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Hanseníase: aspectos históricos e epidemiológicos

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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

BARROS, Raquel Oliveira [1]

BARROS, Raquel Oliveira. Hanseníase: aspectos históricos e epidemiológicos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 08, pp. 149-167. Março de 2019. ISSN: 2448-0959.

RESUMO

Este artigo tem por objetivo, descrever os aspectos históricos e epidemiológico do hanseníase no Estado de Goiás, onde chama atenção pelas formas de contaminação da doença e suas principais sequelas, destacando que a prevalência da doença esta diretamente ligada as condições precárias em que vive parte da população, sinalizando também que os sinais e sintomas são predominantemente dermatológicos e neurológicos, onde esclarece os vários tipos de hanseníase e como chegar a um diagnóstico e consequentemente ao tratamento. Chamando atenção para a responsabilidade da Vigilância Epidemiológica do Estado e dos Municípios e para importância das notificações e dos trabalhos educativos junto a população.

Palavras-Chave: Hanseníase, Diagnostico, Tratamento.

1. INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacteríum leprae, essencialmente dermatoneurológica. A predileção pela pele e nervos periféricos confere características peculiares a esta moléstia, tornando o seu diagnóstico simples na maioria dos casos. Em contrapartida, o dano neurológico responsabiliza-se pelas sequelas que podem surgir. A transmissão ocorre por vias aéreas, o homem é considerado a única fonte de infecção. O contagio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. (Brasil 2002)

Conhecida há séculos como uma moléstia que caminha lentamente, tem muitos sinônimos mal de Hansen, mal de Lázaro, lepra, morfeia e elefantíase-dos­ gregos. Desde a antiguidade a população sofria com está doença, não tinha conhecimentos, tratamentos e eram marcados como impuros e descriminados pela sociedade. Desde então, vários estudos foram realizados, facilitando o diagnóstico e tratamento. Diversas ações foram implantadas para o controle e tratamento da doença, dentre as quais o tratamento poliquimioterápico recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (Brasil 2008)

Hoje a enfermidade pode ser curada com medicamentos e acompanhamento ambulatorial, além disso, o indivíduo pode não apresentar sequelas desde que haja diagnóstico precoce, minimizando os impactos sociais, físicos e psicológicos .

2. OBJETIVO

Descrever os aspectos históricos e epidemiológicos da Hanseníase.

3. METODOLOGIA

Este trabalho consiste de uma revisão de literatura de artigos científicos, livros e periódicos pesquisados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a seleção dos artigos serão utilizadas as seguintes palavras chave: Hanseníase, Hanseníase e Mycobacterium Leprae, Hanseníase História/Epidemiologia e Hansenfase Epidemiologia/bioestatística. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Hanseníase, Lilacs, Medline, BDENF e Coleciona SUS. Também serão utilizadas referências do Ministério da Saúde (Caderno de Atenção Básica, n.21 e 10). Serão selecionadas publicações apenas na língua portuguesa.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 HISTÓRICOS DA HANSENÍASE

Escritos que datam aproximadamente 1.350 a.C. indicam que além de sofrer com a falta de tratamento, os portadores do mal de Hansen eram marcados como impuros e vistos com repulsa pela sociedade da época.

Já na Idade Média, a hanseníase era considerada uma doença hereditária, cujo contágio poderia se dar também pelo clima e alimentação inadequada. Uma das principais causas do aumento do número de casos de hanseníase na Europa, nessa época, foi o atraso da medicina. Os médicos medievais eram incapazes de distinguir a hanseníase de outras doenças dermatológicas, chegando a classificá-la de duas formas, a lepra verdadeira e a lepra falsa. Somente a partir do século 17, foram construídos os principais leprosários, que eram pequenos hospitais ou casa para hansenianos, geralmente sob responsabilidade de religiosos (SANTOS, 2011).

No Brasil, muitas foram as tentativas para cura da hanseníase, através de plantas medicinais, banhos com águas termais, banho de lama, sangrias, choque elétricos, alimentação específica e até picadas de cobras (SANTOS, 2011).

