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O uso do geoprocessamento: sistema de informações geográficas na mineração

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NUNES, Antônio José Ribeiro [1]

NUNES, Antônio José Ribeiro. O uso do geoprocessamento: sistema de informações geográficas  na mineração. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 06, Vol. 03, pp. 165-178. Junho de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:  https://www.nucleodoconhecimento.com.br/tecnologia/geoprocessamento

RESUMO

A sociedade e os meios produtivos têm vivenciado nos últimos anos um grande avanço tecnológico por meio da disponibilização de variados equipamentos e sistemas informatizados que ampliaram a capacidade de comunicação e soluções de problemas através de acesso a dados e informações. Dentre esses avanços, destaca-se o geoprocessamento, por sua capacidade de coleta, armazenamento, compartilhamento e análises de dados, inclusive sua aplicação no planejamento da exploração de jazidas, avaliação de impactos ambientais, controle e gerenciamento operacional da atividade minerária. Uma análise das ferramentas de geoprocessamento sob a ótica de sua contribuição à pesquisa e prospecção mineral, avaliação estrutural de depósitos minerais, informações geotectônicas em áreas de ocorrência jazidas minerais para exploração, seleção de anomalias, levantamentos geológicos, pesquisas e sondagens de reservas minerais. Posto essa contextualização, este artigo visou responder a seguinte questão norteadora: Qual a contribuição do geoprocessamento às empresas mineradoras em termos de exploração comercial e recuperação ambiental de áreas degradadas pela atividade mineradora? Para tanto, o objetivo deste artigo é identificar a aplicação de ferramentas de geoprocessamento em atividades de mineração. Assim, para responder aos objetivos do estudo e à problemática apontada, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica com base em fundamentos teóricos de autores. Pretendeu-se apontar o conceito, os fundamentos e as ferramentas usadas no geoprocessamento; avaliar a aplicação de geoprocessamento na mineração brasileira; analisar a contribuição do geoprocessamento na redução de impactos ambientais da atividade mineradora. A aplicação de geoprocessamento na mineração brasileira contribui para otimizar a gestão por meio de informações, pesquisa e prospecção mineral, descoberta de depósitos minerais, planejamento de exploração de jazidas minerais, avaliação e determinação de vantagens econômicas, interpretação de áreas mineradoras, simulações de paisagens que auxiliam na avaliação do antes e do depois da exploração com vistas à recuperação de ambientes degradados. A aplicação de ferramentas de geoprocessamento em atividades de mineração possibilita elaboração de mapeamento, imagens e diagramação, que são realizadas em áreas destinadas à exploração de lavras, prospecção mineral e avaliação de depósitos minerais, sendo, portanto, inquestionáveis quanto à capacidade de produzir resultados satisfatórios.

Palavras-chave: Geoprocessamento, Mineração, Impactos Ambientais, Prospecção, Jazidas Minerais.

1. INTRODUÇÃO

O geoprocessamento e o Sistema de Informações Geográficas (SIG) produziram na sociedade informatizada uma maior democratização dos conhecimentos, favorecendo a expansão de articulações de redes que passaram a auxiliar diversas atividades que dependem de informações, assim como ampliação dos campos do conhecimento.

As informações e imagens disponibilizadas pela tecnologia através da aplicação de pesquisas com o Sistema de Informação Geográfica – (SIG), permitindo uma ampla cenarização para a tomada de decisões no campo da pesquisa social, ambiental, jurídica e outras (ARAÚJO, 2017).

O estudo tratará de investigar a produção desse novo conhecimento partindo do pressuposto de que sua afirmação na sociedade brasileira tem trazido grande contribuição através do uso das informações, mapas e imagens que apresentam orientações de coordenadas georreferenciadas que permitem o conhecimento do território e pontos de controle que favorecem a criação de marcos de suporte para o estabelecimento de demarcações.

O objetivo deste artigo é identificar a aplicação de ferramentas de geoprocessamento em atividades de mineração. Pretendeu-se apontar o conceito, os fundamentos e as ferramentas usadas no geoprocessamento; avaliar a aplicação de geoprocessamento na mineração brasileira; analisar a contribuição do geoprocessamento na redução de impactos ambientais da atividade mineradora.

