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O uso da eletroestimulação neuromuscular em pacientes adultos internados na terapia intensiva

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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

RODRIGUES, Priscila Cruz [1], ULTRA, Rogério [2]

RODRIGUES, Priscila Cruz. ULTRA, Rogério. O uso da eletroestimulação neuromuscular em pacientes adultos internados na terapia intensiva. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 05, Vol. 13, pp. 44-50. Maio de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/eletroestimulacao

RESUMO

O paciente crítico apresenta diversos efeitos deletérios do imobilismo. A mobilização precoce previne problemas mentais e físicos, e, dentre elas, destaca-se a perda da força muscular, e, dessa forma, é a que mais chama atenção. O trabalho tem como objetivo verificar a aplicabilidade e os resultados da eletroestimulação como uma alternativa à prevenção da perda da força muscular no paciente crítico. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, e, a partir dela, foram selecionados artigos científicos que cumpriram os critérios e o tema proposto. Observou-se que houve aumento da força muscular e diminuição do tempo de desmame da ventilação mecânica nos pacientes que faziam parte do grupo que foram eletro estimulados. O estudo concluiu que a eletroestimulação neuromuscular é promissora como estratégia preventiva, manutenção ou ganho de força muscular.

Palavras-chave: Estimulação elétrica, paciente crítico, unidade de terapia intensiva.

1. INTRODUÇÃO

A taxa de sobrevida dos pacientes críticos na Unidade de Terapia Intensiva vem aumentando a cada dia devido aos avanços tecnológicos disponíveis e à interação multidisciplinar nos dias atuais (MIRANDA et al, 2013). A imobilidade no leito, a permanência prolongada da ventilação mecânica, a gravidade da doença, os medicamentos (bloqueadores neuromusculares e corticóides) e a hiperglicemia contribuem para o aumento do tempo de internação, acometem o sistema cardiovascular, gastrointestinal, urinário, respiratório, cutâneo e musculoesquelético, além do alto custo hospitalar (SILVA et al, 2016; SACHETTI, 2017). A fraqueza muscular adquirida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) acomete cerca de 60% dos pacientes. Cerca de 25% dos pacientes em ventilação mecânica apresentam dificuldades no desmame em virtude das fraquezas musculares e respiratórias (GROSU et al, 2012).

Um paciente acamado em apenas sete dias de internação pode apresentar uma perda de 30% da massa muscular, progredindo para uma perda adicional a cada semana. A mobilização precoce é a base para a recuperação das funções e redução no tempo para o desmame (SACHETTI, 2017; BORGES et al, 2010). Com a diminuição da atividade muscular, a irrigação sanguínea fica comprometida. Todo seu processo de obtenção e armazenamento de energia diminui cada vez mais a função das enzimas ATP e do glicogênio. Com isso, o músculo fica fraco, diminuindo a amplitude de movimento, causando atrofias e fibroses nos tecidos (SIBINELLI et al, 2012). No sistema respiratório as funções diminuem. A excreção da secreção fica dificultada, a tosse menos efetiva por conta da fraqueza muscular, predispondo à pneumonias e atelectasias (SIBINELLI et al, 2012).

A fisioterapia tem se destacado ao promover a preservação da funcionalidade e recuperação a partir do movimento e suas variáveis. Sua atuação nas primeiras 24/48 horas após a internação tem um enorme papel na minimização dos efeitos devido ao tempo de repouso no leito, e, ainda, para tratar e prevenir futuras e atuais complicações (FRANÇA et al, 2010; BARROS, 2008). A Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) é um ótimo recurso para estimular a função muscular em um paciente incapaz de realizar movimento ativo que esteja sob sedação profunda, pois não necessita da cooperação do paciente (GODOY et al, 2015). A EENM consiste na aplicação de uma corrente elétrica que pode ser de baixa ou média frequência, a partir de eletrodos sobre a pele. Essa corrente age despolarizando a membrana por meio de impulsos elétricos, gerando um potencial de ação que se propaga no nervo até atingir o músculo, com a mesma intensidade inicial fazendo com que ele se contraia (ARAÚJO; SANTOS, 2012).

