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Inovação social como estratégia de não mercado

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CONTEÚDO

ENSAIO TEÓRICO

KÜHL, Dicézanne Gabriela de Souza [1], CASAGRANDE, Jacir Leonir [2]

KÜHL, Dicézanne Gabriela de Souza. CASAGRANDE, Jacir Leonir. Inovação social como estratégia de não mercado. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 07, Vol. 03, pp. 05-19. Julho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/inovacao-social

RESUMO

As crises econômicas e sociais recentes têm acirrado ainda mais a competitividade entre empresas, e as estratégias de mercado tradicionais se mostram insuficientes para garantir a vantagem competitiva. Este ensaio teórico tem por objetivo abordar o tema de estratégia de não mercado e sua relação com o fenômeno das inovações sociais, que possui potencial para institucionalizar práticas sociais, convertendo-as em políticas públicas. O problema central deste ensaio reside na apropriação das inovações sociais pelo capital como ferramental de estratégia de não mercado. Este busca influenciar políticas públicas conforme os próprios interesses, garantindo vantagens competitivas. Para melhor compreensão dos temas abordados, este ensaio teórico tem como objetivos: elucidar o conceito de mercado e não mercado dentro de uma perspectiva crítica; compreender a estratégia de não mercado para vantagem competitiva; explicar o fenômeno das inovações sociais para a transformação social; e, por fim relacionar a inovação social como estratégia de não mercado. Este ensaio teórico têm viés crítico, e fundamenta-se na bibliografia mais recente sobre o tema, permitindo liberdade reflexiva por parte do pesquisador. Os resultados apontam que inovações sociais são reações contextuais que podem ser fomentadas em diversos cenários, constituindo-se ferramentas de transformação. Outro resultado verificado foi a inexistência de associação teórica entre os termos inovação social e estratégia de não mercado na literatura científica. Conclui-se que uso da inovação social como ferramenta de estratégia de não mercado para a competitividade não é impossível, mas está distante de sua vocação transformadora, pois se tornaria mera ferramenta de manipulação institucional para manutenção do capital.

Palavras-chave: Estratégia de não mercado, Poder Público e Estratégia, Responsabilidade Social Corporativa, Inovação social.

1. INTRODUÇÃO

As pesquisas sobre inovação social multiplicaram-se através de diversos campos de estudos[3]. A fragmentação teórica do constructo em desenvolvimento admite que este seja escrutinado pela academia em busca de respostas às instabilidades e demandas sociais latentes[4]. A busca por originalidade e pertinência teórica sobre inovações sociais (IS) e seus desdobramentos não se aparta de outros campos de investigação dos estudos organizacionais. Aliás, é tênue, provisório e suspeito qualquer distanciamento, teórico ou prático, de constructos organizacionais nos estudos e investigações sociais contemporâneas. Aos que ousam navegar pelas ciências sociais aplicadas cabe o aviso sobre a complexidade hodierna, bem como sobre a instabilidade e transmutabilidade da racionalidade inerente aos conceitos em análise[5]. À luz dos problemas sociais, os tomadores de decisão necessitam de estratégias de gestão que considerem a complexidade da pós-modernidade. A gestão estratégica é então aplicada não só ao mercado, mas a tudo aquilo que acontece fora dele. Inovação social como reação à  realidade conecta-se com não mercado no campo das ausências e indolências[6]. Nesse sentido, este ensaio questiona qual a relação de inovação social com não mercado? As IS podem se tornar uma ferramenta de não mercado? Foram estas as questões que guiaram o presente ensaio teórico. Os estudos em estratégia são, em grande maioria, mercadológicos surgindo aí uma lacuna investigativa quanto a questões fora do mercado tradicional4.

O recorte estratégico do ensaio foi feito a partir de uma visão que se distancia do mainstream sobre o não mercado4. Já o recorte das IS tomou por base a transformação social estrutural e democrática e colaborativa(2,[7],[8]). A organização, por sua vez, é analisada a partir de sua dimensão política contra-hegemônica([9],[10]). A abordagem paradigmática é pós-colonialista e a perspectiva multipolar de não mercado em gestão estratégica tem viés crítico(4,[11]). Este ensaio se estrutura em introdução e mais outras quatro seções. Na primeira seção a trajetória do conceito de mercado e não mercado são revisados a partir de uma perspectiva crítica. Na segunda, estratégia de não mercado é analisada à luz das mais recentes tendências investigativas e paradigmáticas. Na terceira, busca-se elucidar inovação social para transformação social. Na quarta, procura-se encontrar o lugar como de inovação social e de estratégias de não mercado. E, por fim, conclui-se o ensaio com ponderações críticas e sugestões de temas de pesquisa sobre inovações sociais no contexto do não mercado no Brasil e em outros países periféricos.

