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As dificuldades de primigestas na adesão da amamentação

RC: 98029
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

FERREIRA, Aynoana De Assunção [1], LEITE, Cristina Limeira [2]

FERREIRA, Aynoana De Assunção. LEITE, Cristina Limeira. As dificuldades de primigestas na adesão da amamentação. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 09, Vol. 07, pp. 43-54. Setembro 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/adesao-da-amamentacao

RESUMO

O leite materno tem a capacidade de contribuir com o desenvolvimento da criança, possuindo benefícios imunológicos, nutricionais e cognitivos. O aleitamento materno nos primeiros meses de vida é relacionado a redução significativa de mortalidade infantil por todas as causas, sendo também fundamental para a saúde da mulher pós-parto. Nesse contexto, o presente artigo, tem como questão norteadora: Quais as dificuldades existentes para que mães não tenham adesão a amamentação de seus filhos recém-nascidos? O objetivo do estudo foi de identificar na literatura as dificuldades enfrentadas por primigestas com relação a adesão a amamentação. O estudo foi delineado como uma pesquisa qualitativa de revisão integrativa da literatura, de caráter descritivo e exploratório. Foram coletados estudos científicos que apresentavam como tema norteador as dificuldades de primigestas no que se refere a adesão da amamentação. Constatou-se que a maioria das mães analisadas nos estudos possuem conhecimento sobre a importância da adesão ao aleitamento materno. Entretanto, na prática, estas mães não conseguem aplicar esse conhecimento na prática da amamentação, por fatores sociais, econômicos, culturais e religiosos. Verificou-se que como medida para a melhora nos índices de adesão a ao aleitamento materno deve-se investir em ações educacionais bem como de apoio à amamentação desde o pré-natal até a fase introdutória de alimentos como uma forma de otimizar a prática do aleitamento materno, tendo como base a promoção da saúde da mulher e da criança.

Palavras-chave: Primigestas, Amamentação, Saúde da Mulher.

INTRODUÇÃO

Segundo Rocha et al. (2018) a prática do aleitamento possui uma relação direta com a diminuição dos índices de mortalidade infantil, assim como com a melhora na condição da saúde na infância sob aspecto global. Nesse viés, se faz pertinente destacar outros benefícios, tais como o vínculo criado entre mãe e bebê, a colaboração com o desenvolvimento psicológico e social da criança, desenvolvimento da arcada dentária, benefícios para o sistema imunológico, prevenção de alergias, obesidade e intolerância ao glúten.

De acordo com Barbieri et al. (2015) o AM é historicamente uma prática natural, mas deve ser aprendida, tendo-se em vista que também se trata de um comportamento. Nesse sentido, é importante que profissionais da saúde estejam engajados para propor ao núcleo familiar e à mãe esta prática, oferecendo suporte nos primeiros meses de vida da criança, incentivando a introdução de alimentos conforme o período ideal.

Segundo Malfatti e Seidel (2006) o leito humano é o mais ideal para crianças até os seis meses de vida, pois satisfaz em sua maioria as necessidades nutricionais, fisiológicas, metabólicas e imunológicas que o recém-nascido necessita, assim como estimula maior vínculo entre mãe e filho. Por sua vez, dados do Ministério da Saúde indicam que o aleitamento materno até os seis meses de vida é fundamental para mãe e criança, sendo essencial para a sobrevivência materno-infantil. A amamentação, fornecendo a quantidade adequada de nutrientes, tem a capacidade de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas, assim como de diminuir os riscos de mortalidade infantil (BRASIL, 2014).

De acordo com um estudo apresentado pelo Ministério da Saúde no ano de 2009, não existem vantagens quanto a desmamar precocemente um recém-nascido (BRASIL, 2009). Por outro lado, a criança pode desenvolver doenças respiratórias, tendo risco de desnutrição quando os alimentos ingeridos possuírem qualidade inferior ao leite materno. A essa realidade, soma-se o risco de contaminação do leite em função do preparo inadequado, assim como a possibilidade de digestão lenta e complexa. Nesse entendimento, o aleitamento artificial não tem a capacidade de desenvolver anticorpos contra defesa de infecções em crianças com até seis meses de vida (BRASIL, 2015).

