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Análise da prevalência da síndrome de burnout em médicos cirurgiões do estado do Amapá, Amazônia, Brasil

RC: 122706
288
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/burnout-em-medicos

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL 

BORGES, Renato Melo Brazão Pinheiro [1], PIERONI, Thamiris Cunha [2], VELAZQUEZ, Raphaela Kummrow Santos [3], LUZ, Larissa Santos da [4], ALVES, Giovana Carvalho [5], PICANÇO JUNIOR, Olavo Magalhães [6]

BORGES, Renato Melo Brazão Pinheiro. Et al. Análise da prevalência da síndrome de burnout em médicos cirurgiões do estado do Amapá, Amazônia, Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 07, Vol. 06, pp. 37-62. Julho de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/burnout-em-medicos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/burnout-em-medicos

RESUMO

A Síndrome de Burnout (SB), relatada pela primeira vez em 1970, surge como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho. É sustentada por três pilares: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e reduzida Realização Profissional (RP). Ocorre geralmente em indivíduos cujas profissões carregam responsabilidades relacionais. Os médicos estão entre os mais acometidos, em especial os cirurgiões, que necessitam de constante atenção e destreza, fator que os predispõem ao estresse excessivo e a doenças psiquiátricas. O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência da síndrome de Burnout em médicos cirurgiões do estado do Amapá, baseado no questionamento: Qual a prevalência de síndrome de Burnout em cirurgiões atuantes no estado do Amapá? A metodologia utilizada foi um estudo quantiqualitativo, com questionário situacional e o Questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) respondido por médicos cirurgiões do estado do Amapá, entre março de 2016 e agosto de 2016. O estudo seguiu as resoluções número 466 de 2012 e número 510 de 2016, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Houve predominância entre cirurgiões do sexo masculino, com idade média foi de 42,76 anos, em sua maioria casados ou em união estável, que possuem mais de 10 anos de formação médica e que não fazem ou fazem até 4 plantões noturnos mensais. Estiveram presentes cirurgiões gerais, além de outras onze subespecialidades. Com relação ao questionário do MBI, cerca de 25% dos pesquisados têm alto nível de exaustão emocional, o mesmo número com alto nível de despersonalização, e pouco mais de 10% com baixa realização profissional. 2,94% possuem critérios para o diagnóstico de Síndrome de Burnout. 38,23% mostraram alteração em pelo menos uma das três esferas. As subespecialidades que obtiveram os piores resultados foram: Cirurgia Vascular, Cirurgia Oncológica, Neurocirurgia e Urologia. Desta forma, apesar desse grupo ter um índice de síndrome de Burnout maior que a população em geral, ele ainda apresenta níveis inferiores aos encontrados mundialmente.

 Palavras-chave: Burnout, Estafa profissional, Esgotamento profissional, Cirurgiões.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Nogueira-Martins (2005), doenças, sofrimentos, desesperos e mortes são situações comumente vivenciadas por profissionais da medicina. Assim, representam fatores estressantes e inerentes ao trabalho médico, os quais permeiam tanto a formação médica quanto o exercício profissional. Além disso, a natureza ansiogênica da tarefa médica se expressa com intensidade máxima, principalmente no âmbito hospitalar.

As afirmações de Nogueira-Martins (2005) são ratificadas pela listagem de profissões mais estressoras (HSE, 2003), na qual são elencadas: médicos, enfermeiros, professores, policiais e investidores da bolsa; essas carreiras têm maior risco de patologias relacionadas ao estresse, inclusive as psiquiátricas. Segundo Scott e Hawk (1986), 47% dos médicos têm rastreio positivo para doença mental, e 29% apresentam sintomas clínicos de depressão.

Em 1970, o psicanalista nova-iorquino Freudenberger relatou pela primeira vez a Síndrome de Burnout (SB) que se tornaria uma epidemia silenciosa da sociedade moderna (MASLACH et al., 2001; SPIELBERGER e REHEISER, 2005). Burnout é uma síndrome psicossocial surgida como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho (MASLACH et al., 2001). A SB é sustentada por três pilares: Exaustão emocional, Despersonalização e reduzida Realização Profissional.

A Exaustão Emocional (EE) é o traço inicial da síndrome, e se traduz por isolamento social, esgotamento dos recursos emocionais, com sensação de falta de energia, intolerância, irritabilidade, depressão, tensão e suscetibilidade para doenças, cefaleias, náuseas, entre outros. (CHERNISS, 1980; WHO, 1998).

Na dimensão Despersonalização (DP), defesa inconsciente da carga emocional, há a desumanização, percebe-se a insensibilidade perante os problemas dos pacientes, atitudes negativas, céticas e cínicas (MOURA et al., 2018).

A baixa Realização Profissional (RP) é a resposta à autoavaliação negativa do indivíduo, derivando sentimentos de incompetência, baixa estima, e recriminação pessoal (MOURA et al., 2018).

A SB é também denominada de “síndrome do cuidador descuidado” em alusão aos fatos de que 1) ocorre em indivíduos cujas profissões carregam responsabilidades relacionais (profissionais da saúde, professores, forças policiais e serviços sociais), ou seja, realizam serviços de ajuda; e 2) negligenciam o autocuidado quanto à saúde – 70% dos médicos não fazem check-ups regulares (MILLER e MCGOWEN, 2000) e automedicam-se.

Em contraponto aos pilares da SB, diversos autores descrevem que a melhoria do suporte ao trabalho reduziria a busca de soluções individuais para as dificuldades provenientes deste trabalho, fazendo uma quebra das variáveis que propiciariam ao desencadeamento da síndrome. Isso seria um fator de proteção à satisfação no trabalho e um fator de enfrentamento ao Burnout (LIMA et al., 2013).