2. MERCADO E NÃO MERCADO: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA

Com o fim da guerra fria e a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995, todas as economias, capitalistas ou socialistas foram convidadas a integrar o Sistema Multilateral de Comércio, assumindo assim o compromisso de se tornarem economias de mercado (EDM)[12]. Porém, ainda de acordo com Thorstensen et al (2012), as economias de não mercado (ENM) precisavam de um período de transição que foi respeitado, desde que estas levassem em frente os processos de liberalização e reformas econômicas de cunho liberal e gerencialista. Nesse contexto, a OMC não definiu formalmente o sentido, seja de economia de mercado, seja de economia de não mercado. Há, na UNCTAD uma definição de EDM como sendo a economia nacional de um país que se baseia fortemente em forças do mercado para determinar níveis de produção, consumo, investimento e poupança sem a intervenção do governo10. Logo, pode se entender que ENM como uma economia nacional de um país que não tem bases na dimensão econômica de mercado, existindo em certo grau a intervenção do governo nos níveis de produção, consumo, investimento e poupança.

O termo não mercado é usado para identificar toda e qualquer ação ou iniciativa econômica que destoe ou se distancie das práticas mercadizadas e americanizadas, logo, economias emergentes discrepantes da hegemonia são jogadas no conceito de não mercado4. A existência deste termo só é possível porque o mercado mainstream existe de forma dominante e, por conta de suas limitações objetivas, o cria. Segundo Abdalla, uma perspectiva ampliada de mercado vai encerrar em si objetivos em benefício da coletividade por meio de relações mediadas pelo poder público, governo, mídia, instituições sem fins lucrativos e stakeholders. Tal perspectiva ampliada de mercado compreende o conceito mainstream somado às dimensões ausentes (política e geopolítica), logo, numa possível abordagem crítica termo, pode-se concluir que não há que se falar mais em não mercado, já que não há produção de inexistência: mas somente em mercado pleno nas dimensões econômica, política e geopolítica.

A análise crítica dos conceitos e definições dos construtos em questão é imprescindível, já que é essa a realidade a ser analisada e incrementada. Inicia-se, então, com o conceito de não mercado, emprestando da teoria de Santos (2002) a concepção trazida pela sociologia das ausências onde entende-se o não mercado existe nas zonas de produção de inexistência do próprio mercado. Na ótica do ocidente cultural dominante tudo aquilo que interfere na realidade e que está fora da lógica mercantizada é território selvagem e inferior: é, portanto, na incivilidade, na desordem, no caos que o não mercado (re)existe. As variáveis selvagens, nessa perspectiva, podem se caracterizar como ações interventivas estatais, grupos econômicos autônomos e periféricos, inovações sociais, oposições políticas, movimentos sociais e organizações classistas que, de uma forma ou outra, devem ser levados em consideração naquilo que vai ser chamado de estratégia de não mercado(4.[13],[14],[15]).

A hegemonia e centralidade teórica do mercado em sua dimensão econômica sobre as outras dimensões possíveis é um dos desdobramento da razão indolente da ciência moderna, do gerencialismo e da ideologia neoliberal[16]. O resultado do domínio epistemológico da ciência normal, da objetividade, da cientificidade, do positivismo, da metáfora organizacional sem reflexividade, bem como da lógica produtivista voltada ao lucro entre outros fatores, conduziram a humanidade durante a modernidade a um período de instabilidade paradigmática9. Santos14 interpreta as recentes mudanças e desdobramentos estruturais como o indício de que um novo paradigma societal está emergindo. O paradigma social atual, com origens na revolução científica da modernidade, que se baseia no reducionismo científico, na compartimentalização do conhecimento, no positivismo, nas metáforas funcionalistas e na ideologia neoliberal gerencialista que serviu à criação de desigualdades, à exploração inconsequente dos recursos naturais e a uma crise climática eminente(14,[17],[18],[19],[20],[21]). Um novo paradigma social emerge da criação e formatação desta nova realidade que repousa na esperança sutilmente otimista9.