Conforme Porto et al. (2011) a amamentação possui vantagens para a mãe e o recém-nascido, a exemplo do menor gasto monetário para a família. Entretanto, nas últimas décadas vem se observando a diminuição da prática do aleitamento materno, fato associado a novas práticas socioculturais, gerando um aumento na incidência de morbimortalidade infantil durante o século XX e XXI.

Para Teixeira; Nitschke e Silva (2011) as chances de morbimortalidade infantil diminuem significativamente quando recém-nascidos são amamentados até os seis meses de vida, recebendo posteriormente complemento alimentar até os dois primeiros anos de idade, se comparando com indivíduos que receberam apenas aleitamento artificial.

Nessa perspectiva, as primigestas e multíparas possuem conhecimento com relação ao aleitamento materna. Todavia, possuem conhecimento apenas sobre o fato de “ser bom para criança” assim como para evitar o desenvolvimento do câncer de mama, não tendo amplo conhecimento sobre os demais benefícios advindos da amamentação, o que decorre na baixa adesão a amamentação nas últimas décadas (SANTANA; BRITO, SANTOS, 2013).

O presente estudo tem por objetivo geral identificar as dificuldades enfrentadas por primigestas com relação a adesão a amamentação. Os objetivos específicos do estudo foram compreender como a adesão a amamentação é um processo de importância para o desenvolvimento do recém-nascido; averiguar se existe influência do núcleo familiar com relação a baixa adesão a amamentação e avaliar dados sobre o conhecimento as mães possuem sobre a importância da adesão a amamentação.

DESENVOLVIMENTO

O presente artigo científico compreende um estudo exploratório descritivo, o qual foi desenvolvido a partir do método de revisão integrativa. A partir disso, a questão norteadora deste estudo foi: “Quais as dificuldades existentes para que mães não tenham adesão a amamentação de seus filhos recém-nascidos?”.

A coleta de dados foi realizada a partir de artigos científicos publicados nos idiomas português e inglês a partir das bases de dados Scientific Eletroctronic Library Online – SCIELO, MEDLINE/PubMed, Periódicos CAPES/MEC e Cochrane Library entre junho e julho de 2021. Definiu-se os descritores definidos: Em português – Primigestas. Amamentação. Saúde da Mulher.

O critério de inclusão dos estudos foi o recorte temporal, com estudos publicados entre 2011 e 2021. Baseado nos critérios de inclusão do estudo, optou-se por estudos primários, os quais são correspondentes às pesquisas originais, delimitando-se para relatos de casos, estudos de caso e de controle. A coleta desse material ocorreu eletronicamente, de forma correspondente à questão norteadora do estudo. Foram selecionados 15 estudos. O material bibliográfico selecionado para análise foi organizado no Quadro 1, o qual é apresentado a seguir com os estudos selecionados bem como suas caracterizações.

Quadro 1 – Caracterização dos estudos selecionados

Autor Ano Título Resultados Conclusão
1 Santos et al. 2018 Desmame precoce em crianças atendidas na Estratégia Saúde da Família. A prevalência de desmame precoce foi de 58,51%. Houve associação entre o desmame precoce, classe econômica B/C e ter recebido orientação sobre amamentação no pré-natal.
2 Rocha et al. 2018 Caracterização do conhecimento das puérperas acerca do aleitamento materno A maioria das puérperas que receberam orientação no pré-natal consideram como benefício à oferta de imunidade para o bebê. O sucesso da prática do aleitamento materno depende do preparo das mulheres em seu ciclo-gravídico puerperal.
3 Costa e Silva

 