Para pacientes com DPOC, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência respiratória, o TRM e pós-operatório ortopédico têm sido eficazes, pois foi comprovada a funcionalidade, a força periférica e a qualidade de vida. Em pacientes críticos em fase aguda a estimulação em nervos periféricos proporciona contração muscular passiva aumentando, dessa forma, a capacidade oxidativa, apresentando, ainda, uma redução no tempo de ventilação mecânica (SILLEN et al, 2009). Diante da necessidade de minimizar os efeitos deletérios da hospitalização de pacientes críticos e considerando a intolerância ao exercício físico apresentado, o presente estudo tem como objetivo mostrar uma revisão de literatura sobre o uso da EENM em pacientes críticos como parte de um protocolo de intervenção fisioterapêutico hospitalar.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura e tem como objetivo verificar os resultados da Eletroestimulação Neuromuscular em pacientes críticos. A pesquisa da literatura e busca dos artigos foram realizadas nas bases de dados eletrônicas MedLine, Lilac’s, PubMed, Bireme, site da ASSOBRAFIR e Google acadêmico. A procura das referências limitou-se a artigos publicados nos últimos dez anos (2008 – 2018), escritos em português e inglês.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A Eletroestimulação Neuromuscular é uma técnica que consiste na aplicação de uma corrente elétrica que pode ser de baixa ou média frequência a partir de eletrodos sobre a pele, com o objetivo de estimular um determinado músculo. Essa corrente aumenta a permeabilidade da membrana, produzindo potencial de ação, fazendo com que haja contração muscular efetiva (SOUSA, 2016). Nos aparelhos geradores de correntes é possível determinar a intensidade, frequência, duração de pulso, tempo de contração e tempo de repouso. As correntes mais utilizadas para o fortalecimento muscular é o FES e a corrente russa (SOUSA, 2016). O FES gera uma corrente elétrica de baixa frequência (10 a 100 Hz), alternada ou bifásica, pulsada e simétrica com pulsos na forma retangular. A corrente russa é uma corrente de média frequência (2.500 Hz) sinuidal alternada bifásica. Quanto menor for a fase de pulso, maior tem que ser a intensidade para alcançar os limiares.

O tempo on (tempo de subida) até o tempo de descida é importante para a acomodação da contração. O tempo médio da aplicação é de 20 a 30 minutos (SOUSA, 2016). Em pacientes críticos, a EENM é indicada para prevenir e tratar a polineuropatia do paciente crítico e para manter a massa muscular de paciente acamado que possui contraindicação ao movimento passivo ou ativo e, ainda, é indicada à pacientes que possuem diminuição de força muscular (NEEDHAM; TRUONG; FAN, 2009). As contraindicações relativas e absolutas em pacientes críticos são comuns em portadores de marcapasso cardíaco e edema e podem aparecer em caso de próteses metálicas, neoplasias, gestantes, infecções cutâneas no local da aplicação, pressão intracraniana instável, queda abrupta das plaquetas ou hemoglobinas e pacientes com instabilidade dinâmica com o uso de altas doses de drogas vasoativas (NEEDHAM; TRUONG; FAN, 2009).

4. DISCUSSÃO

Os estudos avaliados mostraram que a utilização da EENM gera efeitos benéficos sobre o metabolismo muscular. Tem sido utilizada de forma alternativa ao exercício, gerando um estímulo anabólico que contrapõe os efeitos catabólicos da doença crítica e da imobilização (ZANOTTI, 2003). Outro estudo constatou que a EENM contribui para a preservação da massa muscular de pacientes criticamente doentes. Foram escolhidos 49 pacientes, com idade entre 21 a 59 anos (GEROVASILI et al, 2009). A EENM foi aplicada em extremidades inferiores, no quadríceps e no fibular longo, com sessões diárias de 55 minutos, durante 7 dias, do segundo ao nono dias após a admissão. Os pacientes foram avaliados com ultrassonografia e observou-se que a massa muscular foi preservada. Routsi et al (2010), por sua vez, sugerem que a EENM dos membros inferiores pode impedir o desenvolvimento da polineuromiopatia em pacientes na UTI em estado crítico.

Participaram da pesquisa 140 pacientes, com idade entre 18 a 58 anos. Foram feitas sessões diárias de 55 minutos, durante 14 dias de eletroestimulação. Foi realizada nos músculos vasto lateral, vasto medial e fibular longo (ROUTSI et al, 2010). Observou-se uma melhora da força muscular e diminuição do tempo de ventilação mecânica, menor tempo para o paciente sentar na cadeira e menor tempo da internação na UTI. Já Dirks et al (2015) tinham como objetivo, em seu estudo, observar a capacidade da EENM diária na prevenção da perda muscular devido ao desuso em pacientes comatosos na UTI em curto prazo. Os eletrodos foram posicionados no músculo quadríceps femoral em 6 pacientes adultos, totalmente sedados, internados por doença crítica. Uma perna foi submetida à estimulação 2x ao dia, por um período de 7 dias, enquanto a outra perna atuou como controle, não foi estimulada (DIRKS et al, 2015).

Foram coletadas biópsias do músculo quadríceps de ambas as pernas. Na perna que foi estimulada não foi encontrada nenhuma atrofia muscular, enquanto a perna controle apresentou diminuição das fibras do tipo I e II. B (DIRKS et al, 2015). Rodriguez et al (2010), por sua vez, em sua reflexão, tinham como objetivo avaliar o efeito da EENM sobre a força muscular em pacientes sépticos com necessidade de ventilação mecânica. Dezesseis pacientes sépticos foram submetidos à duas sessões diárias de 30 minutos, por 13 dias, com os eletrodos de um lado do corpo no bíceps braquial e vasto medial até a retirada da ventilação mecânica.

