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Benefícios do Aleitamento Materno Exclusivo para o Lactente e para a Nutriz até o Sexto Mês

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CONTEÚDO

SANTOS, Zoriandra de Brito [1]

SANTOS, Zoriandra de Brito. Benefícios do Aleitamento Materno Exclusivo para o Lactente e para a Nutriz até o Sexto Mês. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 07, Vol. 02, pp. 84-109, Julho de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

O aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses proporciona mais saúde tanto para o lactente quanto para a nutriz entre outros benefícios. O objetivo deste artigo consiste em compreender a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. A metodologia definida para este trabalho foi uma revisão bibliográfica tendo como principais fontes de dados, livros eletrônicos da biblioteca Virtual Pearson e Google Books, bem como de artigos das Bases Scielo e Google Acadêmico. O resultado da pesquisa possibilitou a compreensão de que o aleitamento exclusivo beneficia o lactente prevenindo doenças como doenças digestórias, respiratórias, alergias entre muitas outras e favorece o desenvolvimento cognitivo, além de reduzir a mortalidade infantil por pneumonia e diarreia. A nutriz, por sua vez, diminui o risco de câncer de mama, evita nova gravidez durante a amamentação exclusiva, cultiva a relação afetiva mãe/filho e, ainda, não tem custos financeiros com alimentação complementar ou leite artificial para o bebê, entre outros benefícios.

Palavras-chave: Aleitamento Materno, Amamentação, Lactente, Benefícios da Amamentação.

 Introdução

O leite materno é um alimento completo que o bebê recebe através da sucção da mama materna e traz diversos inúmeros benefícios para o organismo da criança. Entre os benefícios do leite materno ele favorece o sistema imunológico, protege o recém-nascido de doenças digestórias, respiratórias, alergias e diminui casos de mortalidade infantil por pneumonia e diarreia. Por estas e por outras vantagens, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida tem grande importância para a saúde da criança.

Ao alimentar o bebê exclusivamente com o leite humano (diretamente de sua própria mama, de uma ama de leite ou por meio de algum acessório), a mãe proporciona mais saúde ao bebê, tanto nos primeiros seis meses de idade quanto para toda a vida porquanto o leite materno possibilita maior resistência a vários tipos de doenças. Por isso, o tema em discussão é relevante para a sociedade em geral e especialmente para as lactantes porquanto são as agentes do aleitamento.

Com base na delimitação temática e no motivo acima descrito, foi levantada a seguinte questão-problema: qual a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida? Esta questão foi desenvolvida no decorrer do texto buscando focar na característica peculiar da amamentação exclusiva sem descartar a recomendação de sua continuação até os 2 anos de idade.

Partindo do problema, foram definidos os objetivos, cujo principal é: compreender a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. Seguiram com os específicos, quais sejam: conceituar aleitamento materno; descrever os principais componentes do leite e discursar acerca dos benefícios da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida para o lactente.

O sucesso dos objetivos foi possível mediante a definição da metodologia. Esta pesquisa foi classificada como qualitativa bibliográfica, pois foram explorados textos (livros físicos, virtuais e artigos pertinentes ao tema) nas fontes Scielo, Google Acadêmico, Google Books e na Biblioteca Virtual Pearson do Brasil entre 2005 e 2017. As palavras-chave de busca foram: aleitamento materno; amamentação; lactente; benefícios da amamentação. Os critérios de inclusão nas buscas foram os artigos e demais fontes conterem a temática e alguma das palavras-chave no título. Os de exclusão foram não constar pelo menos uma das palavras-chave.

1. Considerações gerais sobre aleitamento materno

A terminologia que envolve o conceito de aleitamento materno se baseia em, ao menos, três definições básicas. As palavras comuns para abordagem sobre o alimento mais completo – como se convencionou afirmar – são: aleitamento, amamentação e lactação. Estas, grosso modo, convergem para uma só ideia, que é a alimentação inicial e indispensável ao bebê.

O aleitamento é uma particularidade, onde se encontram os componentes essenciais para uma nutrição que seja completa para a criança. Trata-se da primeira alimentação do bebê, indispensável ao seu desenvolvimento nos primeiros meses de vida pela sua capacidade de nutrir as crianças nessa fase (MONTE; GIUGLIANI, 2004).

A amamentação, por outro lado, refere-se ao período no qual o bebê é alimentado com o leite materno, mas não necessariamente exclusivamente com ele podendo, inclusive, ser usado acessórios tais como colher, copinho ou mamadeira, em situações especiais (ABCMED, 2014). Observe-se que, no sentido de alimentar o bebê com o leite materno, os termos aleitamento e amamentação são correlatos, podendo ser confluídos para aleitamento com suas categorias.