É necessário pontuar que o próprio termo aqui analisado, de não mercado, oriundo da tradição americana de gestão objetiva, responde a uma ideologia específica quando relega aquilo que não compõe o “mercado” a uma condição de inferioridade na estrutura vertical do poder econômico. A negação do campo demonstra que não mercado habita territórios de ausência, de invisibilidade dialética que não são esvaziados, muito pelo contrário, são ricos, plurais e extremamente criativos(6,[22]). No Brasil há pouca disciplina oficial sobre o tema em normas que citam economias de mercado e, esclarecimentos sobre economias em transição, ou ENM, configuradas como países que estão implementando medidas contra monopólios, controle e interferência estatal sobre preços[23].

3. ESTRATÉGIA DE NÃO MERCADO

Os estudos em gestão estratégica surgem que nos anos 1950, a Harvard Business School, como uma ferramenta de pesquisa para compreensão da realidade organizacional em sua complexidade para guiar tomadas de decisão12. Com o passar das décadas, por conta da financeirização da empresa, passam por uma simplificação sem ter, contudo, uma reflexividade teórica12. A gestão estratégica, segundo a lógica do mainstream, pode ser compreendida como uma ferramenta de aferição do desempenho organizacional voltada para o aumento do lucro e, consequentemente, para manutenção do poder. O mercado, na perspectiva do americanismo, guia-se apenas pela dimensão da economia, desconsiderando e inviabilizando as dimensões política e geopolítica para análise organizacional e estratégica4. Embora a abordagem instrumental seja dominante, na década de 1990 surgem novos modelos que passam a considerar as mudanças e formas de adaptação, a flexibilidade decisional e o aprendizado organizacional[24]. Gestão estratégica não tem um conceito único, pois depende do contexto em relação a políticas, objetivos, táticas, metas e programas, complementa-se que esta seria um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e as ações sequenciais de uma organização, em um todo coeso. Já para Hafsi e Martinet12 numa leitura crítica, a gestão estratégica deve adotar critérios de pertinência, de justiça, de equidade das suas ações cujos efeitos externos são enormes.

Estratégia de mercado é um conjunto de ações planejadas de interação entre concorrentes, fornecedores e clientes por intermédio de regras de mercado ou de acordos privados, com vistas a alcançar os objetivos últimos de uma empresa(4,11,13). Já no ambiente de não mercado aconteceriam as interações intermediadas pelo público, pelos stakeholders, pelo governo, pela mídia e pelas instituições públicas, sendo que estas interações consistiriam em ações com objetivo de influenciar e moldar políticas públicas(11,13). Estratégia de não mercado compreenderia os arranjos sociais, políticos, legais e culturais que podem se tornar uma barreira ou uma oportunidade para uma organização[25]. Entende-se ainda que as estratégias de não mercado podem ter uma abordagem legislativa ou executiva: a primeira influencia instituições no processo de eleição estabelecendo uma agenda de interesse e, a segunda influencia instituições e atores do poder executivo diretamente na escolha das políticas públicas(11,13).

Estratégias de não mercado são ações e soluções que empresas adotam nas relações comerciais com economias que não se inserem de alguma forma, no mercado tradicional. Os arranjos institucionais específicos de cada economia, tais como as políticas estatais, as regulações, o protecionismo geram um ambiente diverso e, por vezes, instável ao capital financeiro. Logo, pensar gestão estratégica para economias de não mercado é um dos desafios enfrentados por corporações, sendo crucial ao sucesso e qualquer empreendimento. Além das variáveis já conhecida do mercado, o não mercado constitui e legitima outras variáveis como, por exemplo, pressões sociais e o próprio governo[26]. A estratégia de não mercado (ENM) é um instrumento importante para que grupos de poder consigam influenciar políticas públicas de modo a garantir seus próprios interesses.