A circunferência do braço e da perna foi medida na linha média a cada 48 horas por um fisioterapeuta. O estudo concluiu, ainda, que a espessura do bíceps braquial foi medida por um radiologista a partir de um transdutor de ultrassom linear com a mesma frequência de 48 horas. No lado estimulado constatou-se uma pequena variação da espessura e aumento significativo da força. Já no lado não estimulado, observou-se uma diminuição na espessura do braço (RODRIGUEZ et al, 2010). O seguinte estudo concluiu que a EENM parece ser promissora como estratégia preventiva para a fraqueza muscular adquirida na Unidade de Terapia Intensiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da EENM tem tido bons resultados no aumento da força muscular, no retardo do processo de perda de massa muscular, além de reduzir o tempo de ventilação mecânica e o tempo de internação na UTI. A literatura sobre o tema ainda é bastante escassa, fazendo-se necessária a realização de novas pesquisas com maior número de participantes para avaliar a eficácia dessa abordagem.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, J. M.; SANTOS, E. Dois protocolos distintos de reabilitação pulmonar em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Relato de casos e revisão de literatura. Rev Bras Clin Med, v. 10, n. 1, p. 87-90, 2012 .

BARROS, F. B. M. de. Poliomielite, filantropia e fisioterapia: o nascimento da profissão de fisioterapeuta no Rio de Janeiro dos anos 1950. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 941-954, 2008.

BORGES, V. M. et al. Fisioterapia motora em pacientes adultos em terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 21, n. 4, p. 446-452, 2010.

DIRKS, M. L. et al. Neuromuscular electrical stimulation prevents muscle wasting in critically ill comatose patients. Clinical Science, v. 128, n. 6, p. 357-365, 2015.

FELICIANO, V. et al. A influência da mobilização precoce no tempo de internamento na Unidade de Terapia Intensiva. Assobrafir Ciência, v. 3, n. 2, p. 31-42, 2012.

FRANÇA, E. E. T. de. et al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 24, n. 1, p. 6-22, 2010.

GEROVASILI, Vasiliki et al. Electrical muscle stimulation preserves the muscle mass of critically ill patients: a randomized study. Critical Care, v. 13, n. 5, p. R161, 2009.

GODOY, M. D. P. et al. Fraqueza muscular adquirida na UTI (ICU-AW): efeitos sistêmicos da eletroestimulação neuromuscular. Revista Brasileira de Neurologia, v. 51, n. 4, 2015.

GROSU, H. B. et al. Diaphragm muscle thinning in patients who are mechanically ventilated. Chest, v. 142, n. 6, p. 1455-1460, 2012.

MIRANDA, F. E. M. da. H. et al. Eletroestimulação em doentes críticos: uma revisão sistemática. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 3, n. 1, 2013.

NEEDHAM, D. M.; TRUONG, A. D.; FAN, E. Technology to enhance physical rehabilitation of critically ill patients. Critical Care Medicine, v. 37, n. 10, p. S436-S441, 2009.

RODRIGUEZ, P. O. et al. Muscle weakness in septic patients requiring mechanical ventilation: protective effect of transcutaneous neuromuscular electrical stimulation. Journal of critical care, v. 27, n. 3, p. 319. e1-319. e8, 2012.

ROUTSI, C. et al. Electrical muscle stimulation prevents critical illness polyneuromyopathy: a randomized parallel intervention trial. Critical Care, v. 14, n. 2, p. R74, 2010.

SACHETTI, A. et al. Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular sobre a mobilidade diafragmática de pacientes críticos: ensaio clínico randomizado. ConScientiae Saúde, v. 16, n. 2, p. 224-233, 2017.

SIBINELLI, M. et al. Efeito imediato do ortostatismo em pacientes internados na unidade de terapia intensiva de adultos. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 24, n. 1, p. 64-70, 2012.

SILLEN, M. J. H. et al. Effects of neuromuscular electrical stimulation of muscles of ambulation in patients with chronic heart failure or COPD: a systematic review of the English-language literature. Chest, v. 136, n. 1, p. 44-61, 2009.

SILVA, A. C. A. da. et al. Efeitos e modos de aplicação da eletroestimulação neuromuscular em pacientes críticos. Assobrafir Ciência, v. 7, n. 1, p. 59-68, 2016.

SOUSA, E. F. Efeitos da Eletroestimulação Neuromuscular em pacientes críticos: uma revisão de literatura. 2016. 49f. Tese (Aprimoramento) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016.

ZANOTTI, E. et al. Peripheral muscle strength training in bed-bound patients with COPD receiving mechanical ventilation: effect of electrical stimulation. Chest, v. 124, n. 1, p. 292-296, 2003.

[1] Pós-graduada em Fisioterapia Intensiva; Pós-graduada em Fisioterapia Dermato-Funcional.

[2] Doutorado em andamento em terapia i ntensiva. Doutorado em Ph.D in intensive physiotherapy. Doutorado em Ph.D in Therapy Intensive. Mestrado em Terapia Intensiva. Mestrado em Educação Física, Saúde E Qualidade De Vida. Especialização em Fisioterapia Intensiva. Especialização em Fisioterapia Respirátoria. Graduação em Fisioterapia.

Enviado: Abril, 2020.

Aprovado: Maio, 2020.

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Priscila Cruz Rodrigues

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