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Benefícios da Fisioterapia na Síndrome do Túnel do Carpo

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CONTEÚDO

COSTA, Aparecida Mirna Coutinho da, CURY, Fabiana

COSTA, Aparecida Mirna Coutinho da, CURY, Fabiana. Benefícios da Fisioterapia na Síndrome do Túnel do Carpo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 02, Vol. 02, pp. 5-19, Fevereiro de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

A Síndrome do túnel do Carpo é uma enfermidade causada pelo entorpecimento, formigamento, queimação e dor nos dedos indicador, médio e polegar, tendendo a aparecer os sintomas à noite ou logo após um longo período realizando movimentos repetitivos. A incidência desta enfermidade é notável e abrangente, sendo importante estudá-la no âmbito da saúde ocupacional. A fisioterapia atua na minimização das sequelas provenientes da síndrome. Os exercícios fisioterapêuticos atuam contra o desequilíbrio estático que decorre dos esforços repetitivos, somando aos demais tratamentos e atuando, principalmente, como método preventivo. O uso de anti-inflamatórios também é recomendado e em casos mais graves o procedimento cirúrgico é indicado. A metodologia revisão de literatura foi utilizada, com pesquisa em artigos científicos e monografias publicadas em bases on-line. O objetivo da pesquisa foi analisar a eficácia da fisioterapia no tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo.

Palavras-chave: Fisioterapia, Tratamento, Túnel do Carpo.

Introdução

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é uma síndrome compressiva dos membros superiores. Os principais sinais e sintomas são parestesias, dor e limitações para realizar movimentos anatômicos no local comprimido. A STC é uma doença autolimitada, com recuperação total se abordada de forma rápida e eficiente.

O túnel do carpo é anatomicamente formado por um assoalho ósseo rígido (ossos do carpo) e por um teto rígido e inelástico (ligamento transverso do carpo). Caso haja qualquer aumento de volume em alguma das estruturas que estão em seu interior pode acarretar uma sintomatologia compressiva do nervo mediano, o qual inerva parte da mão: polegar (1º dedo), indicador (2º dedo), do dedo médio (3º dedo) e face interna do anular (4º dedo). No interior do canal do carpo perpassam os tendões flexores dos dedos e o nervo mediano (NOVAES, 2017).

A Síndrome do Túnel do Carpo está dentre as principais incapacidades dos punhos e mãos, levando a um declínio da força muscular; esta patologia é considerada um problema de saúde pública, devido a sua alta incidência, principalmente em trabalhadores, gerando transtornos físicos e psíquicos. Os sintomas e sinais que atingem a musculatura e a estrutura óssea não são os únicos efeitos dos desequilíbrios vividos pelos profissionais que se submetem ao trabalho repetitivo. A STC pode estar associada a alterações hormonais como a menopausa e a gravidez, e também a outras patologias como a diabetes mellitus, artrite reumatoide e doenças relativas à tireoide. Ademais, exercícios físicos que envolvam flexão e extensão repetitivas de punho, como o ciclismo, esportes de lançamento e ginástica olímpica também podem ocasionar essa disfunção.  A fisioterapia tem muito a contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas que foram acometidas por esta doença.

A presente pesquisa norteia-se pela problemática: Qual a eficácia da fisioterapia no tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo?

Como metodologia, foi realizada uma revisão narrativa literária, com utilização de artigos publicados em bases on-line de dados científicos (Google Acadêmico, Lilacs e Scielo). Para a seleção das fontes destacam-se materiais que abordam o tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo através de métodos fisioterapêuticos. A coleta de dados foi realizada entre março e julho de 2017.

O objetivo geral foi analisar a eficácia da fisioterapia no tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo. Como objetivos específicos, procurou-se: conceituar a Síndrome do Túnel do Carpo e compreender sua fisiopatologia; analisar os efeitos da fisioterapia no tratamento da Síndrome; elencar quais os métodos mais efetivos e quais são as projeções futuras para a intervenção fisioterapêutica, além de observar, de forma sucinta, o tratamento medicamentoso e cirúrgico. Este estudo busca contribuir na formação de bons profissionais, bem como com toda a comunidade fisioterapêutica.