2018 Importância do aleitamento materno exclusivo O aleitamento materno   é a estratégia que mais previne mortes infantis. O aleitamento materno correspondente ao alimento ideal e completo com todos os nutrientes que os lactentes precisam para se desenvolverem durante os seis meses de vida, além do desenvolvimento
sociocognitivo.
4 Silva et al. 2017 Aleitamento materno: causas e consequências do desmame precoce. Um dos principais fatores que levam a mãe abandonar precocemente o aleitamento origina-se da pouca informação que possui sobre a amamentação e as consequências refletidas na vida adulta de seu filho. Existe a necessidade de um trabalho mais específico de conscientização por parte dos profissionais da saúde, em especial para as primíparas.
5 Boccolini et al. 2017 Tendência de indicadores do aleitamento materno no Brasil em três décadas O aleitamento materno apresentou tendência ascendente de 47,2% até 2006. Entre 2006 e 2013 o aleitamento materno teve aumento significativo de 31,8% com relação ao ano de 2006. Deve-se realizar revisão das políticas e programas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.
6 Brandão et al. 2016 Aleitamento materno: fatores que influenciam o desmame precoce Enfermidades da mãe que impediram o aleitamento; medicamentos utilizados por elas; e substituição do leite materno por outro alimento. Evidenciou-se que o conhecimento sobre aleitamento materno está pautado em discurso biomédico de saúde-doença.
7 Boccolini et al. 2015 Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida no Brasil: revisão sistemática Foram identificados fatores associados ao aleitamento materno exclusivo: local de residência, idade e escolaridade maternas, trabalho materno, idade da criança, uso de chupeta e financiamento da atenção primária em saúde. Os fatores associados ao aleitamento materno exclusivo podem subsidiar políticas públicas em saúde e nutrição.
8 Maranhão et al. 2015 Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes O recebimento de suporte para cuidados de si e da criança aumentou em três vezes as chances de manter o aleitamento exclusivo. São necessárias medidas para incentivar o aleitamento materno entre mães adolescentes, particularmente o apoio da família para que as adolescentes possam continuar estudando sem deixar de realizar o aleitamento.
9 Amaral 2015 Fatores que influenciam na interrupção do aleitamento materno exclusivo em nutrizes Pouco conhecimento das nutrizes em relação ao vínculo afetivo do binômio, à redução dos gastos da família com a alimentação da criança e ao risco de hemorragias no pós-parto; crença na produção insuficiente de leite; dificuldade de pega da mama; e diversas intercorrências mamárias no pós-parto. É necessário expandir as orientações e o apoio ao AM com vistas principalmente ao apoio às nutrizes nas primeiras semanas pós-parto.
10 Algarves et al. 2015 Aleitamento materno: influência de mitos e crenças no desmame precoce Identificou-se a influência de mitos e crenças no desmame precoce e o manejo profissional e sua interferência no aleitamento materno. A educação em saúde, iniciada no pré-natal, e o acompanhamento do binômio mãe-filho, contribuem para a desmistificação e manutenção do aleitamento materno, considerando a realidade local.
11 Ferreira et al. 2015 Autoeficácia em amamentar de puérperas não primíparas em pós-parto imediato Escores mais elevados em puérperas na faixa etária de 20-29 anos (98,2%), casada/união consensual (95,1%), com escolaridade acima de 11 anos (97,5%) e renda familiar de 1-2 salários-mínimos (94,8%). Conhecer os fatores que podem interferir na autoeficácia em amamentar é importante para que os profissionais de saúde possam direcionar suas ações de forma planejada.
12 Barbieri et al. 2015 Aleitamento materno: orientações recebidas no pré-natal, parto e puerpério Identificou-se um baixo índice de amamentação exclusiva, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde. É necessário realizar o monitoramento das ações de saúde e elaboração de novas estratégias na manutenção do aleitamento materno exclusivo.
13 Rocha e Costa 2015 Interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo: Experiência com as mães de criança em consulta de puericultura. A influência familiar, as questões culturais e a falta de apoio têm impactado negativamente o aleitamento exclusivo antes do sexto mês de vida. Cabe aos profissionais de saúde investir nas questões da promoção, proteção e apoio ao aleitamento, devendo ser discutidas de forma integral, individual, familiar e com todos os segmentos da sociedade.
14 Azevedo 2015 O manejo da amamentação na rede de maternidade públicas no município de Niterói: uma contribuição da enfermagem O saber dos enfermeiros sobre o manejo clínico da amamentação resulta de um conhecimento técnico assistencial baseado em atitudes de apoio à lactação envolvendo a mulher-nutriz, o recém-nascido e a família. O conhecimento técnico científico torna-se se suma importância, pois favorecem para as estratégias do aleitamento materno no manejo clínico da amamentação.
15 Santana, Brito e Santos 2013 Amamentação: conhecimento e prática de gestantes Apesar da maioria das mães apresentarem conhecimento sobre a importância do aleitamento materno, este ainda não é aplicado satisfatoriamente na prática da amamentação. Deve-se salientar a importância de ações de educação e apoio à amamentação desde o pré-natal até a fase de introdução de novos alimentos para otimização da prática do aleitamento materno.

