REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Uso dos anorexígenos, seus riscos e farmacologia para o tratamento da obesidade

RC: 81639
1.440
3/5 - (1 vote)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SILVA, Rita de Cassia Nascimento da [1], SANTANA, Cristiane Aragão [2], MARTINS, Tamara Silva [3]

SILVA, Rita de Cassia Nascimento da. SANTANA, Cristiane Aragão. MARTINS, Tamara Silva. Uso dos anorexígenos, seus riscos e farmacologia para o tratamento da obesidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 01, pp. 124-140. Abril. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/riscos-e-farmacologia

RESUMO

A obesidade é um problema mundial, uma doença crônica de difícil controle e caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal. O médico instruirá os métodos de tratamento apropriados, incluindo o tratamento medicamentoso e não medicamentoso e, em alguns casos, a cirurgia pode ser usada. A sibutramina é um dos medicamentos usados para tratar o excesso de peso, com vários efeitos colaterais e riscos. No entanto, esse medicamento ainda é frequentemente usado de forma irracional. O estudo tem como objetivo discutir a obesidade e os riscos do uso da sibutramina como inibidor de apetite e o papel do farmacêutico no uso desses medicamentos. O presente artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica que utilizou os descritores: obesidade, anorexígenos, efeitos adversos, sibutramina, anfepramona, femproporex, realizada através do estudo de artigos digitais e livros virtuais anexados ao Google acadêmico, além de plataformas de bases de dados como Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e em outros repositórios científicos. Concluiu-se que os anorexígenos devem ser usados com cautela e apenas se outras formas de tratamento não farmacológico falharem. O uso desses inibidores de apetite pode causar vícios e efeitos colaterais graves. O farmacêutico decide ficar atento à medicação do usuário para que ele possa utilizar da melhor forma e alertá-lo sobre os efeitos colaterais.

Palavras-chave: Obesidade, anorexígenos, sibutramina, anfepramona, femproporex.

1. INTRODUÇÃO

Desde a década de 1990, a obesidade tem sido uma preocupação em todo o mundo. Desde então, vem crescendo e já é muito preocupante no mundo. A diminuição da atividade física e o grande consumo de alimentos com baixo teor de nutrientes, alta densidade energética são alguns motivos para o aumento da obesidade (WHO, 2011). Seu maior risco é o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, podem levar a um declínio na qualidade de vida pessoal e a um aumento do risco de morte prematura (OPAS, 2013).

Segundo estimativas da Pesquisa de Orçamentos Familiares no Brasil, a obesidade em geral aumentou e atingiu esse nível em 2002 – 2003, correspondendo a 40% e 12,7% da população adulta, respectivamente (BRASIL, 2004). O Ministério da Saúde anunciou recentemente que a taxa de obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, o que quase um em cada cinco brasileiros, e a taxa de sobrepeso subiu de 42,6% para 53,8% no mesmo período (ROCHA, 2017).

Apesar de o IMC não fornecer informações relacionadas com a quantidade e distribuição da gordura corporal, muitos estudos demonstram a sua importância na avaliação do risco de mortalidade (ZHU, 2003). Quando o índice de massa corporal do indivíduo é superior a 30 kg/m2, o tratamento farmacológico da obesidade é recomendado ou quando o indivíduo tem alguma doença relacionada ao sobrepeso e tem IMC elevado, se a dieta, a atividade física e as mudanças de comportamento não podem ser tratadas com sucesso, o tratamento farmacológico é recomendado (WHO, 2012). Os medicamentos para a obesidade incluem o uso de drogas que controlam os mecanismos de ingestão de energia ou drogas que estão associadas ao metabolismo nutricional anormal ou aumento do gasto energético (MANCINI, 2014).

Os medicamentos antiobesidade mais utilizados são a sibutramina e o orlistate, podendo ser utilizados clinicamente por cerca de dez anos (COUTINHO, 2015). A sibutramina pode bloquear a recaptação de norepinefrina e serotonina, reduzir a ingestão de alimentos e estimular a termogênese do tecido adiposo marrom em animais (STOCK, 2013).

