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Trabalho Alienado: Repensando o Papel do Trabalho da Enfermagem

RC: 7451
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CONTEÚDO

BATISTA, Maxwell do Nascimento [1]

RESUMO

Este artigo trata do trabalho alienado, da problemática que ele estabelece quando alguém está cativo a ele. Traz uma reflexão que certamente despertará muitos profissionais, em especial os de enfermagem, a reverem seus conceitos acerca do trabalho e sua finalidade. O conhecimento sempre foi o mecanismo da evolução e sempre favorecerá o homem a enxergar suas falhas, como também, capacita o mesmo a corrigir seus erros. Por isso esse artigo traz um assunto importante e atualizado para uma boa reflexão, sobre os conceitos e valores indispensáveis aos profissionais de saúde e outras áreas profissionais, assim também, como referência ou fonte de conhecimento e de valores agregados.

Palavras-chave: Alienado, Enfermagem, Profissionais, Saúde, Trabalho.

INTRODUÇÃO

O trabalho é a fonte de sustentação e manutenção do homem. Trabalhamos porque precisamos sustentar nosso lar, pagar nossas contas. No entanto o trabalho pode torna-se obsessivo e rompedor de valores éticos que vão alem do controle. O grande mistério da ética consiste na predominância de sentimentos e atitudes que demonstram o verdadeiro amor pelo próximo. Todos nós precisamos trabalhar para adquirimos o nosso sustento e suprimos nossas necessidades, porém, não temos o direito de prejudicar outras pessoas em detrimentos de nossas necessidades, ou violarmos normas éticas que regem a nossa profissão (PINHEIRO, 2006).

O atual sistema financeiro capitalista, precisa manipular as pessoas para subsistir, e é através da mídia que as pessoas são impulsionadas a viverem uma intensa jornada de trabalho, para suprirem suas necessidades compulsivas. Nessa perspectiva de visão se enquadra o trabalho alienado, que consiste em uma forma de ganhar dinheiro sem que haja satisfação no que se faz. Muitas vezes o individuo perde a capacidade de raciocino e domínio do que está fazendo e se torna um escravo do trabalho. Marx afirmava que o trabalho humano era considerado uma mercadoria e pago abaixo de seu preço real. O trabalho alienado tem sido observado em todos os seguimentos profissionais, a exemplo cito os profissionais de enfermagem. Por falta de políticas que valorizem ou que dê o real valor do profissional de enfermagem, tais profissionais têm se submetido a longas jornadas de trabalhos desqualificados em busca de obterem recursos financeiros para suprirem suas necessidades de consumo. Tais profissionais precisam saber que seu trabalho é importante e necessário para a sociedade, e não uma mera forma de ganhar dinheiro (NOGARE, 1994).

OBJETIVO

Trazer para todos os profissionais e em especial os da saúde uma reflexão acerca dos vários problemas causados pelo trabalho alienado, a luz da literatura.

METODOLOGIA

O presente estudo trata de uma pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2002) é desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos, revistas e jornais. Foi elaborado na biblioteca da faculdade de enfermagem São Vicente de Paula em João Pessoa – PB.

CONCEITOS

TRABALHO

O Termo trabalho se refere a uma atividade própria do homem. Segundo Oliveira (2006) trabalho é o meio pelo qual o homem se relaciona com o homem, utilizando a natureza para construir sua história e transformá-la, estabelecendo mediações para ambos se modificarem. O homem se apodera da natureza e a utiliza para sua própria vida, pelo processo do trabalho.

ALIENADO

Segundo Nogare (1994, p. 93). Alienado etimologicamente, vem de alienar, que é igual a: tornar-se alheio. Como se vê, o termo significa uma noção relativa e não pode, pois, entender-se exatamente sem a especificação do segundo termo da relação, ao qual se opera a alienação. O que Nogare quis dizer exatamente é que apalavra alienado só ganha sentido realmente quando se expressa o segundo termo ao qual foi empregado o termo alienado. O endividou pode ser um alienado político, religioso, ideológico ou econômico.

TRABALHO ALIENADO

Podemos conceituar o trabalho alienado, como, aquele que tem a capacidade de tornar um trabalhador ou profissional alheio à atividade que ele se submete. Ou seja, o profissional estará desempenhando seu trabalho mecanicamente, sem a noção do que está fazendo, ignorando conceitos e normas éticas e cientificas. O trabalho é uma atividade no qual aspectos físicos e psíquicos estão diretamente relacionados. Quando o profissional perde a capacidade de raciocino e não consegue relacionar suas atividades ao compromisso social, moral e ético, ele está alheio ao trabalho que exerce (KIRCHHOF, 2009).