O alto nível de estresse em médicos cirurgiões pode acarretar sérias manifestações como depressão, ansiedade, divórcios (ou rompimentos de relações), alcoolismo, abuso de substâncias e suicídio (BALCH et al., 2011).

Lima et al. (2013) em sua produção destaca como efeitos do Burnout sobre a saúde a hipertensão arterial sistêmica, a mialgia, a artralgia, a cefaleia, a insônia, a ansiedade, a irritabilidade, a desmotivação e a desconcentração.

Nesse ínterim, vislumbra-se que, com o decorrer do tempo, o ambiente profissional passa a ter um aumento na frequência de médicos que priorizam valores financeiros e competitivos, sobrepondo os preceitos humanísticos (LIMA et al., 2013).

O ambiente de competitividade e estresse no meio médico se inicia desde os processos seletivos para ingresso no curso de graduação e perdura durante a formação, acirrando-se ainda mais, dependendo da residência médica escolhida. É comum o relato entre médicos residentes de distúrbios comportamentais e orgânicos como, por exemplo, sonolência diurna, depressão e burnout (FABICHAK et al. 2013). Jarruche e Mucci (2022), em sua pesquisa com 102 médicos residentes, encontraram números alarmantes entre os matriculados em cirurgia geral, o que corrobora a ideia de estresse e competitividade como gatilhos de Burnout.

No Brasil, a Portaria nº 400 do Ministério da Saúde dispõe sobre as normas e padrões de instalação e construção em serviços de saúde e define o Centro Cirúrgico como “um conjunto de elementos destinados às atividades cirúrgicas, bem como à recuperação anestésica, e pode ser considerada uma organização complexa, em virtude de suas características e assistência especializadas”. Essa portaria teve como meta oferecer, ao paciente, recursos humanos e materiais necessários adequados, a fim de minimizar os riscos de intercorrências (MS, 1977).

A partir dessa definição infere-se que o ambiente cirúrgico exige constante atenção, responsabilidade e destreza dos médicos cirurgiões. Originam-se neste ambiente altas expectativas, predispondo os cirurgiões ao estresse e a doenças psiquiátricas como, por exemplo, a Síndrome de Burnout.

Diante do exposto e partindo do princípio que os pesquisadores trabalham na área médica do estado, infere-se a importância da investigação da prevalência de Síndrome de Burnout em médicos cirurgiões do Estado do Amapá, com intuito de identificar se esse índice é maior ou menor que o esperado. A questão que norteou a pesquisa foi: Qual a prevalência de síndrome de Burnout em cirurgiões atuantes no estado do Amapá?

Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a prevalência da síndrome de Burnout em médicos cirurgiões do estado do Amapá.

2. METODOLOGIA 

Realizou-se um estudo quantitativo e qualitativo desenvolvido no período de outubro de 2015 a novembro de 2016, com a população alvo constituída pelos médicos cirurgiões do Estado do Amapá. O único critério de inclusão é que os participantes fossem médicos cirurgiões, residissem e atuassem no estado. Foram excluídos da pesquisa os médicos cirurgiões que não atendiam os critérios de inclusão ou que se recusaram ou desistiram de participar.

Para o cálculo do tamanho da amostra seguiu-se os critérios estabelecidos com base na teoria amostral de Cochran (1977), tendo como referência um erro amostral de 5%.

A presente pesquisa seguiu todos os princípios éticos da Declaração de Helsinque (ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL, 1964), sendo preservada a confidencialidade das fontes de informações. O estudo atendeu também às considerações éticas dispostas nas resoluções número 466 de 2012 e número 510 de 2016, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), aprovado sob o CAAE 52996816.6.0000.0003 (BRASIL, 2012).

Os pesquisadores responsáveis explicaram detalhadamente ao participante voluntário, em linguagem clara e direta, a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, assegurando a ausência de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação. O participante voluntário teve a liberdade de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase do estudo, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado. O sigilo foi garantido a ele, assegurando a privacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos neste estudo (GAIVA, 2009).

Para consubstanciar a anuência dos participantes da pesquisa foi solicitado a estes a assinatura de um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), elaborado pelo pesquisador responsável, autorizando a participação. Este documento, composto por duas vias, teve uma delas retida pelo participante e a outra arquivada pelo pesquisador. Ambas foram assinadas por cada parte.

A pesquisa conferiu riscos mínimos aos participantes, que foram cuidadosamente evitados. Os riscos incluem sofrimento ou ansiedade durante a aplicação dos questionários, além da possibilidade de desconforto em responder a algumas perguntas dos questionários.

Como instrumento de coleta de dados, foram utilizados dois questionários. O primeiro, situacional, composto por (1) dados pessoais e (2) dados acadêmicos profissionais. O segundo é o Questionário Maslach Burnout Inventory.

Coube aos pesquisadores a responsabilidade de realizar a referida pesquisa no prazo previsto, fundamentando-se nos princípios da bioética em todas as etapas, a fim de identificar as populações com pontuações correspondente à Síndrome, e ao alto risco de desenvolvê-la.

A pesquisa se desenvolveu da seguinte forma:

1ª etapa: Capacitação dos pesquisadores participantes quanto a interpretação das respostas do questionário Maslach Burnout Inventory.

2ª etapa: Estabelecimento de relação de médicos cirurgiões residentes e atuantes no Estado do Amapá por meio de informações cedidas pelo Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP).

3ª etapa: Busca ativa dos médicos selecionados e aplicação dos dois questionários.

