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Aprendizagem empreendedora sob a perspectiva da teoria da effectuation

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ARAKAKI, Arthur Teruo [1]

ARAKAKI, Arthur Teruo. Aprendizagem empreendedora sob a perspectiva da teoria da effectuation. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 20, pp. 76-88. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/teoria-da-effectuation

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar o potencial da teoria effectuation como suporte para explicar a aprendizagem empreendedora no contexto das empresas em estágio inicial. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratório com abordagem qualitativa. Com resultado, identificou-se que a teoria da effectuation tem sido bem difundida e demonstra relativo potencial contributivo para explorar o conhecimento sobre o dinâmico processo de aprendizagem empreendedora. Conclui-se que o aprofundamento conceitual e teórico da effectuation é essencial para o refinamento sobre o fenômeno da aprendizagem empreendedora, principalmente no contexto das empresas nascentes. Por fim, incentiva-se a realização de estudos teórico-empíricos que ratifiquem a importância dessa teoria como suporte para se explicar os resultados alcançados no aprendizado do empreendedorismo no contexto das empresas nascentes.

Palavras-chave: Aprendizagem empreendedora, Teoria da effectuation, Empresas nascentes.

1. INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é frequentemente associado ao progresso econômico (BARROS e PEREIRA, 2008). Assim, as empresas nascentes e os mecanismos necessários para o seu crescimento tornam-se campo de investigação necessária. Isto se deve, pois como evidenciam Chandler e Hanks (1993) há uma alta taxa de mortalidade entre os novos empreendimentos e muitos empregos recém-criados são perdidos após períodos comparativamente breves. Dessa forma, a ação empreendedora bem sucedida não é algo trivial e demanda capacidades diversificadas, produto de uma aprendizagem empreendedora efetiva.

Uma investigação sobre o processo de aprendizagem empreendedora mostra que os empreendedores desenvolvem continuamente o conhecimento à medida que encontram novas experiências (POLITIS e GABRIELSSON, 2005). Desta forma incentiva-se a utilização de conteúdo conceitual e teórico que explore a aprendizagem empreendedora como um processo de experiência contínua (POLITIS, 2005; ZAMPIER e TAKAHASHI, 2011).

Desenvolver as competências empreendedoras é fundamental, principalmente em um país emergente como o Brasil, que obteve no ano de 2017, segundo dados do (GEM, 2018) uma taxa total de empreendedorismo[2] de 36,4%, ou seja, para cada 100 brasileiros entre 18 e 64 anos, 36 deles estavam conduzindo algum tipo de atividade empreendedora, seja na criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio ou na manutenção de um negócio já existente. Ainda, segundo (GEM, 2018) isso representa dizer que é de quase 50 milhões o contingente de brasileiros que já empreendem e/ou realizaram, em 2017, alguma ação visando à criação de um empreendimento. Esses dados esclarecem a motivação pelo aprimoramento e promoção das competências empreendedoras, que visa à capacitação de potenciais e futuros empreendedores para o país.

Todavia, para Rae (2004) os processos de aprendizagem envolvidos no início e no funcionamento desses negócios ainda precisam ser extensivamente pesquisados. Isso pode ser feito com o suporte de teorias do empreendedorismo com potencial para explicar o fenômeno da aprendizagem empreendedora.

Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar o potencial da teoria effectuation como suporte para explicar a aprendizagem empreendedora no contexto das empresas em estágio inicial. Considerando a existência de poucos estudos que abordam a aplicação dos conhecimentos advindos dessa abordagem teórica para refinar o conhecimento sobre a aprendizagem empreendedora. Este trabalho segue, após essa introdução, uma estrutura de seções formada por: 2. Referencial teórico, 3. Metodologia, 4. Resultados, 5. Conclusão; Referências bibliográficas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção está subdividida em duas subseções que tratam, respectivamente, sobre a aprendizagem empreendedora e a Teoria Effectuation.