A ENM tem duas nuances de atuação: uma voltada ao processo eleitoral, onde empresas financiam partidos e políticos em suas campanhas para que seus interesses privados tenham voz nas câmaras legislativas. A estratégia é atuar diretamente na formatação de leis que favoreçam a exploração econômica em determinado país, desregulamentando setores problemáticos e flexibilizando as relações de trabalho e meio ambiente. A segunda nuance é direcionada às funções de governo, ao executivo em si, cooptando o agente público que lidera um processo administrativo-gerencial13. Oriundas das nuances acima, estão dois componentes-chave das ENM: a atividade política corporativa (APC) e a responsabilidade social corporativa (RSC)[27]. Essas duas perspectivas devem ser integradas quando da elaboração da estratégia organizacional de não mercado. A explicação para a existência da APC e da RSC tem base nos contextos locais: há pressão política por meio de instituições oficiais e, também pressão social pela ausência de prestação estatal. A abordagem legislativa da estratégia de não mercado de que trata Baron11 pode ser exemplificada com a atividade de lobby: prática comum em economias liberais como a estadunidense, por exemplo, onde é inclusive regulamentada. Em síntese, lobby é o envolvimento de uma empresa ou de um grupo com interesses estratégicos nas decisões políticas de um país, de forma explicitada ou não23.

Trazendo a discussão para o contexto brasileiro recente, o poder econômico privado vem figurando como fator decisivo nas eleições para o legislativo e executivo em todas as esferas: desde a abertura democrática de 1989, foi possível que empresas privadas interferissem nos processos eleitorais de forma legal, fazendo uso do poder financeiro por meio de doações substanciais([28],[29],[30]). A estratégia de não mercado de agentes privados poderosos no contexto brasileiro era certeira: estes contribuíam para as campanhas dos principais candidatos sem levar em conta ideologias políticas, como aponta relatório elaborado para a Ong Transparência Brasil26. Porém, o financiamento empresarial para campanhas eleitorais foi proibido no Brasil em decisão do Supremo Tribunal Federal desde o ano de 2015, em oposição à tendência internacional de cunho liberal[31].

Em suma, estratégia de não mercado é uma área ampla dos estudos estratégicos em gestão que não se reduz apenas ao estado, mas inclui as interações entre empresas e demais atores externos que são intermediadas por instituições públicas, entidades, pela mídia além de outros tantos stakeholders[32].

4. INOVAÇÃO SOCIAL

A dimensão social atrelada ao conceito de inovação pode ser remontada à década de sessenta, onde referia-se à pesquisa experimental que era feita dentro da área das ciências sociais e humanas, vindo depois a ser incorporada nos conceitos de empresa social, empreendedor social, responsabilidade social e open innovation[33]. Porém, foi só recentemente que pesquisadores começaram a observar as inovações sociais através de lentes teóricas que visam a mudança das estruturas de poder na sociedade, com o empoderamento como parte inerente ou essencial dessa mudança(31,[34],[35],[36]). Há, portanto, que se investigar as tendências e contextos que influem nos estudos sobre inovação social, abraçando a transversalidade[37] para um rico entendimento do fenômeno que se desenha, sendo que para Cajaiba-Santana[38] “the particularities of social innovation call for new paradigms and new theoretical perspectives in order to move forward” (p. 2).

Afasta-se da definição corrente e limitada das inovações sociais deixando claro que a centralidade destas repousa na mudança, e seus resultados são exclusivamente imateriais, sendo seu objeto não somente as relações sociais entre indivíduos em um nível micro, como também na criação de novas instituições e novos sistemas sociais em um sentido muito mais amplo(1,2,6,36,[39],[40]). Em suma, é preciso considerar toda a complexidade em que as inovações sociais estão imersas, as mudanças estruturais na sociedade e as dimensões ambiental e social inerentes ao termo(15,[41]). A fragmentação teórica sobre uma definição corrente, ou mesmo um conceito fechado de inovação social está longe de acontecer. É isso que sugere publicação recente de Ziegler2 que, baseado em conceitos que têm definições conflitantes e fluidas até hoje, tais como democracia e liberdade, propõe visualizar inovação social como um conceito colaborativo, que se constrói também localmente2. Buscar uma maior compreensão de um fenômeno que nasce da pluralidade subjetiva, cultural e territorial por meio de frameworks estáticos é, no mínimo, contraditório, o que inviabiliza o uso de modelos sociológicos a exemplo dos paradigmas de Burrel e Morgan, bem como da ideia de incomensurabilidade paradigmática de Kuhn([42],[43]).