4ª etapa: Análise e interpretação dos dados obtidos.

Neste estudo, a análise estatística dos dados consistiu em processar as informações de forma conveniente para a posterior análise definitiva, checar a qualidade dos dados, de forma a verificar a ocorrência de erros, observações atípicas, dados faltantes ou outras peculiaridades. Após esses procedimentos iniciais, foi realizada a análise descritiva dos dados, com o intuito de visualizar as frequências de cada variável e o cumprimento dos objetivos do estudo.

Para a construção dos gráficos e tabelas foram utilizados os programas Excel e Word, componentes do pacote Office da Microsoft Corporation.

3. SÍNDROME DE BURNOUT

Oriundo da língua inglesa, Burnout é entendido como “queima após desgaste” (SOARES et al., 2012). Em 1970 o psicanalista nova-iorquino Freudenberger relatou pela primeira vez essa síndrome, que se tornaria uma epidemia silenciosa na sociedade moderna (MASLACH et al., 2001; SPIELBERGER e REHEISER, 2005).

A síndrome de Burnout se desenvolve como resposta crônica a estressores emocionais e interpessoais no trabalho. Ocorre mais frequentemente em profissionais que têm grande envolvimento com as pessoas, incluindo os profissionais da área médica (PEJUŠKOVIĆ et al., 2011), mas pouco se sabe sobre sua prevalência (SOARES et al., 2012).  Pesquisas revelam que a profissão médica está, nitidamente, entre as 100 profissões mais estressantes (IRZYNIEC et al., 2010), sendo a anestesiologia conhecida como a mais estafante especialidade médica (JAKUBAS-KOLAT, 2008). As qualidades de trabalho são reconhecidamente um fator de risco importante para a saúde dos profissionais, e influenciam diretamente na qualidade do serviço prestado aos doentes por seus médicos, e na segurança dos pacientes por eles assistidos (RAMA-MACEIRAS e KRANKE, 2013).

É caracterizada por: (1) Exaustão emocional: o profissional percebe não ter a energia que o trabalho requer; (2) Despersonalização: o profissional cria uma barreira para que os problemas e sofrimentos alheios não interfiram em sua vida, tornando-se rígido e frio frente ao sofrimento de outra pessoa; e (3) reduzida realização profissional com sensação constante de insatisfação, causando sentimentos de incompetência e baixa autoestima. (FRASQUILHO, 2005).

No Brasil, o Regulamento da Previdência Social foi aprovado em 1999 por meio Decreto nº 3.048, no qual, em seu Anexo II, são tratados os Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. Nesse sentido, no Grupo 5 da Classificação Internacional das Doenças (CID-10), o item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho menciona a “Sensação de Estar Acabado” (“Síndrome de Burnout”, “Síndrome do Esgotamento Profissional”) como sinônimos do burnout (TRIGO et al., 2007).

Segundo o Ministério da Saúde (2001) dentre os profissionais que mais desenvolvem a síndrome de Burnout estão aqueles que têm contato direto com os usuários de seu atendimento ou serviço. Assim, enfermeiros, médicos, professores e policiais, por exemplo, estão entre os grupos mais acometidos (MILLER e MCGOWEN, 2000).

Destaca-se o estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina, sob a coordenação de Barbosa et al. (2007), com uma amostra de 7,7 mil médicos de todo o Brasil. A pesquisa demonstra que a maioria deles (57%) apresenta algum grau preocupante de Burnout, sendo que 33,9% podem ser descritos com manifestação moderada e 23,1% se enquadram em um nível grave da síndrome.

3.1 SÍNDROME DE BURNOUT E MÉDICOS CIRURGIÕES

 Na área médica, a Síndrome de Burnout é mais comum que depressão, suicídio e abuso de substâncias e pode afetar o trabalho e a qualidade do cuidado médico (PEJUŠKOVIĆ et al., 2011). A sociedade tem a expectativa de que os profissionais da área médica sejam infalíveis, criando uma pressão profissional muitas vezes insustentável (BARBOSA et al., 2012). As áreas com maiores índices dessa síndrome são a cirurgia, a clínica geral, a psiquiatria, a psiquiatria pediátrica, a medicina interna, a medicina intensiva, a oncologia (PEJUŠKOVIĆ et al., 2011) e anestesiologia (JAKUBAS-KOLAT, 2008).

Outro fator relevante é a falta de controle sobre o cronograma durante a escola médica e residência, que contribuem para os hábitos de vida que podem levar à Síndrome de Burnout (BALCH e SHANAFELT, 2010).

Balch e Copeland (2007) já afirmaram que é sutil a transformação que parte da dedicação ao trabalho deletério. Os cirurgiões, por acreditarem ser mais resistentes do que os médicos de outras especialidades e por terem como características o compromisso, auto sacrifício e o foco, se tornam mais vulneráveis ao excesso de trabalho e ao desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional (BALCH et al., 2009).

O centro cirúrgico é o ambiente do médico cirurgião por longos períodos, um local complexo e de desafios técnicos, com um trabalho de vieses imprevisíveis e grandes expectativas sobre o resultado das cirurgias, o que impõe a esses profissionais uma alta carga de estresse, podendo ser geradora de esgotamento e depressão (PULCRANO et al., 2016).

O Burnout torna o profissional menos motivado, confiante, e eficiente em suas atribuições. A síndrome dificulta o trabalho e diminui a capacidade produtiva do indivíduo. Assim o melhor seria o profissional, juntamente com o hospital, buscarem meios para contornar a situação, através de formas de relaxamento e lazer, e de avaliação psicológica e/ou psiquiátrica (SOARES et al., 2011).