De acordo com Vitolo (2008), a Organização Mundial da Saúde – OMS classificou a prática do aleitamento materno em quatro categorias, a saber: a) aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente o leite materno diretamente na mama ou extraído, em mamadeira ou outro recipiente; b) aleitamento materno predominante – quando o bebê recebe o leite materno alternando com água e outras bebidas à base de água; c) aleitamento materno complementado – quando o lactente é alimentado com o leite materno diretamente da mama ou não, mais alimentos semissólidos, inclusive leite de vaca; e aleitamento materno – num sentido mais geral, quando a criança recebe o leite materno.

Ademais, o aleitamento materno exclusivo configura a delimitação temática desta pesquisa. Neste capítulo, abordam-se a conceituação e aplicabilidade dessa categoria da prática do aleitamento materno.

1.1 Fisiologia da lactação

A lactação, no aspecto fisiológico, é controlada por hormônios, especialmente os de origem hipofisária, tais como a prolactina e a ocitocina. Além disso, a lactação tem três estágios – a lactogênese, que começa no último trimestre da gravidez; a “apojadura” ou “descida do leite” e o terceiro estágio, conhecido por galactopoiese, período em que ocorre a manutenção da lactação (VITOLO, 2008).

A prolactina é liberada pela hipófise anterior logo após o nascimento do bebê e a expulsão da placenta, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. Durante a sucção ocorre a liberação da ocitocina que causa a contração das células mioepiteliais envolvidas nos alvéolos, liberando o leite (VITOLO, 2008; BRASIL, 2015).

A lactogênese é o primeiro estágio da lactação e começa no último trimestre da gravidez e tem como características o aumento de lactose, proteínas totais e imunoglobinas e a redução de sódio e cloretos. Esse estágio é inibido até o parto pelos altos níveis de progesterona e hormônio lactogênico placentário – fase em que é produzido o colostro 3 ou 4 dias após do parto – quando deve ocorrer a produção do leite propriamente dito, depois da sucção ou extração do colostro (VITOLO, 2008; FERNANDES; POMPEI, 2016).

Após o parto ocorre o segundo estágio da lactogênese, a “descida do leite”. O leite passa por mudanças durante uns dez dias num processo de captação de oxigênio e glicose e concentração de citrato. Ao final dos dez dias, considera-se que o leite está maduro e definido para ser recebido pelo bebê por – no mínimo e de forma exclusiva – pelo menos 6 meses, desde que se faça a manutenção por meio de sucção ou extração do leite (VITOLO, 2008).

A manutenção do leite acontece por um mecanismo da galactopoese ou lactogênese III que garante a produção do leite. De acordo com Guilherme e Nascimento (2016), aos poucos os nutrientes vão sendo retirados do sangue materno e processados dentro da célula, independente dos sistemas regulatórios maternos. Desse modo, mesmo que a alimentação da mãe seja insuficiente, seu leite pode conter nutrientes em concentrações adequadas. Como dito, a remoção contínua do leite (por sucção ou extração) pelo processo da galactopoese assegura a produção progressiva.

A Figura 1 mostra o esquema dos componentes internos e externos da mama.

Figura 1: Esquema dos componentes da mama. Fonte: Guilherme e Nascimento (2013, p.6).
Figura 1: Esquema dos componentes da mama. Fonte: Guilherme e Nascimento (2013, p.6).

O diagrama mostra, entre outras partes da mama, as células musculares que, contraídas pela ocitocina acionam e secreção do leite. Esse processo ocorre na fase da galactopoese, quando a mama deve ser frequentemente sugada pelo bebê. A sucção de modo inadequado pode comprometer a qualidade da amamentação juntamente com outros problemas relacionados.

1.2 Principais problemas relacionados à amamentação

A amamentação na espécie humana permeia relações afetivas além do manejo adequado e de cuidados com o corpo da mãe, principalmente relacionados à mama. Por não ser considerado um ato puramente instintivo, a mãe e o bebê devem aprender a amamentar e ser amamentado (TERUYA; BUENO, 2013). Nessa relação alguns problemas podem surgir que, se não identificados e tratados a tempo, podem causar interrupção da amamentação (BRASIL, 2015).

Um dos problemas comuns, especialmente no início da amamentação, é a dificuldade que alguns bebês apresentam para pegar (sugar) o peito. Há vários motivos que levam o bebê a não conseguir pegar o peito. Primeiro avalia-se o bebê, tentando encontrar dificuldades relacionadas a micrognatia, retrognatia, língua posteriorizada, freio lingual muito curto ou bebê ainda em processo de maturidade para sugar, pois pode ser prematuro com idade gestacional menor que 34 semanas. Outras situações devem ser consideradas, tais como se o bebê recebeu alimentação por meio de mamadeira, se está com sono, sem fome etc. (TERUYA; BUENO, 2013).

O Caderno de Atenção Básica à Saúde da criança esclarece que alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente porque está mal posicionado, não abre a boca o suficiente ou porque a mama pode estar tensa, ingurgitadas ou os mamilos da mãe são invertidos ou muito planos (BRASIL, 2015).