Fonte: A Autora (2021).

Conforme Costa e Silva (2018), o Brasil é um país no qual existe atualmente ampla promoção e divulgação sobre à prática de aleitamento materno, com o principal objetivo de reduzir as taxas de morbimortalidade, mantendo o aumento da taxa de adesão ao Aleitamento Materno Exclusivo – AME até os seis primeiros meses de vida da criança. Nessa perspectiva, o Brasil dispõe atualmente de políticas públicas que oferecem ações de proteção às mães e filhos por meio de normas e leis específicas, ofertando suporte aconselhado e orientação por profissionais para mães sobre a importância desta prática.

Para que essa realidade seja superada, se faz imprescindível a promoção de ações de incentivo em todas as esferas do poder público, assim como pelos profissionais da área da saúde, organizações e grupos sociais. Nesse entendimento, uma forma de promover aumento na adesão ao aleitamento materno é por meio da assistência primária a saúde, serviço público que é disponível para a maior parte das mulheres (MENEZES, 2018).

Costa e Silva (2018) destacam ainda que a prática do AME tem a capacidade de promover o desenvolvimento sensorial bem como cognitivo do recém-nascido lactente, protegendo o indivíduo contra uma gama de doenças infecciosas bem como doenças crônicas, uma vez que o leite materno possui linfócitos e imunoglobulinas responsáveis por auxiliar no combate a infecção.

Para Boccolini et al. (2017) nas últimas três décadas o Brasil vivencia uma tendência de crescimento ao AME. Todavia, o estudo verifica tendência para estabilização na taxa de adesão ao aleitamento materno desde o ano de 2013. Além disso, o estudo identificou prevalência do AME entre crianças menores de seis meses com aumento de 34,2% se com relação ao período de 1986-2006, chegando a 37,1% no ano de 2013, o significa um ganho estatístico significativo frente a adesão ao aleitamento materno.

No estudo desenvolvido por Ferreira et al. (2018) foi identificado que a frequência da adesão ao aleitamento materno exclusivo tem maior prevalência nos primeiros meses de vida da criança. Posteriormente a esse período, a taxa de adesão decresceu 39,2% em crianças no primeiro mês de vida, 19,8% no segundo mês, 17,3% no terceiro mês, 8,6% no mês seguinte, chegando a 1,1% no sexto mês de vida da criança.

Amaral (2015) estudou a compreensão de mães sobre a importância do AME para a saúde bem como desenvolvimento de seus filhos, ao passo que o autor identificou que existe um conhecimento associado a discursos sobre prevenção de doenças, demonstrando valorização de proteção imunológica como um fator determinante na adesão ao AME pelas mães, para além de benefícios como benefícios nutricionais, formação dentária do recém-nascido e benefícios para saúde da mãe.

Como sinalizado por Menezes (2018) a adesão do aleitamento materna é intimamente relacionada a diversos fatores, com predominância de fatores sociais, culturais e econômicos, decorrendo na importância da existência, manutenção e promoção de programas bem como incentivos por órgãos governamentais relacionados a saúde pública bem como apoio de mulheres passando pelo processo de amamentação.

Andrade (2018) salienta que a interrupção do AME se dá por razões como o baixo grau de escolaridade materno, o trabalho materno, problemas mamários na mãe, falta de assistência pré-natal adequada, falta de orientação sobre a importância da amamentação e também falta de acompanhamento de profissionais da saúde antes e após o parto.

Conforme Boccolini et al. (2015) aponta como um dos possíveis fatores associados a baixa prevalência com baixo potencial de conhecimento das mães, o que foi evidenciado nesse estudo pela baixa escolaridade. Para Maranhão et al. (2015) mães com menor nível educacional apresentam maiores frequência de baixa escolaridade.