2.1 APRENDIZAGEM EMPREENDEDORA

A ação empreendedora está intrinsecamente condicionada a uma aprendizagem empreendedora adquirida pelo indivíduo em suas interações sociais. Aprendizagem que é, segundo Politis (2005), um processo contínuo que facilita o desenvolvimento do conhecimento necessário para ser efetivo na criação e gestão de novos empreendimentos. Este aprendizado é, portanto, um processo dinâmico que, segundo Minniti e Bygrave (2001), envolve repetição e experimentação. Tais aumentam a confiança do empreendedor em ação e desenvolvem o conteúdo de seu estoque de conhecimentos.

Os estudos de aprendizagem empreendedora possuem diferentes fundamentos teóricos e, segundo Man (2006), podem ser classificados em abordagens: experienciais; cognitivas e afetivas; de rede. Dessa forma, algumas análises do processo de aprendizagem empreendedoras são estruturadas na forma de modelos como elencado em estudo de Zampier e Takahashi (2011). Nesse último, foi apresentada uma descrição de modelos de aprendizagem empreendedora produzidos por distintos autores e suas perspectivas (MORAES e HOELTGEBAUM, 2003; RAE, 2004; POLITIS, 2005).

De forma sucinta no modelo de Moraes e Hoeltgebaum (2003), o processo de formação do empreendedor deve considerar a etapa do ciclo de vida da organização. Assim, para compreensão de como ocorre o aprendizado dos empreendedores é necessário entender como eles se tornam empreendedores, como gerenciam o seu próprio empreendimento e como atuam estrategicamente. Tudo isso, segundo Zampier e Takahashi (2011), envolve a identificação de oportunidade e a administração da empresa criada.

Já no modelo de aprendizagem de Rae (2004), o foco está no contexto social em que o indivíduo está inserido e abrange as dimensões: formação pessoal e social; aprendizagem contextual; empreendimento negociado. Todas essas dimensões do modelo se subdividem em outros elementos, como pode ser visto no modelo triádico de aprendizagem empreendedora na figura 1.

Figura 1– O modelo triádico de aprendizagem empreendedora

Fonte: Adaptado de Rae (2004)

Na Figura 1, é possível visualizar a estrutura intitulada: modelo triádico de aprendizagem empreendedora. Inicialmente, tem-se a abordagem da “formação pessoal e social” onde, segundo Rae (2004), as pessoas podem desenvolver uma identidade empreendedora que expresse seu senso de si mesma e das aspirações futuras. Estas últimas, influenciadas pelo ambiente em que vivem e pelas pessoas que convivem com ela, na condição de empreendedores em formação, intuitivamente, irão negociar a sua identidade pessoal e social, que, por fim, demostram como elas desejam ser conhecidas em seu meio social.

Já a aprendizagem contextual ocorre, como interpreta Rae (2004), quando as pessoas se relacionam e comparam suas experiências individuais com os outros e cria um significado compartilhado por meio de sua participação social em redes culturais, industriais e outras. Assim, por intermédio dessas relações e experiências com o meio social, as pessoas fomentam as suas capacidades de reconhecer oportunidades. Já no empreendimento negociado, para Rae (2004), as ideias e aspirações dos indivíduos são realizadas através de processos interativos de troca negociada com outros em relação à empresa, incluindo clientes, investidores e co-atores, como funcionários ou parceiros. Assim o empreendimento negociado será produto das relações interpessoais que forem negociadas.

Um terceiro modelo de aprendizagem empreendedora é estruturado por Politis (2005) o qual procurou fazer um trabalho de distinção entre “experiência empreendedora” e “conhecimento empreendedor”. Para Politis (2005), a primeira corresponde a “experiência” (doravante referida como experiências de empreendedorismo), enquanto a segunda é considerada equivalente a “conhecimento experiencialmente adquirido” (doravante referida como conhecimento empreendedor). O quadro conceitual estruturado por Politis (2005) mostra alguns dos argumentos e reflexões sobre a aprendizagem empreendedora que é encontrada na literatura de forma recorrente como pode ser visto na figura 2 e que dão suporte para a estrutura conceitual do seu modelo.