FORMAS DESENCADEADORAS DO TRABALHO ALIENADO

O AMBIENTE DE TRABALHO

O ambiente de trabalho também tem sido um fator desencadeador do trabalho alienado.  Segundo Silva (2006) As condições de trabalho e saúde da equipe de enfermagem têm sido denunciadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Na maioria dos hospitais, a forma de trabalho é inconcebível, doentia e contradiz todas as regras básicas para ambientes saudáveis em todos os aspectos.

O ambiente de trabalho e a forma pela qual o enfermeiro é incentivado a trabalhar têm uma enorme importância na qualidade de seu trabalho.  Um ambiente de estresse, pressão psicológica ou de falta de recursos para o andamento do trabalho, pode levar o profissional e/ou enfermeiro a desenvolver suas atividades sem prazer no que faz, perdendo o estimulo de exercer suas funções. Esse ambiente de trabalho é puramente patológico, e alienante.

Segundo Silva (2009) nesse sentido, a satisfação é um processo dinâmico que pode ter influência tanto na organização do trabalho quanto da vida social, ou seja, o trabalhador não pode chegar ao seu local de trabalho como uma máquina nova; ele possui uma história, o que o torna um indivíduo com características únicas e pessoais.

O SISTEMA CAPITALISTA E O CONSUMISMO

O sistema econômico capitalista tem sido um dos principais fatores desencadeadores do trabalho alienado. Karl Marx afirmava que a economia era a base determinante para todos os tipos de alienação. O capitalismo segundo Marx caracterizou-se pela mecanização e exploração do trabalho humano, evidenciado principalmente na revolução industrial. O valor do profissional passa a ser a sua produção. Diante de tantas leis trabalhistas que hoje servem para proteção do trabalhador, o capitalismo hoje atua com a ajuda de vários meios técnicos e psicológicos para alcançar seus objetivos de produção. Das quais destaco o consumismo.          

O consumo é o termômetro que regula tanto a produção, quanto os meios de dessa produção. Para que a economia cresça, estimula-se o consumo; e este é propagado através dos mecanismos de comunicação. Quanto mais consumimos mais temos necessidades, e para suprirmos essas necessidades trabalhamos. A grande problemática é que a receita nunca cobre a demanda. Vemos hoje na maioria dos Estados do Brasil, a remuneração financeira muito baixa, em especial aos profissionais de enfermagem. Isso tem feito com que enfermeiros submetam-se a longas jornadas de trabalho, saindo de um plantão e assumindo outro já em outro hospital ou empresa em especializada em saúde (NOGARE, 1994).

DANOS DO TRABALHO ALIENADO

AO PROFISSIONAL

A alienação é uma das principais causas de acidentes no trabalho. Segundo Moreno (2003) particularmente, trabalhar em horários não diurnos com sobrecargas pode levar os trabalhadores a ter pior desempenho em suas tarefas, a expô-los a maiores riscos de acidentes de trabalho e, de forma mais acentuada, a estressores ambientais, que podem levá-los à incapacidade funcional precoce.

Nas últimas décadas o atual sistema financeiro capitalista tem impulsionado o homem a ter sobrecargas de atividades para aumentar sua produção.   Diante desse cenário, observa-se o aumento dos ritmos e cargas de trabalho em detrimento da vontade dos trabalhadores em executar as tarefas, o que pode repercutir na sua qualidade vida, interferindo no processo saúde/doença. Cito como exemplo o enfermeiro que tem sido protagonista dessa infeliz realidade, não apenas no Brasil, mas também em muitos outros Países que pagam um piso salarial insuficiente para sobrevivência ou necessidades pessoais (SILVA, 2009).

A SOCIEDADE

O alienado ao trabalho, além de ser vítima direta das conseqüências que por ele é causado, também afeta direta e indiretamente os clientes, familiares, amigos, a sociedade de maneira geral. A enfermagem como parte integrante da equipe de saúde, tem desenvolvido ações no intuito de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas. No entanto, estas ações, de caráter preventivo, curativo ou de reabilitação, desenvolvidas pela enfermagem, à sua clientela através de processo educativo, muitas vezes não estão sendo inseridas na vida cotidiana do profissional enfermeiro e nem na dos próprios clientes (SILVA, 2006).

