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O papel da enfermagem nas Paradas Cardiorrespiratórias (PCR) não assistidas

RC: 119312
4.676
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/papel-da-enfermagem

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO 

VERVLOET, Marlene Milke [1], BARBOSA,  Pauliani Moreira da Silva [2], FRANCISCO, Daniela Veronez [3], CABRAL, Patrícia Espanhol [4]

VERVLOET, Marlene Milke. Et al. O papel da enfermagem nas Paradas Cardiorrespiratórias (PCR) não assistidas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 06, Vol. 07, pp. 106-119. Junho de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/papel-da-enfermagem, Doi: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/papel-da-enfermagem

RESUMO

O papel do enfermeiro nas Paradas Cardiorrespiratórias (PCR), além de fazer os atendimentos especificados, é criar instrumentos para ajudar a salvar vidas, mesmo nos ambientes não hospitalares. Tendo isso em vista, a temática do estudo foi levantada através do seguinte questionamento: qual é o papel da enfermagem no atendimento e combate às mortes por PCR não assistidas? Logo, teve-se como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre o papel da enfermagem nas paradas cardiorrespiratórias (PCR) não assistidas. Para tanto, fez-se uma revisão bibliográfica de cunho descritivo com abordagem qualitativa, por meio do qual foi possível constatar que a enfermagem é fundamental no atendimento à PCR não assistida, pois o enfermeiro é o primeiro profissional a atender estes pacientes, principalmente fora do ambiente hospitalar, sendo importante para garantir a sobrevida dos indivíduos acometidos com a parada cardiorrespiratória não assistida, todavia, há uma falta de conhecimento e capacitação contínua dos profissionais referente aos protocolos de atendimento adequado e, ainda, desafios quanto ao atendimento ágil a estes pacientes. Dessa forma, pode-se concluir que cabe ao profissional se manter atualizado quanto a essas práticas, o que exige a capacitação contínua dos mesmos e, ainda, ensinar a população leiga a como reagir em casos de PCR não assistido, a fim de aumentar as chances de sobrevida da vítima, enquanto os profissionais não chegam.

Palavras-chave: Atendimento, Sobrevida, Parada Cardiorrespiratória, PCR, Enfermagem.

1. INTRODUÇÃO

A enfermagem tem um papel fundamental quando se trata de problemas respiratórios, principalmente quando ocorre a parada cardiorrespiratória (PCR), que é a cessação súbita da atividade cardíaca, complicando a saúde do paciente (SILVA e PADILHA, 2009).

Mediante isso, a parada cardiorrespiratória é reconhecida pela morte clínica a partir da ausência da respiração e do pulso (ALVES e MAIA, 2011), a qual pode se apresentar de tais maneiras: atividade elétrica sem pulso, assistolia, taquicardia ventricular e fibrilação ventricular, sendo esta última a mais frequente, pois corresponde a 95% dos casos (PEREIRA et al., 2015).

Sendo assim, nessas situações, se não houver um atendimento ágil, seguro e eficaz, o paciente vítima de PCR pode ir a óbito (ALVES, BARBOSA e FARIA, 2013).

Dessa forma, infere-se que a rapidez no atendimento pelo profissional da saúde é crucial para a chance de reversão e com menor sequelas pós PCR (PEREIRA et al., 2015). Trata-se de uma das principais emergências clínicas que afetam a vida do indivíduo, havendo a necessidade de uma equipe de saúde estar apta a reconhecer e prestar uma assistência adequada, seja no ambiente hospitalar ou fora dele (CRISTINA et al., 2008).

Diante disso, é importante frisar que a parada cardiorrespiratória não está restrita ao ambiente hospitalar. Nesse contexto, a parada cardiorrespiratória não assistida diz respeito àquela que ocorre em ambientes fora do ambiente hospitalar, como: em residências, em via pública, nos estabelecimentos comerciais, em festas, etc., tratados como ambientes pré-hospitalares, onde cerca de 50% dos pacientes que sofrem o infarto agudo do miocárdio não chegam vivos ao hospital (PAZIN-FILHO et al., 2003).

Por isso, esse estudo buscou pesquisar: qual é o papel da enfermagem no atendimento e combate às mortes por PCR não assistidas? Tendo como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre o papel da enfermagem nas paradas cardiorrespiratórias (PCR) não assistidas.