A propósito, o Album Seriado Promovendo a amamentação diz que o tipo de peito não atrapalha o aleitamento, a criança não deixa de mamar por isso, pois ela abocanha a areola, o peito e não o bico, necessariamente (BRASIL, 2007). A seguir, as Figuras 2, 3 e 4 mostram os tipos de bico de peito (protuso, plano e invertido, respectivamente).

Figura 2: Bico do peito tipo protuso. Fonte: Brasil (2007, p. 9).
Figura 2: Bico do peito tipo protuso. Fonte: Brasil (2007, p. 9).
Figura 3: Bico do peito tipo plano. Fonte: Brasil (2007, p. 9).
Figura 3: Bico do peito tipo plano. Fonte: Brasil (2007, p. 9).
Figura 4: Bico do peito tipo invertido. Fonte: Brasil (2007, p. 9).
Figura 4: Bico do peito tipo invertido. Fonte: Brasil (2007, p. 9).

Não obstante as diferenças, não há necessidade de cuidados especiais com o tipo de bico do peito (BRASIL, 2007). Logo, o mais importante é certificar-se de que o bebê está sugando corretamente. Como dito, a dificuldade na sucção pode ou não estar relacionado apenas ao bebê, então, descartadas hipóteses, busca-se averiguar se a causa não está na mãe. Independemente das causas da dificuldade em amamentar, elas devem ser tratadas para que o aleitamento seja exclusivo e satisfatório.

1.3 Aleitamento materno exclusivo

O aleitamento ou amamentação é classificada basicamente em 5 categorias. A OMS assim classificou o aleitamento materno: aleitamento materno exclusivo (AME) – quando a criança recebe exclusivamente o leite da mãe, ama de leite, ou leite humano ordenhado, sem qualquer outro alimento, exceto xaropes, suplementos minerais ou medicamentos em gotas; aleitamento materno predominante (AMP) – a criança é alimentada com o leite humano e líquidos (água, chás, suco de frutas e medicamentos, exceto qualquer outro leite); aleitamento materno complementado (AMC) – a criança recebe leite humano e outros alimentos sólidos, semissólidos ou líquidos, incluindo leite não humano; e aleitamento materno (AM) – a criança recebe o leite humano diretamente da mama ou ordenhado (CHAVES, 2013).

A exclusividade do aleitamento materno compreende o aleitamento sem adicional alimentar de quaisquer origens. Desse modo, dispensam-se água, chás, sucos e demais líquidos e, especialmente, alimentos sólidos ou semissólidos. Isso porque esse alimento, considerado completo, é composto, nos primeiros dias após o parto, de grande quantidade de anticorpos. Por essa peculiaridade, funciona como alimento suficiente e vacina, prevenindo o bebê de várias doenças (IKEUTI; ZAMBERLAN, 2013).

A exclusividade do leite materno no primeiro semestre da vida do bebê se deve à sua característica de alimento integral. Nas palavras de Vitolo (2008) o leite materno humano, depois do 15º dia está maduro (completo) composto de proteína, carboidrato, lipídio, minerais e oligoelementos, vitaminas e imunoglobulinas. Nesse sentido, fica claro que o leite materno tem tudo o que o organismo do bebê precisa para crescer saudável.

2. A composição do leite materno

O leite materno humano é um alimento completo, pois nele são encontrados todos os elementos necessários à nutrição do bebê. Desde o nascimento do bebê, o leite passa por três períodos até chegar ao estágio conhecido como leite maduro. Os estágios anteriores são: o colostro e o período de transição. Sua composição consiste basicamente de água, carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais.

O colostro é a secreção láctea que permanece durante os primeiros 7 dias após o parto, tem alta concentração de proteína, sódio e anticorpos; tem menos gordura e açúcares. O leite de transição é o secretado entre o oitavo e o 14º dia, sua composição varia entre as características do colostro e as do leite maduro. Finalmente, o leite maduro é secretado a partir do 15º dia. Este contém menos proteína e sais minerais, porém, maior concentração de açúcar e gorduras (LOPES; SILVA; QUINTAL, 2002).

2.1 Colostro e leite maduro

O colostro é o leite produzido nos primeiros 7 dias após o parto e contém mais proteínas e menos gordura do que o leite maduro e grande quantidade de zinco. Além de proteínas e alguns minerais, o colostro apresenta grande quantidade de betacaroteno e outras vitaminas lipossolúveis. As proteínas contidas no colostro são conhecidas como protetoras – especialmente a imunoglobulina secretória – e existe em maior quantidade do que no leite maduro. Este, em contrapartida, contém proteínas nutritivas em maior quantidade do que o colostro (PARANÁ – Estado, S/D).

A composição do colostro se apresenta com diferentes quantidades de nutrientes entre nascidos a termo e pré-termo, conforme a Tabela 1.

Tabela 1: Composição do colostro em recém-nascidos a termo e pré-termo

NUTRIENTE COLOSTRO (3-5 DIAS)
A termo Pré-termo
Calorias (kcal/dL) 48 58
Lipídios (g/dL) 1,8 3,0
Proteínas (g/dL) 1,9 2,1
Lactose (g/dL) 5,1 5,0

Fonte: Adaptado de Brasil (2015, p. 30).