Sabe-se que a formação e a prática cirúrgica já são fatores estressores, além de outros determinantes como a falta de autonomia e alto volume de pacientes (MIKALAUSKAS et al., 2012), no entanto, pouco se sabe sobre fatores que contribuem para o desenvolvimento de Burnout nessa população (JESSE et al., 2015).

Em 2008 um estudo realizado pela American College of Surgeons (ACS) com uma amostra de 8000 médicos, identificou que 40% preenchiam os critérios para Burnout, 32% tinham exaustão emocional, 26% demonstraram despersonalização e 13% tinham má percepção da realização profissional. Foi constatado que cirurgiões mais novos ou com filhos entre 05 e 21 anos têm maior risco, assim como as subespecialidades de trauma, urologia, otorrinolaringologia, vascular e cirurgia geral. Este estudo também relata que a melhor maneira de prevenir a Síndrome de Burnout é nutrir ativamente e proteger o bem-estar físico, emocional, psicológico e espiritual, desde a escola médica até a aposentadoria (DIMOU et al., 2016).

3.2 SÍNDROME DE BURNOUT: DIAGNÓSTICO

Para o diagnóstico da síndrome podem ser utilizados três questionários, o Staff Burnout Scale for Health Professionals (SBS-HP) de Jones (1980), o Maslach Burnout Inventory (MBI) de Maslach e Jackson (1986) e o Burnout Measure (BM) de Pines e Aronson. O MBI é o instrumento mais utilizado para a mensuração da síndrome, pois independe da ocupação do entrevistado e da origem da amostra. (TAMAYO e TRÓCCOLI, 2009).

A versão atual é formada por 22 itens em formato de Likert (em forma de afirmações), a cada um destes itens são atribuídos graus de intensidade que vão desde: 0 (nunca), 1 (algumas vezes por ano), 2 (uma vez por mês), 3 (algumas vezes por mês), 4 (uma vez por semana), 5 (algumas vezes por semana) e 6 (todos os dias). O preenchimento deste questionário leva em média de 10 a 15 minutos. É composto por 3 subescalas: a “exaustão emocional”, a “despersonalização” e a “realização pessoal”.

“Exaustão emocional” – é composta por 9 questões (1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, e 20), que traduzem sentimentos de estar emocionalmente exausto e esgotado com o trabalho. “Despersonalização” – formada por 5 itens (5, 10, 11, 15 e 22) que descrevem respostas impessoais. “Realização pessoal” – constituída por 8 questões (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21), que descrevem sentimentos ao nível da capacidade e sucessos alcançados no trabalho com pessoas – esta inversamente correlacionada com a síndrome.

Consideram-se pontuações baixas as que indicam valores abaixo dos 34 e a fiabilidade da escala ronda os 0,9. Um nível baixo de burnout reproduz-se em scores baixos nas subescalas de “exaustão emocional” e “despersonalização”; e scores elevados na “realização pessoal”. Um nível médio de burnout é representado por valores médios nos scores das três subescalas. Por último, um nível alto de burnout traduz-se em scores altos para as subescalas de “exaustão emocional” e “despersonalização”, e scores baixos na “realização pessoal”, isto é, para a mensuração das três dimensões do teste têm-se estabelecidos os intervalos rácios, os quais dizem respeito a atribuições qualitativas.

Dessa forma considera-se a “exaustão emocional” em nível de burnout elevado quando os valores se apresentam acima de 27 pontos. O nível médio é identificado quando os valores estão entre 19-26 pontos, e o nível de Burnout baixo quando os pontos estão abaixo de 19.

Ao passo que, quanto à “despersonalização”, pontuações acima de 10 representam níveis altos de Burnout, entre 6-9 pontos níveis médios de Burnout, e inferior a 6 indicam níveis baixos. De modo que, por fim, a “realização pessoal” ocorre de forma oposta às anteriores, sendo as pontuações maiores ou iguais a 40 tidas como nível baixo de Burnout, pontuações entre 34-39 tidas como nível médio de Burnout, e pontuações menores ou iguais a 33 tidas como nível alto de Burnout.

4. RESULTADOS

 A pesquisa foi realizada no estado do Amapá, com questionários aplicados nas cidades de Santana e, principalmente, Macapá. Foram entrevistados 34 cirurgiões, subespecializados ou não, no período de março a agosto de 2016.

Na população estudada houve predomínio do gênero masculino (97,05%), a média de idade foi de 42,76 anos, em sua maioria casados ou em união estável (88,23%). Em relação ao tempo de profissão, 88,35% tinham mais de 10 anos, com média de 17,97 anos de atuação médica (Tabela 1).

O espectro de especialidades cirúrgicas se apresentou da seguinte forma: 20,0% cirurgiões gerais, 14,28% urologistas, 11,76% cirurgiões oncológicos, 8,57% cirurgiões cardíacos, 8,57% neurocirurgiões, 5,71% coloproctologistas, 5,71% cirurgiões plásticos e 5,71% cirurgiões vasculares, 5,71% endoscopistas, 5,71% cirurgiões do trauma, 2,85% cirurgiões pediátricos e 2,85% cirurgiões torácicos; totalizando 12 especialidades cirúrgicas (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos cirurgiões entrevistados por subespecialidade, por porcentagens

Distribuição dos cirurgiões entrevistados por subespecialidade, por porcentagens
Fonte: Elaboração Própria.