O orlistate é um análogo mais estável e parcialmente hidrolisado do estabilizador lipídico (tetrahidrolipostatina), que inibe a lipase gastrointestinal por ligação covalente ao sítio ativo da lipase e se liga irreversivelmente (MANCINI, 2010). Diante do contexto epidemiológico de elevada prevalência de excesso de peso e do fato de que na atualidade o estereótipo de beleza é o corpo magro e longilíneo, tem-se observado, a partir do ano de 1988, um alto uso de anorexígenos, estimado em dez doses diárias definidas estatisticamente (DDD – dose diária definida) por 1 mil habitantes (BRASIL, 2013).

2. METODOLOGIA

Este estudo é uma revisão bibliográfica, com finalidade integrativa, com a utilização de uma avaliação atenta e sistemática de estudos já publicados acerca da temática dos efeitos em relação ao uso dos anorexígenos. Os estudos e artigos analisados e filtrados são utilizados para a síntese do tema abordado.

As buscas foram realizadas em cinco bases de dados bibliográficos – SCIELO, NCBI, Google Acadêmico, Pubmed e WHO. Cerca de 35 artigos científicos foram baixados, e 15 foram selecionados. Além de revistas e periódicos online de caráter científico. Os artigos científicos selecionados foram aqueles publicados entre 2003 e 2020, encontrado nos idiomas português, espanhol e inglês traduzidos.

Optou-se pela busca de palavras chaves como: obesidade, anorexígenos, estudantes, efeitos adversos, sibutramina, anfepramona, femproporex. De acordo com os critérios de inclusão que foram analisar se os temas abordados nos artigos pesquisados estavam semelhantes ao tema do nosso trabalho, artigos que abordavam sobre o uso dos anorexigenos, seus riscos, obesidades, grupos que fazer maior uso. Observados os fatores de exclusão com enfoque de estudos e artigos em que os assuntos relacionados não eram relevantes para esta pesquisa, foram excluídos cerca de 20 artigos dos que foram baixados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A sociedade de hoje sempre foi muito preocupada com a aparência, especialmente feminina, passou-se a observar algum preconceito e rejeição contra as pessoas obesas (MOREIRA; JÚNIOR, 2012). Sob a pressão das condições socioeconômicas e culturais, com os ideais sempre crescentes de vincular a beleza ao corpo magro e perfeito, o público feminino está mais sujeito à anorexia.

As drogas anoréxicas se tornaram uma dessas opções, entretanto acabam se sujeitando a vários riscos (CERESINI, 2010). Por outro lado, o consumo excessivo de substâncias anoréxicas não vem apenas do público feminino, os estudantes universitários que buscam ficar acordados por muito tempo e atletas que fazem uso de substâncias anoréxicas como os estimulantes (MOREIRA; ALVES, 2015).

3.1 OBESIDADE

A obesidade é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sobrepeso e acúmulo anormal de excesso de gordura. É uma doença crônica, foi reconhecida como obesidade em 1948, por isso foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS (OMS, 2011). É a fisiopatologia de uma doença que ocorre pelo acúmulo de calorias excedendo as calorias consumidas pelo indivíduo (CARNEIRO, JUNIOR; ACURCIO, 2008). Um estilo de vida sedentário, fatores ricos em gordura e açúcar na dieta e uma variedade de fatores genéticos podem desencadear a obesidade. O excesso de peso pode prejudicar a saúde dos indivíduos e aumentar o risco de outras doenças como diabetes, dislipidemia, doenças cardiovasculares etc (WANDERLEY; FERREIRA, 2010).

O número de obesos em todo o mundo vem aumentando desde 1980. Em 2008, 1,5 bilhão de adultos apresentavam excesso de peso (WHO, 2011). No Brasil, o último censo mostra que esse problema está aumentando dramaticamente a cada dia. A última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2008 e 2009 mostrou que a prevalência de excesso de peso masculino quase triplicou desde 1974, de 18,5% para 50,1 Em relação à obesidade, os homens passaram de 2,8% para 12,4% e as mulheres de 8% para 16,9% (IBGE, 2010).