As diferenças de quantidades entre o colostro do bebê a termo e do pré-termo são notáveis. Com exceção da lactose, os demais componentes apresentam maior quantidade no colostro da mãe de pré-termos. A maior concentração de lactose no leite humano fornece mais energia – por ser um carboidrato – ao bebê e também mais proteção porquanto a lactose diminui o PH intestinal, tornando o meio desfavorável à proliferação de enterobactérias (VITOLO, 2008).

Quanto à proteína, o termo vem do grego proteíos, que quer dizer prioritário, o mais importante. São as macromoléculas mais importantes das células (EXPLICATORIUM, 2017, online). Elas são compostos orgânicos que agem no metabolismo da construção, por isso têm papel relevante no crescimento e desenvolvimento físico do individuo, pois estruturam as células e as diferentes reações químicas responsáveis pelo metabolismo celular e dependem do papel das enzimas que, por sua vez, são proteínas responsáveis pela proteção do organismo – os anticorpos – (SOBIOLOGIA, 2017, online), representadas, principalmente, pelas imunoglobulinas secretórias.

O leite materno humano contém todas as classes de imunoglobulinas. A IgA é a principal imunoglobulina das secreções externas e constitui 90% de todas as imunoglobulinas presentes no colostro e no leite maduro (VITOLO, 2008). Os anticorpos IgA refletem os antígenos entéricos e respiratórios da mãe, quer dizer, ela produz anticorpos para agirem contra agentes infecciosos com os quais teve contato, assegurando, desse modo, proteção à criança contra germes prevalentes no ambiente em que vive (BRASIL, 2015).

As imunoglobulinas IgM e IgG apesar de se encontrar em pequenas quantidades no leite maduro, apresenta altas concentrações no colostro. Somam-se às imunoglobulinas, algumas enzimas, tais como a lactoferrina – que se encontra em concentrações elevadas no colostro (600 mg/dL) e mais baixa no leite maduro, mas que apresenta ação bactericida sobre a E. coli; e, a lizosima – outra enzima participante do grupo de defesa do corpo humano, que apresenta ação bactericida sobre a maioria das bactérias Gram-positivas (VITOLO, 2008).

Outros elementos constituintes do colostro são o betacaroteno e as vitaminas lipossolúveis. O betacaroteno é um carotenoide presente no colostro em grandes concentrações e responsável pela cor amarelada no leite materno (colostro). Na natureza, funciona como uma espécie de escudo contra adversidades extremas como mudanças bruscas de temperatura e escassez de nutrientes e água. No corpo humano, ele age como antioxidante, de modo que, sempre que o corpo precisa de vitamina A, o pigmento se transforma nesse nutriente, cujo local de transformação é a mucosa intestinal. Por ser antioxidante, o betacaroteno age no sistema imunológico (RODRIGUES, 2015). Por conter alta concentração de betacaroteno e outros carotenoides no colostro, a criança deve ser amamentada imprescindivelmente nas primeiras 48 horas, mesmo que seja em pequenas quantidades (VITOLO, 2008).

As demais vitaminas lipossolúveis (A, D, E, e K) são encontradas em quantidades suficientes no colostro, com exceção da D e K. A vitamina D está presente no soro e na fração lipídica do leite materno em quantidades pequenas, abaixo do necessário (PARANÁ – Estado, S/D).

Apesar de a principal fonte de vitamina D serem os raios solares, crianças que foram alimentadas exclusivamente com leite materno sem exposição ao sol, não apresentaram deficiência dessa vitamina. Acredita-se que o efeito da lactose sobre o metabolismo de cálcio e vitamina D seja o responsável pela adequação da quantidade dessa vitamina (VITOLO, 2008). Quanto à vitamina K, esta é administrada no bebê logo após o nascimento, ainda na sala de parto (PARANÁ – Estado, S/D).

O leite maduro contém os mesmos componentes que o colostro, porém, em quantidades diferentes devido às novas necessidades do indivíduo, principalmente proteínas, lipídios e lactose. Há, contudo, diferença mais notável nas proteínas, pois enquanto as do colostro apresentam mais poder de imunidade, as do leite maduro, são mais nutritivas. A partir do 15º dia, o leite maduro apresenta composição mais estável, conforme segue (VITOLO, 2008).

2.2 Composição do leite maduro

O leite humano apresenta variação em sua composição, apesar de se constituir de nutrientes em comum. Essa variação acontece em alguns aspectos peculiares. De acordo com Lopes, Silva e Quintal (2002, p. 201), a variação do leite materno humano varia “de mulher para mulher, do início para o fim da mamada, dos primeiros dias da amamentação para os últimos dias, em função da idade gestacional da criança e da hora do dia (…)”. Desse modo, a composição do leite humano tem uma característica dinâmica.