Com o objetivo de incentivar a prática do aleitamento materno, o Brasil criou a Política Nacional de Aleitamento Materno, a qual tem como principal objetivo estabelecer a promoção, a proteção e o apoio ao Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até os seis meses de idade do recém-nascido e o Aleitamento Materno Misto (AMM) até os dois primeiros anos de idade da criança (AZEVEDO et al., 2015).

Além dos benefícios para o lactente, o aleitamento materno dispõe de benefícios para a saúde da mulher, tais como: aumento do espaçamento entre as gestações, considerando que a mulher possua amenorreica e a amamentação seja conduzida por meio do princípio de livre demanda, podendo reduzir o sangramento pós-parto uma vez que ocorre contração uterina, também promovendo diminuição da possibilidade de anemia na mulher e reduzindo os índices de câncer de ovário e na mama (BRASIL, 2008).

Nesse sentido, o fortalecimento de iniciativas, políticas públicas bem como ações voltadas a promoção, proteção e amparo ao aleitamento materno se fazem de grande importância no que se refere a melhoria dos índices de aleitamento materno, assim como na diminuição do número de morbimortalidade infantil (BRASIL, 2010).

A importância do AME nos primeiros de vida da criança é imprescindível e pode garantir o crescimento bem como desenvolvimento da saúde física e emocional da criança com qualidade, prevenindo doenças infecciosas, gastrointestinais e carências nutricionais. Todavia, mesmo que a importância da AME seja reconhecida pela literatura e pelo poder público, o desmame de forma abrupta e precoce ainda é uma prática comum em diversos lares brasileiros, especialmente nas camadas sociais menores favorecidas (SANTOS et al., 2017).

Brandão et al. (2016) menciona a concepção/ideação sobre uma parcela da população que acredita que o leite materno é “fraco”, de forma que essa fraqueza estaria associada a um possível baixo potencial nutricional. Nessa concepção, o leite materno não seria suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais de recém-nascidos. Todavia, o estudo aponta que essa concepção é uma inverdade, e que na verdade as mulheres possuem, em sua maioria, leite suficiente para alimentar o recém-nascido.

Algarves et al. (2015) também relata a existência de mitos como prejudiciais à adesão ao aleitamento materno e a prolongação do AME no contexto brasileiro. De acordo com o estudo, mitos relacionados ao leite materno fraco são um dos principais motivos para interrupção do AME precocemente. Além disso, em conjunto a crença em mitos, muitas mães relatam se sentirem pouco confiantes sobre a sua capacidade de suprir as necessidades nutricionais do recém-nascido apenas com leite materno.

Silva et al. (2017) sinaliza que outras razões podem levar uma mãe a interromper precocemente o AME, tais como o surgimento de machucados na mama, fator apontado como risco para a pausa na amamentação, haja visto que algumas mães sentem muitas dores fortes no momento de alimentação do recém-nascido. Nesse sentido, os autores defendem que tal situação pode ser evitada a partir da orientação adequada sobre a pega correta do recém-nascido no momento de amamentação, de modo que os danos à saúde da mãe e às dores podem ser evitados pela utilização de práticas preventivas.

Além disso, existem fatores que contribuem para o desmame de modo precoce em determinados casos nos quais ocorre baixo peso do recém-nascido no momento de nascimento, a necessidade de mães trabalharem fora de casa para prover sustento à família e por fim as dificuldades encontradas de forma singular na experiência de mães com relação a amamentação no puerpério imediato (BAPTISTA et al., 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização desta pesquisa, verificou-se que as dificuldades enfrentadas por primigestas na adesão a amamentação possuem origem multifatorial. Os principais motivos que determinam o desmame precoce relacionam-se principalmente a concepção de que o leito materno é insuficiente nutricionalmente para o recém-nascido, fato baseado em concepções culturais e religiosas que se distanciam do conhecimento teórico.

Fatores como má interpretação do choro, inexperiência e insegurança de mães também foram identificados como potenciais fatores mencionados como dificuldades para a efetivação do aleitamento materno. Nesse sentido, o sucesso da adesão a amamentação está condicionado inicialmente ao reconhecimento da mãe sobre a importância do aleitamento materno, fato que deve ser assegurado por profissionais da área da saúde, que devem prestar acompanhamento durante o período de pós-parto.