A partir de 1981, foi introduzido o tratamento recomendado pela OMS, o esquema, poliquimioterápicos, PQT-PB, para formas paucibacilares e PQT-MB, para formas multibacilares (Araújo, 2005).

A evolução da quimioterapia ao longo do século 20 permitiu a cura da infecção. Com isso têm-se também a melhora da qualidade de vida significativa para o paciente, e sociedade como um todo (Araújo. 2005).

4.2 CONCEITO

A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente por sinais e sintomas dermatoneurológicos, tais como: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (BRASIL, 2008).

O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, podendo provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da incapacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo estigma preconceitos contra a doença. (Alves, 2010).

Atualmente a prevalência da doença esta diretamente ligada a condições precárias de higiene, afetando regiões mais carentes, como Brasil, Índia, Madagascar, Moçambique, Miami e Nepal. O Brasil é o país com o maior número de casos de hanseníase na América Latina, com valores estimados de mais de 33 mil doentes, em 2011.

4.3 AGENTE ETIOLÓGICO

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo multiplicar-se. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11ª 16 dias. (Brasil, 2002).

O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem. (Brasil, 2002).

4.4 TRANSMISSÃO

O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen não tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. A outros fatores que podem desempenhar um papel importante de uma pessoa desenvolver as condições incluem. (Brasil 2002).

  • Genética
  • Grau de exposição
  • As condições ambientais (vida e saúde. org)

A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada, como tosse, espiro e convivência prolongada. (Brasil 2008).

A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades. De ambos os sexos, no entanto, raramente ocorre em crianças. Observa-se que crianças, menores de quinze anos, adoecem mais quando há uma maior endemicidade da doença. Há uma incidência maior da doença nos homens do que nas mulheres, na maioria das regiões do mundo. (Brasil 2008).

Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, torna-os incapazes de infectar outras pessoas. Desta forma, o tratamento também é considerado uma forma de prevenção primária.

4.5 SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas são predominantemente dermatológicos e neurológicos. Os sinais e sintomas dermatológicos manifestam-se através de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou ausência de sensibilidade. (Alves 2010). As lesões mais comuns são: manchas pigmentadas ou discrômicas, placa, infiltração, tubérculo e nódulo. (Araújo 2003).

Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem, também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior frequência, na face, orelha, nádegas, braço, pernas e costas (Araújo, 2003).

Figura 1: Youtube – TV Cidade Verde jornal de Matogrosso – 24/01/2010
Figura 2: Youtube – TV Cidade Verde jornal de Matogrosso – 24/01/2010

A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestasia) ou ausente (anestesia), podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestasia).

Os sinais e sintomas neurológicos manifestam-se através de lesões nos nervos periféricos que são decorrentes de processos inflamatórios (neurite) e podem ser causadas tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas. Manifestam-se por: dor e espessamento dos nervos periféricos, perda da sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos, principalmente nos olhos, mãos e pés e perda de força nos músculos inervados por esses nervos principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores. (Brasil 2002).

A neurite, geralmente, manifesta-se através de um processo agudo, acompanhado de dor intensa e edema. No início, não há evidência de comprometimento funcional do nervo, mas frequentemente, a neurite torna-se crônica e passa a evidenciar esse comprometimento, através da perda da capacidade de suar, causando ressecamento na pele. Há perda de sensibilidade, causando dormência e também perda da força muscular, causando paralisia nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos. (Brasil 2002).

Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos. (Alves 2010).

4.6 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio do exame clínico e laboratorial. O diagnóstico clínico é realizado por meio da anamnese e do exame físico (avaliação dermatoneurológica). Na anamnese deve-se colher informações sobre a sua história clínica, ou seja, presença de sinais e sintomas dermatoneurológicos característicos da doença e sua história epidemiológica (fonte de infecção). No exame clínico buscando-se identificar os sinais da doença. (Araújo 2003).

O diagnóstico laboratorial é realizado por meio do exame de baciloscopia, onde-se observa o Mycobacterium leprae, diretamente nos esfregaços de raspado intradérmicos das lesões hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados como: lóbulos auriculares, cotovelos e/ou lesões quando houver. (Araújo 2003).