Em 2014, o Brasil era o quinto país mais obeso do mundo, com 22 milhões de pessoas, representando 17% da população (SOUZA, 2015). O excesso de peso está relacionado ao desenvolvimento de várias doenças secundárias, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer. De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) de 2009, 72% dos óbitos foram relacionados a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Portanto, essas doenças estão diretamente relacionadas ao sobrepeso, levando a uma preocupação generalizada sobre a obesidade por parte das organizações de saúde e governos (MOHAMED, 2014).

3.2 AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação refere-se ao consumo de um produto com a finalidade de tratar ou aliviar sintomas ou doenças percebidas e até mesmo promover a saúde, independentemente das prescrições profissionais. A automedicação tem várias formas: comprar medicamentos sem receita, compartilhar os medicamentos com outros membros da família ou da sociedade e usar as demais receitas, estender ou interromper a dosagem e o tempo indicados nas primeiras prescrições (ARRAIS, 2003).

Fatores econômicos, políticos e culturais têm promovido o crescimento e a disseminação da autoterapia em todo o mundo, tornando-a um problema de saúde pública. Para os países pobres, o acesso da população aos serviços médicos formais é restrito e os gastos com a produção e distribuição de medicamentos essenciais são controlados (LOYOLA FILHO, 2003).

Estudos epidemiológicos de base populacional podem compreender a prevalência da automedicação e os fatores relacionados a ela. Em países desenvolvidos, a prevalência e os fatores relacionados à automedicação têm sido amplamente estudados. Nestes estudos, os dados encontrados indicam que o percentual de automedicação na população analisada varia de 30% a 90% (HAAK, 1989). Os principais eventos adversos envolvidos nessa prática são intoxicação e hipersensibilidade ou reações alérgicas (INSTITUTO VIRTUAL DE FÁRMACOS-IVF, 2010).

Dados mostram que em 28% dos casos de intoxicação humana no país, os medicamentos mais nocivos são os benzodiazepínicos (usados no tratamento de gripe, antidepressivos e anti-inflamatórios), que são os mais intoxicantes (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2010). Segundo estudo da Administração Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os medicamentos que causam intoxicações humanas (ANVISA, 2010).

A cada 20 segundos, um paciente era envenenado por medicação incorreta e levado a um hospital brasileiro. Devido à crise no setor saúde, a autogestão do Brasil se destaca. Além da intoxicação, aumenta o risco de interações medicamentosas, o que pode reduzir a eficácia do tratamento ou aumentar a toxicidade do medicamento, levando a graves problemas de saúde (MONTEIRO, 2008).

A situação socioeconômica de grande parte da população comprova a forte tendência de autogestão, e o país ainda está em busca de soluções para enfrentar os perigos dos órgãos de fiscalização sanitária em fiscalizar e restringir comportamentos antiéticos e estabelecer uma relação efetiva entre os dois. fronteira. O impacto da indústria no mercado e a ética necessária para manter a saúde pública (MONTE, FILHO, 2009).

3.3 RISCOS DO USO INDISCRIMIDADO DE ANOREXÍGENOS

O uso de medicamentos anorexígenos não ocorre somente em condições clínicas. Tais medicamentos também são procurados para uso recreativo, usados como drogas de abuso e para fins estéticos. Estudo realizado no ano de 2008 com acadêmicas em Maringá no estado do Paraná revelaram que a maioria das participantes do estudo fazia consumo de anorexígenos com finalidade estética (SANTANA, 2016).

Os medicamentos anorexígenos apresentam características que podem parecer benéficas em um primeiro momento. Quando o indivíduo faz uso destes medicamentos sente sua força física aumentada, assim como seu estado de alerta, no entanto o uso destes medicamentos apresenta sérios efeitos colaterais, riscos de causar dependência, que podem ser agravados pela automedicação e o uso indiscriminado de tais medicamentos (MELO, 2011).