Revisão de literatura

O homem é formado por três características essenciais: um grande cérebro, a postura ereta e as mãos que conseguem manipular. Esta última tornou-se instrumento primordial, através do qual o homem atua e transforma o mundo à sua volta. A mão é uma estrutura complexa, que requer precisão, sujeita a lesões que podem resultar em incapacidade funcional (KAROLCZAK et al., 2005).

Os membros superiores são estruturados a partir de uma raiz comum que compreende a clavícula e escápula e a parte apendicular do membro: úmero, rádio, ulna, ossos do carpo, metacarpo e falanges. Revestindo estes ossos têm-se os músculos e os nervos periféricos, que permitem às articulações a realização de movimentos. A estrutura funcional possibilita movimentos mais grosseiros e mais requintados, sendo a mão a responsável pela independência do homem em suas atividades cotidianas. O cérebro coordena todos os movimentos voluntários das mãos (SILVA; OLIVEIRA; SILVA JÚNIOR, 2014).

O punho possui a função de estabilizar a musculatura distal dos membros superiores, ligando antebraço e mão. Os resultados são movimentos como flexão, extensão, desvio radial e desvio ulnar. A mão, por meio dos músculos extrínsecos e intrínsecos, apresenta comportamento manipulatório, realizando variadas ações, conforme o grau de força imposto. O túnel do carpo é limitado de forma dorsal e lateral pelos ossos do carpo e ventral (volar) pelo denso ligamento transverso do carpo, estrutura inflexível e tendente a causar constrição do nervo mediano. Em seu interior estão mais nove tendões flexores, sendo um espaço suscetível a anormalidades inflamatórias, como edema e aumento pressórico no túnel (MORAES et al., 2016).

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) foi exposta originalmente por Paget, em 1854. O estudioso observou uma enfermidade que acometia o antebraço, punho e a mão, causando parestesias, dor e incapacidade para a realização de movimentos anatômicos no local acometido pela doença. Desta forma, pode-se definir a STC como uma mononeuropatia periférica, consequente da compressão do nervo mediano por uma diminuição do espaço do túnel do carpo, ocasionando hipóxia no tecido nervoso, levando a uma injúria neuromuscular e incapacidade para o trabalho. A doença do túnel do carpo tem incidência alta, compreendendo cerca de 40% (quarenta por cento) de todas as doenças classificadas como lesões por esforços repetitivos (LER) e doenças osteoarticulares relacionadas do trabalho (DORT), atualmente sendo mais comum em mulheres na faixa de idade dos 45 (quarenta e cinco) anos (SILVA; OLIVEIRA; SILVA JÚNIOR, 2014).

As LER/DORT são determinadas como doenças ocupacionais de origem múltipla, sendo os fatores que comumente influenciam para seu aparecimento os ergonômicos (móveis inadequados), ambientais (frio, calor, iluminação), individuais (pré-disposição do organismo), psicológicos (pressão, insatisfação) e, de forma relevante, os organizacionais (forma de executar as tarefas) (SOARES; MEJIA, 2013).

A STC não é uma doença nova, ela apenas está tornando-se mais comum nos últimos anos, sendo elencada como uma doença ocupacional. Historicamente ficou conhecida, em 1920, como a Doença dos Tecelões e, posteriormente, em 1965, como a Doença das Lavadeiras. Na década de 80, foi chamada de Doença dos Digitadores, por ter sido diagnosticada primeiro nesta classe profissional. A datilografia era realizada em máquinas de escrever, sendo imprescindíveis pequenos intervalos para a realização de correções, colocar e retirar o papel, bem como procurar a grafia correta para determinada sentença de palavras. Tais funções foram extintas com o apogeu do computador, sendo que permanecer sentado perante uma tela desta máquina significa, por um período prolongado, manter os punhos executando tarefas sem parar e sem a modificação de posição (SOARES; MEJIA, 2013).

A STC origina-se de qualquer lesão que reduza, de forma significativa, o tamanho do túnel do carpo. A retenção de líquido, infecção e exercício dos dedos levam à tumefação dos tendões ou de suas bainhas sinoviais. A parte mais sensível do túnel do carpo é o nervo mediano, sendo o mais afetado. Esta estrutura possui duas ramificações sensitivas terminais que suprem a pele da mão. Dessa forma, parestesia, hipoestesia, ou seja, sensibilidade diminuída, ou anestesia podem ocorrer nos três dedos laterais. A progressiva perda da coordenação e força no polegar, ocasionada pela fraqueza dos músculos abdutor curto do polegar e oponente do polegar, podem ser a causa de compressão do nervo mediano. Com o avanço da patologia, mudanças sensitivas são perceptíveis no antebraço e na axila (SOARES; MEJIA, 2013).