Nessa perspectiva, delimita-se o estudo a uma análise dessas ferramentas sob a ótica de sua contribuição à pesquisa e prospecção mineral em depósito, avaliação estrutural dos depósitos minerais, informações geotectônicas em áreas onde possam existir jazidas minerais para exploração, seleção de ativos (anomalias), levantamentos geológicos, pesquisa e sondagem de reservas minerais.

A problemática de pesquisa busca investigar a seguinte questão: Qual a contribuição do geoprocessamento às empresas mineradoras em termos de exploração comercial e recuperação ambiental de áreas degradadas pela atividade mineradora?

Para responder aos objetivos e à questão norteadora de pesquisa, optou-se por realizar como metodologia uma pesquisa bibliográfica com base em pressupostos teóricos de autores.

Os pressupostos do estudo apontam que as ferramentas de geoprocessamento são imprescindíveis às empresas mineradoras nas decisões gestoras, referente às responsabilidades socioambientais e econômicas.

Justifica-se a importância social do estudo com base no pressuposto de que os conhecimentos obtidos na atividade de mineração, faz parte das necessidades das empresas na medida em que dimensiona perspectivas de sua aplicação em todos os setores de responsabilidade socioambiental e econômica.

Desta forma, o estudo reconhecerá a importância da aplicação de sistemas tecnológicos na produção, integração de disponibilização de meios e recursos para a aplicação de processos de análises que favoreçam a exploração mineral sem comprometer o meio ambiente, aplicando as imagens e simulações do Sistema de Informações Geográfica (SIG) representativas do antes e do depois da exploração mineral, que possam dar uma cenarização do fenômeno real e da necessidade de procedimentos quanto ao mecanismo de recuperação da área em sua paisagem natural.

A relevância acadêmica é demonstrar a contribuição das tecnologias que fazem parte do conjunto de informações georreferenciadas para aplicação nas empresas a partir de suas necessidades, tendo-se situado a questão das empresas mineradoras e seus desafios frente ao uso eficiente de informações.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 CONCEITO DE GEOPROCESSAMENTO

O termo Geoprocessamento representa uma disciplina do conhecimento que utiliza técnicas, ferramentas computacionais, associadas a análise avançada de estruturas matemáticas para o tratamento da informação geográfica. Sob esse aspecto, o geoprocessamento de dados vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Prospecção de Minérios, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional (ARAÚJO, 2017).

As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes que ao criar um banco de dados georreferenciados tornam ainda possível automatizar a produção de materiais cartográficos, obter imagens de relevo, de estruturas espaciais e paisagens que permitem uma visualização anterior e posterior a qualquer tipo de modificação ambiental (LANG; BLASCHKE, 2019).

O geoprocessamento é um tipo de tecnologia que possibilitou uma maior democratização dos conhecimentos, favorecendo a expansão de articulações de redes que passaram a auxiliar diversas atividades que dependem de informações, assim como a ampliação dos campos do conhecimento através de informações e imagens disponibilizadas que permitem uma ampla cenarização para a tomada de decisões no campo da pesquisa em várias áreas (ROCHA, 2011).

Os dados geográficos são constituídos da relação entre os dados espaciais e os dados tabulares, cuja função destes dados é representar graficamente, fisicamente, quantitativamente e qualitativamente os elementos existentes sobre a superfície terrestre. Os dados espaciais são constituídos principalmente por pixels, linhas, pontos e polígonos, e são utilizados para representar graficamente elementos da superfície terrestre, tais como: drenagem, sistema viário, relevo, vegetação, área de exploração mineral etc. (ROCHA, 2011).

Neste contexto, o geoprocessamento compreende um conjunto de dados processados que permitem conhecimentos diversificados associados aos meios de aquisição e armazenamento de uma gama de informações que favorecem um agrupamento de diversas tecnologias, possibilitando aos usuários à criação de técnicas inovadoras de aquisição de elementos constitutivos que permitem o arquivamento de fontes, gerenciamento e manipulação das informações com o cruzamento dos dados para a aplicação em vários campos do conhecimento para empresas e governos (LANG; BLASCHKE, 2019).

Cubas e Taveira (2021), compreendem que o geoprocessamento tem as tecnologias e as técnicas, princípios e aplicação de métodos para a compreensão de informações e utilização de fontes que favorecem a exibição de dados que podem ser documentados, permitindo ocorrer à diversificação de informações formadas por componentes que envolvem dados geográficos.