Portanto, este trabalho se justifica pela relevância do papel da enfermagem no reconhecimento dos sinais da PCR e, principalmente, pela importância das medidas preventivas que devem ser aplicadas imediatamente por estes profissionais de saúde, como também pela população, em geral, treinada por esses profissionais para essa tarefa, visando aumentar a possibilidade de salvar a vida do indivíduo (ALVES, BARBOSA e FARIA, 2013.

2. METODOLOGIA

Este estudo é uma revisão bibliográfica de cunho descritivo, pois segundo Nunes, Nascimento e Luz (2016, p. 146) “visa a identificação, registro e análise das características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo. A grande contribuição da pesquisa descritiva é proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida”. Sendo assim, também é qualitativa, pois busca por dados, interpreta e contextualiza o ambiente da pesquisa (SAMPIERI, 2006).

Nesse aspecto, para a seleção dos artigos foi feita uma busca nas seguintes bases de dados eletrônica: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Sendo assim, foram selecionados artigos publicados em português, entre os anos de 2008 e 2021. E como descritores foram utilizados: parada cardiorrespiratória; reanimação cardiopulmonar, Enfermagem, desafios e ambiente hospitalar e PCR desassistida. Dessa forma, buscando alcançar os objetivos traçados, foi elaborado um quadro com 5 dos principais autores pesquisados, conforme os seguintes dados: autor; ano, tipo de estudo, objetivo e os resultados, focando no atendimento a pacientes vítimas de PCR pelos profissionais de enfermagem, fora ou dentro de hospitais.

3. RESULTADOS

No Brasil, a parada cardiorrespiratória (PCR), que diz respeito a cessação súbita, inesperada e catastrófica da circulação sistêmica associada à ausência da respiração, tornou-se um grave problema de saúde pública, sendo estimado cerca de 200 mil PCRs/ano, em sua maioria, em ambiente pré-hospitalar (BRASIL, 2013).

Diante disso, fez-se uma revisão bibliográfica para identificar o que a literatura existente diz sobre o atendimento a pacientes vítimas de PCR não assistidas, sendo encontrado os seguintes materiais:

Quadro 1: resultados da pesquisa

Autor Ano Tipo Objetivo Resultados
Paulo e Silva 2018

Artigo

Conhecer as condutas do enfermeiro frente ao paciente em parada cardiorrespiratória A atuação do enfermeiro na PCR é fundamental, pois a PCR pode acometer o indivíduo em qualquer nível de complexidade da saúde.
Rasia 2018

Monografia

Validar por juízes enfermeiros, o conteúdo do protocolo de cuidados de enfermagem para atender pacientes em pós-parada cardiorrespiratória, internados na Unidade de Terapia Intensiva. O protocolo poderá facilitar a sistematização, padronização das ações e a continuidade da assistência, por meio de um instrumento claro, objetivo e de fácil aplicação, prevendo melhora da qualidade de vida.
Cruz, Rêgo e Lima 2018

Artigo

Realizar uma revisão bibliográfica acerca dos desafios vivenciados por enfermeiros no cuidado às vítimas de PCR em ambiente hospitalar. Há um déficit no conhecimento dos enfermeiros no reconhecimento da parada cardiorrespiratória e condutas atualizadas para a reanimação cardiopulmonar, que ocorre muitas vezes sem uma padronização da assistência.
Zavaglia 2017

Monografia

Desenvolver um guia de orientações práticas em saúde sobre primeiros socorros para trabalhadores de ensino fundamental em uma escola pública do município de Dilermando de Aguiar, Rio Grande do Sul Os “Primeiros Socorros” são pouco conhecidos por trabalhadores de escolas de ensino fundamental
Souza et al. 2021 Artigo Analisar a assistência do enfermeiro durante uma parada cardiorrespiratória no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Existe uma escassez de conhecimento sobre o protocolo, diante a uma PCR, por parte do profissional enfermeiro, no que diz respeito a importância das manobras de RCP com eficiência, visto que o enfermeiro na maioria é o primeiro a chegar no local.

Fonte: Autora

Mediante os resultados encontrados, pode-se perceber que o enfermeiro possui um papel fundamental para o atendimento de pacientes vítimas de PCR, no entanto, há uma falta de conhecimento e capacitação do profissional quanto a necessidade do atendimento imediato e adequado à vítima e, ainda, da população que, por sua vez, pode contribuir com a realização dos primeiros socorros até a chegada dos profissionais.