Os fatores etiológicos podem ser o trauma, as condições fisiológicas (obesidade e gravidez), além de outras doenças, como exemplo diabetes mellitus, hipotireoidismo, artrite reumatoide e lúpus. O estresse ergonômico é outro fator influenciador da STC, presente em tarefas que envolvem ações repetitivas com as mãos, como exemplo digitação e operação de maquinário em linhas de montagem (MORAES et al., 2016).

Os sintomas da STC vêm em conjunto, sendo descritos pelos pacientes como “alfinetadas”, que incluem dormência e formigamento, além de queimação e dores contínuas nos dedos polegar e indicador, médio e parte do dedo anular localizada mais próxima ao dedo polegar. Inicialmente os sintomas são percebidos em período noturno ou logo após tempo prolongado de movimentos repetitivos, normalmente sendo aliviados com o balançar das mãos (SOARES; MEJIA, 2013).

Ressalta-se que os sintomas prevalecem no período noturno, momento no qual as pessoas devem movimentar as mãos ou imergi-las em água quente, atingindo todo o membro superior (mão, antebraço e braço). Outro sintoma é o “choque” em lugares da mão, principalmente quando a pessoa realiza um movimento, como segurar um objeto com força, dirigir ou descascar legumes (CAPOTE; MEJIA, 2012).

A STC pode ser classificada como ocupacional quando o labor é determinado como uma situação de risco, principalmente em trabalhadores que executam movimentos repetitivos. O processo de instalação por este fator acontece por lesões agudas ou crônicas nos sistemas muscular e esquelético. A lesão aguda pode ser traumática ou por fadiga muscular, ocorrendo quando o nível de força aplicada é para baixo; entretanto, sendo considerado acima da capacidade adaptativa do sistema muscular. As lesões crônicas são consequências de sobrecargas musculares e esqueléticas por longo prazo (KAROLCZAK et al., 2005).

O diagnóstico diferencial deve ser realizado, visto que a STC é uma neuropatia periférica. As atividades de maior risco são as relacionadas à flexão e extensão repetidas do punho associadas a forças de compressão e vibração (SOARES; MEJIA, 2013). A parestesia pode ser encontrada também em paciente com alterações osteoarticulares e musculoesqueléticas (CAMPOS et al., 2003).

O diagnóstico é clínico, sendo relevantes para sua realização o histórico do paciente e o exame físico, incluindo os testes de Tinel, Phalen e Durkan. O sinal de Tinel, realizado na percussão leve sobre o punho, provoca uma sensação de parestesia no local de distribuição do nervo mediano. No teste de Phalen realiza-se uma flexão completa, não forçada, do punho por um minuto. A posição fletida do punho comprime o nervo mediano, que já se encontra espremido na posição neutra e provoca sensação parestésica na região do nervo mediano também. Durkan apresenta teste inovador no ano de 1991: o examinador aplica, com os polegares, pressão direta na região do carpo, durante trinta segundos. Os sintomas comuns da STC apresentam-se ao longo da localização do nervo mediano (JESUS FILHO et al., 2014).

Na maioria dos casos, o diagnóstico pode ser feito exclusivamente pela história clínica e pelo exame físico. A eletromiografia é aceita como padrão ouro para o diagnóstico, embora tenha uma taxa de falso-negativos de 10% a 20% e não apresenta informações sobre o nervo mediano em si e os tecidos circundantes, relevantes para o diagnóstico etiológico. Durante o decorrer dos últimos anos, a ressonância magnética e a ultrassonografia enquadraram-se como métodos não invasivos de geração de imagens, sendo possível visualizar inúmeras peculiaridades dos tecidos moles, como distorções do sinal do nervo mediano, expansão da área de secção transversal, achatamento do nervo e arqueamento do retináculo flexor. Além do mais, a ultrassonografia é um método objetivo de avaliação com baixo custo (ALVES et al., 2013).