Figura 2 – Uma estrutura conceitual de aprendizagem empreendedora como um processo experiencial

Fonte: Adaptado de Politis (2005)

Na figura 2, é elencada uma estrutura conceitual que auxilia no processo de argumentação sobre o processo de aprendizagem empreendedora que tem início com a ligação entre a “experiência de carreira dos empreendedores” e o desenvolvimento do conhecimento empreendedor (seta A). Na sequência, a autora expõe a necessidade de investigação da forma predominante com que os empreendedores transformam uma experiência em conhecimento influenciando o tipo específico de conhecimento que é desenvolvido (seta B). E, por fim, os fatores que influenciam o modo predominante dos empresários de transformar uma experiência em conhecimento (seta C).

2.2 TEORIA EFFECTUATION

A teoria effectuation é produto da tese de doutorado de Saras Sarasvathy que pode ser vista em trabalho de Sarasvathy (2001).  A lógica causal, segundo Sarasvathy (2011), considera que à medida que é possível fazer previsão do futuro, pode-se atuar controlando-o. De forma distinta, a lógica adotada pela teoria da effectuation, conforme Sarasvathy (2011), indica que dado a possibilidade de controlar o futuro, não existe necessidade de previsão.

Trazendo isso para o processo de empreender em negócios é possível identificar utilidade por parte da teoria da effectuation. Na teoria da effectuation, como elenca Salusse e Andreassi (2016), o empreendedor começa o processo criativo do empreendimento com uma ideia genérica da atividade e mobiliza os recursos existentes para interagir com potenciais stakeholders e agir sobre elementos que possa influenciar. Ainda, para Salusse e Andreassi (2016), “o empreendedor decide mudar a ideia inicial do negócio à medida que esses stakeholders se comprometem e se engajam com o desenvolvimento conjunto do negócio e, com isso, novos recursos e novos objetivos emergem.” Ao utilizar a lógica advinda da teoria da effectuation, o empreendedor inicia um novo negócio a partir de uma ideia ampla e faz uso dos recursos que estão disponíveis para realizar a integração com as partes interessadas.

À medida que a integração com os potenciais stakeholders é estabelecida com o empreendedor e são identificados os produtos dela através do comprometimento da contribuição mútua entre o empreendedor e os stakeholders no engajamento na manutenção do empreendimento existente emergem novas possibilidades de negócio. Como reforça Salusse e Andreassi (2016), os princípios da teoria atuam no sentido de que as eventuais falhas aconteçam mais rapidamente por meio da experimentação e, portanto, com menor nível de investimento do empreendedor. Portanto a teoria effectuation proporciona ao empreendedor ter menos custos durante o processo empreendido, por conseguir testar mais rapidamente as novas ideias com o suporte dos stakeholders e os recursos disponíveis, evidenciando o que funciona e projetando a realização de novas ideias de negócios para o futuro.

3. APRENDIZAGEM EMPREENDEDORA SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA EFFECTUATION

A aprendizagem empreendedora é processo necessário para que se tenha efetividade na criação e gestão de empresas. Existe, portanto, uma necessidade do aperfeiçoamento do empreendedorismo como área de conhecimento (SHANE, 2012; NECK et al, 2014). Ainda que a atitude empreendedora seja fomentada também por características intrínsecas a personalidade, como a propensão ao risco e autoconfiança (RIZZATO, 2013), o processo de empreender extrapola a abordagem dos aspectos de natureza essencialmente cognitiva do empreendedor (RIZZATO, 2013; OLAKITAN e AYOBAMI, 2011).