Os programas computacionais são de uso livre, compartilhado e aberto, possibilitando que usuários sem recursos financeiros possam ser incluídos no mundo do geoprocessamento, sem a necessidade de grandes investimentos financeiros, contudo é necessária uma cuidadosa análise antes de se fazer a opção por qualquer tipo de programa computacional que contenha o uso de variáveis, tais como: tempo de aprendizagem, facilidade de uso, compatibilidade, características dos equipamentos que serão utilizados para executar os programas, tempo na geração de informações geográficas dentre outros campos do conhecimento de cunho social e geográfico (ROCHA, 2011).

As técnicas de geoprocessamento abrangem elementos que devem ser modelados em programações específicas para se atingir os níveis eficientes de informações, as técnicas são variadas em cada ambiente em que se projetam as observações dos dados apurados e a natureza do trabalho que é multidimensional (ARAÚJO, 2017).

2.2 FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO

Todo o conhecimento sobre mapas e imagens que apresentam orientações de coordenadas georreferenciados que permitem o conhecimento do território e pontos de controle que favorecem a criação de marcos de suporte para o estabelecimento de demarcações necessitam do uso de ferramentas (ARAÚJO, 2017).

Conforme Cubas e Taveira (2021), as ferramentas formam as condições para a demonstração dos dados informacionais, que devem ser conhecidos pela sociedade, atualmente tem-se as principais ferramentas:

2.2.1 GEOGRAPHICAL INFORMATION SYSTEM (GIS)

Esta ferramenta também conhecida como (SIG) ou Sistemas de Informação Geográfica, oferece as condições de aquisição de conhecimentos das áreas técnicas se for alimentado pelos dados necessários para a produção de análises matemáticas e a aplicação do modelo de parâmetro que indicará as variáveis e os indicadores para a aplicação da solução.

Conforme Câmara, Davis e Monteiro (2008), a alimentação por dados é fundamental para evitar os custos dispendiosos nos processos de aquisição dos mesmos. Portanto, ao utilizar a ferramenta, o usuário deverá dispor de dados que possam facilitar a manipulação de resultados e redução do tempo de resposta. Quando os dados já existem para alimentar o Sistemas de Informação Geográfica SIG, segue o processo de digitalização manual ou automática.

2.2.2 A FOTOMETRIA

Constitui-se de uma ferramenta usada na geração de dados para a realização de mapas cartográficos. A cartografia não se limita à obtenção de informações, torna-se, na realidade, uma ferramenta de grande influência para o desenvolvimento do pensamento formal, vinculando-se estritamente com o desenvolvimento cognitivo. Consequentemente, representa um elemento de estimulação intelectual básico e necessário para o estudo (ARAÚJO, 2017).

Nesse contexto, a ferramenta é essencial especialmente para projetos de recuperação de áreas degradadas por impactos ambientais, na medida em que torna possível descrever através de mapeamento para grandes áreas o cenário ambiental através de imagens digitais (ARAÚJO, 2017).

A fotogrametria gera uma tecnologia confiável favorecendo imagens físicas do meio ambiente que favorece interpretações detalhadas de imagens e objetos. O uso da fotografia métrica é um exemplo de ferramenta que tem grande poder de determinar a forma e a dimensão de áreas e objetos através de fontes computacionais que geram mapas topográficos e de planimetria (ARAÚJO, 2017).

Já a fotogrametria interpretativa projeta a identificação de cada objeto que surge no mapeamento. Nesse caso, é papel do usuário desenvolver estudos sistemáticos das imagens fotográficas a fim de interpretar corretamente os objetos identificados na área estudada.

2.2.3 O SENSORIAMENTO REMOTO

É uma ferramenta essencial para favorecer a obtenção de dados, sua utilização se tornou possível através do avanço tecnológico dos Sistemas orbitais que são dotados de sensores de alta resolução, que permitem o completo margeamento de grandes áreas (ARAÚJO, 2017).

2.2.4 GLOBAL POSITION SYSTEM OU SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL – (GPS) 

É outra ferramenta utilizada e se reconhece a sua precisão para obter o melhor posicionamento geográfico para a realização de mapas através da possibilidade de obter medidas angulares e de distanciamento de medidas em mapas terrestres, favorecendo a perfeita visualização dos pontos de medição. Portanto, o instrumento serve também como guia para o estabelecimento de redes geodésicas (ARAÚJO, 2017).