A ressonância magnética permite a visualização direta da compressão do nervo mediano e de outras estruturas moles do túnel do carpo. O ultrassom ganha destaque, neste caso, ao permitir a realização de um exame rápido, dinâmico e em tempo real. O ultrassom incide de forma mais eficaz na altura do rádio distal ou no pisiforme, no túnel do carpo proximal, sendo a posição esperada para o edema máximo do nervo. Tanto a ressonância magnética como o ultrassom podem localizar doenças do túnel do carpo de maneira mais precisa que os demais métodos de imagem; porém, resta evidenciar que são exames complementares, ou seja, quando forem negativos não afastam, de forma definitiva, o diagnóstico positivo (TURRINI et al., 2005).

Por diversas vezes, não existe dificuldade diagnóstica em situações típicas. Contudo, tem-se, por parte de diversos pacientes, de incertezas clínicas, sociais e jurídicas, pois é inexistente um critério clínico ideal para o diagnóstico. Os resultados dispostos na maior parte dos estudos norteiam-se por relatos de pacientes atendidos em serviços especializados. Assim, os sintomas descritos advêm de pacientes em estado grave, que já buscaram por auxílio médico (BARBOSA et al., 2006).

O tratamento determinado ao paciente para a STC ramifica-se em conservador e cirúrgico. Neste último, as técnicas em destaque são a mini-open e a operatória endoscópica. O tratamento conservador é realizado através de fisioterapia e uso de remédios (MORAES et al., 2016).

Tratamento medicamentoso

A administração de fármacos anti-inflamatórios (como exemplo o ibuprofeno e o naproxeno), analgésicos e aplicação de esteroides diretamente no túnel do carpo figuram dentre as várias opções de tratamento. As injeções corticoides são altamente eficazes em casos mais brandos de STC, situações nas quais os sintomas são mais recentes, com data inferior a um ano (SILVA; OLIVEIRA; SILVA JÚNIOR, 2014).

Anti-inflamatórios não esteroides são utilizados em casos de lesões infamatórias e no controle da dor. Caso os sintomas persistirem, pode ser realizada uma infiltração local com corticosteroides, porém esta conduta paliativa deve ser realizada com cuidado, visto que pode lesar o nevo e/ou gerar diversas complicações. Diuréticos são indicados quando se verificar retenção hídrica ou durante o período pré-menstrual (UEHBE; AMARAL; ARAÚJO, 2004).

A injeção de corticoide define-se como “infiltração que pode ajudar a aliviar a dor e a inflamação em uma área específica do corpo”. São aplicadas com frequência nas articulações, como tornozelo, quadril, joelho, cotovelo, mão, punho, ombro e coluna vertebral. A injeção é benéfica mesmo em articulações pequenas das mãos e dos pés (FISIOTERAPIA PARA TODOS, 2012).

Na aplicação local de corticoide, a ação é a diminuição do volume tenossinovial e um efeito direto no nervo mediano. A lesão do nervo mediano é o perigo principal, sendo muito dolorosa, provocando a sensação de choque elétrico e risco de déficit neurológico, além de espasmos persistentes. Ademais, há a possibilidade de ruptura do tendão. O alívio é detectado depois de alguns dias ou semanas da aplicação. A diminuição, mesmo que temporária, da atividade laboral, possibilita, em certos casos, na sensação de alívio, principalmente nos casos de homens após excessivo trabalho manual (CHAMMAS, 2014).

Tratamento cirúrgico

O principal objetivo do tratamento cirúrgico é conseguir a minimização da pressão intratúnel pela expansão do volume do túnel do carpo, derivado da secção do retináculo dos flexores. O procedimento é feito através de anestesia locorregional ou local, primeiramente em regime ambulatorial, na maioria das vezes sob torniquete. Três técnicas são hodiernamente utilizadas: procedimento aberto; Miniopen e métodos endoscópicos (CHAMMAS, 2014).