Após o efeito da droga o aumento da capacidade do indivíduo também chega ao fim, levando-o a consumir essas substâncias em dosagens ainda maiores, que promovem efeitos como irritação, mania de perseguição e nervosismo. Doses ainda maiores promovem delírios taquicardia, midríase, entre outros efeitos, podendo levar até mesmo a morte do indivíduo (SOSA, 2014).

O consumo abusivo e a crescente prática da automedicação com anorexígenos foram fatores que contribuíram para a criação e discussões de medidas de controle na comercialização desses medicamentos, que apresentam graves efeitos colaterais que podem ser mais danosos e aumentados com a prática da automedicação (FORTES, 2015). Na realização de um estudo de caso de um paciente jovem de 29 anos que sofreu um infarto agudo do miocárdio, foi revelado que o mesmo se automedicava com a Anfepramona, um anorexígeno que apresenta riscos a indivíduos cardiopatas devido ao seu mecanismo de ação simpatomimético, que pode ocasionar espasmos vasculares, vaso constrição coronariana e taquicardia (FERRARI, 2008).

3.4 SIBUTRAMINA

A sibutramina é um dos reguladores de apetite mais comumente usados, indicado para pacientes obesos com IMC-índice de massa corporal de 27 kg / m3 a 30 kg / m3, acompanhado de dislipidemia, hipertensão arterial e outros fatores de risco, diabetes, etc., no entanto, o medicamento só deve ser usado quando o exercício físico e a dieta alimentar são ineficazes (A.C. FARMACÊUTICA, 2013).

A sibutramina atua bloqueando a recepção de serotonina, norepinefrina e dopamina nas sinapses do sistema nervoso central, ou seja, estimulando os receptores de serotonina. Portanto, quando esses receptores no núcleo paraventricular do hipotálamo são estimulados, reduz a alimentação excessiva de alimento calórico. Portanto, devido ao aumento da saciedade ou termogênese causada pela droga, o paciente reduz a alimentação excessiva (NEGREIROS, 2011).

O cloridrato de sibutramina pode ser encontrado na sua forma genérica ou através dos diversos nomes comerciais disponíveis no mercado, entre os quais destacamos: Biomag, Grece, Sibutran, é comercializada em duas apresentações: comprimidos ou cápsulas de 10 mg ou 15 mg. O medicamento é proibido para gestantes e lactantes, pessoas alérgicas à sibutramina ou a qualquer outro ingrediente da fórmula e pessoas que fazem uso de outros inibidores centrais do apetite, pois podem afetar o seu julgamento, portanto também é contra-indicado. Indivíduos em uso de inibidores da monoamina oxidase (ANVISA, 2017).

Os principais efeitos colaterais da sibutramina ocorrem no sistema cardiovascular, causando pressão alta, batimento cardíaco acelerado e aumento da pressão arterial sistólica e diastólica em repouso. Podem ocorrer reações de hipersensibilidade, desde erupções cutâneas leves a angioedema e reações alérgicas (WHO, 2011). Trombocitopenia, doenças oculares convulsivas, como visão turva; impotência, distúrbios do ciclo menstrual e ejaculação anormal; aumento das enzimas hepáticas; nefrite intersticial aguda e alterações da função hepática (BULARIUM, 2013).

As reações adversas mais comuns são cefaleia, boca seca, prisão de ventre, insônia, infecção, náusea, dispneia, sudorese, dor nas costas, vasodilatação, coração, anorexia, indigestão, tontura, parestesia, alterações de paladar e dismenorreia (NEGREIROS, 2011).

3.5 ANFEPRAMONA

A anfepramona foi primeiramente desenvolvida para combater a narcolepsia e controlar crianças hiperativas e tem o efeito colateral de reduzir a fome, ou seja, o medicamento possui uma outra ação que não consta na sua bula (SOARES, 2010). Sua indicação é um tratamento de curto prazo para a obesidade, que pode durar até 4 semanas, pois o uso em longo prazo pode causar tolerância à anorexia, produzir dependência e efeitos psicóticos graves, portanto não foi demonstrado que aumente a dose para tentar potencializar esse efeito (NACCARATO; LAGO, 2014).