2.3 GEOPROCESSAMENTO NA MINERAÇÃO BRASILEIRA

O setor de mineração atua diretamente na exploração de vários tipos de recursos minerais, os quais dependem de direitos minerários, junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, órgão que tem a competência de manter o controle regulamentador dos direitos de exploração. De modo que para manter os direitos minerários e resguardar o produto para o mercado, se faz uma conjuntura econômica e ambiental que implica em acompanhamento de eventos associados a cada título minerário pertencendo às empresas, bem como de títulos de concorrentes. A informação se tornou nesse campo uma ferramenta necessária para as empresas que sobrevivem no mercado de mineração (ROCHA, 2011).

As empresas mineradoras asseguram a continuidade de contratos com a clientela, garantindo fornecer os minérios de acordo com a demanda, o que determina a necessidade de buscar novas áreas de exploração que possam oportunizar explorações para o atendimento de novos projetos (ROCHA, 2011).

Segundo Ribeiro (2020, p. 1) quanto à contribuição do geoprocessamento na atividade mineradora:

O geoprocessamento e mapeamento geológico consistem em ferramentas de extrema importância para a mineração. Além de possibilitar a identificação dos depósitos minerais, auxilia na escolha dos locais mais apropriados para a abertura de uma mina. Portanto, essas ferramentas aliadas ao planejamento de lavra, visa a otimização das atividades de lavra, pois fornece informações essenciais sobre o modo de ocorrência do minério, variação dos teores, sua distribuição geográfica, relação estéril/minério, presença de descontinuidades, entre outras. Essas informações são indispensáveis, pois fornecem subsídios para o direcionamento das atividades durante a vida útil do empreendimento.

Atualmente, os processos diversificados obtidos com o uso de geoprocessamento e mapeamento favoreceram os conhecimentos socioambientais, o arquivamento de informações e sua utilização em variadas técnicas computacionais favorecem a avaliação de áreas, realização de comparativos e análises ambientais de recursos naturais e de exploração mineral (RIBEIRO, 2020).

O Geoprocessamento tem oportunizado às empresas mineradoras a aplicação de modelos de simulação de locais propícios à prospecção mineral, trabalhos técnicos de avaliação de recursos de natureza geológica e de pesquisa mineral. O processo de implementação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG’s) nas empresas mineradoras favorece a organização de um amplo banco de dados georreferenciados que permitem uma ampla visão do meio minerador a partir de informações combinados na forma de gráficos, tabelas, mapas e relatórios (SILVA, 2013).

Os temas georreferenciados que são úteis às empresas mineradoras se referem à possibilidade de manter os direitos minerários próprios ou de outras formas, controle de eventos minerários e de natureza ambiental associados às responsabilidades requeridas por lei, além da adequada seleção de áreas de interesse de pesquisa, informações de fornecedores, clientes e situação de mercado. Portanto, se trata de uma ferramenta imprescindível para o gerenciamento de atividades mineradoras (ROCHA, 2011).

2.4 GEOPROCESSAMENTO NA REDUÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE MINERADORA

A atividade de mineração constitui um importante setor da economia, sendo produtora de bens e empregando milhares de pessoas, representando para Estados e municípios um recurso valioso de arrecadação de impostos.

O Brasil exporta toneladas de minérios, representando na figura 1 (gráfico) entre os anos de 2020/2021, houve um aumento considerável de 138,7 bilhões em 2020 para um faturamento anual de 249,8 bilhões de reais no ano de 2021. Em relação ao minério de ouro em 2020, o valor de exportação foi de 23,2 bilhões e em 2021 a exportação passou para 27,1 bilhões, o minério de cobre de 13,8 bilhões em 2020 para 17,8 bilhões em 2021, a bauxita alçou um valor de  4,5 bilhões em 2020 para 5,2 bilhões em 2021, o granito que atingiu um patamar de 3,2 bilhões em 2020, superou 4,2 bilhões em 2021, o minério de calcário dolomítico que chegou a 4,2 bilhões no ano de 2020, atingiu 6,2 bilhões em 2021 e outros minérios que atingiram em 2020 cerca de 21,4 bilhões, chegou e, 2021, ao valor de exportação anual de 28,9 bilhões  (GEOSCAN, 2021).