Na literatura nacional e internacional sobre inovação social identifica-se duas orientações paradigmáticas que são opostas e incomensuráveis, Montgomery as chama de tecnocrática e democrática. A aproximação teórica pode ser feita ao estabelecer um paralelo entre o paradigma democrático e a sociologia da mudança radical, baseado na teoria crítica; e outro paralelo entre paradigma tecnocrático e a sociologia da regulação, e a epistemologia positivista e ideologia neoliberal6. Ao propor os paradigmas das inovações sociais, o autor sintetiza de forma radical e diametralmente oposta todo o universo das inovações sociais, e limita o desenvolvimento do campo ao negar a pluralidade e riqueza potencial das interações estruturais, culturais, subjetivas e locais.

A humanidade tem desafios a solucionar que dependem de esforços conjuntos, mas isso não significa que se possa sumariamente e arbitrariamente, como muitas instâncias decisórias internacionais o fazem, colocar todas as múltiplas realidades e contextos em pé de igualdade, ceifando assim qualquer possibilidade de transformação social de base15. Assim como Santos (2010) que em suas Epistemologias do Sul não descarta o saber científico, mas incorpora a ele outros saberes para uma realidade mais rica, não se pode negar, em face das contradições, as contribuições da lógica hegemônica operante até então(9,[44]). Ghisi também vai sugerir que deve-se manter o melhor que a modernidade trouxe e, ir além transcendendo-a para um novo estado de ser: uma transmodernidade42 Inovação social se conecta e cria raízes através das fronteiras, sejam elas físicas, culturais, econômicas ou de comunicação, e é possível de se analisar com um instrumental teórico que leve em conta a complexidade inerente, como é a proposta das Matrizes Epistêmicas[45]. O Círculo das Matrizes Epistêmicas constitui-se como um processo dinâmico e dialógico entre ciência e filosofia, admitindo e instigando a produção de conhecimento que ultrapassa os limites da ciência normal, podendo vir a ser uma perspectiva de análise das IS que comporte sua pluralidade(14,43,[46]).  O ponto central de toda argumentação e questionamento que se verifica aqui é a complexidade, embora Edwards-Schachter e Wallace[47] e Cajaiba-Santana36 demonstrem que inovação social não é um termo exclusivo da ontologia da modernidade, e que pode ser observada em outros tempos, é somente neste contexto contemporâneo que ela surge com tamanha relevância para a mudança na estrutura social(2,5,6,[48]).

5. INOVAÇÃO SOCIAL COMO ESTRATÉGIA DE NÃO MERCADO

A inovação social tem gênese em vazios institucionais, discrepâncias econômicas, desigualdades diversas que habitam territórios invisibilizados pelo poder dominante de razão indolente20. Tais territórios são habitados por populações periféricas, marginalizadas, exploradas, esquecidas em suas vulnerabilidades e, nessa dimensão paralela ao posto, ao dito, ao oficial, ao visível, é que vão surgir mecanismos inovadores de resistência para a sobrevivência que podem vir a serem transformadores da realidade. A compreensão de que inovação social surge exatamente dos vazios e indolências do mercado privado, é o ponto de convergência que a configura como fenômeno típico de não mercado. Exemplo disso é a economia social, que não admite a produção irresponsável para o lucro indolente, mas repousa em valores comunitários, sociais e inclusivos. Economia social pode ser entendida dentro da lógica do não mercado pois é capaz de criar e difundir inovações de forma diversa das regras do mercado privado[49].

A inclinação teórica das IS aqui adotada tem cunho radical, transformador, democrático e emancipador, com vistas à reconfiguração estrutural6. IS pode ser compreendida como um fenômeno social complexo que tem potencial para moldar o paradigma emergente enquanto organização contra-hegemônica inserida no não mercado, um espaço virtual subestimado e inferiorizado pelo mercado(4,7,8,9,14). Inovações sociais são poderosos instrumentos de transformação social quando se leva em consideração as especifidades e necessidades locais, seu caráter democrático transformador pode ser observado em iniciativas que visam inclusão, empoderamento, autonomia, e participação cidadã6.