4. DISCUSSÃO

É importante frisar que a parada cardiorrespiratória é a emergência clínica mais crítica e com péssima estimativa, porém, que pode ser reversível com probabilidade das vítimas se restabelecerem e retornarem às suas atividades. Por isso, um dos momentos cruciais para a sobrevida da vítima de PCR diz respeito ao intervalo transcorrido entre o início do colapso até o início da intervenção, sendo a possibilidade de sobrevida dependente dessa intervenção (MORAIS, CARVALHO e CORREA, 2014).

Diante disso, a PCR é considerada como uma emergência clínica e o objetivo do seu tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades. Dessa forma, o atendimento deve ser promovido por uma equipe habilitada e qualificada (ALMEIDA et al., 2011). Neste contexto, destaca-se o papel do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar o Suporte Básico de Vida (SBV) e auxiliar no Suporte Avançado de Vida (SAV) (ALVES, BARBOSA e FARIA, 2013).

Sendo assim, o enfermeiro tem um papel preponderante junto aos pacientes de PCR, principalmente os não assistidos, pois estes profissionais são os primeiros a identificar e iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, o que requer que estejam aptos a reconhecer quando um paciente está em franca parada cardiorrespiratória ou prestes a desenvolver uma, já que este episódio representa a mais grave emergência clínica que se pode deparar (ALVES e MAIA, 2011).

Diante disso, no atendimento não assistido, os procedimentos são realizados em um ambiente aberto e não controlado, onde os profissionais buscam prover um atendimento de qualidade em tempo prático, dentro das condições disponíveis (CUNHA et al., 2019).

A partir de então o atendimento da PCR é realizado em várias etapas, que vão desde o reconhecimento dos sinais de parada até a realização das manobras mais avançadas. Por isso, se faz necessário maior rapidez nas intervenções visando garantir a reanimação cardiopulmonar (RCP) de forma ágil e, consequentemente, a aplicação das técnicas do SAVC que visam a monitorização cardíaca, tarefa do enfermeiro no atendimento não assistido da PCR (ARAÚJO et al., 2012).

Se faz necessário reconhecer de imediato os principais sinais e sintomas que precedem uma PCR, exigindo do profissional da saúde atenção e acompanhamento dos sinais vitais como respiração e pulso, visando diminuir os agravos que decorrem da presença da PCR (FALCÃO, FEREZ e AMARAL, 2011).

Esse atendimento inicial é vital para garantir que o paciente seja estabilizado, com a oxigenação adequada, até a chegada da equipe médica e transferência do paciente ao hospital. Diante disso, é neste sentido que o enfermeiro tem um papel decisivo no reconhecimento destes sintomas. Assim, este profissional precisa estar apto para detectar quando um paciente está em franca PCR ou prestes a desenvolvê-la, principalmente nos ambientes pré-hospitalares (TEIXEIRA e TEIXEIRA, 2014).

Por isso, o conhecimento e a atualização quanto às novas diretrizes da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) são essenciais para que os profissionais de saúde, que lidam diretamente com o paciente em PCR não assistidos, possam atuar de modo a reduzir a morbimortalidade, independentemente da faixa etária, bem como as consequências neurológicas e outras disfunções orgânicas acarretadas pela demora ou ineficiência do atendimento emergencial (BELLAN, ARAÚJO e ARAÚJO, 2010).

Essas causas de morbimortalidade dizem respeito a síndrome de pós-PCR que se caracteriza por uma série de processos fisiopatológicos que ocorrem em resposta à reperfusão isquêmica da PCR e do retorno subsequente à circulação espontânea (RSCE) (AEHLERT, 2013).

Nesse contexto, conforme AHA (2010), o atendimento rápido, preciso e eficaz no período após a PCR viabiliza, numa fase inicial, a diminuição da mortalidade associada à instabilidade hemodinâmica e, como consequência, limita o dano cerebral e lesões nos demais órgãos, possibilitando uma sobrevida de qualidade ao paciente, o que justifica a atenção que deve ser oferecida ao paciente acometido pela PCR (OLIVEIRA, 2014).

Daí a importância de identificar as medidas adotadas pelo enfermeiro no atendimento a vítimas da parada cardiorrespiratória, tendo como relevante a constante atualização desses profissionais para que possam reverter o quadro clínico de maneira objetiva e eficaz junto a equipe, contribuindo assim, para uma assistência segura, eficaz e qualificada (PAULO e SILVA, 2022).

É de extremo valor a qualificação dos profissionais de enfermagem para desempenharem frente à PCR, visto que a execução das manobras de RCP até o acesso do serviço médico de emergência eleva a chance de sobrevida do paciente (SASSON et al., 2010).