FIGURA 1 – Produção de mineração no Brasil

Produção de mineração no Brasil
Fonte: Geoscan (2021)

Mesmo que os dados de valor para o Produto Interno Bruto – PIB sejam representativos para o crescimento em termos de economia nacional, a atividade mineradora é geradora de grandes impactos ambientais. De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (1986) a atividade mineradora requer licenciamento ambiental e nos casos de impacto nas áreas, havendo transformação das condições naturais e ambientais, a lei determina o imperativo para a empresa poluidora definir as formas de recuperação do empreendimento de atividade mineradora (ARAÚJO, 2017).

De modo que a atividade mineradora não somente implica em licenciamento ambiental, como também na aplicação de Estudo de Impactos Ambientais – EIA e elaboração de Relatório de Impactos Ambientais – RIMA.

Sob esse aspecto, existem grandes desafios em termos de gestão ambiental nas empresas mineradoras que implicam em planejamento de ações para análise dos limites das cavas e regiões de beneficiamento e também dispor de um plano de redução de impactos ambientais após a realização das atividades (CUBAS e TAVEIRA, 2021).

A utilização de geoprocessamento como recursos para evitar impactos ambientais em áreas exploradas pela mineração se constitui em uma realidade entre as empresas do setor. De forma que a aplicação de ferramentas de geoprocessamento e Sistema de Informação Geográfica (SIG), os especialistas conseguem obter resultados em termos de reconstituição do relevo anterior, mesmo após a modificação da paisagem, a técnica se caracteriza pela criação de um modelo digital da área explorada com ferramentas de software que simulam uma realidade virtual de forma estática, seguinte diretamente todas as mudanças apresentadas no ambiente, a partir da evolução da cava que posteriormente é preenchida para recuperar a paisagem.

Com as ferramentas de geoprocessamento se permite obter uma visão real das diferenças de volumes das áreas exploradas, com o uso de imagens tridimensionais se torna possível recuperar a paisagem com pilhas de estéril para preencher as cavas deixadas pela exploração da área.

O Sistema de Informação Geográfica (SIG), associado à modelagem matemática no terreno se constitui em uma técnica de grande valor agregado, na medida em que favorece a manipulação e análise de diferentes tipos de dados importantes: como dados pontuais que localizam cidades e atributos em áreas de mineração; dados lineares que demonstram apresenta de rios e redes de drenagem e outros tipos de dados que podem dar características a uma determinada região que podem ser representadas sob a forma de imagens, gráficos, informações descritivas que contemplam variáveis detalhadas da área de atuação (LANG; BLASCHKE, 2019).

As ferramentas de geoprocessamento são ainda capazes de analisar uma região a partir de aspectos referentes à variação de temperatura, aplicando diferentes cores para demonstrar as temperaturas mais elevadas ou quentes, como áreas onde existem a predominância de concreto (ARAÚJO, 2017).

O uso de modelagem digital faz parte da tecnologia aplicada durante o processo de manipulação do Sistema de Informação Geográfica (SIG’s), quando envolvem aspectos como tratamento de dados e análise de resultados, assim como a representação a ser explorada de acordo com as características da área geográfica.

3. CONCLUSÃO

Sob a perspectiva da seguinte questão norteadora: Qual a contribuição do geoprocessamento às empresas mineradoras em termos de exploração comercial e recuperação ambiental de áreas degradadas pela atividade mineradora? Este artigo teve como objetivo identificar a aplicação de ferramentas de geoprocessamento em atividades de mineração.

O estudo permitiu verificar a contribuição do geoprocessamento às empresas mineradoras em termos de exploração comercial e recuperação ambiental de áreas degradadas pela atividade minerária e identificar a aplicação de ferramentas de geoprocessamento em atividades de mineração, evidenciando que todas as ferramentas de mapeamento, imagens e diagramação que são realizadas em áreas destinadas à exploração de lavras, prospecção mineral e avaliação de depósitos minerais, são inquestionáveis quanto à capacidade de produzir resultados satisfatórios.

O geoprocessamento e suas ferramentas oportunizam a criação do Sistema de Informações Geográficas – SIG’s, que tem fundamentos à disseminação de informações em fontes de dados que podem ser interpretadas de diferentes formas e instrumentos de análises, o que favorece as empresas em termos de questões econômicas, sociais, políticas e ambientais.