Não é recomendado para pacientes com gravidez e amamentação, glaucoma, adenoma de próstata, insuficiência renal ou hepática, hipertensão grave, arritmia, hipertireoidismo, arteriosclerose e histórico de psicose e epilepsia. Use esta droga para o alcoolismo crônico, tendo como alvo pessoas que são alérgicas à bupropiona ou outras aminas simpatomiméticas, ou pessoas que usam inibidores da MAO (AC FARMACÊUTICA, 2013).

O principal efeito adverso é devido à atividade noradrenérgica por não ser seletiva. Os efeitos periféricos mostrados são náuseas, vômitos, dor abdominal, prisão de ventre ou diarreia, taquicardia, arritmia, dor precordial, hipotensão, disfunção sexual, disúria e desenvolvimento da mama feminina, boca seca, urticária, erupções cutâneas e reflexos enfraquecidos também são comuns, o que torna difícil operar máquinas e dirigir (CARVALHO, 2011) O uso prolongado de anfepramona pode causar reações graves, como esquizofrenia, franqueza, desatenção, alterações de personalidade e psicose (BEHAR, 2012).

3.6 FEMPROPOREX

O Femproporex foi desenvolvido na década de 1960 e foi um dos primeiros medicamentos anoréxicos aprovados para o tratamento da obesidade (MOREIRA; JÚNIOR, 2012). É produzida por alterações na estrutura química da anfetamina, que pode produzir derivados β-feniletilamino destinados a reduzir a irritação central e aumentar os efeitos da anorexia. Pode ser recomendada para pacientes obesos com doença cardiovascular (ANVISA, 2011a). A ação do femproporex ocorre nas vesículas pré-sinápticas, impedindo a recaptação da dopamina no hipotálamo lateral, resultando em aumento da liberação de neurotransmissores ou inibição da recaptação da serotonina (COSTA, 2017).

O medicamento é contra-indicado em pessoas com arteriosclerose avançada, doença cardiovascular, hipertensão moderada a grave, glaucoma, hipertireoidismo, alterações extrapiramidais, alergia a femproporex ou qualquer outro ingrediente da fórmula e histórico de uso de drogas e a pessoa que está recebendo o tratamento estará sob anestesia geral. Pacientes diabéticos podem alterar suas necessidades de insulina e sulfonilureia devido ao uso desse medicamento (BULAS MED, 2014). As reações adversas mais comuns são insônia, ansiedade, nervosismo, inquietação, inquietação, agressão, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada e pânico (WANDERLEY, 2010).

Alterações como tontura, fraqueza, cefaleia, tremor, calafrios, pele pálida, boca seca, náusea, diarreia, gosto metálico na boca e cólicas abdominais também foram observadas (BULAS MED, 2015). Sintomas como hipertensão pulmonar primária, síndrome adrenal, irritação circulatória e respiratória (devido à inibição da monoamina oxidase), arritmia, insuficiência cardiovascular, hipertensão, psicose paranóide, alucinações visuais, hemorragia subaracnoide e esclerodermia considerada uma reação mais severa (ANVISA, 2011b).

Insuficiência hepática aguda, hipertermia maligna, hiponatremia e acidente vascular cerebral podem levar à morte (MARIZ, 2004). Com o uso do femproporex, espera-se que os usuários vivenciem as síndromes de abstinência, dependência e tolerância (FIOCRUZ, 2017). Este medicamento pode ser comprado nas farmácias convencionais com apresentação de receita médica, sob forma de cápsulas com 25 mg, pode ser comprado pelo nome de Desobesi-M.

4. EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos adversos mais frequentes devido ao uso de medicamentos para emagrecer foram boca seca (21,6%), dor de cabeça, irritabilidade e taquicardia ambos com 15,7% e insônia (13,7%) (Tabela 4). Segundo a literatura, esses efeitos adversos são mais comumente encontrados ao utilizar medicamentos que estimulam o sistema nervoso central (SNC), tais como o femproporex, anfepramona e sibutramina (CARNEIRO, 2008).