O conceito construído colaborativamente de inovação social vai entender que é a autonomia dá ciência do contexto social e assim possibilita o agir, o pensar e, consequentemente emancipa o indivíduo, que torna relevante a teoria de Santos sobre uma Epistemologia do Sul e a reinvenção da emancipação, evoluindo o construto ao criticar o viés da escola de Frankfurt([50],[51]). Tal emancipação vai possibilitar o empoderamento, que é o despertar da consciência crítica que permite o a cognição e o desenvolvimento de potencialidades múltiplas latentes do indivíduo alvo que, culmina na adoção da teoria da mudança social de Marx para a transformação da sociedade através da estrutura econômica, de forma radical ou reformista, levando sempre em conta as especificidades locais, contextuais, históricas, bem como as desigualdades e processos de colonização e invisibilização de realidades periféricas(6,[52],[53],[54]).

Inovação social é aqui compreendida como um processo dinâmico e plural para a transformação da estrutura social podendo ser espontânea ou provocada por meio de incentivos e fomentos específicos, pois considera características específicas da história, população, economia de determinado local em interação constante com instituições públicas, privadas e da sociedade civil. É essencialmente otimista e fundada na esperança de um mundo melhor considerando-se os desafios contemporâneos de mudança climática, crises de abastecimento e de migração, crescente desigualdade entre outros fatores.

Longe de ser considerada uma panaceia para os males da humanidade, as IS podem sim ser consideradas uma estratégia de não mercado, mas apenas se seus contornos democráticos forem respeitados6. Embora não possam ser impostam de forma topdown ou mesmo replicadas por frameworks, as inovações sociais devem ser fomentadas e facilitadas por arranjos institucionais públicos e privados, de forma que as ações inovadoras possam surgir localmente, compreendidas dentro da complexidade única de cada comunidade[55]. Inovação social como estratégia de não mercado para empresas privadas, para estados, ou mesmo para a cooperação entre estes, possui caráter instrumental de Responsabilidade Social Corporativa e de Atividade Política Corporativa. Os benefícios de se fomentar práticas de inovação social não são apenas corporativos e pontuais, mas sim sociais, institucionais e estruturais: a atuação conjunta da empresa, poder público e comunidade pode contribuir na transformação das estruturas sociais[56].

CONCLUSÃO

Primeiramente, faz-se necessário o entendimento de que o não mercado não constitui uma instância oposta e reativa ao mercado em si, mas é, sim, uma alternativa discursiva ao caráter único economicista daquele[57]. Ideal seria que se desconstruísse a concepção corrente de mercado neoliberal de dimensão unicamente econômica, para então reconstruí-la em todas as suas dimensões, reconciliando a economia com a política e a geopolítica4,[58]. Não mercado, assim como inovação social, convergem na derrocada do capital20, sendo que as inovações sociais podem ser uma ferramenta propositada para a criação de organizações contra- hegemônicas de transformação social(4,7,13). Embora a sistematização das IS em frameworks de replicação seja comum na literatura, ela é empiricamente impossível devido à complexidade do fenômeno em análise53. Porém, o fomento, o incentivo a praticas de inovação social emancipatórias é mais que desejável(9,19,[59],[60]).

As IS são fenômenos sociais complexos que surgem reativamente ao contexto hostil de instabilidade paradigmática em que estão inseridas(6,14,16). Florescem, pois, nas ausências e invisibilidades da racionalidade dominante, que vai negar a existência de ações que não se enquadrem na imagem de um mercado objetivado20. Inovações sociais são reações contextuais que podem ser fomentadas em diversos cenários, constituindo-se como ferramentas de transformação social paradigmática no contexto periférico do não mercado(6,9,31,37).

As investigações acadêmicas empreendidas sobre inovação social e associação com o conceito de estratégia de não mercado nas bases de dados demonstraram que, embora nenhum dos termos seja inédito ou pouco explorado, inexiste qualquer associação teórica entre estes, direta ou indiretamente. Inovação social nunca foi, seja na literatura nacional ou internacional, um construto diretamente relacionado ao não mercado. Considerando que ambos os construtos são frutos de dinâmicas sociais pós-modernas, constata-se a falta estudos que os associem e, que ampliem os horizontes analíticos, ao levar em consideração as variáveis contextuais diversas.

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[1] Bacharel em Direito.

[2] Orientador. Doutor em Engenharia de Produção.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Julho, 2020.

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