Dessa forma, novas perspectivas do empreendedorismo são apresentadas e novos componentes são considerados na ação empreendedora, tais como os fatores extrínsecos aos indivíduos, e da relação dos atores com o ambiente externo, que agora são considerados como fatores relevantes pelos resultados alcançados (SARASVATHY e VENKATARAMAN, 2011). Isso irá demandar um processo bem mais estrutural, de interação social e ambiental com o meio em que se está empreendendo. É o processo de aprendizagem empreendedora que ocorre de maneira contínua e, ao longo do tempo, consolida conhecimento e confiança para os empreendedores (MINNITI e BYGRAVE, 2001; POLITIS, 2005).

A aprendizagem empreendedora possui lentes distintas, sendo, conforme Man (2006), classificados em abordagens: experienciais; cognitivas e afetivas; de rede. No entanto, defende-se que parte relevante da aprendizagem empreendedora ocorre de maneira experimental (MINNITI e BYGRAVE, 2001; SARASVATHY, 2001; ZAMPIER e TAKAHASHI, 2011). Uma teoria que considera o processo de experimentação como suporte da ação empreendedora e que tem capacidade para explicar de forma potencial como se dá o processo de aprendizagem empreendedora ao longo do tempo é a teoria da effectuation.

Portanto, com base no modelo dinâmico da teoria effectuation, apresentado em Sarasvathy (2001), dá-se início à compreensão do que se mostra como ponto de partida do processo de aprendizagem empreendedora através da lógica da effectuation. Isto se justifica, pois, quando embasada pela teoria effectuation em questão, considera-se que o empreendedor parte de uma ideia genérica para dar início ao seu negócio e trabalha com os recursos disponíveis buscando, na medida do possível, interagir com os stakeholders, sempre buscando agir sobre elementos passíveis de controle. Ao longo do processo de empreender e com a viabilidade de parceria com os stakeholders, o negócio vai mudando a forma inicial, a partir da conquista de parcerias que se engajam com os objetivos do negócio, contribuindo com a imersão de novos recursos e novas metas para se empreender.

4. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. Para Gil (2010), na pesquisa qualitativa não existe um guia pronto para o pesquisador. Dessa maneira, é necessário que o indivíduo participe, compreenda e interprete o fenômeno a partir das suas competências e estilo.

Como forma de aquisição de dados utilizou-se a pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica, conforme Marconi e Lakatos (2009), abrange a bibliografia sobre o tema que está em poder do público. Portanto, consultou-se artigos e livros que fossem atuais e que tratasse do tema abordado na pesquisa.

Para se alcançar o objetivo de pesquisa fez-se uso do método exploratório a fim de entender qual a função da teoria effectuation para explicar o processo de aprendizagem do empreendedor em estágio inicial. A pesquisa exploratória para Gil (2002) tem como objetivo promover a aproximação com o problema de pesquisa para torná-lo explícito e dar suportar o levantamento de hipóteses.

5. RESULTADOS

Trazendo a lógica da effectuation para dimensionar o estágio inicial das empresas nascentes, o processo de aprendizagem fica evidente, pois, é partir dele, de forma dinâmica e ao longo do tempo que os empreendedores irão se capacitar para tomar as decisões mais estratégicas. Isso é justificado pela capacidade dos empreendedores em absorver conhecimento através de uma aprendizagem efetiva durante a adequação dos negócios, ao buscar parcerias em seu ambiente e negociando de forma estratégica visando sua manutenção e crescimento.

Através dos modelos de aprendizagem empreendedora detalhado em estudos de (MORAES e HOELTGEBAUM, 2003, RAE, 2004; POLITIS, 2005), conseguimos dimensionar os elementos que permeiam o aprendizado e a forma como se dá o processo de aquisição de conhecimento pelo empreendedor. Tal desiderato no intuito de consolidar as estratégias cooperativas para uma ação empreendedora mais efetiva.