A composição do leite maduro consiste, principalmente, de proteínas, carboidratos, lipídios, minerais e oligoelementos, vitaminas e imunoglobulinas. O principal carboidrato é a lactose (aproximadamente 7 g/dL), fundamental na absorção de minerais. Os minerais constituintes do leite materno são altamente disponíveis e suas concentrações não são afetadas pela alimentação da mãe, os quais são: Cálcio, Ferro, Zinco e Cobre. Mas, com relação às vitaminas A, D, E, K, C e complexo B, a alimentação materna tem relativa influência (VITOLO, 2008; GUILHERME; NASCIMENTO, 2013).

Abaixo, a Tabela 2 mostra a composição do leite nos aspectos nutrológicos.

Tabela 2: Aspectos nutrológicos do leite materno

COMPOSIÇÃO LEITE MATERNO
Água (%) 87
Calorias (kcal/100 mL) 67
Proteínas (g/100 mL) 0,9 a 1,5
Gorduras (g/100 mL) 3 a 4
Lactose (g/100 mL) 7
Caseína (%) 40
Proteínas do soro (%) 60
Cálcio (mg/100 mL) 240 a 280
Fósforo (mg/100 mL) 100 a 140

Fonte: Guilherme e Nascimento (2013, p. 50).

Fica claro, conforme demonstrado na tabela acima, que o leite é composto, em sua maioria, de água, chegando a quase um terço. Seu papel no corpo humano é de regulação da temperatura corporal, pois nela encontram-se as proteínas, os compostos nitrogenados não proteicos, os carboidratos, minerais e as vitaminas hidrossolúveis – C e Complexo B (PARANÁ – Estado, S/D). Como o leite materno é composto, em sua maioria, por água, o lactente amamentado exclusivamente ao peito, não necessita de água (PARANÁ – Estado, S/N; VITOLO, 2008).

Ao abordar a questão da composição do leite humano, dever-se considerar que há diferenças entre o leite de mães de nascidos a termo e a pré-termos. “Cada um desses tem características bioquímicas adequadas para um determinado período de vida do lactente”, pois “a mãe de bebê prematuro produz por quatro semanas um leite com composição maior de proteínas e gorduras, e menor de açúcar do que o leite maduro” (LOPES; SILVA; QUINTAL, 2002, p. 202), conforme a Tabela 3.

Tabela 3: Composição do colostro e do leite maduro de mães de crianças a termo e prematuras

Nutriente Colostro (3-5 dias) Leite Maduro (26-29 dias)
A termo Pré-termo A termo Pré-termo
Calorias (Kcal/dL) 48 58 62 70
Lipídios (g/dL) 1,8 3,0 3,0 4,1
Proteínas (g/dL) 1,9 2,1 1,3 1,4
Lactose (g/dL) 5,1 5,0 6,5 6,0

Fonte: Adaptado de Brasil (2015, p. 29).

O bebê nascido a pré-termo precisa de um leite com maior concentração de proteínas e gorduras, bem como, de mais fatores de defesa (LOPES; SILVA; QUINTAL, 2002). Independente de a criança ter nascido a termo ou prematuramente, o leite sofre variação, a depender das circunstâncias.

Além da variação para atender às necessidades do bebê prematuro, o leite humano apresenta variações várias. Uma delas acontece para atender à carência de mais calorias. As gorduras são os componentes que variam com mais variam, alternando-se durante o dia, pois durante a metade da mamada é que ocorre a maior concentração de lipídios e, após a metade da mamada aumenta a concentração de valor calórico chegando de 50 a 60%, isso no leite maduro (LOPES; SILVA; QUINTAL, 2002).

Nesse sentido, Vitolo (2008, p. 131) reitera que é recomendável garantir que o lactente “esvazie uma mama a cada mamada para receber o leite posterior, que tem maior quantidade de gordura e, portanto, mais energia”. A autora acrescenta que a melhor hora do dia para a mamada oferecer mais energia ao lactente é pela manhã, quando produz mais gordura.

Desse modo, considerando a composição e as características do leite humano, ele representa um alimento completo para o bebê. As características de variação conforme a necessidade do bebê – se nasceu a termo, prematuro ou se a mãe tem agentes infecciosos que oferecem risco ao bebê e seu leite desenvolve anticorpos para tal – configuram alimento na medida certa e vacina natural.

3. Importância da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de idade

A alimentação consiste em recursos que proporcionam energia, saúde e vida para o ser alimentado. No caso do aleitamento materno, tanto a criança, quanto a nutriz são beneficiadas em inúmeros aspectos. O fato de o leite materno ser o alimento mais completo para a criança pequena, é que faz seu uso ser recomendado pelo menos durante os primeiros seis meses, de modo exclusivo.

Desde 1991, a OMS e a United Nations Children’s Fund – UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) empreendem esforços para proteger, promover a apoiar o aleitamento materno. Nesse sentido, a OMS recomenda o aleitamento exclusivo até os 6 meses de idade, de modo que até essa idade o bebê deve ingerir apenas o leite materno, sem adição de quaisquer outras bebidas, inclusive água. A partir dos seis meses, o aleitamento deve continuar – mas com complemento (sopas, papas etc.) – até os 2 anos de idade, pelo menos (LEITE MATERNO, 2011).