A técnica aberta é a mais antiga, consistindo em uma incisão de 3 a 4 cm estendendo-se da prega de flexão do punho, no prolongamento da borda radial do quarto dedo, à linha cardinal de Kaplan. O perímetro de gordura da região hipotênar é intercalado no fim do procedimento entre a pele e o retináculo dos flexores. Posteriormente, a aponeurose palmar média é inserida radialmente. O retináculo dos flexores é revelado com afastadores, com posterior identificação pelas pinças do hámulo do hamato. O retináculo dos flexores é incisado em sua área média no lado ulnar do eixo do quarto dedo, onde se deixa um limite ulnar para conter a subluxação dos flexores. A secção do retináculo dos flexores continua de forma distal até a arcada palmar superficial e a anastomose mediana-ulnar. O retináculo dos flexores é separado de forma profunda da sinóvia dos flexores através de tesouras de dissecção. O conteúdo do túnel do carpo é encontrado: anomalia muscular, aspecto de sinóvia. Para ver o nervo mediano é necessário levantar a borda radial do retináculo dos flexores com o auxílio de um afastador. O nervo mediano é o elemento mais superficial e radial. O fechamento cutâneo é concretizado (CHAMMAS, 2014).

A técnica Miniopen ramifica-se em três vertentes: miniopen com incisão próxima ao retináculo dos flexores, miniopen com incisão na dobra da flexão do punho e miniopen com bordas duplas.

A técnica de cirurgia endoscópica do túnel do carpo é originária do Japão, por Okutsu; posteriormente, nos EUA por Chow. Este último emprega a técnica que envolve duas abordagens cirúrgicas e complicações referentes à incisão distal limitam seu uso, com uma incisão proximal. Chow, ao colocar o punho em hiperextensão, expande de forma considerável a pressão intratúnel, causando compressão aguda do nervo mediano pré-operatória (CHAMMAS, 2014).

A cirurgia é recomendada quando tratamentos anteriores, tais como medicamentos e injeções de esteroides dentro do túnel, não surtem efeito. Os critérios de inclusão consistem em: parestesia constante ao longo do trajeto do nervo mediano, distúrbios sensoriais, teste de Phalen positivo e condução nervosa anômala. Os parâmetros para exclusão são: cirurgia anterior para liberação do túnel, fratura prévia e lesões duplas, como radiculopatia cervical e polineuropatia. Ao realizar o processo, a escolha pelo método cirúrgico deve ser tomada pela pessoa em tratamento. Porém, se os sintomas e sinais determinem perda axonal, por exemplo, formigamento superior a um ano, e de sensibilidade, atrofia muscular ou fraqueza, a cirurgia deve ser indicada (KAROLCZAK et al., 2005).

Tratamento fisioterapêutico

Durante a fisioterapia são realizados procedimentos de Cinesioterapia e Eletroterapia, assim como a indicação de órteses pelo médico. Estas medidas devem ser associadas a mudanças nas atividades cotidianas, principalmente as relacionadas ao ambiente de trabalho. A prescrição de órteses é um dos meios mais eficazes para o tratamento da STC, visto que seu princípio está baseado na redução dos movimentos extremos da articulação do punho, resultando na minimização da pressão no interior do túnel. A prescrição deste equipamento é correlata a casos moderados, os quais possuem apenas um pequeno bloqueio da condução nervosa. O uso deve ser noturno e durante o labor, no caso de sintomas detectados durante este período (KAROLCZAK et al., 2005).

A fisioterapia na fase inicial da STC melhora o quadro álgico e minimiza o processo inflamatório, inibindo a utilização de fármacos, mas não dispensando uma orientação de cunho ergonômico. O fisioterapeuta usa diversos métodos e aparelhos variados para alcançar as metas propostas para cada paciente, tais como: analgesia, fortalecimento muscular, manutenção ou ganho da amplitude de movimento de uma articulação, dentre outros (SOARES; MEJIA, 2013).

Nos dias atuais, o avanço tecnológico proporcionou um aumento na atividade industrial, com a mecanização do trabalho. Entretanto, em decorrência desta evolução, o menor esforço físico realizado pelo ser humano o leva à fadiga, com a diminuição de suas funções musculares e fisiológicas (OLIVA, 2007).

Ademais, determinam-se como tipos de exercícios para a prevenção de doenças relacionadas ao labor: alongamento, fortalecimento de leve intensidade, relaxamento, atividades respiratórias globais. O exercício laboral pode ser designado como um repouso ativo, no qual se aproveita as pausas regulares da jornada de trabalho, para exercitar os músculos específicos e relaxar os demais que estão em contração durante o labor, prevenindo-se a fadiga (OLIVA, 2007).