Tabela 4. Efeitos adversos mais relatados

FONTE: Carneiro, 2008.

5. O PAPEL DO FARMACÊUTICO

Atualmente, o farmacêutico tem desempenhado um papel muito importante na atenção e assistência farmacêutica, a atuação farmacêutica pode facilitar na adesão e no uso correto dos medicamentos para obesidade (RADAELLI, 2016). Na dispensação de medicamentos controlados, atuação do farmacêutico é de extrema importância, visto que este profissional orienta o usuário corretamente em relação ao uso do medicamento, abordando também o que o mau uso pode ocasionar, bem como demais informações para que o tratamento seja correto e seguro (OLIVEIRA; BARÃO, 2009).

Ao dispensar os medicamentos, os farmacêuticos podem corrigir o abuso e a overdose desses medicamentos por meio de orientações e conselhos. O farmacêutico está diretamente envolvido no combate à obesidade e ao excesso de peso e, além de orientar o usuário no uso de drogas, deve utilizar seus conhecimentos para orientar hábitos saudáveis que possam melhorar a qualidade de vida (OLIVEIRA; VILELA, 2016).

A dificuldade de obtenção de atendimento médico tem levado muitas pessoas a buscarem tratamentos inseguros e ineficazes, como dietas sem acompanhamento nutricional e remédios caseiros sem plantas, sem qualquer tipo de evidência científica. Portanto, o papel do farmacêutico é conscientizar os pacientes, podendo até realizar campanhas voltadas para a educação do paciente e motivação para o tratamento (SILVA, 2011).

6. CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos observados, deve se ter muito cuidado na administração de fármacos para o tratamento da obesidade, pois os mesmos possuem contraindicações e efeitos colaterais. Por este motivo são indicados quando o tratamento não farmacológico não tem seu efeito desejado. O paciente deve buscar a redução de peso, antes que comecem a usar medicamentos, a reeducação alimentar juntamente com a pratica dos exercícios são muito importantes.

A falta de informação juntamente com o fácil acesso a medicamentos são fatores cruciais para o uso indiscriminado desses fármacos. A atenção farmacêutica é fundamental para que aconteça o uso correto dos fármacos, é importante que o farmacêutico oriente a população em relação à forma correta de uso, das reações adversas, das interações medicamentosas, e os benefícios do medicamento.

E também de indicar a prática de exercícios físicos juntamente com a reeducação alimentar, de maneira que faça a diminuição do uso exacerbado e sem necessidade do fármaco, prevenindo riscos à saúde dos pacientes.

REFERÊNCIAS

AC FARMACÊUTICA. Diretrizes Da Sociedade Brasileira De Diabetes. Rio De Janeiro, 2013.

ARRAIS, P.S.D.; COELHO, L.H.; BATISTA, M.C.D.S.; CARVALHO, N.L.; RIGHI, R.E. & ARNAU, L.M. Perfil da automedicação no Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 31 n1, p. 71-77, 2003.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Relatório Integrado sobre a eficácia e segurança dos inibidores do apetite. Brasília, Abril de 2011b.

ANVISA – Agencia Nacional De Vigilância Sanitária. Cloridrato De Sibutramina Monoidratado, 2017.

ANVISA – Agencia Nacional De Vigilância Sanitária. Nota Técnica Sobre Eficácia E Segurança Dos Medicamentos Inibidores De Apetite. Brasília – df, 2011ª.

BEHAR, R. Anorexígenos; Indicaciones e Interacciones. Rev. Chil. Neuro-Psiquiat. Santiago, v.40, n.2, p.21-36, abr. 2012.

BULASMED. Bula ABSTEN S. 2015.

BULASMED. Bula Desobesi-M. 2014

BULARIUM – AC. Farmacêutica, São Paulo, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Parecer E Recomendações do Grupo De Estudos Assessor Da SVS-MS Sobre Medicamentos Anorexígenos. São Paulo: Ministério da Saúde; 2013.