Entre os pesquisados, 58,82% relataram dormir 6 horas ou menos por noite e 41,17% dormem mais de 6 horas por noite. Quando questionados sobre a carga horária semanal de trabalho, 38,23% responderam 40 horas ou menos e 61,76% mais de 40; sendo que 67,64% afirmaram passar 20 horas ou menos dentro de Centros Cirúrgicos por semana e 32, 35% mais de 20 horas. Sobre os plantões noturnos, 47,05% não os fazem, 17,64% fazem entre 1 e 4 por mês e 35,29% fazem 5 ou mais por mês (Tabela 2 e 3).

Tabela 2. Dados pessoais

Dados pessoais
Fonte: Elaboração Própria.

A proporção de 17,64% estava vinculada a até 2 vínculos empregatícios, 44,11% vinculada a 3 vínculos e 38,23% a 4 ou mais vínculos, incluindo hospitais e ambulatórios públicos e privados (Tabela 3).

Tabela 3. Dados acadêmico-profissionais

Dados acadêmico-profissionais
Fonte: Elaboração Própria.

Quando examinadas as questões das subescalas do MBI, no que concerne à Exaustão Emocional, 32,35% dos cirurgiões sentiam-se sugados pelo trabalho pelo menos uma vez por semana; 38,24% sentiam-se consumidos ao fim de um dia de trabalho, 17,65% sentiam-se frustrados com seus empregos pelo menos uma vez por semana e 20,59% sentiam-se como se estivesse no fim da linha pelo menos algumas vezes ao ano (Tabela 4).

Tabela 4. Percentual da frequência relativa de cada item no MBI, dentro da correspondente dimensão, para os médicos entrevistados

Percentual da frequência relativa de cada item no MBI, dentro da correspondente dimensão, para os médicos entrevistados
Fonte: Elaboração Própria.

Em relação à Despersonalização, os resultados mostraram que 47,06% sentiam que tratavam alguns pacientes como objeto pelo menos algumas vezes ao ano; 70,59% sentiam que o emprego estava endurecendo-os; 52,94% nunca sentiram terem ficado mais insensíveis com relação às pessoas com esta profissão; 61,76% sempre preocupam-se com o que acontece com os pacientes; 17,65% sentiam não preocupar-se com o que acontece com alguns pacientes pelo menos uma vez por semana e 26,47% sentiam que os pacientes o culpam por alguns de seus problemas pelo menos algumas vezes ao mês (Tabela 4).

Analisando a Realização Pessoal, 20,59% não lidam com problemas emocionais tranquilamente no trabalho com frequência de até uma vez ao mês; 88,24% conseguem compreender facilmente como os pacientes se sentem pelo menos algumas vezes por semana; 85,29% facilmente criam um clima descontraído com os pacientes pelo menos algumas vezes por semana; 100% sentem-se animados depois de trabalhar com pacientes pelo menos algumas vezes ao mês (Tabela 4).

O questionário concluiu que: (I) Quanto a EE: 23,53% apresentaram alto nível, 20,59% médio nível, e 55,88% baixo nível; (II) DP: 23,53% alto nível, 38,24% médio nível e 38,24% baixo nível; (III) RP: 11,76% têm baixa realização pessoal, 35,29% têm média, e 52,94% têm alto índice de RP (Gráfico 1).

Gráfico 1. Distribuição dos cirurgiões entrevistados quanto às esferas do MBI

Distribuição dos cirurgiões entrevistados quanto às esferas do MBI
Fonte: Elaboração Própria.

No tocante aos 38,23% dos entrevistados que mostraram ter alteração em pelo menos uma das esferas, 69,23% eram subespecializados, e as subespecialidades cirúrgicas que mais apareceram, em ordem decrescente, foram: cirurgia oncológica (23,07%), neurocirurgia (15,38%), urologia (15,38%), cirurgia do trauma (7,69%) e cirurgia vascular (7,69%) (Gráfico 2).

Ressalta-se que 75% dos cirurgiões oncológicos e 66,66% dos neurocirurgiões que responderam ao questionário possuem alteração em pelo menos uma esfera; dos cirurgiões que obtiveram algum risco para SB: 100% praticam atividade física regularmente e 84,62% dormem seis horas ou menos por noite.

Gráfico 2. Distribuição dos cirurgiões com alto nível para SB em uma esfera ou mais pela MBI por subespecialidade

Distribuição dos cirurgiões com alto nível para SB em uma esfera ou mais pela MBI por subespecialidade
Fonte: Elaboração Própria.

Dentre aqueles que tiveram alto nível de EE, nota-se que 100% trabalham em no mínimo três locais, 87,50% trabalham mais de 40 horas semanais, 62,50% fazem plantões noturnos, 87,50% têm mais de dez anos de formação médica e 75,0% permanecem em centros cirúrgicos 20 horas ou menos semanalmente.

Em relação aos que apresentaram alto nível de DP, tem-se que 75,0% tem idade maior que 40 anos, 87,50% são formados há mais de 10 anos, 75,0% praticam atividade física pelo menos três vezes na semana.

Analisando os indivíduos com baixa RP, nota-se que 50,0% são formados há dez anos ou menos, 75,0% passam 20 horas ou menos em centros cirúrgicos, 75,0% não fazem plantões noturnos, 75,0% têm subespecialidade.

5. DISCUSSÃO

De acordo com Ramirez et al. (1995), somente indivíduos que apresentam alto nível nas características do Burnout pode ser apontados como detentores da síndrome. Assim, constatou-se que 2,94% dos entrevistados preencheram os critérios diagnósticos para a Síndrome de Burnout. Em dois trabalhos científicos brasileiros os números apresentados foram semelhantes: Tucunduva et al. (2006) apontou a síndrome em 3% de médicos cancerologistas de sua amostra, e Lima et al. (2013) em 5,1% de pediatras e ginecologistas de um hospital de Recife.  Em contrapartida, Balch et al. (2010) encontrou 40% de indivíduos com a síndrome entre 7905 cirurgiões americanos, assim como a maioria dos outros estudos (SOARES et al., 2012; LU et al., 2015). Esta variação, também encontrada na pesquisa de Lima et al. (2013), pode estar relacionada com a adoção do MBI, que é considerado mais rigoroso no diagnóstico por inter-relacionar as três dimensões da síndrome, ou com a pequena amostra, limitando assim a análise (MIKALAUSKAS et al., 2012).

