PROJETO DELI&CO

A Frigideira de ferro repensada, lançada no Catarse, iniciada no ano 2016 em Belo Horizonte, por Arthur e Flávio fundadores da Deli&Co, foi criada para inspirar criatividade e encorajar a experiência na cozinha, democratizando produtos de alta qualidade e conhecimentos sobre culinária por meio de conteúdo online. Este projeto foi bem-sucedido e foi financiado em 19/02/2017, tendo como meta R$ 30.000,00 na campanha flexível, e obtendo R$ 200.358,00 de financiamento apoiado por 708 pessoas.

Figura 12: Frigideiras de ferro repensada.

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Fonte: Catarse (2018)

Segunda campanha da Deli&co, desde a conclusão da primeira campanha, foi pensado na expansão da linha de produtos da Deli&Co. Com objetivo de desenvolver um utensílio que fosse tão versátil quanto as frigideiras e que também tivesse todos os benefícios já conhecidos do ferro fundido. Lançando então a Dutch Oven desenvolvida com a ajuda chef Roberta Sudbrack. As tampas são totalmente compatíveis com as frigideiras.

Com meta de R$ 90.000,00 na campanha flexível, teve o projeto bem-sucedido sendo financiado em 02/10/2017, com o valor alcançado de R$ 427.016,00 apoiado por 1431 pessoas.

Figura 13: Dutch oven: proposta mais versátil.

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Fonte: Catarse (2018)
  • PROJETO CAFETEIRA ARAM

Cafeteira aram – por Maycon Aram, portátil, sem uso de energia elétrica ou cápsulas, a Cafeteira Aram promete fazer o melhor café expresso e em qualquer lugar.

Diferentes pressões empregadas na manivela por onde passa o café proporcionam um café personalizado por cada usuário da máquina, com diferentes aromas e sabores, permitindo que os consumidores mais exigentes possam explorar ao máximo o tipo de grão escolhido. Este projeto foi bem-sucedido e financiado em 17/11/2016, tendo como meta R$ 35.000,00 na campanha tudo ou nada e alcançou R$ 253.300,00 apoiado por 334 pessoas.

Figura 14: O projeto Cafeteira Aram

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Fonte: Catarse (2018)

Figura 15: A cafeteira manual portátil.

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Fonte: Catarse (2018)

Figura 16: A cafeteira manual na versão para bancada (fixa).

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Fonte: Catarse (2018)

4.2 PROJETO NÃO FINANCIADO

A Revista Polytek, é uma revista de publicação com novidades mundiais de tecnologia e ciência distribuída gratuitamente nas universidades e que queria expandir sua abrangência para outras instituições. O diretor executivo da revista André Sionek, deu uma entrevista para o blog Catarse compartilhando a sua vivência com o financiamento coletivo depois de não o obter. Ele conseguiu um patrocinador para o projeto e descobriu com a campanha, mesmo sem atingir a meta, que o financiamento coletivo serviu para validar a ideia e que o importante é envolver os apoiadores na história do seu projeto. Conseguiram 226 apoiadores e centenas de e-mails e conexões. Segundo André, a campanha não atingiu a meta em ordem de importância:

  • Prazo muito curto;
  • Meta muito otimista;
  • Público alvo (universitário) tem pouco dinheiro;
  • Demoraram um pouco para entender o que realmente convenceria as pessoas a doar;
  • Problemas externos. Roubaram o Macbook um dia após o lançamento da campanha. Todas as programações das duas primeiras semanas de campanha estavam armazenadas nele e foram perdidas;

Todavia, apesar de todos os contratempos enfrentados o senhor André Sionek afirma ter aprendido muito com a experiência de tentar conseguir o financiamento coletivo e que tornaria a lançar uma nova proposta na plataforma, melhor planejado e com outro público. Usando da sua experiência para alcançar o objetivo do futuro projeto.

4.3 INVESTIDORES OU APOIADORES

Financiamento coletivo não se refere unicamente sobre dinheiro. Se trata de pessoas. Da possibilidade em oferecer aos criadores a oportunidade de investir mais tempo de suas vidas fazendo aquilo que os motiva. Através dos apoiadores que proporcionam a chance de construir ativamente uma comunidade que está revolucionando a forma de viabilizar projetos no Brasil.

Os brasileiros são muito generosos por natureza, mas poucos possuíam o hábito de colaborar e investir em projetos novos. Então, os fundadores de plataformas sentiram a necessidade de criar um local para disseminar uma cultura de contribuição que ainda não existia.

Todas as plataformas brasileiras de crowdfunding seguem o modelo tradicional de financiamento coletivo, porém, se esforçam para oferecer diferenciais e adaptações que tragam melhores resultados. Um diferencial, que motiva o público brasileiro, foi a inclusão da opção parcelar as contribuições para as campanhas em até seis vezes sem juros, sendo que o criador da campanha recebe todo o valor à vista.

Destaca-se também, que o investidor é motivado pelo fato de se identificar com o produto/serviço lançado, ele não só investe na campanha, mas também no sonho do realizador, e se torna parte integrante da realização do projeto, ou seja, faz acontecer, e ainda tem a possibilidade de adquirir um produto/serviço inovador, criativo e com um preço diferenciado.

Outro fator relevante é a facilidade no acesso e processo que é todo virtual, o que traz comodidade e faz com que todos tenham acesso, uma vez que não precisam sair de casa, e a visualização de um projeto lançado assim como o apoio ao mesmo pode acontecer a partir de um aparelho de celular.