Assim, cabe a estes profissionais da saúde ter o domínio das ações a serem realizadas nos pacientes acometidos pela PCR, identificando os primeiros sinais e tomando as devidas providências para o atendimento à vítima (RIBEIRO, BARRETO e ESPÍNDULA, 2013). Cabe ao enfermeiro estar na linha de frente no atendimento à PCR, o que requer deste profissional a posse dos conhecimentos sobre o atendimento de emergência, com tomada de decisões rápidas, avaliação de prioridades e estabelecimento de ações imediatas (ARAÚJO e ARAÚJO, 2012).

Logo, o enfermeiro, enquanto membro da equipe multiprofissional, deve estar preparado para fornecer uma abordagem rápida e segura à vítima em PCR (SOUZA et al., 2021). O atendimento do enfermeiro na PCR não assistida é fundamental, pois contribui para a diminuição das sequelas e, consequentemente, possibilita o aumento da sobrevida do paciente, contribuindo para prevenir sequelas neurológicas (SILVA e MACHADO, 2013).

Além disso, o uso de um protocolo específico e validado para assistência de um paciente crítico vítima de PCR também promove a redução da mortalidade associada à instabilidade hemodinâmica e das recidivas de paradas cardiorrespiratórias e suas complicações (RASIA, 2016).

Portanto, o enfermeiro possui um papel fundamental e importante na assistência ao paciente em parada cardiorrespiratória, pois auxilia na assistência médica, atuando de maneira correta e ágil para que o paciente não apresente complicações ou agravos, seja no âmbito hospitalar ou no pré-hospitalar (PEREIRA e ESPINDULA, 2013). Por isso, a assistência do enfermeiro às vítimas em parada cardiorrespiratória não assistida é bastante válida, sendo indispensável o aumento do nível de compreensão sobre a temática e a consequente melhoria na assistência pré-hospitalar na tentativa de reverter o quadro das vítimas em estado de PCR (SOUZA et al., 2021).

Todavia, pesquisas relatam que, apesar de consideráveis esforços e avanços atingidos na última década quanto à prevenção, tratamento e estratégias que aumentam as possibilidades de êxito na RCP, a sobrevivência da PCR pré-hospitalar continua sendo baixa (BRANDÃO et al., 2019).

Assim, diante da ocorrência de uma PCR, levando sempre em consideração a possibilidade de ocorrência de eventos que comprometem a chegada dos profissionais do SAMU em tempo hábil, observa-se a necessidade de alguém capacitado para a realização dos procedimentos de primeiros socorros. Por isso, é necessário que a população leiga esteja preparada para atuar em situações de PCR, o que sinaliza a importância de a população, em geral, estar capacitada para iniciar as manobras, garantindo melhor sobrevida e/ou diminuição das sequelas (FERREIRA et al., 2016).

Dessa forma, tendo em vista que um dos papéis principais da enfermagem frente a PCR não assistida é a prevenção, entende-se que esta prevenção também está relacionada a disseminação do conhecimento das ações de primeiros socorros à população, sendo fundamental para assegurar um atendimento eficiente à vítima da parada cardiorrespiratória.

Para isso, é necessário que o enfermeiro também atue como ministro de uma educação continuada a vários segmentos da sociedade visando capacitar muitos indivíduos para atuarem, caso necessário, na emergência de uma parada cardiorrespiratória. Segundo Lacerda (2014, p. 14), o enfermeiro tem a “responsabilidade de atuar na assistência a vítimas graves, gerenciar a equipe e os insumos, além de promover educação à população no que diz respeito aos primeiros socorros”. Por isso, o enfermeiro deve se submeter a um programa de capacitação que deve ser aplicado regularmente, com uma periodicidade trimestral ou semestral, já que, na prática, há um nítido declínio do conhecimento com o passar do tempo (BELLAN, ARAÚJO e ARAÚJO, 2010).

Portanto, cabe ao enfermeiro se capacitar para ministrar esses treinamentos, preparando toda a população leiga a prestar esta primeira assistência ao paciente, garantindo-lhe a sobrevida até que os profissionais da saúde se apresentem para a continuação da assistência. Assim, torna-se necessário o treinamento de primeiros socorros, não apenas pelos fatores éticos e morais, mas também devido à realidade social vivenciada atualmente (SOARES, 2013).