As formas clínicas da hanseníase são: indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchoviana.

Hanseníase Indeterminada (HI). As lesões surgem após um período que varia, em média, de dois a cinco anos. Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas hipocrômicas, com alteração de sensibilidade, ou simplesmente por áreas de hipoestesia na pele. As lesões são em pequeno número e podem se localizar em qualquer área da pele. Frequentemente, apenas a sensibilidade térmica encontra alterada. Não há comprometimento de troncos nervosos nesta forma clínica, apenas ramúsculos nervosos cutâneos. A pesquisa de BAAR revela-se negativo. A HI é considerada a primeira manifestação clínica da hanseníase e, após período de tempo que varia de poucos meses até anos, ocorre evolução para cura ou para outra forma clínica. (Araújo 2003).

Hanseníase Tuberculóide (HT). Nesta forma clínica, encontram-se lesões bem delimitadas, em número reduzido, anestésicas e de distribuição assimétrica. Descrevem-se lesões em placa ou anulares com bordas populosas, e áreas de pele eritematosas ou hipocrômicas. Seu crescimento centrifuga lento leva á atrofia no interior da lesão, que pode, ainda, assumir aspecto tricofitóide, com descamação das bordas. Há espessamento do tronco nervoso e dano neural precoce e grave, em especial, quando atinge nervos sensitivo-motor. A hanseníase tuberculóide e indeterminada constituem as formas paucibacilares da hanseníase. Apesar da possibilidade de cura espontânea na hanseníase tuberculóide, a orientação é de que os casos sejam tratados para reduzir o tempo de evolução da doença e o risco de dano neural. (Araújo 2003).

Hanseníase Virchoviana (HV). Trata-se de forma multibacilar, reconhecida por corresponder ao polo de baixa resistência, dentro do espectro imunológico da doença. Portanto, manifesta-se naqueles indivíduos que apresentam imunidade celular deprimida para o Mycobcterium leprae. Admite-se que a HV possa evoluir a partir da forma indeterminada ou se apresentar como tal desde o início. Sua evolução crônica caracteriza-se pela infiltração progressiva e difusa da pele, mucosas das vias aéreas superiores, olhos, testículos, nervos, podendo afetar, ainda, os linfonodos, o fígado e o baço. Na pele, descrevem-se pápulas, nódulos e máculas. A infiltração é difusa e mais acentuada na face e nos membros. A pele torna-se luzidia, xerótica, com aspecto apergaminhado e tonalidade semelhante ao cobre. Há rarefação dos pelos nos membros, cílios e supercílios . A queda de pelos nesse local chama-se madarose. A infiltração da face, incluindo os pavilhões auriculares, com madarose e manutenção da cabeleira, forma o quadro conhecido como fácies leonina. A HV apresenta baciloscopia fortemente positiva. (Araújo 2003)

Hanseníase Dimorfa (HD). Este grupo é caracterizado por sua instabilidade imunológica, o que faz com que haja grande variação em suas manifestações clínica, seja na pele, nos nervos, ou no comprometimento sistêmico. As lesões da pele revelam-se numerosas e a sua morfologia mescla aspecto hanseníase virchowiana e hanseníase tuberculóide, podendo haver predominância ora de um, ora de outro tipo. Compreendem placas eritematosas, manchas hipocrômicas com bordas ferruginosas, manchas eritematosas ou acastanhadas, com limite interno nítido e limites externos imprecisos, placas eritemato-ferruginosas ou violáceas, com bordas internas nítidas e limites externos difusos. A infiltração assimétrica da face, dos pavilhões auriculares, e a presença de lesões no pescoço e nuca são elementos sugestivos desta forma clínica. As lesões neurais são precoces, assimétricas e, com frequência, levam a incapacidades físicas. A pesquisa de BAAR pode ser negativa ou positiva, com índice bacilar variável. (Araújo 2003).

4.7 TRATAMENTO

O tratamento do paciente com hanseníase é fundamental para curá-lo, fechar a fonte de infecção interrompendo a cadeia de transmissão da doença, sendo, portanto estratégico no controle da endemia e para eliminar a hanseníase enquanto problema de saúde pública.