5. CONCLUSÕES

O objetivo deste estudo foi demonstrar como o Crowdfunding pode influenciar no empreendedorismo no Brasil. Foram várias as limitações encontradas para validar essa pesquisa, começando pela dificuldade de acesso a informações e dados sobre a evolução do Crowdfunding no mundo, principalmente em português, uma vez que a plataforma pioneira é estrangeira, e no Brasil as informações são restritas, a falta de trabalhos acadêmicos, livros e estudos mais detalhados sobre o assunto, também foi uma barreira para alimentar este projeto. Este estudo é um dos pioneiros no Brasil, por isso têm uma grande relevância e importância. Além de colaborar com os empreendedores, também leva conhecimento aos amantes da inovação, que podem conhecer mais sobre financiamento coletivo e a partir dessa leitura começar a apoiar um projeto.

O estudo se mostrou importante, uma vez que foi possível constatar através das análises das plataformas e projetos que foram bem-sucedidos que o Brasil tem potencial de crescimento no ramo do financiamento coletivo, a maioria dos projetos aceitos na primeira tentativa alcançou um valor maior que a meta divulgada, muitos ampliaram seus projetos e relançaram obtendo êxito também na segunda campanha. Projetos que não foram financiados ainda sim tiveram seu lado positivo, onde o criador obteve a possibilidade de constatar as falhas e ajustar as mesmas sem custo algum, ficando o lançamento do produto como uma pesquisa de mercado. Muitos projetos ganharam prêmios, empresas foram abertas, pessoas se tornaram empreendedores de fato com a viabilização dos seus projetos.

Os meios alternativos de captação de recursos e o empreendedorismo no Brasil são pontes para o crescimento da economia do Brasil.

Através desta pesquisa confirmamos que os meios alternativos de captação de recursos contribuem positivamente com o empreendedorismo no Brasil, tornando realidade diversos projetos e colaborando com a sociedade.

Reiterando as limitações da falta de informação sobre o assunto, sugerimos novos trabalhos abordando o tema, demonstrando projetos financiados no Brasil e no Espírito Santo, projetos culturais, autorais e futuras startups. O conhecimento é fundamental para qualquer empreendedor, é o caminho a percorrer.

REFERÊNCIA

BENEDICTO, Marcelo. Desemprego volta a crescer no primeiro trimestre de 2018. 2018. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20995-desemprego-volta-a-crescer-no-primeiro-trimestre-de-2018.html. Acessado em: 13 de março de 2018;

BENFEITORIA, Encontre projetos: de todos os tipos. Disponível em: https://benfeitoria.com/campanhas/. Acessado em 15 de abril de 2018;

BRITO, A. M. PEREIRA, P. S. LINARD, A. P. Empreendedorismo. Juazeiro do Norte. 2013. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/ifce/tecnico_edificacoes/empreendedorismo.pdf. Acessado em 02 de maio de 2018;

CATARSE, Catarse. Disponível em: https://www.catarse.me/. Acessado em 03 de abril de 2018;

_______, Deli&Co: A frigideira de ferro repensada. Disponível em: https://www.catarse.me/frigideira_delico. Acessado em: 01 de julho de 2018;

_______, Nossa taxa. Disponível em: https://crowdfunding.catarse.me/nossa-taxa. Acessado em: 03 de abril de 2018;

_______, O projeto. Disponível em: https://www.catarse.me/mola. Acessado em: 01 de julho de 2018

_______, O projeto. Disponível em: https://www.catarse.me/mola02. Acessado em: 01 de julho de 2018

_______, O projeto. Disponível em: https://www.catarse.me/dutch_oven. Acessado em: 01 de julho de 2018

KICKSTARTER, Kickstarter. Disponível em: https://www.kickstarter.com/?ref=nav. Acessado em: 01 de abril de 2018;

MORENO, Ana Carolina. Jovem reúne R$ 600 mil para criar kit com molas para ensinar arquitetura. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/08/jovem-reune-r-600-mil-para-criar-kit-com-molas-para-ensinar-arquitetura.html. Acessado em: 07 de abril de 2018;

PASCOAL, Candice. História do Crowdfunding: amor e vanguardismo desde o século XVII. 2014. Disponível em: https://blog.kickante.com.br/historia-do-crowdfunding-amor-e-vanguardismo-desde-o-seculo-xvii/. Acessado em: 20 de março de 2018;

SEBRAE, Crowdfunding reúne financiadores anônimos de projetos. Disponivel em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/crowdfunding-reune-financiadores-anonimos-de-projetos,8f0b54f77d76f410VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acessado em: 15 de março de 2018;

SILVA, Anna Carolina Aguiar da. Perfil empreendedor: as principais características e os tipos de um empreendedor de sucesso. Brasília. 2014. Disponível em: http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5375/1/20650723.pdf. Acessado em: 05 de maio de 2018;

WIKIPÉDIA. Kickante. 2018. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kickante. Acessado em 10 de abril de 2018.

[1] Graduanda em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, 2018/1.

[2] Graduanda em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, 2018/1.

[3] Marcelo Hideki Togo, Orientador

Recebido: Setembro, 2018

Aprovado: Outubro, 2018

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Aline de Cássia Souza de Oliveira Amorim

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