A exaustão emocional é considerada a etapa inicial e o fator central do burnout (LIMA et al., 2013) pois é a primeira reação do estresse gerado pela demanda de trabalho. Uma vez em exaustão, o indivíduo sente cansaço físico e emocional, com dificuldade de relaxar e realizar suas atividades (BARBOSA et al., 2012). Foi identificado nessa pesquisa 23,53% dos médicos cirurgiões com alto nível de EE, em semelhança a Jesse et al. (2015), que encontrou 23,37% em 218 cirurgiões especialistas em transplante.

Em relação a despersonalização, considerada mais frequente em cirurgiões que em outras áreas médicas segundo Pejuskovic et al. (2011) e Sharma et al. (2008), a pesquisa apontou que 23,53% dos entrevistados apresentaram alto nível, dado similar ao encontrado por Balch et al. (2010) em cirurgiões americanos e por Mikalauskas et al. (2012) em cirurgiões cardíacos na Lituânia. Tamayo (1997) justifica os números menores que o esperado, pelo fator despersonalização tratar da insensibilidade do indivíduo no relacionamento com os pacientes. Dificilmente as perguntas são respondidas com sinceridade devido à influência da desejabilidade social.

Houve grande proporção de médicos que conferiam importância às pessoas atendidas. Isso ficou evidenciado pelos 52,94% que afirmaram nunca terem ficado mais insensíveis com relação às pessoas com essa profissão e pelos 61,76% que declararam sempre se preocupam com o que acontece com os pacientes.

Os números referentes a despersonalização revelam um significativo comprometimento da relação médico paciente, uma vez que 70,59% sentiam que o emprego estava endurecendo-os, e 17,65% não se preocupavam com o que acontece com alguns pacientes, pelo menos uma vez por semana.

A falta de reciprocidade e o distanciamento emocional tornam o relacionamento médico-paciente impessoal e indicam que o trabalho requer um grande esforço por parte desses profissionais (LIMA et al., 2013). Dos cirurgiões, 32,35% sentem-se exauridos pelo trabalho ao menos uma vez por semana, e 38,24% sentem-se consumidos ao fim de um dia de trabalho. Situações referentes à exaustão emocional, mas que acabam sendo influenciadas pela despersonalização, demonstram que ambas correlacionam seus aspectos positivamente (TAMAYO et al., 2002).

A baixa realização profissional representada por 11,76% dos entrevistados aparece também no trabalho de Balch e Shanafelt (2010), no qual 13% têm baixo nível. Trata-se de um estudo semelhante, que entrevistou cirurgiões de diferentes áreas e também analisou o perfil demográfico. Já Mikalauskas et al. (2012) encontrou 42,3% de cirurgiões cardíacos com baixa realização profissional em seu trabalho. Uma possível justificativa para tamanha diferença gira em torno da subespecialização, pois quanto mais subespecializado é o profissional maior o risco de desenvolver a síndrome (BALCH e SHANAFELT, 2010). A pequena porcentagem encontrada no presente estudo também pode ser explicada por Barbosa et al. (2012) quando afirma que esta dimensão da síndrome é considerada a última reação a aparecer, deste modo os cirurgiões da pesquisa em questão podiam ser considerados no início do processo de Burnout.

Visser et al. (2003) e Lima et al. (2013) constatam que as consequências negativas do estresse ocupacional têm como efeito protetor a alta satisfação profissional, sendo influenciadas também pela condição de trabalho, apoiando o encontrado nesta pesquisa, na qual 52,94% dos entrevistados apresentaram altos índices de realização profissional.

Apesar de apenas 2,94% terem concluído critérios para o diagnóstico de Síndrome de Burnout, 14,71% dos cirurgiões apresentaram alto risco para a síndrome em duas das três esferas de análise, e 20,59% em uma das três esferas. Se for desconsiderada a multidimensionalidade do Burnout, como fez Grunfeld et al. (2002), ou seja, se atribuirmos a presença da síndrome ao encontrar pelo menos um dos três: alto nível de EE ou DP, e baixo nível de RP, teremos o nível de burnout de 20,59% dos cirurgiões do estado do Amapá.

Mesmo quando não consideramos a multidimensionalidade da síndrome, os resultados encontrados são menores do que os esperados. Os cirurgiões entrevistados, apesar do estresse da especialidade exaltado por vários autores (SHARMA et al., 2008) apresentam-se consideravelmente satisfeitos com seus trabalhos.

Macapá é a cidade onde trabalham 94,12% dos entrevistados. Na revisão bibliográfica para embasamento desta pesquisa, foram consultados dados do IBGE que apontam essa capital brasileira como a quarta menos populosa (465.495 habitantes) e com menor custo de vida. Possui menor número de médicos para cada mil habitantes (0,44) e seu índice de longevidade é de 0,715, maior que a média brasileira de 0,638.  Apesar de ser a quinta capital com maior área total (6 407,123 mk²), tem a terceira menor área urbana (32,7 mk²), onde se concentram todos os quatro hospitais públicos do estado, e o particular conveniado ao SUS (IBGE, 2016).