Em uma pesquisa realizada por David (2009) a insatisfação dos profissionais de saúde com a sua chefia foram de (83,6%), colegas (76,3%), em relação aos horários (71,9%) e ritmo de trabalho (47,3%) esses dados aparecem como itens importantes. A desintegração entre membros de uma equipe e seus processos de trabalho, e a referência a um ambiente permeado de conflitos é relatada em outros estudos sobre equipes de Saúde da Família. Esse clima de desarmonia profissional e insatisfação afetam diretamente a assistência à comunidade como um todo, além de afetar fortemente o próprio profissional. São pesquisas como estas que demonstram claramente como enfermeiros e profissionais de saúde têm sido vitimados pelo processo de alienação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho alienado tem vitimado muitos profissionais em todas as áreas de atuação no mundo. No Brasil, já é bastante comentado as possíveis formas de combate uma causa bastante comum em meio aos profissionais de enfermagem, que é a jornada de trabalho. Leis estão sendo votadas no Senado Federal, para diminuir a carga horária de trabalho e melhorar o piso salarial do enfermeiro, na tentativa de diminuir os riscos inerentes à profissão. Enquanto essas leis não são aprovadas, cabem a nós profissionais de saúdes e outras áreas de atuação identificarmos nossas limitações e possíveis patologias provocadas por esse tipo de trabalho, e uma vez identificadas, tratemo-las para o nosso próprio bem e também o da sociedade.

Este trabalho não encerra a discussão sobre a problemática do assunto em pauta, espero em outra oportunidade poder contribuir com mais informações sobre esse tema. Fica aberto a problemática para novas pesquisas afim de que ajudem a uma melhor compreensão desse assunto que constitui um grande agravo para sociedade;

REFERÊNCIAS

DAVID, Helena Maria Scherlowski Leal et al . Organização do trabalho de enfermagem na Atenção Básica: uma questão para a saúde do trabalhador. Texto contexto – enferm.,  Florianópolis,  v. 18,  n. 2, jun.  2009 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072009000200002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  out.  2010.  doi: 10.1590/S0104-07072009000200002.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 Ed.- São Paulo: Atlas, 2002. Pág. 44

KIRCHHOF, Ana Lúcia Cardoso et al . Condições de trabalho e características sócio-demográficas relacionadas à presença de distúrbios psíquicos menores em trabalhadores de enfermagem. Texto contexto – enferm.,  Florianópolis,  v. 18,  n. 2, jun.  2009 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072009000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  out.  2010.  doi: 10.1590/S0104-07072009000200003.

MORENO, Claudia Roberta de Castro; FISCHER, Frida Marina; ROTENBERG, Lúcia. A saúde do trabalhador na sociedade 24 horas. São Paulo Perspec.,  São Paulo,  v. 17,  n. 1, mar.  2003 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392003000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  out.  2010.  doi: 10.1590/S0102-88392003000100005.

NOGARE, Pedro Dalle. Humanismo e Anti-humanismo/ Introdução a Antropologia Filosófica / Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

OLIVEIRA, Beatriz Rosana Gonçalves de et al . O processo de trabalho da equipe de enfermagem na UTI Neonatal e o cuidar humanizado. Texto contexto – enferm.,  Florianópolis,  v. 15,  n. spe,   2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000500012&lng=pt&nrm=iso

PINHEIRO, Patrícia Neyva da Costa; MARQUES, Maria de Fátima Cardoso; BARROSO, Maria Grasiela Teixeira. Ética na formação profissional: uma reflexão. Esc. Anna Nery,  Rio de Janeiro,  v. 10,  n. 1, abr.  2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452006000100015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  04  out.  2010.  doi: 10.1590/S1414-81452006000100015.

SILVA, Rosângela Marion da et al . Análise quantitativa da satisfação profissional dos enfermeiros que atuam no período noturno. Texto contexto – enferm.,  Florianópolis,  v. 18,  n. 2, jun.  2009 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072009000200013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  out.  2010.  doi: 10.1590/S0104-07072009000200013.

SILVA, Bernadete Monteiro da et al . Jornada de trabalho: fator que interfere na qualidade da assistência de enfermagem. Texto contexto – enferm.  Florianópolis,  v. 15,  n. 3, set.  2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000300008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  out.  2010.  doi: 10.1590/S0104-07072006000300008.

[1]  Bacharel em Enfermagem pela FESVIP – Faculdade de Enfermagem São Vicente de Paula em João Pessoa – PB. Bacharel em Teologia pela EST – Escola Superior de Teologia em Porto Alegre – RG, Especialista em Saúde Pública e em ESF- Estratégia de Saúde da Família, ambas pela Faculdade São Francisco da Paraíba. Professor e palestrante nas áreas de saúde e teologia.

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Maxwell do Nascimento Batista

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