O tratamento indicado pelo Ministério da Saúde (MS) é a poliquimioterapia (PQT) padronizada pela Organização Mundial de Saúde que deve ser realizada nas unidades de saúde.

A PQT mata o bacilo tornando-o inviável, evita a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no início do tratamento, a transmissão da doença é interrompida, e, sendo realizada de forma completa e correta, garante a cura da doença.

A PQT é constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Essa associação evita a resistência medicamentosa do bacilo que ocorre com frequência quando se utilizada apenas um medicamento.

É administrada através de esquema-padrão, de acordo com a classificação operacional do doente em Pauci ou Multibacilar. A informação sobre a classificação do doente é fundamental para se selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu caso (quadro 1).

Quadro 1- Esquema padrão de acordo com classificação do doente

Classificação Característica Esquema Terapêutico Duração do Tratamento Critério de alta
Paucibacilar (PB) até 5 lesões de pele Rifampieina e dapsona, sendo: Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração supervisionada . Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária autoadministrada 06 doses mensais supervisionadas de rifampicina. 6 doses Supervisionadas em até 9 meses
Multibacilar (MB) mais de 5 lesões de pele combinação da rifampicina, dapsona e de clofazimina, sendo:
Rifamicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300mg) com administração supervisionada.
Clofazimina: uma dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma dose diária de 50mg auto administrada.
Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária autoadministrada.
12 doses mensais supervisionadas
de rifampicina
12 doses supervisionadas em até 18 meses.

Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema­ padrão é ajustada, de acordo com a sua idade. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são indicados esquema alternativos.

A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico.

4.8 PROFILAXIA

Pelas normais atuais do MS a prevenção consiste no diagnóstico precoce de casos e na utilização da vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG). Para tal recomenda-se o exame dermato-neurológico de todos os contatos intra-domiciliares do caso diagnosticado. Consideram-se os conviventes do domicilio nos últimos cinco anos. Depois do exame clínico o contato será encaminhado para a aplicação da BCG por via intradérmica. Os contatos sem cicatrizes prévias receberão duas doses de BCG, com intervalo de seis meses entre elas. Aqueles com uma cicatriz irão receber uma dose da BCG.

4.9 VIGILÂNCIAS EPIDEMIOLÓGICAS

A vigilância epidemiológica é um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de quaisquer mudanças nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. (BRASIL, 2008).

Objetiva embasar tecnicamente, de forma permanente, a execução de ações de controle de doenças e agravos, disponibilizando para tanto, informação atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças, bem como dos seus fatores condicionantes em uma área geográfica ou população determinada.

A vigilância epidemiológica tem função intercomplementares que operacionalizadas através de um ciclo completo de atividades específicas e inter-relacionadas, que devem necessariamente, ser desenvolvidas de modo contínuo.

Em 1923, pelo Decreto nº 16.300, de 31 de dezembro, artigo 445, inciso X, do Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública, a hanseníase passou a ser uma doença de notificação compulsória em todo Território Nacional e de investigação obrigatória. Concluído o diagnóstico da doença, o caso deve ser notificado ao órgão de vigilância epidemiológica hierarquicamente superior, através de uma ficha de notificação/investigação do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAM) (De Castro Santos, 2008).

4.10 DADOS DO DataSUS

TABELA 1. Número de casos em região e coeficiente de prevalência e médio de hanseníase por 10.000 habitantes, por Regional de Saúde, Goiás, 2011 a 2016