Especificamente o no modelo triádico de Rea (2004), tem-se que a aprendizagem empreendedora tem ramificações como: o empreendimento negociado e a aprendizagem contextual. Estes últimos, que integram, respectivamente, empreendimentos conjuntos e parcerias, e o reconhecimento de oportunidade por meio de participação cultural. A lógica da effectuation integra esses elementos na sua estrutura ao explicar a forma com que os empreendedores aprendem a ultrapassar as contingências através das parcerias com stakeholders, correndo riscos aceitáveis e contando com as características ambientais para adequar à sua ideia inicial de negócio.

A teoria effectuation ajusta-se melhor a empreendimentos característicos de ambientes dinâmicos e que necessitam estabelecer as estratégias cooperativas desde o início, visando o controle de contingências. Ao considerar o modelo de Politis (2005), identifica-se também uma consonância do mesmo com a effectuation através do exercício de separação entre conhecimento empreendedor e experiência do empreendedor, as quais se diferem.

Os empreendedores que detém experiência prévia irão levar essa condição para a sua atuação em novo negócio e isso terá impacto na forma como se dará a transformação das novas experiências em consolidação de conhecimento, o contínuo processo de aprendizado em si e a aquisição conhecimentos novos. De maneira geral, as características apresentadas pela teoria effectuation se mostram adequadas para explicar a realidade da ação empreendedora de uma expressiva parte das empresas nascentes, bem como para explanar aspectos importantes de como se dá o processo de aprendizado dos empreendedores. Isso justifica seu potencial para contribuir com a teoria sobre a aprendizagem empreendedora.

6. CONCLUSÃO

O produto final desse trabalho são as evidências encontradas sobre as contribuições da teoria effectuation para refinar conhecimento sobre a aprendizagem empreendedora em empresas nascentes. Ao discorrer sobre os processos os métodos de aprendizagem empreendedora elaborada ao longo do tempo, conseguimos identificar a seus ajustes, produto de crescente interesse pelo seu desenvolvimento, dado a importância econômica e social da ação empreendedora bem sucedida, que tem avanço através de um aprendizado efetivo.

A abordagem da teoria da effectuation possui aspectos de estímulo à experimentação tempestiva de novos negócios, pois a mesma sugere que o empreendedor parta de uma ideia genérica na criação de seu novo negócio, e, aos poucos, utilize os recursos existentes para interagir com os stakeholders em potencial e procure agir sobre elementos que possa influenciar adaptando assim a ideia inicial de negócio. Essa perspectiva é relevante no processo de aprendizagem do empreendedor e os conceitos de empreendedorismo fundamentados  nessa teoria podem ser úteis para explicar o dinamismo do processo de aprendizagem no contexto das empresas jovens, ainda em construção, bem como essa etapa se desdobra e pode ser determinante para o bom desempenho do negócio.

Esforços de validação da teoria da effectuation podem ser encontrados principalmente nos principais periódicos nacionais e internacionais, ao exemplo do estudo teórico-empírico abordado nesse ensaio, sobre a validação da lógica da effectuation em Chandler et al (2011). No que diz respeito à contribuição da perspectiva teoria da effectuation enquanto conteúdo útil, passível de adaptação e robusto para a formatação de metodologias de aprendizagem empreendedora atualizada, ainda assim, têm-se poucos estudos com essa abordagem.

Em suma, o ensaio sugere a realização de mais trabalhos teóricos que explorem as limitações e potencialidades da teoria effectuation para explicar o processo de aprendizagem empreendedora, como forma de refinar o conhecimento sobre a sua utilidade, e capacidade de contribuir para a teoria de empreendedorismo. Ainda, incentiva-se a realização de estudos teórico-empíricos que ratifiquem a importância dessa teoria como suporte para se explicar os resultados alcançados no aprendizado do empreendedorismo no contexto das empresas nascentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE – REFERÊNCIA DE NOTA DE RODAPÉ

2. TTE – Taxa total de empreendedorismo, vide (GEM, 2018).

[1] Pós graduado em Direito Tributário pela Unitins, Pós graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Unitins e graduação em Direito pela Universidade Federal do Tocantins.

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Arthur Teruo Arakaki

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