A fisioterapia atua na STC buscando minimizar os efeitos da doença, oxigenando e expandindo as áreas atelectasiadas. Sua eficácia é detectada pela minimização dos efeitos da patologia, com melhora das funções do túnel do carpo. O fisioterapeuta pode utilizar em sua prática: exercícios para reabilitar os movimentos, aplicação de gelo e atividades de alongamento. Na primeira prática, é imprescindível o estudo de como determinado movimento é responsável pelo surgimento do problema, com a identificação de quais músculos provocam ou agravam o quadro. De forma concomitante, identifica-se a postura e a correção dos eventos que desencadeiam os sintomas, por meio de atividades de fortalecimento da musculatura, alongamento e utilização de aparelhos que regeneram o tecido lesado. No segundo método, o uso de gelo remonta séculos, diminuindo a temperatura tecidual, o fluxo sanguíneo, a utilização de oxigênio, a inflamação, o edema e o espasmo muscular. A terceira opção norteia-se por alongamentos, que são de suma importância, visto que se volta para o aumento da flexibilidade muscular, promovendo o estiramento das fibras musculares, expandindo seu comprimento. O efeito primordial dos alongamentos é a promoção da flexibilidade, conduzindo a uma maior amplitude de movimento possível de determinada articulação. Quanto mais o músculo é alongado, maiores serão os movimentos da articulação comandados por ele. Assim, sua flexibilidade promove inúmeros benefícios, relaxando o corpo, diminuindo tensões musculares, proporcionando maior consciência corporal, deixando os movimentos mais soltos e eleves, além de ativar a circulação (CAPOTE; MEJIA, 2012).

Durante a fase aguda, podem ser utilizadas a laserterapia, termoterapia e cinesioterapia. Nos últimos vinte anos, o laser de baixa potência (lasers de classe IIIb, de 5-500 mW, com feixe de luz vermelho ou próximo a infravermelho, cujo comprimento de onda é de 600 a 1.000 nm) foi usado no tratamento de dores relacionadas a condições como neuralgias e enfermidades musculares e esqueléticas. Os efeitos primários do laser são considerados fotobiológicos e não fototérmicos, sendo seu uso feito por meio de aplicação convencional, diretamente sobre o local da lesão, ou através do estímulo de pontos de acupuntura, sendo as duas formas reconhecidas por proporcionar resultados excelentes (SANTOS; PEREIRA, 2009).

A termoterapia subdivide-se em termoterapia por subtração de calor e termoterapia por adição de calor. Na primeira denominada crioterapia, promove-se a analgesia através da combinação da alteração da transmissão neural, redução do espasmo muscular, alteração do fluxo sanguíneo aos músculos e nervos, assim como a liberação das substâncias pelo sistema nervoso central (endorfinas e encefalinas). Há variadas maneiras de aplicação da crioterapia, contudo não existem estudos que determinem qual método mais eficaz. A termoterapia superficial por adição de calor deve ser usada com moderação, buscando a diminuição dos espasmos musculares e promovendo a melhoria da circulação sanguínea local. A termoterapia profunda deve ser evitada, visto que pode agravar a inflamação local. A cinesioterapia promove o alongamento da musculatura da mão, sendo de muita valia, visto que diminui o processo inflamatório através do aumento de fluxo sanguíneo local, redução da tensão e compressão das estruturas internas do túnel do carpo, minimizando a parestesia e o quadro álgico, mantendo o arco de movimento, prevenindo o aparecimento de adesões teciduais. A massagem também é um excelente método de tratamento, principalmente para indivíduos nos quais é detectada dor miofascial. Ademais, os indivíduos acometidos pela STC apresentam tensão muscular nas regiões cervical, escapular e dorsal, o que retarda o processo de reabilitação (SANTOS; PEREIRA, 2009).

Durante a fase crônica a eletroterapia reverte o enfraquecimento e a diminuição da resistência muscular, através do uso da estimulação elétrica neuromuscular (EENM). Eletrodos são colocados na superfície da pele, em pontos motores musculares, induzindo uma contração muscular isométrica, sem qualquer esforço do paciente. A termoterapia, nesta fase, é um excelente recurso terapêutico, melhorando o metabolismo e a circulação local, maximizando a elasticidade do tecido conetivo, relaxando a musculatura e promovendo a analgesia. Este método também prepara o local afetado para receber a cinesioterapia, aumentando seus efeitos, visto que modifica as propriedades viscoelásticas do tecido conectivo, através da redução da viscosidade e da resistência elástica do tecido. A cinesioterapia deve ser aplicada em continuidade com as atividades de alongamento. É essencial a preservação da amplitude de movimento, mantendo e ganhando força muscular; e desta forma promover o equilíbrio da fisiologia muscular e esquelética (SANTOS; PEREIRA, 2009).

Considerações finais

A Síndrome do Túnel do carpo é uma compressão do nervo mediano ao nível do punho, ocasionando dores e parestesias na mão padecida; a doença pode progredir para a perda de sensibilidade e fraqueza muscular. A causa, em alguns casos, pode ser idiopática, estando associada à gravidez, diabetes mellitus, hipo/hipertireoidismo e artropatias deformantes, como a artrite reumatóide. As principais suspeitas desta patologia ocorrem quando o paciente sente desconforto e parestesia na mão, sendo que inicialmente os sintomas desaparecem com a movimentação da mesma. Com a evolução da doença, as parestesias tornam-se mais frequentes, principalmente durante a realização de atividades manuais, irradiando para o ombro. O tratamento depende da causa, podendo ser feito por meio de medicamentos, imobilização noturna com tala e fisioterapia. Em casos de comprometimento neurológico, como redução de força e atrofia muscular, a cirurgia é indicada.

O tratamento realizado através da fisioterapia contribui de forma relevante para o equilíbrio do túnel do carpo, sendo necessária atenção aos fatores de risco, que modificam e interferem, mantendo os benefícios, principalmente os relativos à prevenção, melhorando a perspectiva de saúde do paciente. A fisioterapia não é um processo fechado atuante contra o desequilíbrio estático que decorre dos esforços repetitivos; pelo contrário, esta prática soma aos demais tratamentos, atuando principalmente como método preventivo.

Por meio do método fisioterapêutico, podem ser realizados procedimentos para a prevenção e tratamento da STC, como atividades de alongamento e fortalecimento, exercícios que necessitam de amplitude de movimento e métodos eletroterapêuticos. A meta é desinflamar a região, diminuindo a dor e aumentando a capacidade de movimentação do punho e dos dedos.

Vários estudos versam sobre a STC. Porém, faz-se necessário um maior número de investigações que esclareçam todos os mecanismos envolvidos nesta doença, auxiliando na melhora da qualidade de vida dos indivíduos que são acometidos por ela.

Referências

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BARBOSA, Valéria Ribeiro Nogueira et al. Dor e paresias nos membros superiores e diagnóstico da síndrome do túnel do carpo. Arq. Neuropsiquiatr., v.64, n.4, p.997-1000, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anp/v64n4/a21v64n4.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.

CAMPOS, Carmelinda Corrêa de et al. Tradução e validação do questionário de avaliação de gravidade dos sintomas e do estado funcional na síndrome do túnel do carpo. Arq Neuropsiquiatr, v. 61, n. 1, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2003000100009>. Acesso em: 16 mar. 2017.

CAPOTE, Faustino Rodrigues; MEJIA, Dayana Priscila Maia. Tratamento fisioterapêutico da síndrome do túnel do carpo. Monografia (Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia) – Faculdade Ávila, Goiânia, 2012. Disponível em: <http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/99_-_Tratamento_FisioterapYutico_na_SYndrome_do_TYnel_do_Carpo.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2017.

CHAMMAS, Michel et al. Síndrome do túnel do carpo – parte II (tratamento). Revista Brasileira de Ortopedia, v.49, n.5, p.437-445, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n5/pt_0102-3616-rbort-49-05-0437.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2017.

INJEÇÃO de corticóides. Fisioterapia para todos, 2012. Disponível em: <http://www.fisioterapiaparatodos.com/p/farmaco/infiltracao-de-cortisona/>. Acesso em: 3 set. 2017.

JESUS FILHO, Arnaldo Gonçalves de et al. Estudo comparativo entre o exame físico, a eletroneuromiografia e a ultrassonografia no diagnóstico da síndrome do túnel do carpo. Revista Brasileira de Ortopedia, v.49, n.5, p.446-451, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n5/pt_0102-3616-rbort-49-05-0446.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.

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