De acordo com Zavaglia (2017, p. 8), há uma grande necessidade de expandir o “conhecimento, treinamento e prática para que os socorros sejam realizados com excelência, sendo assim, partimos da premissa que locais de aglomeração de pessoas precisam ter pessoas capacitadas para tal atendimento”.

Sendo assim, de acordo com Silva e Marques (2007), a “implantação de cursos de primeiros socorros como matéria didática na grade curricular das escolas”, por exemplo, torna os alunos capazes de serem detentores deste conhecimento, ajudando a salvar muitas vidas. Essas ações estão previstas no Decreto Presidencial nº 6.286 em 2007, no Programa Saúde na Escola (PSE), resultante da integração entre os Ministérios da Saúde e Educação, com o intuito de ampliar as ações específicas de saúde para os alunos da rede pública de ensino (BRASIL, 2008).

Dessa forma, como a meta do enfermeiro, enquanto educador, é promover a saúde, as instruções de primeiros socorros devem ser estendidas a um maior número possível de pessoas para que, em caso de necessidade, qualquer cidadão possa atuar no atendimento inicial, fazendo ressuscitação com respiração boca a boca e massagem cardíaca (BASTABLE, 2010). Isso se justifica plenamente, pois a falta de conhecimento da população em situações emergenciais pode ocasionar inúmeros problemas e condutas incorretas com a vítima, entre outras situações, podem agravar ainda mais o caso (NARDINO et. al., 2012).

Logo, nos momentos de urgência não basta apenas o espírito de solidariedade, pois para que seja prestado um atendimento inicial eficiente e correto, é necessário que os envolvidos dominem as técnicas de primeiros socorros (OLIVEIRA JÚNIOR, SILVA JÚNIOR e TOLEDO, 2013).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo mostrou a importância dos profissionais enfermeiros no atendimento ao PCR não assistido, pois o mesmo é o primeiro a atender às possíveis vítimas da parada cardiorrespiratória, tendo a possibilidade de reconhecer de imediato os principais sinais e sintomas da PCR e garantir através do atendimento de emergência uma sobrevida do paciente.

Diante disso, tendo em vista a questão norteadora: qual é o papel da enfermagem no atendimento e combate às mortes por PCR não assistidas? E tendo como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre o papel da enfermagem nas paradas cardiorrespiratórias (PCR) não assistidas, por meio dessa pesquisa, pode-se constatar que, apesar do enfermeiro possuir um papel fundamental para o atendimento de pacientes vítimas de PCR, há uma falta de conhecimento e capacitação do mesmo quanto aos protocolos de atendimento imediato e adequado à vítima.

Dessa forma, cabe ao profissional se manter atualizado quanto a essas práticas, o que exige a capacitação contínua dos mesmos para que sejam aptos a dar início à uma intervenção que pode salvar vidas, até que o paciente seja encaminhado para uma unidade hospitalar.

Além disso, destacou-se também que, apesar dos esforços neste primeiro atendimento, ainda há muito a se desenvolver no campo da prevenção, melhorando as estratégias para que os indivíduos com PCR possam chegar ao Hospital para complementação do tratamento, onde dispõe de aparelhagem técnicas para a ressuscitação e manutenção a vida desses pacientes.

Nesse aspecto, demonstrou-se que este profissional também deve atuar como multiplicador do seu conhecimento para que todo e qualquer cidadão saiba agir em uma situação de PCR, onde quer que ela aconteça. Ou seja, tendo discutido o papel da enfermagem nas situações de paradas cardiorrespiratórias, cabe a ele preparar, se possível, todos os cidadãos para atender de forma emergencial quaisquer pacientes que apresentarem os sintomas específicos da PCR.

Assim, se pode concluir que o papel da enfermagem é importante, principalmente no que diz respeito à prevenção da parada cardiorrespiratória, tanto por meio do seu atendimento quanto pela capacitação de outros cidadãos para a prestação dos primeiros socorros.

REFERÊNCIAS

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[1] Pós-graduada em Educação Ambiental, graduada em licenciatura em Geografia e Técnica de Enfermagem socorrista. ORCID: 0000-0002-6320-6618.

[2] Técnico de Enfermagem Socorrista. ORCID: 0000-0003-2131-4300.

[3] Pós em Marketing e Administração, Pós em Ensino Superior, Graduada em Comércio Exterior e Técnica em Enfermagem. ORCID: 0000-0002-0823-1845.

[4] Orientadora. ORCID: 0000-0001-6713-8344.

Enviado: Maio, 2022.

Aprovado: Junho, 2022.

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Marlene Milke Vervloet

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