As ferramentas usadas no geoprocessamento são diversificadas e tecnológicas, que favorecem uma gama de ações indispensáveis à produção de conhecimentos sobre o meio ambiente, auxiliando nas políticas de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas.

Constatou-se que a aplicação de geoprocessamento na mineração brasileira contribui para otimizar a gestão por meio de informações, pesquisa e prospecção mineral, descoberta de depósitos minerais, planejamento de exploração de jazidas minerais, avaliação e determinação de vantagens econômicas, interpretação de áreas mineradoras, simulações de paisagens que auxilia na avaliação do antes e do depois da exploração com vistas à recuperação de ambientes degradados.

A contribuição do geoprocessamento na redução de impactos ambientais da atividade mineradora se constitui em uma realidade que muitas empresas mineradoras já se esforçam para determinar como medida de mitigação de impactos sobre a exploração mineral. O sensoriamento remoto, aliado à utilização de dados cartográficos, permite que sejam feitos levantamentos prévios de informações relativas à área a ser periciada.

Desta forma, os trabalhos de campo tornam-se mais objetivos e eficientes utilizando-se as ferramentas de simulação de paisagens com diferentes sistemas de sensores orbitais, selecionados em função do objetivo almejado pelos exames realizados e o uso de imagens georreferenciadas para efeito de comparação do antes e do depois da exploração mineral, com a finalidade de analisar as mudanças ou impactos sobre a paisagem e suas características.

As imagens georreferenciadas favorecem uma ampla visualização da paisagem anterior e posterior à exploração, os recursos necessários se constituem de fontes de dados que possibilitam ao usuário especialista uma macroavaliação para diagnosticar e quantificar perdas e danos em eventos relacionados à degradação ambiental.

As imagens georreferenciadas poderão ser utilizadas em várias fases juntamente com outros dados técnicos que possam produzir níveis de avaliação ambiental para que sejam aplicadas técnicas nas cavas para deixar a paisagem não desfigurada pela degradação causada pela retirada de minérios.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Marcelo Henrique Siqueira de. Fundamentos de Geoprocessamento aplicados à Mineração. 2017. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Cruz das Almas, BA, 2017.

CÂMARA, Gilberto; DAVIS, Clodoveu; MONTEIRO, Antônio Miguel Vieira. Introdução a ciência da Geoinformação. 2008. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br//gilberto/livro/introd/>. Acesso em: 13 mar. 2022.

GEOSCAN – Empresa Mineradora. Mineração no Brasil em 2021: Confira um panorama do setor. Disponível em: <https://www.geoscan.com.br/blog/mineracao-no-brasil-em-2021/#:~:text=Os%205%20estados%20acima%20foram,2%25%20e%20outros%207%25%3B>. Acesso em: 12 mar. 2022.

LANG, Stefan; BLASCHKE, Thomas. Análise da paisagem com SIG. 6. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2019.

RIBEIRO, Adalgisa. Geoprocessamento e mapeamento geológico, 2020. Disponível em: <https://adalgisaribeiro.com.br/servicos/mineracao/geoprocessamento-mapeamento-geologico/>. Acesso em: 12 mar. 2022.

ROCHA, Valéria da. Utilização do Geoprocessamento para simular reconstituição do relevo após atividades de mineração. 2011. 47 f. Monografia (Curso de Especialização em Geoprocessamento) – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, 2011.

SILVA, Luan Patrick dos Santos. Diagnóstico ambiental preliminar de áreas de mineração de saibro no município de Macapá-AP, com o suporte de ferramentas de geotecnologias
. 2013. 50 f. Monografia (Graduação em Ciências Ambientais) – Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, Macapá, 2013.

TAVEIRA, Bruna Daniela de Araújo; CUBAS, Monyra Guttervill. Geoprocessamento: Fundamentos e técnicas. 1. ed. São Paulo: InterSaberes, 2021.

[1] Pós-graduado em Auditoria, Gestão e Perícia Ambiental, Pós Graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Recursos Minerais – Engenheiro de Minas. ORCID: 0000-0003-0973-939X.

Enviado: Abril, 2021.

Aprovado: Junho, 2022.

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Antônio José Ribeiro Nunes

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