3.1 Benefícios da amamentação para o bebê nos primeiros seis meses

Para começo de conversa, a criança alimentada exclusivamente com o leite materno fortalece o sistema imunológico, evitando as mortes infantis por infecção. Em razão disso, a amamentação previne: diarreia; infecções respiratórias; alergias; hipertensão, colesterol alto e diabetes, em longo prazo; obesidade; desnutrição. Além disso, contribui para melhor desenvolvimento cognitivo e melhora o desenvolvimento bucal. Para a mãe, o aleitamento proporciona proteção contra o câncer de mama, evita nova gravidez, melhora o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. Soma-se a todos esses benefícios, o fato de que a família, em geral, tem menores custos financeiros porquanto não precisará comprar alimentos para o lactente por algum tempo e terá melhor qualidade de vida logo que a criança bem amamentada tem menor probabilidade de adoecer e de ser internada, além de mais harmonia no lar (BRASIL, 2015).

Quanto à mortalidade, nos Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XIX, uma em cada 100 mulheres não sobreviviam às complicações do parto e, uma em cada 10 crianças não completava um ano de vida, chegando a um terço de mortalidade infantil, em algumas cidades norte-americanas. Dentre as causas de morte entre crianças menores de 5 anos, as mais frequentes eram: pneumonia, tuberculose, sarampo, varíola, escarlatina, coqueluche, difteria e diarreia (UJVARI; ADONI, 2014).

As mortes infantis no Brasil e no mundo tiveram inúmeras causas. Enquanto não haviam descoberto as vacinas compostas manipuladas, a maioria dos recursos para curar e prevenir fracassavam, tanto que, nos séculos XIX e XX, a expectativa de vida chegou a 47 anos, por conseguinte era rara a existência de idosos no mundo (UJVARI; ADONI, 2014).

No século XXI, a mortalidade infantil pelas causas acima descritas já são reduzidas. A propósito, em 1940, de cada 1000 crianças nascidas vivas, 146, 6 morriam antes de completar um ano. Em 1970, a taxa caiu para menos de 100, alcançando 97,6 mortes para cada 1000 nascidas vivas. Duas décadas depois, essa taxa diminuiu para 45,1 mortes por 1000 e, em no ano 2000, eram 29 em cada 1000. Assim, o século 21 começou com a taxa de 17,2 por 1000. Esses valores são baixos, se comparados à Índia e à África do Sul, África Ocidental e Central, que chegam a ter países com taxas de 90 mortes de crianças antes de completarem um ano, para cada 1000 (PORTAL BRASIL, 2015).

A queda da taxa de mortalidade infantil no Brasil se deve, em grande parte à amamentação exclusiva até os 6 meses de idade e continuada até os 2 anos, com complementação. Nesse sentido, o Caderno Saúde da Criança: aleitamento materno e alimentação complementar (BRASIL, 2015) apresenta a seguinte argumentação:

Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis […]. Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em desenvolvimento poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas por ano se a recomendação de aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou mais fosse cumprida (BRASIL, 2015, p. 17).

Em se falando em infecções que levam à morte de crianças, a diarreia consiste em resultados de perda de líquidos associadas a fezes moles ou líquidas, decorrentes de infecção causada por vírus ou bactérias. O leite materno ministrado na proposta de alimentação exclusiva tem o poder de evitar a diarreia. Isso é potencializado ao evitar o consumo de água e chás, pois, tal prática tende a aumentar o risco de diarreia nos primeiros 6 meses (BRASIL, 2015). A água configura um alimento a mais, que irá alterar a dieta alimentar da criança, nesse seguimento, Azevedo et al., (2013) advertem que oferecer outros alimentos para o bebê antes dos 6 meses poderá atrapalhar o êxito do aleitamento, pois aumentam os riscos de infecção e deficiências de nutrientes entre outros.

Outra vantagem do leite materno como alimentação exclusiva é a prevenção de infecção respiratória. O leite humano tem ocitocina, um fator de crescimento que estimula a produção da imunoglobulina IgA. Assim, os pneumococos são bloqueados pelos oligossacarídeos existentes nas células receptoras da faringe, promovendo a proteção contra o vírus influenza e também contra agentes capazes de causar infecção respiratória aguda (LOPES, 2014).

A capacidade de proteção do leite materno contra infecções respiratórias ficou comprovada a partir de vários estudos em várias partes do mundo e também no Brasil. Além disso, o aleitamento materno exclusivo previne otites, estimando uma redução de 50% de ocorrências de otite média aguda em crianças cuja amamentação exclusiva superou os 3 ou 6 meses, quando comparadas a crianças alimentadas com crianças alimentadas com leite de outra espécie. Acrescente-se que diminui, também, a incidência de alergias ao leite de vaca, à dermatite atópica e outros tipos (BRASIL, 2015).

Entre os benefícios do leite materno, alguns são de caráter prolongado, como a prevenção de hipertensão, colesterol alto e diabetes – doenças podem surgir em longo prazo. Uma revisão de Horta (2007 apud BRASIL, 2015) apontou baixa nas pressões sistólica e diastólica, menores níveis de colesterol total e menor risco de diabetes tipo 2 em indivíduos amamentados e também nas mães. Com efeito, o aleitamento exclusivo ajuda a diminuir o peso e a dirimir o risco de desenvolver – no futuro – câncer de mama e de ovário e doenças cardiovasculares (PORTAL BRASIL, 2014).

Como reflexo da redução do peso, a amamentação tende a prevenir a obesidade infantil. Victora et al., (2016) destacam uma redução de 13% em média, na probabilidade de incidência de obesidade em crianças, deduzida de numa revisão de estudos relacionados cujas amostras ultrapassavam 1500 participantes.

O leite materno humano proporciona melhor nutrição ao bebê. Por ser da mesma espécie, possui todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento da criança além de ser mais digerível ao se comparar com o leite não humano.  Desse modo, o leite materno supre as necessidades da criança nutrindo-a integralmente não só nos primeiros seis meses, mas, também durante o restante do primeiro ano e o segundo ano de vida, pois contém quantidades bastantes de proteínas, gorduras e vitaminas (BRASIL, 2015).

Nesse seguimento, estudos mostram as justificativas de mães para não continuar a amamentar o bebê. As alegações mais frequentes são: “leite fraco”, “pouco leite” e “leite secou”. Contudo, enquanto as mães acreditarem na necessidade de “subterfúgios para que seu leite seja suficiente e completo” elas não se sentirão inseguras quanto ao seu potencial de amamentar (VITOLO, 2008, p. 120). Nessa situação, a criança perde oportunidade de ser bem nutrida nos primeiros meses de vida.

Apesar de não se saber ao certo o motivo, há evidências de que a criança amamentada apresenta melhor desempenho cognitivo. Trata-se de uma vantagem detectada em diferentes idades não só em crianças. Ademais, os mecanismos de associação entre a amamentação e a inteligência divide hipóteses ainda não comprovadas: alguns acreditam que haja substâncias no leite materno capazes de alavancar o desempenho cerebral; outros, porém, defendem que comportamentos ligados à amamentação e o modo como a criança é alimentada podem ser responsáveis pelo melhor desempenho cognitivo (BRASIL, 2015).

Ainda quanto à otimização da inteligência de indivíduos amamentados, outros estudos indicaram diferenças no Quociente de Inteligência – QI de crianças em varias faixas etárias. Desses estudos, alguns resultaram em acréscimos médios 2,3 pontos na inteligência de crianças e adolescentes que, entre outros fatores, recebiam estímulo em casa. Outros estudos deram resultado de 2,6 pontos acima da média para a hipótese de que a inteligência da criança estava ligada ao desempenho cognitivo da mãe. Um grande estudo randomizado referiu um resultado de mais de 7 pontos no desempenho cognitivo de crianças prematuras amamentadas comparadas a outras que não foram adequadamente amamentadas (VICTORA et al., 2016). De acordo com os estudos analisados por estes autores, a amamentação proporciona maior desempenho cognitivo ao indivíduo.

O desempenho da cavidade oral é outro grande benefício proporcionado pela amamentação. O Caderno de Saúde da Criança (BRASIL, 2015) afirma que o exercício realizado para mamar, faz com que haja desenvolvimento adequado da cavidade oral, pois proporciona melhor disposição do palato duro, contribuindo para o alinhamento dos dentes e boa oclusão dentária.

Nesse sentido, foram encontradas pesquisas que mostram uma redução de 68% na incidência de má-oclusões associadas à amamentação. A maioria dos estudos foi realizada com crianças pequenas com dentição decídua (primeira dentição), contudo, a má-oclusão em crianças decíduas prenuncia má-oclusão na dentição permanente (VICTORA et al., 2017). Assim, o desmame precoce pode prejudicar as funções de mastigação, deglutição e respiração, refletindo na fala, bem como, pode causar má oclusão dentária entre outras.

3.2 Benefícios da amamentação para a lactante

A lactante também é beneficiada pela amamentação. Uma das vantagens para a mãe que amamenta é a prevenção de câncer de mama e ovários. A amamentação prolongada (de pelo menos um ano) de vários filhos diminui o risco de câncer de mama, provavelmente porque diminui os níveis de alguns hormônios relacionados ao câncer no sangue da mãe. Essa redução pode alcançar 5%, para períodos acima de 12 meses de amamentação (BEATO, 2013).

Outra vantagem da amamentação exclusiva para a mãe diz respeito à redução de probabilidade de nova gravidez. Estudos comprovam que se a mulher ovula antes do primeiro semestre após o parto, certamente ela não estava amamentando numa quantidade bastante durante o dia. A amamentação exclusiva consiste um excelente método anticoncepcional nos primeiros 6 meses de vida do bebê, chegando a 98% de eficácia (BRASIL, 2015).

O vínculo afetivo entre mãe e bebê também é um fator importante que pode e deve ser vivenciado por ambos. Sobre essa relação, Soares e Marroquim (2005) concordam com outros autores que a relação afetiva da mãe com o bebê é importante para o bom funcionamento dos sistemas emocional, intelectual e psicológico. Nesse sentido, os autores mostram uma relação de comportamentos que identificam o bom e o mau vínculo afetivo da mãe, conforme o Quadro 1:

Quadro 1: Sinais de bom e mau vínculo da mãe com o bebê

SINAIS DE BOM VÍNCULO SINAIS E MAU VÍNCULO
Carrega de forma segura e confiante Nervosa ou carrega de forma vacilante
Atenção da mãe face a face Contato olho no olho ausente
Muito toque materno Pouco toque materno
Paciente com o bebê Impaciente, sacolejando o bebê
Demonstra prazer em amamentar Demonstra desprazer em amamentar
Atenta às necessidades do bebê Desatenta às necessidades do bebê
Faz comentários positivos sobre o bebê Faz comentários negativos sobre o bebê

Fonte: Soares e Marroquim (2005, p. 347).

Para que o vinculo afetivo da mãe seja eficaz nos sistemas emocional, intelectual e psicológico, sua presença nos primeiros meses de vida do bebê precisa ser constante.

Mais do que todos os benefícios que a amamentação proporciona à mãe tratados neste capítulo, outros ainda podem ser usufruídos. Ao aleitamento são atribuídos proteção contra as seguintes doenças na mulher:

[…] câncer de útero e ovários; hipercolesterolemia; hipertensão e doença coronariana; obesidade; doença metabólica; osteoporose e fratura de quadril; artrite reumatoide; depressão pós-parto; e diminuição do risco de recaída de esclerose múltipla pós-parto (BRASIL, 2015, p. 22-23).

Diante das vantagens e benefícios que a amamentação proporciona ao bebê e à mãe, essa prática representa grande relevância para a saúde geral de ambos, tanto no aspecto físico, quanto emocional, cognitivo e psicológico.

Considerações finais

O aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses é uma determinação da Organização Mundial da Saúde e da UNICEF. Tal determinação representa vantagens tanto para o lactente quanto para a mãe, nos sentidos de saúde física, emocional e cognitiva. As metas deste estudo, tais como conceituar aleitamento materno, descrever os principais componentes do leite materno humano e abordar os benefícios da amamentação exclusiva viabilizaram o êxito do objetivo geral, qual fora compreender a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses.

O aleitamento, amamentação ou lactação é a forma de alimentação mais completa para o lactente nos primeiros meses de vida, sobretudo no primeiro semestre. Depois do 15º dia, o leite materno humano está maduro e composto por proteína, carboidrato, lipídio, minerais e oligoelementos, vitaminas e imunoglobulinas. Tal composição dá ao leite materno maduro o mesmo valor de alimento completo e de vacina pois previne o lactente de inúmeras doenças.

As características nutricionais e imunológicas do leite materno se configuram pela composição da qual é constituído. Durante o primeiro estágio do leite materno – o colostro – os nutrientes predominantes são proteína, sódio e anticorpos, para aumentar a imunidade. O leite maduro por sua vez, contém menos proteína e sais minerais, mas, por outro lado, há maior concentração de açúcar e gorduras para ajudar a nutrir o organismo do lactente.

Os benefícios da amamentação exclusiva para o lactente configuram prevenção de doenças como: diarreia, infecções respiratórias, alergias, hipertensão, colesterol alto e diabetes entre outras, pois fortalece o sistema imunológico e, por conseguinte, reduz o índice de mortalidade infantil – além de favorecer o desenvolvimento cognitivo. Para a nutriz, aumenta a proteção contra câncer de mama, evita nova gravidez (se estiver praticando a amamentação exclusiva) e melhora o vínculo afetivo entre esta e seu bebê, além de benefícios em termos de custos financeiros pelo fato de não precisar adquirir leite artificial.

Considerando que os objetivos da proposta deste estudo foram alcançados e, em vista da importância do tema, este deve ser aprofundado por outros acadêmicos e pesquisadores com o intuito de explorar, com amplas possibilidades de respostas para as diversas questões norteadoras, este, que é um tema de grande relevância para toda a sociedade pelo seu poder de abrangência para gerações presentes e futuras.

Referências

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BEATO, Carlos. Mitos e verdades sobre o câncer de mama. In: GRUPO BRASILEIRO DE ESTUDOS DO CÂNCER DE MAMA – GBCAM (Vários autores). Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama. Barueri – SP: Minha Editora, 2013, p. 19-30.

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[1] Graduação em Enfermagem – Faculdade Anhanguera

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Zoriandra de Brito Santos

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