Esses dados nos permitem inferir que a cidade onde trabalham permite aos cirurgiões que percam menos tempo no percurso entre um emprego e outro, ou entre o emprego e sua casa, bem como tenham que trabalhar menos que em outras capitais para manter o nível de vida.

A predominância do gênero masculino na amostra da pesquisa (97,05%) concorda com a maioria dos autores que pesquisaram sobre o tema (FLETCHER et al., 2012; BALCH e COPELAND, 2007; GROSS et al., 2000). Os dados da pesquisa são estatisticamente irrelevantes para analisar a prevalência da síndrome de acordo com o sexo, já que o número de cirurgiãs participantes da pesquisa foi pequeno.

A média e a mediana de idades foram, respectivamente, de 42,76 anos e 39 anos (30-63), e 88,35% tinham mais de dez anos de profissão médica (média de 17,97 anos). Esses dados explicam, em parte, o baixo índice de Burnout na amostra. De acordo com Sharma et al. (2008), o nível de Burnout é indiretamente proporcional à idade e tempo de atuação médica, e cirurgiões jovens são mais propensos a desenvolver, principalmente, Despersonalização.

Os entrevistados eram em sua maioria casados ou em união estável (88,23%). Um dado significativo é de que 25,0% dos entrevistados despersonalizados são divorciados, o que corresponde a 100% dos divorciados que participaram da pesquisa, o que reafirma o alto risco de divórcios entre os cirurgiões (até 1,7 maior) mostrado por Rollman et al. (1997).

A carga horária semanal de trabalho é um indicador estatisticamente significante e diretamente relacionado ao risco da síndrome, assim como de outras enfermidades psíquicas e baixa satisfação profissional, em diversas pesquisas. Este estudo concorda com esse dado. Dentre os pesquisados, 61,76% trabalham mais de quarenta horas semanalmente, e dos que têm Burnout em uma ou mais esferas, 69,23% o fazem. Em contrapartida, Morse et al. (1984) não encontrou relação significativamente relevante entre carga horária semanal de trabalho e estafa profissional.

No que diz respeito às horas diárias de sono, 58,82% dormem seis horas ou menos. Dentre os cirurgiões que tiveram Burnout em pelo menos uma esfera, 84,61% dormem seis horas ou menos, concordando com o que afirmou Mikalauskas et al. (2012), em 2012, em seu estudo sobre Burnout em cirurgiões cardíacos e anestesiologistas na Lituânia.

No presente estudo 61,54% dos cirurgiões que tem alto nível de Burnout em pelo menos uma subescala fazem plantões noturnos. Entretanto, o número de plantões noturnos mensais dos cirurgiões da pesquisa é relativamente pequeno (47,05% não os faz, e 17,64% fazem entre um e quatro), o que, de acordo com Liselotte et al. (2009), configura fator de proteção para Burnout, justificando nossos resultados apresentados.

No tocante aos 38,23% dos entrevistados que mostraram ter alteração em pelo menos uma das esferas, 69,23% eram subespecializados (e 30,74% Cirurgiões Gerais), e as subespecialidades cirúrgicas que mais foram acometidas, em ordem decrescente, foram cirurgia oncológica (23,07%), neurocirurgia (15,38%) e urologia (15,38%). Balch et al. (2011) encontrou Burnout em 31,6%, e idealização suicida em 4,9% dos Cirurgiões Oncológicos de sua pesquisa. Em nosso estudo 50,0% deles mostraram alto nível de Exaustão Emocional. Ainda em Balch et al. (2011), os neurocirurgiões atingiram burnout em 38,5%, e os Urologistas tiveram o terceiro maior índice da Síndrome (49,9%).

A única subespecialidade que teve entrevistados com diagnóstico confirmado nas três subescalas do MBI foi Cirurgia Vascular, classificada por Balch e Shanafelt (2010) como a segunda, (Cirurgia do Trauma estava em primeiro lugar) com maior propensão para Burnout e menores índices de satisfação profissional.

Dos cirurgiões gerais entrevistados, 57,14% apresentaram alto nível de Despersonalização e 85,71% deles fazem pelo menos um plantão noturno por semana, o que corresponde ao grupo de cirurgiões que mais os faz da presente pesquisa. Balch e Shanafelt (2010) associam o descontentamento dos Cirurgiões Gerais à falta de autonomia e sentimento de não-crescimento profissional, e afirmam maior propensão a conflitos pessoais e à vontade de se aposentar mais cedo.

6. CONCLUSÃO

O propósito deste trabalho consistiu em proporcionar conhecimento a respeito da Síndrome de Burnout aos cirurgiões participantes da pesquisa, e analisar sua prevalência na amostra, considerando a especialidade cirúrgica, o perfil socioeconômico e as condições de trabalho a que são submetidos.

A pergunta norteadora do estudo era se os cirurgiões do estado do Amapá apresentam elevada prevalência da Síndrome. Além de evidenciada pela literatura mundial, devido à responsabilidade imposta pela profissão e estresse que habitualmente permeia os Centros Cirúrgicos, somam-se os fatores estruturais do estado do Amapá, capital brasileira com menor número de médicos para cada mil habitantes.

A pesquisa foi realizada no estado do Amapá no período de março a agosto de 2016, e foram entrevistados médicos que trabalham nos municípios Macapá e Santana. A maioria deles residem em Macapá.

A contagem de cirurgiões registrados no estado do Amapá foi cedida pelo Conselho Regional de Medicina do estado e evidenciava um quantitativo de cinquenta e seis. Foram abordados quarenta cirurgiões, devidamente registrados no CRM-AP, e trinta e quatro deles aceitaram participar da pesquisa.