BRASIL, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Centro de Informação Científica e Tecnológica. Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. 2010.

BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 13, de 26 de março de 2010.

CARNEIRO MFG, GUERRA JUNIOR AA, ACURCIO FA. Prescrição, Dispensação E Regulação do Consumo De Psicotrópicos Anorexígenos Em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2008; 24:1763- 72.

CARVALHO, C. G.; MAGALHÃES, S. R. Appetite Inhibitors Classified As One Of Conditions Related To Development Of Pulmonary Hypertension. Revista Da Universidade Vale Do Rio Verde, Três Corações, v. 9, n. 2, p. 182-191, ago./dez. 2011.

CERESINI, D. J. C.; FERREIRA, A. A.; SALADO, G. A.; FERNANDES, T. R. L. Avaliação do uso de medicamentos para o controle de peso por universitárias. In: V Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica. Maringá, 2010.

COUTINHO W. The First Decade of Sibutramine and Orlistat: A Reappraisal of Their Expanding Roles in The Treatment of Obesity and Associated Conditions. Arq Bras Endocrinol Metab 2015.

COSTA, A. M. J.; DUARTE, S. F. P. Principais Medicamentos Utilizados no tratamento da Obesidade e Vias de Ação: Uma Revisão Sistemática. Id on Line Rev. Psic. V.11, N. 35. Maio/2017.

FERRARI CKB. Metabolic Syndrome And Obesity: Epidemiology And Prevention By Physical Activity And Exercise. J Exerc Sci Fitness 2008.

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisadores condenam produção e venda de inibidores de apetite. 29 jun. 2017.

FORTES RC, GUIMARÃES NG, HAACK A. Orlistat e sibutramina: bons coadjuvantes para perda e manuntenção de peso? Rev Bras Nutr Clin 2015.

HAAK H. Padrões de consumo de medicamentos em dois povoados da Bahia (Brasil). Revista de Saúde Pública, v. 23, p.143-51. 2003.

INSTITUTO VIRTUAL DE FÁRMACOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO IV FRJ. Automedicação: Hábito perigoso para a saúde-desperdício de dinheiro e efeitos danosos à saúde são alguns dos resultados. SANTOS, A. C. (Org.) IVFRJ On Line – 12.ed. Acesso em: 15 agosto de 2010.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009/default.shtm. 2010.

LOYOLA FILHO, A.I. De; UCHOA, E; GUERRA, H.L. LIMA-COSTA, M.F.. Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí. Revista de Saúde Pública v.36 n 1. p.55-62, 2002.

MANCINI MC, HALPERN A. Pharmacological treatment of obesity. Arq Bras Endocrinol Metab 2014; 50:377-89.

MANCINI MC. Obstáculos diagnósticos e desafios terapêuticos no paciente obeso. Arq Bras Endocrinol Metab 2010.

MARIZ, S R. Aspectos toxicológicos do femproporex. Rev. Bras. Toxicol 2014.

MELO, C. M. de; OLIVEIRA, D. R. de. O uso de inibidores de apetite por mulheres: um olhar a partir da perspectiva de gênero. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 2523-2532, maio. 2011.

MOHAMED, A. G.; IBRAHIM S. R. M.; ELKHAYAT, E. S.; DINE, R. S. E. Natural antiobesity agents. Bulletin of Faculty of Pharmacy Cairo University, v.52 n. 2, p. 269-284, dez. 2014.

MONTEIRO, P.P. Farmácia e automedicação, 2008. [on line] . Acesso em: 21 de Agosto de 2010.

MONTE, E.F.; FILHO, J.C.S. Varejo de medicamentos no Brasil: Uma visão comparativa com a tendência mundial, 2009.

MOREIRA, A. P. A.; JÚNIOR, E. B. N. Anorexígeno: Controle rígido ou proibição de seu uso? Pós em Revista do Centro Universitário Newton Paiva. Jan/2012. Edição 5.