Regional/ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Coeficiente Médio parâmetro
Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev
Centro Sul 528 6,9 518 6,6 468 5,8 499 6,2 478 5,6 442 5,1 6,0 Alto
Central 665 4,0 558 3,3 554 3,2 511 3,0 520 2,9 542 3,0 3,2 Médio
Entorno Norte 47 3,5 40 1,7 57 2,4 55 2,3 56 2,2 41 1,6 2,3 Médio
Pirineus 148 3,3 133 3,1 173 3,8 112 2,6 129 2,6 9,7 2,0 2,9 Médio
São Patrício I 195 12,1 178 11,0 166 10,2 150 9,0 169 10,1 168 10,0 10,4 Muito Alto
São Patrício II 255 16,5 163 10,4 125 7,9 123 7,4 117 6,9 114 6,7 10,0 Muito Alto
Entorno Sul 86 1,2 106 1,4 91 1,2 137 1,8 136 1,6 130 1,6 1,4 Médio
Nordeste I 38 8,7 58 13,2 43 9,7 47 10,6 47 10,3 39 8,5 10 Muito Alto
Norte 212 15,5 195 14,2 217 15,7 176 12,7 167 11,9 147 10,5 13,5 Muito Alto
Serra Mesa 246 20,6 239 19,8 241 19,7 165 13,5 167 13,2 158 12,5 16,5 Muito Alto
Rio Vermelho 241 12,6 258 13,4 247 9,6 195 10,0 196 9,8 166 8,3 11,0 Muito Alto
Oeste I 135 11,9 130 11,4 130 11,3 100 8,7 101 8,6 75 6,4 11,2 Muito Alto
Oeste II 71 6,7 72 6,7 72 6,6 52 4,8 53 4,7 49 4,3 5,6 Alto
Sudoeste I 179 4,7 168 4,3 184 4,6 25 6 107 2,5 93 2,2 3,0 Médio
Sudoeste II 62 3,1 77 3,8 3,1 77 3,7 77 3,6 58 2,6 3,3 Médio
Nordeste II 45 4,8 54 5,7 66 6,8 66 6,8 64 6,4 73 7,2 6,0 Alto
Sul 86 3,7 82 3,5 71 3,0 73 3,1 74 3,0 86 3,5 3,3 Médio
Estrada de Ferro 117 4,5 95 3,6 133 4,9 109 4,0 110 3,8 95 3,3 3,S Médio
Estado 3330 5,5 3108 5,1 3048 4,9 2810 4,5 2746 4,2 2573 3,9 4,6 Alto

Fonte: SINAN/NET/SUVISA/SES/GO

Observa-se que o número de casos de hanseníase no Estado de Goiás passou de 3.390 (coef 5,5) em 2011 para 3.573 (coef 3,9) em 2016.

Em 2011 o maior numero de casos foi na Região Central com 665 em 2016 com 542 casos. Essa região pode ser a mais afetada durante a concentração maior de números de habitantes.

Por outro lado a Região da Serra da Mesa com 246 casos em 2001 apresentou um coeficiente de prevalência de 2016, mantendo-se um 2012 com maior coef de previsão de 12,5 e com 158 casos.

TABELA 2. Número de casos em região e coeficiente de detecção anual e médio de hanseníase por 10.000 habitantes, por Regional de Saúde, Goiás, 2011 a 2016

Regional/ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Coeficiente Médio parâmetro
Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev Nº Casos em RA Coef. Prev
Centro Sul 399 52,1 363 46,6 370 46,7 395 47,4 324 38,1 305 35,2 36,4 Muito Alto
Central 524 32,0 445 26,7 395 23,5 366 20,8 356 20,0 355 19,7 23,7 Muito Alto
Entorno Norte 20 8,7 30 13,0 39 16,6 32 13,0 23 9,2 28 11,1 10,0 Alto
Pirineus 120 26,5 137 30,0 140 30,3 89 18,5 108 22,1 62 12,5 23,0 Muito Alto
São Patrício I 139 86,2 105 65,0 112 69,2 85 51,0 104 62,2 101 60,2 66,0 Hiperendêmico
São Patrício II 190 123,1 115 73,5 84 53,0 75 45,2 73 43,3 62 36,2 62,0 Hiperendêmico
Entorno Sul 76 10,4 96 12,9 53 7,0 71 8,9 91 11,2 103 12,4 10,4 Alto
Nordeste I 16 36,8 35 80,1 22 50,0 30 66,0 19 41,6 23 50,0 54,0 Hiperendêmico
Norte 203 148,2 195 142,5 186 136,0 136 97,0 130 92,6 99 70,6 114,0 Hiperendêmico
Serra Mesa 72 60,3 67 55,8 59 48,9 44 35,1 55 43,7 44 34,7 46,0 Hiperendêmico
Rio Vermelho 178 92,9 201 104,6 179 92,9 166 83,6 182 91,3 142 71,0 59,0 Hiperendêmico
Oeste I 82 72,0 87 76,4 86 75,7 77 66,0 57 48,8 35 30,0 61,4 Hiperendêmico
Oeste II 50 47,0 46 43,0 48 44,6 36 32,2 36 32,0 31 27,3 37,6 Muito Alto
Sudoeste I 156 41,1 141 36,5 141 36,0 100 24,2 91 21,6 77 18,0 29,5 Muito Alto
Sudoeste II 48 24,3 45 22,5 53 26,1 48 23,0 32 14,9 41 18,8 21,6 Muito Alto
Nordeste II 20 21,3 27 28,5 41 43,0 33 33,3 40 39,9 40 39,5 34,2 Muito Alto
Sul 67 29,2 63 27,2 63 27,0 65 26,9 69 28,2 70 28,4 28,0 Muito Alto
Estrada de Ferro 85 32,6 61 23,0 74 27,5 55 19,5 45 15,7 51 17,5 22,6 Muito Alto
Estado -2447 40,7 2258 37,1 2146 34,8 1903 29,3 1836 28,1 1669 25,2 32,5 Muito Alto

Fonte: SINAN/NET/SUVISA/SES/GO

O coef de detecção anual indica que a região central continua com o maior numero de casos, isto é 924 (coef 32) em 2011 é já em 2016 são contabilizados 355 e um (coef 19,7). Neste caso a Região Norte apresentou um coef médio de 114 casos caracterizando uma hiper edemia.

Tabela 3. Frequência anual de notificações de Hanseníase quanto a faixa etária dos pacientes de Anápolis, Goiás.

Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Total
% % % % % %
5-9 1 0,19 0 0 0 0 1 0,19 1 0,19 3 0,57
10-14 0 0 2 0,38 5 0,96 2 0,38 2 0,38 11 2,10
15-19 2 0,38 7 1,34 6 1,14 2 0,38 2 0,38 19 3,62
20-34 27 5,14 24 4,57 39 7,43 24 4,57 41 7,81 155 29,52
35-49 29 5,53 40 7,62 23 4,38 23 4,38 19 3,62 134 25,53
50-64 29 5,53 21 4 26 4,95 31 5,90 21 4 128 24,38
65-79 8 1,52 19 3,62 12 2,29 10 1,90 21 4 70 13,33
≥80 1 0,19 2 0,38 0 0 2 0,38 0 0 5 0,95
Total 97 18,50 115 21,90 111 21,10 95 18,10 107 20,40 525 100

A frequência anual de notificação de hanseníase quanto a faixa etária dos pacientes de Anápolis foi maior naqueles com a idade entre 35 e 64 anos em 2012, já em 2016 a população de 20 a 34 anos apresentou a maior porcentagem (29,52%)

Goiás, em relação ao sexo dos pacientes apresentou uma taxa de detecção de 33,14 masculino e 23,33 feminino, sendo um dos mais altos da Região Centro – Oeste.

E provável que habitantes de outras regiões busquem tratamento nas unidades de Saúde de Goiás.

Tabela 4. Taxa média de detecção de casos novos de hanseníase (por 100 mil habitantes) e taxa média de detecção geral de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física (por 1milhão de habitantes), segundo sexo, região e UF, Brasil, 2012 a 2016

Região/Unidade de Federação Taxa de detecção Geral (/100 mil Hab.) Razão Masculino/

Feminino

Taxa de detecção com grau 2 de incapacidade (/1 milhão Hab.) Razão Masculino/

Feminino

total Masculino Feminino total Masculino Feminino
Norte 34,26 40,52 27,81 1,5 22,47 33,77 10,97 3,1
Rondônia 38,16 43,06 33,05 1,3 26,54 33,36 19,47 1,7
Acre 18,23 23,97 12,37 1,9 8,17 14,17 2,12 6,7
Amazonas 14,83 17,83 11,77 1,5 14,26 23,69 4,71 5,0
Roraima 20,53 26,04 14,71 1,8 11,08 17,61 4,33 4,1
Pará 40,39 48,54 31,97 1,5 24,57 37,20 11,71 3,2
Amapá 15,95 18,9 12,96 1,5 14,03 22,30 5,73 3,9
Tocantins 69,13 77,01 61 1,3 42,75 61,98 22,92 2,7
Nordeste 23,42 25,53 21,39 1,2 14,40 20,81 8,28 2,5
Maranhão 53,91 61,29 46,67 1,3 34,82 50,98 18,92 2,7
Piauí 33,04 37,01 29,24 1,3 16,52 24,27 9,06 2,7
Ceará 22,24 25,78 18,84 1,4 15,15 22,89 7,80 2,9
Rio Grande do Norte 7,89 7,8 7,97 1,0 4,89 6,59 3,27 2,0
Paraíba 14,66 16,24 13,17 1,2 10,17 14,83 5,79 2,6
Pernambuco 25,9 26,35 25,47 1,0 11,56 16,16 7,29 2,2
Alagoas 10,79 10,82 10,77 1,0 9,10 12,26 6,13 2,0
Sergipe 17,59 18,47 16,75 1,1 14,59 19,89 9,58 2,1
Bahia 16,18 16,86 15,51 1,1 10,03 14,03 6,18 2,3
Sudeste 5,31 6,05 4,59 1,3 5,65 8,06 3,36 2,4
Minas Gerais 5,99 6,98 5,02 1,4 7,12 9,95 4,38 2,3
Espírito Santo 16,56 18,33 14,79 1,2 11,96 18,73 5,40 3,5
Rio de Janeiro 7,18 7,98 6,44 1,2 7,39 10,70 4,38 2,4
São Paulo 3,3 3,81 2,8 1,4 3,73 5,24 2,31 2,3
Sul 3,75 4,42 3,1 1,4 3,90 5,47 2,39 2,3
Paraná 7,13 8,44 5,85 1,4 6,37 9,08 3,75 2,4
Santa Catarina 2,49 2,95 2,02 1,5 3,35 4,86 1,87 2,6
Rio Grande do Sul 1,17 1,31 1,04 1,3 1,80 2,25 1,37 1,6
Centro-Oeste 37,27 41,29 33,28 1,2 22,84 30,75 15,04 2,0
Mato Grosso do Sul 28,74 30,19 27,27 1,1 24,27 31,41 17,18 1,83
Mato Grosso 88,9 93,2 84,38 1,1 44,55 56,07 32,54 1,72
Goiás 28,24 33,14 23,33 1,4 18,26 26,70 9,94 2,69
Distrito Federal 7,4 8,39 6,5 1,3 6,57 8,05 5,21 1,55

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

REFERÊNCIAS

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DE CASTRO SANTOS, Luiz Antonio; FARIA, Lina; DE MENEZES, Ricardo Fernandes. Contrapontos da história da hanseníase no Brasil: cenários de estigma e confinamento. Revista Brasileira de Estudos da População, v. 25, n. 1, 2008 .

DE RESISTÊNCIA, AVALIAÇÃO. Recidiva e Resistência em Hanseníase. Rev Saúde Pública, v. 45, n. 3, p. 631-3, 2011.

GONÇALVES, Aguinaldo. Epidemiologia e Controle da Hanseníase, no Brasil. Boi. Oficina Sanit. Panam, v. 102, n. 3, p. 246-56, 1987.

QUEIROZ, Marcos S. Hanseníase: representações sobre a doença. Cadernos de Saúde Pública, v. 11, n. 4, p. 632-634, 1995.

SANTOS, Vicente Saul Moreira dos. Pesquisa documental sobre a história da hanseníase no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos , v. 10, p. 415-426, 2003.

[1] Enfermeira, Coordenadora de enfermagem.

Enviado: Fevereiro, 2019.

Aprovado: Março, 2019.

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