Frente à explicação sobre a pesquisa e aceitação dos termos e preenchimento do TCLE, foram respondidos dois questionários: um pessoal e acadêmico-profissional, e outro validado pelo MBI. Este com vinte e seis campos respondidos segundo escala de Likert, que, quando codificadas suas respostas, traduziam os níveis de Despersonalização, Exaustão Emocional e Realização pessoal em alto, baixo ou moderado. A síndrome é diagnosticada quando atingidos os piores níveis nas três esferas, e é dito “alto risco” para Burnout quando presentes em piores níveis duas das três esferas citadas.

Terminada a fase de busca ativa e aplicação dos questionários, iniciou-se a tabulação e análise dos resultados obtidos.

Estiveram presentes cirurgiões gerais e as seguintes subespecialidades: urologia, cirurgia oncológica, cirurgia cardíaca, neurocirurgia, coloproctologia, cirurgia plástica, vascular, endoscópica, cirurgia do trauma, pediátrica e torácica. Apenas um terço dos entrevistados trabalhavam em 4 ou mais serviços (vínculos), e pouco mais de sessenta por cento tinham carga horária semanal de trabalho maior que 40 horas. Quase metade da amostra não fez plantões noturnos, e um terço fez até quatro plantões noturnos mensais.

Uma boa parcela (38,23%) dos pesquisados mostrou alteração em pelo menos uma das três esferas. Destes 69,23% eram subespecializados, e as subespecialidades que obtiveram os piores resultados foram: Cirurgia Vascular, Cirurgia Oncológica, Neurocirurgia e Urologia. Hipóteses que explicam os números encontrados permeiam o fato dessas especialidades concentrarem cirurgias de alta complexidade, que demandam melhor estrutura hospitalar, frequentemente necessitam de leitos em terapia intensiva no pós-operatório, e instrumentos nem sempre se encontram disponíveis nos hospitais públicos de Macapá, como, por exemplo, grampeadores cirúrgicos.

Com relação ao questionário do MBI, tivemos cerca de um quarto dos pesquisados com alto nível de EE, o mesmo número com alto nível de DP, e pouco mais de dez por cento com baixa RP. Nossa amostra mostrou-se com bons níveis de RP: 52,94% com alto nível.

Trabalhar em mais de três empregos, carga horária semanal de trabalho maior que 40 horas, fazer plantões noturnos, e permanecer em Centros Cirúrgicos por 20 horas ou menos foram fatores de risco para EE. Ter idade maior que 40 anos foi fator de risco para DP. Dez anos ou mais de atuação médica foi fator de risco para ambos. Dormir seis horas ou menos foi fator de risco para alteração em todas as três subescalas.

Já que apenas 2,94% concluíram critérios para o diagnóstico de Síndrome de Burnout, a pergunta norteadora foi refutada. Podem explicar a baixa prevalência a adoção dos critérios do MBI, considerados mais rigorosos por inter-relacionar as três dimensões da síndrome, a pequena amostra, ou ainda fatos relacionados à cidade aonde moram a maioria dos entrevistados (como baixo custo de vida, e pequena área urbana). Isso permite inferir que os cirurgiões perdem pouco tempo nos percursos entre empregos e entre casa e emprego.

Das dificuldades encontradas no decorrer da pesquisa, destacam-se duas: i) Alguns dos cirurgiões registrados no CRM-AP não residem no estado, o que dificultou a abordagem por parte dos pesquisadores e, consequentemente, reduziu a amostra do estudo; ii) Alguns cirurgiões, quando convidados a participar, informaram não mais operar, e foram retirados da pesquisa para evitar viés, o que também reduziu a amostra; iii) É pequena a quantidade de pesquisas realizadas exclusivamente por médicos cirurgiões internacionalmente, e quase escassa a nível nacional, o que reduziu o espectro de comparações de resultados.

Nesse contexto, destacamos a importância da adoção de medidas preventivas ao Burnout, a serem desenvolvidas tanto pelos médicos cirurgiões, quanto pelos Hospitais e clínicas em que atuam, para melhoria da qualidade de vida e qualidade laboral desses indivíduos, bem como, a busca pela garantia de uma relação médico paciente humanizada.

Por fim, a Síndrome de Burnout foi investigada nos cirurgiões do Estado do Amapá e encontrou-se um quantitativo de 2,94%. Conclui-se que apesar desse grupo ter um índice dessa enfermidade maior que a população em geral, apresenta níveis inferiores aos encontrados em outros trabalhos científicos publicados mundialmente, com o alvo de pesquisa em cirurgiões.

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[1] Especialização em Cirurgia Geral, graduado em Medicina. ORCID: 0000-0001-7321-9167.

[2] Especialização em Cirurgia Geral, graduada em Medicina. ORCID: 0000-0002-6160-8410.

[3] Especialização em Ginecologia e obstetrícia, graduada em Medicina.

[4] Especialização em clínica geral, graduada em Medicina. ORCID: 0000-0003-3823-6812.

[5] Acadêmica de medicina. ORCID: 0000-0002-6043-018X.

[6] Doutorado pelo programa de Ciência Cirúrgica Interdisciplinar da UNIFESP/EPM (2016-20), Mestrado em Ciências no Programa de Gastroenterologia Cirúrgica da Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal de São Paulo, Médico Cirurgião Geral, especialista em Cancerologia Cirúrgica (SCB/AMB) e Cirurgia do Aparelho Digestivo. ORCID: 0000-0003-4972-3448.

Enviado: Maio, 2022.

Aprovado: Julho, 2022.

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Thamiris Cunha Pieroni

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