MOREIRA, F; ALVES, A A. Utilização de anfetaminas como anorexígenos relacionas à obesidade. Revista Científica da FHO UNIARARAS v. 3, n. 1. Araras – SP, 2015.

NACCARATO, MONIQUE; LAGO, M.O.  Uso Dos Anorexígenos Anfepramona E Sibutramina: Benefício Ou Prejuízo À Saúde?. rev. saúde, v.8, n. 1/2, 2014.

NEGREIROS, IGOR ISRAEL FILGUEIRA; OLIVEIRA, D. C.; FIGUEREDO, M. R. O. Efeitos Adversos Dos Moduladores De Apetite. Nutrire: Rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, Sp, v. 36, n. 2, p. 137-160, ago. 2011.

OLIVEIRA KR, VILELA PA, FREITAS JGA, SANTOS UG. Sibutramina: efeitos e riscos do uso indiscriminado em obesos. Rev. Eletr. Trab. Acad.: Universo. 2016; 1(3): 291-302.

OLIVEIRA RC., BARÃO FM, FERREIRA E, OLIVEIRA AFM. A farmacoterapia no tratamento da obesidade. Rbone: Rev. Bras. Obes. Nutr. Emagr. 2009; 3(17): 375-388.

OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças Crônico-Degenerativas e Obesidade: Estratégia Mundial Sobre Alimentação Saudável, Atividade Física E Saúde. Brasília, DF; 2013.

RADAELLI M, PEDROSO RC, MEDEIROS LF. Farmacoterapia da obesidade: benefícios e riscos. saúde e desenvolvimento humano. 2016; 4(1): 101-115.

ROCHA, G. Em dez anos, obesidade cresce 60% no Brasil e colabora para maior prevalência de hipertensão e diabetes. Brasília-DF, 2017.

RODRIGUES ESR, CHEIK NC, MAYER AF. Nível De Atividade Física E Tabagismo Em Universitários. Rev Saúde Pública 2008; 42:672-8.

SANTANA, C; WANDERLEY, H C. O uso farmacológico de anfrepamona e sibutramina no tratamento coadjuvante da obesidade. Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde. Editorarealize. Revistas conbracis, 2016.

SILVA VP. O uso de sibutramina no tratamento de pacientes obesos [TCC]. Ariquemes: Faculdade de Educação e Meio Ambiente; 2011.

SOUZA, M. D. G. de.; VILAR, L.; ANDRADE, C. B.; ALBUQUERQUE, R. O.; CORDEIRO, L. H. O.; CAMPOS, J. M.; FERRAZ, A. A. B. Prevalência de obesidade e síndrome metabólica em frequentadores de um parque. ABCD. Arq. Bras. Cir. Dig. São Paulo, v. 28, n. 1, p. 31-35, 2015.

SOSA RAB. ?Cuál es el papel actual del tratamiento farmacológico de la obesidad en personas adultas? Rev Endocrinol Nutr 2014.

SOARES NRCG. Administração de Medicamentos na Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2010.

STOCK MJ. Sibutramine: A Review of the Pharmacology of a Novel Antiobesity Agent. Int J Obes Relat Metab Disord 2013.

ZHU S, HEO M, PLANKEY M, FAITH MS, ALLISON DB. Associations of body mass index and anthropometric indicators of fat mass and fat free mass with all-cause mortality among women in the first and second National Health and Nutrition Examination Surveys follow-up studies. Ann Epidemiol 2003.

WANDERLEY, E. N.; FERREIRA, V. A. Obesidade: uma perspectiva plural. Ciência Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.15, n. 1, p. 185- 194, 2010.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global strategy on diet, physical activity and health. Documents related to overweight and obesity. Fact sheet on Obesity and overweight, 2011.

WHO. Consultation on obesity. Preventing and managing the global epidemic. Geneva: World Health Organization; 2012.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity and overweight. 2011.

[1] Graduação Farmácia.

[2] Graduação Farmácia.

[3] Orientadora. Especialização em Oncologia multiprofissional.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Março, 2021.

3/5 - (1 vote)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita