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Importância do processo de enfermagem no desenvolvimento do cuidar em unidade de terapia intensiva: revisão integrativa

RC: 90395
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

NEVES, Pâmella Tanes Das [1], OLIVEIRA, Daniela Braz De [2]

NEVES, Pâmella Tanes Das. OLIVEIRA, Daniela Braz De. Importância do processo de enfermagem no desenvolvimento do cuidar em unidade de terapia intensiva: revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 07, Vol. 02, pp. 33-46. Julho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/cuidar-em-unidade

RESUMO

A Unidade de Terapia Intensiva  (UTI) oferece infraestrutura especializada, destinada à alocação e à prestação de cuidados a pacientes críticos, desta forma requer que os enfermeiros sejam capazes de reconhecer necessidades e intervir, com base no conhecimento científico. Sendo assim o processo de Enfermagem (PE), faz-se necessário para que se identifiquem as mesmas e se estabeleça um fluxo de comunicação entre o paciente e o enfermeiro, assim como entre as pessoas que atuam na unidade, buscando cada vez mais a qualidade no cuidado. Neste contexto, o estudo propõe identificar a relevância da utilização do processo de enfermagem como método de cuidado nas unidades de terapia intensiva por meio das evidências científicas nas publicações. Trata-se de uma revisão integrativa de caráter descritivo na qual foram incluídos estudos desenvolvidos nos anos de  2013 a 2018. A busca de artigos se deu a partir do Portal de dados da Biblioteca Virtual de saúde (BVS), utilizando os seguintes descritores, “enfermagem”, “processo de enfermagem”, “unidade de terapia intensiva”. A análise e comparação dos estudos seguiu uma abordagem qualitativa. Sendo possível destacar a relevância do PE para assistência dos pacientes em UTI  e que  o avanço tecnológico e a informatização do PE facilitariam a execução do  mesmo. Contudo ainda se destaca as dificuldades encontradas para a execução em todas as unidades de saúde e especificamente nas UTIs.

Palavras-chave: Enfermagem, Processo de Enfermagem, Unidade de Terapia Intensiva.

1. INTRODUÇÃO

Com base em Wanda Horta pode-se compreender como se dá o Processo de Enfermagem (PE), vemos em sua obra que este processo ocorre através de fases, sendo iniciado através de histórico de enfermagem, passando então pelo diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico, e que apesar dos passos serem descritos isoladamente, no dia-a-dia o mesmo ocorre simultaneamente, podendo já se obter achados característicos de outras fases ainda na coleta do histórico por exemplo.

“O processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos.” (HORTA, 1979)

Tem-se a Enfermagem como implementadora da assistência em seus mais diversos níveis, sendo norteada por diversas teorias que embasam sua assistência para que a mesma seja prestada de forma singularizada e holística. Wanda de Aguiar Horta, tendo por base a Teoria da motivação humana de Abraham Maslow implementou a Teoria das necessidades humana a qual destaca-se a utilização no Brasil com enfoque na identificação das necessidades fisiológicas, de amor, de relacionamento, de segurança, realização pessoal e estima.

Assim sendo o modelo adotado pela Enfermagem perpassa e norteia as intervenções daqueles que estão envolvidos no processo do cuidar. A teoria de Wanda Horta serviu então como base para o modelo implementado no Brasil, ao qual foi elaborado de acordo com seus preceitos dando origem a um modelo teórico próprio onde têm-se ações organizadas e inter-relacionadas sendo executadas de forma dinâmica com o objetivo de prestar um cuidado pleno ao ser humano (CHAVES, 2009).

O Processo Sistematizado do Cuidado de Enfermagem no Brasil foi desenvolvido com raízes na teoria de Wanda Horta, por meio de um modelo teórico próprio, com ações organizadas e inter-relacionadas praticadas de forma dinâmica que visam à assistência plena ao indivíduo (CHAVES, 2009).

Através do PE o profissional Enfermeiro, pode identificar a demanda daqueles que estão sob sua responsabilidade e cuidados, pode também estabelecer do PE um elo com seus pacientes, assim como com a equipe multidisciplinar com a qual atua. Além das possibilidades expostas, o PE quando bem implementada melhora a qualidade de atendimento prestado e contribui para o aprimoramento científico da Enfermagem. Beneficia o entendimento e a análise fazendo-os de forma coordenada as vistas da criação de diagnósticos de Enfermagem, orientados às necessidades de cada paciente assim como na assistência integral e na deliberação de intervenções essenciais para uma assistência eficiente (THIESEN, 2005).

O foco da Enfermagem consiste na reabilitação do indivíduo, de sua família assim como da comunidade, através da promoção, prevenção, recuperação e reabilitação destas pessoas, ações essas embasadas pelo PE e pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) (PINHO, 2005).  

A legislação vigente alicerça de modo legal a implementação da SAE em âmbito nacional, porém são notadas enormes dificuldades nesse processo. A lei do exercício profissional de Enfermagem dispõe dentre outros assuntos do importante papel que o Enfermeiro assume diante da equipe de enfermagem, tendo como uma de suas funções participar, elaborar, executar e avaliar planos assistenciais de saúde e sistematizá-lo, individualmente. (HERMIDA; ARAÚJO, 2006).

Desde a obrigatoriedade de implementação da SAE em 2002, podemos observar grandes dificuldades em sua aplicação por muitos enfermeiros. Problemas relacionados com dimensionamento inadequado, utilização de sistema informatizado, desconhecimento sobre as etapas, entre outros, se tornam uma barreira importante em sua aplicação. É sabido que o Enfermeiro é responsável pela aplicação da SAE e de seus recursos, incluindo-se aí o PE, tendo esse profissional que ser dotado de habilidades para o julgamento clínico e conhecimento científico para o desenvolvimento adequado do método (MINCO; CONTE; NAKAMURA, 2007, INOUE; MATSUDA, 2009).

Dentre as diversas unidades de cuidado, no ambiente hospitalar, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) oferece infraestrutura especializada, destinada à alocação e à prestação de cuidados a pacientes críticos, com grande aporte tecnológico destinado a monitoramento contínuo e à realização de intervenções ao indivíduo em estado agudo e grave de saúde, dispondo de recursos humanos com relação mais efetiva no que diz respeito ao profissional/paciente (DOMINGUES; SANTINI; SINTA, 1999)

Requer cuidados especializados, com enfermeiros capazes de reconhecer necessidades e intervirem, com base no conhecimento científico, diante de situações do cotidiano desta unidade, comprometidos e zelosos pela promoção da qualidade e do bem-estar dos pacientes (THIESEN, 2005). Com base no princípio da integralidade, que implica recusa ao reducionismo e à objetivação dos sujeitos, propõem a abertura para o diálogo e para ações resultantes da interação dos atores envolvidos na assistência à SAE e seus métodos organizativos, bem como preveem a aproximação do enfermeiro com o paciente em condição grave, a fim de favorecer a troca de saberes a partir da identificação das necessidades, dos desejos e dos interesses do paciente e de sua família (GARCIA; NÓBREGA, 2000).

Neste contexto, o estudo propõe-se identificar a relevância da utilização do processo de enfermagem como método de cuidado nas unidades de terapia intensiva por meio das evidências científicas nas publicações.

2. METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de uma revisão integrativa de caráter descritivo qualitativo. A busca de artigos se deu a partir do Portal de dados da Biblioteca Virtual de saúde (BVS), utilizando os seguintes descritores, “enfermagem”, “processo de enfermagem”, “unidade de terapia intensiva”.

Foram empregados os seguintes critérios de inclusão: artigos dos últimos cinco anos, em portuguesas disponíveis em texto completo em que os assuntos fossem relacionados ao tema proposto. Condizeram com os critérios expostos uma amostra de 5 artigos de 127 disponíveis, num corte temporal de 2013 a 2018.

3. RESULTADOS

Apresenta-se a seguir o Quadro I a fim de proporcionar a síntese de artigos incluídos na presente revisão integrativa.

Quadro I – Apresentação da síntese de artigos incluídos na revisão integrativa

AUTOR ANO TÍTULO REVISTA
1. Carvalho, et al abr-maio.2013 Refletindo sobre a prática da sistematização da assistência de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 5(2): 3723-3729, abr.-maio 2013.
2. Araújo, et al ago.2015 Construção e validação de instrumento de sistematização da assistência de enfermagem em terapia intensiva. Rev. RENE; 16(4)jul.-ago 2015.
3. Santos, et al jul-dez.2015 Sistematização da assistência de enfermagem na visão de enfermeiros. CuidArte, Enferm; 9(2): 142-147, jul.-dez.
4. Horta, et al jul-set.2014 Ações de enfermagem prescritas para pacientes internados em um centro de terapia intensiva. Rev. eletrônica enferm;  16(3), jul.- set 2014.
5. Massaroli, RodrigoMartini, Jussara GueMassaroli, Aline. ago-dez.2014 Sistematização da Assistência de Enfermagem em Terapia Intensiva Adulto: Produção Brasileira sobre o tema. (AU) Hist. enferm., Rev. eletronica; 5(2):263-279, ago.-dez. 2014.

Elaboração: Autor¹ e Autor², 2018 

3.1 ARTIGO 1 – REFLETINDO SOBRE A PRÁTICA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, qualitativo, através de uma pesquisa de campo, em um hospital privado.

Os sujeitos da pesquisa foram 10 enfermeiros, que atuam no setor. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevistas sendo duas abertas é uma fechada, a foi realizado uma gravação é posteriormente transcrita.

Após a análise das entrevistas foram identificados dois principais pontos, para discussão:

Os fatores que interferem na implementação da SAE na UTI, são estes os fatores: Realizações de atividades burocráticas e de  atividades que não são competência da enfermagem, desviam os enfermeiros  da realização das suas atribuições, contudo é válido destacar a importância das atividades administrativas do enfermeiro, pois é essencial no desenvolvimento da assistência; O excesso de trabalho, pois dificulta o ajuste das atividades administrativas e assistenciais; E instabilidade hemodinâmica  do cliente que torna-se um obstáculo para realização da SAE, porém se o enfermeiro tiver o conhecimento técnico-científico e organização vai desenvolver a SAE, para melhor qualidade da assistência prestada principalmente na instabilidade hemodinâmica (CARVALHO et al., 2013).

O desconhecimento do enfermeiro sobre a SAE, onde é observado que cada um interpreta a SAE de forma diferenciada. A SAE é  “algo novo” e muitos  profissionais não têm um conhecimento bem definido sobre o assunto, tem sido observado que este conhecimento e o interesse pelo mesmo vem crescendo no decorrer dos anos, porém ainda é necessária uma maior ampliação. Essa ampliação poderá acontecer se houver a capacitação através da educação continuada nos hospitais.

O enfermeiro como principal executor da SAE, deve ter um conhecimento para capacitar sua equipe para melhor desenvolvimento da assistência prestada. Desta forma o enfermeiro precisa ser considerado como o primeiro cliente, pois precisa de valorização profissional, desta forma irá sentir-se motivado para implementar a SAE.

3.2 ARTIGO 2 – CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA

O estudo surgiu da necessidade de auxiliar os alunos da Universidade Federal do Acre em campo de estágio e versa sobre a construção e validação de um instrumento de Sistematização de Enfermagem com evidenciação do perfil dos pacientes de uma UTI do norte do Brasil.

Realizado em uma unidade de 10 leitos sendo 9 ativos, a pesquisa se deu entre dezembro de 2012 a junho de 2013, tendo um quantitativo de 33 internações mensais. O instrumento de pesquisa seguiu o PE em suas 5 etapas norteadas segundo o referencial de Alfaro Lefevre.

Para implementação e início da análise do instrumento, anteriormente foi realizada aula teórica para enfermeiras da unidade dando instrução e orientação de como implementar o instrumento, sendo este apresentado a quatro enfermeiras da unidade com experiência superior a 10 anos  e duas professoras assistentes. Tendo um total de 3 avaliações até a realização do projeto piloto.

O instrumento possuía folha única dividida em quatro segmentos: identificação do paciente, histórico e exame físico, diagnósticos e intervenções de enfermagem. O mesmo foi aplicado durante 120 dias, preenchidos sempre simultaneamente uma Enfermeira e uma pesquisadora do estudo, gerando um quantitativo de quarenta e cinco durante as admissões e sessenta de evoluções de enfermagem. Posteriormente a este quantitativo, o impresso, por sugestão dos sujeitos passou a ser dividido em duas folhas, uma para admissão com os dados já existentes na anterior, e outra para evolução diária na qual não continha a identificação.

O PE é apontado como método apropriado para esclarecer a parte fundamental da enfermagem, em seus aspectos científicos, tecnológicos e humanistas, que estimulam e permitem a resolução de problemas, através do pensamento crítico e criatividade. Entretanto, todas as entrevistadas no estudo disseram não utilizar o PE antes do estudo para a prestação de cuidados, revelando que o conhecimento dos mesmos não era o suficiente para sua aplicação (ARAÚJO et al., 2015).

O estudo, no entanto, encontrou limitações no seu desenvolvimento, devido a necessidade exposta de incluir novos itens, acarretando um excesso de informações. Porém demonstrou aceite e disponibilidade das enfermeiras para a implementação de um instrumento facilitador na coleta de dados sistematizada, e de acordo com passos necessários para amparar um cuidado eficaz, baseado na cientificidade.

3.3 ARTIGO 3 – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA VISÃO DE ENFERMEIROS

Neste artigo temos uma pesquisa transversal qualitativa que procurou compreender a importância da SAE para enfermeiros de uma unidade de Terapia Intensiva de uma unidade hospitalar da cidade de Rio Branco, no Acre. A implementação da pesquisa se deu através de gravações das falas dos sujeitos envolvidos, em uma entrevista semiestruturada, preservando a identidade dos envolvidos no estudo, sendo eles quatro (4) enfermeiros que possuíam no mínimo um ano de experiência profissional e atuavam na UTI

Através das entrevistas os autores identificaram 5 categorias principais, que tratam do significado de planejar e se organizar, compreensão do conhecimento, priorização, dificuldades e facilidades encontradas, sendo todas as categorias relacionadas a SAE, existindo ainda subcategorias destacadas dentro das principais para melhor compreensão das falas dos sujeitos.

Os resultados deste estudo mostram que os sujeitos, quatro enfermeiros, corroboram a ideia de que a implementação da SAE seria a metodologia mais apropriada no auxílio à tomada de decisões, fundamental também para organizar e planejar a rotina da unidade. A importância do planejar e executar permeariam o fato de que este passo se sujeita a capacidade profissional do indivíduo de expressar um raciocínio lógico e crítico, baseado em um conhecimento técnico científico anterior.

As maiores dificuldades apontadas pelos sujeitos seriam: o tempo que emana para a realização da coleta de dados e exame físico do paciente, passo esse que norteia todo o processo de tomada de decisão para implementação do cuidado, mostrando um pensamento imediatista da categoria profissional. Apontam também o déficit  de conhecimento sobre a sistematização e a falta de recursos humanos e materiais para amparar sua efetuação (SANTOS et al., 2015).

Os entrevistados salientaram que a capacitação e conscientização da equipe de enfermagem sobre a importância da SAE, seriam atos facilitadores para alcançar a real execução e visualização das melhorias obtidas através deste processo.

Conclui-se com o artigo que os sujeitos conhecem a importância do Processo de Enfermagem, como garantidor e facilitador de um cuidado individualizado, planejado e organizado dentro de uma unidade. Porém ainda se identifica um obstáculo relacionado à falta de pessoal e materiais facilitadores do processo, conhecimento sobre a metodologia, conhecimento específico, técnico científico, e correlação entre a teoria e a prática dos implementadores.

3.4 ARTIGO 4 – AÇÕES DE ENFERMAGEM PRESCRITAS PARA PACIENTES INTERNADOS EM UM CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA

Trata-se de estudo descritivo e documental que objetivou identificar as prescrições de enfermagem elaboradas para pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva (CTI), no período de  março de 2010 e fevereiro de 2011, com 231 prontuários, os dados foram coletados nos prontuários e em planilha específicas do CTI para documentar a etapas do processo de enfermagem,   foi utilizado como instrumento uma planilha semiestruturada  para descrição das prescrições nos seguintes fatores: alta, admissão, dados sócio demográfico e clínico, os dados foram analisados pelo programa Statistical Package for the Social Scineces (SPSS)

Foram identificadas 104 diferentes ações de enfermagem prescritas, as ações que apresentaram uma maior frequência (50% da amostra) foram referentes ao autocuidado, eliminações  controle dos riscos dos pacientes, além  as atividades rotineira, como banho, higiene oral  e fornecer informações.

Não houve diferença entre ações prescritas na admissão e na alta de pacientes críticos, porém é válido destacar que a alta no CTI é o momento de suma importância, para que o paciente não volte a agravar é retorne para o CTI, desta forma  faz-se necessário que a alta  seja sistematizada e planejada com efetividade. Entende-se que deverá contemplar o plano de cuidados da alta com orientações, o que não aconteceu (HORTA et al., 2014).

O resultado obtido teve um direcionamento para as intervenções utilizadas pelo enfermeiro intensivista, contudo vale destacar que as ações e decisões estão baseadas no PE é suas etapas. A educação permanente é de grande relevância para  realização efetiva e eficaz do PE, pois a mesma gera aperfeiçoamento quando associado a experiências cotidianas.

3.5 ARTIGO 5 – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA ADULTO: PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE O TEMA (AU)

Trata-se uma revisão integrativa de literatura com o objetivo de analisar a produção científica relacionada à Sistematização da Assistência de Enfermagem em unidade de terapia intensiva adulto, nos 10 anos de publicação da Resolução nº 272, de 27 de agosto de 2002, que utilizou as bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Google acadêmico, foram selecionados , 6  artigos na BVS e 9 do Google acadêmico

Os Critérios de inclusão foram trabalhos derivados de pesquisas originais e relatos de experiências, publicados na forma de artigos em periódicos científicos, disponibilizados na íntegra online considerando o período de janeiro de 2002 a fevereiro de 2012, nos idiomas inglês, português e espanhol.

Foi realizada uma leitura em profundidade dos artigos para compor uma matriz de coleta de dados. Esses dados compuseram a categoria de: Características dos estudos que abordam a Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta e posteriormente outras duas categorias: Conceitos sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta e Abordagem sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta.

Na categoria Características dos estudos que abordam a Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta, foram selecionados dois (13%) artigos de relatos de experiência e treze (87%) eram originais. Foi verificado que a literatura disponível é restrita e o resultado da pesquisa apresenta a partir dos relatos de profissionais os desafios de implementação da SAE,  destacam a falta do desenvolvimento da mesma nas unidades e instituições de trabalho e as dificuldades detectadas para sua real e completa implementação. Outro motivo que acarreta o baixo número de artigos publicados e a ausência de  capacitação para  realizar pesquisas científicas e publicar relato de casos. Foi observado que houve um aumento de publicações nos últimos quatro anos do período de corte da pesquisa devido com o ano de publicação da Resolução nº 358/2009, que traz a implementação do Processo de enfermagem e a SAE, o resultou em um aumento do interesse para implementação da SAE (MASSAROLI et al., 2014).

Na categoria Conceitos sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta, a SAE é definida como uma metodologia sistemática e dinâmica para realizar a assistência de enfermagem, baseada em um raciocínio científico, visando a humanização, a integridade e a integralidade do paciente. Fazendo-se necessário que o mesmo seja relatado em prontuário para fins de reconhecimento e embasamento científico. Considera indispensável a utilização da mesma na UTI uma vez que há complexibilidade   na assistência prestada, com o objetivo de maior eficiência e eficácia, na mesma. Destaca-se a  importância da realização do PE nos cinco momentos, sendo eles segundo a Resolução interrelacionados, interdependentes e recorrentes (MASSAROLI et al., 2014).

Na categoria Abordagem sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Adulta, destacou os seguintes importantes pontos: O PE e a SAE são entendidos como sinônimos, é necessário entender que  a SAE é uma organização de um sistema que integram diferentes elementos, podendo ser de diversas formas e o PE e uma parte que compõe a SAE, com etapas bem definidas, objetivando a avaliação do paciente; A  prescrição do cuidado pelo enfermeiro e os registros, onde  evidenciou que os cuidados ditos básicos  e rotineiros,  não são considerados pela equipe, com base neste dado faz-se necessário destacar a importância da do conhecimento científico (MASSAROLI et al., 2014).

As dificuldades para o desenvolvimento da SAE, onde foi destacado que as diversas atividades desenvolvidas diariamente e  a sobrecarga de trabalho, como fatores contribuem para não realização da mesma, e resulta na desvalorização da profissão; E que a informatização deste processo é um importante facilitador para o desenvolvimento da SAE.

4. DISCUSSÃO

Observa-se que apesar de 10 anos de publicação da Resolução a SAE  em que a mesma é obrigatória ainda não é uma atividade desenvolvida em todas as instituições, e a grande dificuldade de desenvolvimento da mesma pelos enfermeiros, devido aos seguintes fatores: ausência de conhecimento científico sobre o assunto, recursos humanos e estrutura institucional.

No primeiro artigo os autores apontam como fatores que interferem na aplicação da SAE, o fato de o profissional Enfermeiro ter seu tempo preenchido por diversas ações que não fazem parte de sua competência profissional, assim como a ampla burocracia a qual é responsável (CARVALHO; et al, 2013). Já no quinto artigo, é apontada a falta de conhecimento científico sobre o assunto, além da ausência de recursos humanos, assim como é evidenciado no terceiro artigo exposto (ARAÚJO et al., 2015) (SANTOS et al., 2015).

No quarto artigo vemos que a aplicabilidade da SAE ainda se encontra em evolução e necessita de muitos avanços pois, foi destacado durante o estudo a repetição de intervenções em momentos tão distintos na vida do paciente, sendo o momento de admissão e alta fases diversas, que necessitam de um olhar diferenciado. Demonstra ainda uma duplicação nas intervenções de enfermagem descritas na análise inicial/admissão, e de fim de tratamento/alta, sendo, o momento da alta, uma fase que necessita de maior diferenciação, e novas intervenções para que os cuidados posteriores a ela, venham a ser eficazes na prevenção de uma reinternação. Se expõe neste artigo a necessidade de um conhecimento mais aprofundado pelos profissionais de enfermagem, no que se diz respeito a aplicabilidade do processo, e sua efetividade, conhecendo, além das fases do PE, tudo no qual ele permeia, principalmente no que tange a fase de intervenções pós alta destes doentes, pensando não somente no momento de internação, mas no momento de sua importância para a qualidade de vida do paciente quando o mesmo sai do ambiente hospitalar para retornar a sua rotina diária (HORTA et al., 2014).

No quinto artigo ainda observamos que a informatização da SAE, seria uma facilitadora em seu desenvolvimento, auxiliando o desafio destacado no primeiro artigo, de lidar com a parte burocrática do dia a dia do profissional Enfermeiro. Reforçando ainda, bem como foi dito, por outros autores já destacados, a falta de conhecimentos específicos, recursos humanos e a falta de estrutura da instituição também surgem como obstáculos encontrados para o completo desenvolvimento da SAE (CARVALHO et al., 2013) (MASSAROLI et al., 2014).

Evidencia-se que os autores corroboram que a falta de conhecimento técnico-científico e sua correlação entre a teoria e a prática dificultam ainda mais a utilização da SAE em sua plenitude.

Com relação aos processos facilitadores para a aplicação da SAE,  o conhecimento do Enfermeiro, e a capacitação da equipe de enfermagem através da educação continuada, são apontados por três artigos como bases fundamentais na implementação deste processo. Além disso, no artigo segundo e terceiro, os sujeitos dos estudos concordam quando expressam que a SAE é a metodologia fundamental e apropriada para o auxílio à tomada de decisões (ARAÚJO et al., 2015) (SANTOS et al., 2015). A valorização profissional é destacada pelo primeiro artigo como base de incentivo para desempenhar de forma integral e diária todos os passos que compõem a SAE (CARVALHO et al., 2013).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das limitações encontradas, devido ao número  restrito  de artigos publicados e atuais,  sobre o tema  é possível observar  que o PE é de suma importância para assistência dos pacientes em UTI  e que  o avanço tecnológico e a informatização do PE facilitariam a execução do  mesmo.

Porém apesar da importância do mesmo e de sua implantação a mais de 9 anos, sendo publicada a Resolução COFEN-358/2009 que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e sua implementação em ambientes, públicos ou privados, que veio substituir a resolução COFEN nº 272/2002 publicada a 16 anos, que foi revogada pela resolução supracitada, e mesmo após tanto tempo PE ainda não é uma realidade em todas as unidades de saúde.

Os motivos encontrados para que não aconteça sua execução, são os seguintes: as múltiplas atividades administrativas e burocráticas do Enfermeiro que por sua vez afastam o mesmo do cuidado; a falta de conhecimento sobre o PE,  e que  muitas vezes tem seu conceito mal definidos e equivocados;  o déficit de profissional de estrutura para execução do mesmo.

Além das dificuldades encontradas para execução do processo, também foi possível  observar uma deficiência em sua aplicabilidade, destacando os períodos de diferentes intervenções, onde há uma maior necessidade de um aumento de intervenções no momento da alta na UTI.

Podemos destacar que o conhecimento científico qualifica a aplicabilidade e execução do PE é que quando o mesmo e atrelado a informatização ele torna-se mais viável, o que irá qualificar a assistência de enfermagem e o cuidado integral do paciente,  buscando não só a melhoria do quadro atual, mas também evitados novas internações e/ou reduzindo o tempo de internação, gerando a melhora da qualidade de vida do paciente internado em UTI.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, et al. Construção e validação de instrumento de sistematização da assistência de enfermagem em terapia intensiva. Rev. RENE; 16(4)jul.-ago 2015.

CARVALHO, et al. Refletindo sobre a prática da sistematização da assistência de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 5(2): 3723-3729, abr.-maio 2013.

CHAVES, LD. Sistematização da assistência de Enfermagem: considerações teóricas e aplicabilidade. São Paulo: Martinari; 2009.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (BR). Resolução Nº 358 do Conselho Federal de Enfermagem, de 15 de outubro de 2009 (BR). Disponível em: http://www.cofen.gov.br/ resoluo-cofen-3582009_4384.html

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (BR). Resolução Nº 272 do Conselho Federal de Enfermagem, de 27 de agosto de 2002 (BR). Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2722002-revogada-pela-resoluao-cofen-n-3582009_4309.html

DOMINGUES, CI; SANTINI, L; SINTA, VEF. Orientação aos pacientes e familiares: dificuldades ou falta de sistematização. Rev. Esc. Enf. USP. 1999 Mar; 33(1):39-48.

GARCIA, TR; NÓBREGA, MMML. Sistematização da assistência de Enfermagem: reflexões sobre o processo. In: Anais do 52. Congresso Brasileiro de Enfermagem; 2000; Recife, Brasil. Recife; 2000.

HORTA, et al. Ações de enfermagem prescritas para pacientes internados em um centro de terapia intensiva. Rev. eletrônica enferm; 16(3), jul.- set 2014.

HORTA, WA. O processo de enfermagem. São Paulo: Edusp; 1979.

HERMIDA, PMV; ARAÚJO, IEM. Sistematização da assistência de Enfermagem: subsídios para implantação. Revista Brasileira de Enfermagem. 2006 set-out; 59(5):675-9.

INOUE, KC; MATSUDA, LM. Dimensionamento da equipe de Enfermagem da UTI-Adulto de um hospital ensino. Re v. Eletr. Enf. 2009; 11(1):55-63.

MASSAROLI, RM; JUSSARA, GMA. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Terapia Intensiva Adulto: Produção Brasileira sobre o tema. (AU). Hist. enferm., Rev. eletronica;5(2):263-279, ago.-dez. 2014.

MINCO, RCL; CONTE, E; NAKAMURA, EK. Histórico de Enfermagem baseado no diagnóstico de Enfermagem para UTI geral do hospital Universitário do Cajuru. [s.l.]: [s.n.], 2007.

PINHO, LB. O cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva: contradição entre o discurso e a prática profissional. Florianópolis, 2005.

SANTOS, et al. Sistematização da assistência de enfermagem na visão de enfermeiros. CuidArte, Enferm; 9(2): 142-147,  jul.-dez.

THIESEN, M. Sistematização da assistência de enfermagem perioperatória: contribuição para o bem estar da pessoa cirúrgica, Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Curso de Pós Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 104p.

[1] Especialista em Enfermagem em UTI Adulto, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós Graduada Enfermagem em UTI Pediátrica e Neonatal, Faculdade UniBF.

[2] Especialista em Enfermagem em UTI Adulto, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Enviado: Junho, 2021.

Aprovado: Julho, 2021.

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Pâmella Tanes Das Neves

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