A partir das informações identificados, pode-se perceber que o profissional da área da saúde possui significativa importância no apoio e promoção da adesão a amamentação, podendo aproximar mães e familiares do aleitamento materno por meio de práticas educativas que têm como objetivo apresentar sobre a importância do AM e seus impactos positivos na saúde da criança e da mãe. Nessa perspectiva, o fomento de programas e ações pró-adesão e pró-promoção, manutenção e aumento da prevalência do aleitamento materno devem ser uma prioridade para órgãos da saúde pública brasileira.

REFERÊNCIAS

AMARAL, L. J. X. Fatores que influenciam na interrupção do aleitamento materno exclusivo em nutrizes. Revista Gaúcha Enfermagem. v. 36, n. especial. 2015.

ALGARVES, T. R. et al. Aleitamento materno: influência de mitos e crenças no desmame precoce. Revista Saúde em foco.  v. 2, n. 1. 2015.

AZEVEDO, A. R. M. O manejo da amamentação na rede de maternidade públicas no município de Niterói: uma contribuição da enfermagem. Niterói, 2015.

BAPTISTA, G. H. ANDRADE, A. H. H. K. G. GIOLO, S. R. Fatores associados à duração do aleitamento materno em crianças de famílias de baixa renda da região sul da cidade de Curitiba, Paraná, Brasil. Cad Saúde Pública. v.  25, n. 3):596-604. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. II Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

BARBIERI, M. C. et al. Aleitamento materno: orientações recebidas no prénatal, parto e puerpério. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, 36(1), p. 17-24, 2015.

BRASIL. Saúde da Criança: Aleitamento materno e alimentação complementar. 2ª ed. Brasília, DF: MS, 2015.

BRASIL. Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças. 1ª edição, 1ª reimpressão. Brasília, DF: MS, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Política de aleitamento materno. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

BOCCOLINI, C. S. et al. Tendência de indicadores do aleitamento materno no Brasil em três décadas. Rev Saude Publica. v. 51. 2017.

BOCCOLINI, C. S. et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida no Brasil: revisão sistemática. Ver Saúde Pública. v. 49, n. 91. 2015.

BRANDÃO, Adriana de Paula Mendonça et al. Aleitamento materno: fatores que influenciam o desmame precoce. Revista Científica FacMais. v. 5, n. 1. 2016.

COSTA, L. H. P. SILVA, M. C. Importância do aleitamento materno exclusivo. Monografia. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB Faculdade de Ciências da Educação e Saúde Curso De Nutrição. Brasília, 2018.

FERREIRA, A. M. V. et al. Autoeficácia em amamentar de puérperas não primíparas em pós-parto imediato. Revista Diálogos Acadêmicos, Fortaleza, v. 4, n. 2. 2018.

MALFATTI, Carlos Ricardo Maneck.; SEIDEL, Gabrielle. Aleitamento materno e prevenção de doenças em crianças no primeiro ano de vida. Cinergis, Santa Cruz do Sul, v.7, n.1, 2006.

MENEZES, C. B. Benefícios do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB. São Francisco Do Conde. 2018.

MARANHÃO, Thatiana Araújo et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cad. Saúde Colet. v. 23, n. 5. 2015.

PORTO, F. L. et al. Atenção à Saúde da Mulher: história, aspectos legais e cuidado. Rio de Janeiro: Águia Dourada, 2011.

SANTANA, Jerusa Mota.; BRITO, Sheila Monteiro.; SANTOS, Djanilson Barbosa. Amamentação: conhecimento e prática de gestantes. O Mundo da Saúde, 2013: 259-267.

ROCHA, F. N. P. S. et al. Caracterização do conhecimento das puérperas acerca do aleitamento materno. Rev enferm UFPE on line, Recife, 12(9) p. 2386- 2392, 2018.

ROCHA, M. G. COSTA, E. S. Interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo: Experiência com as mães de criança em consulta de puericultura. Periódicos UNIFOR. v. 28. n. 4. 2015.

SILVA, D. P. et al. Aleitamento materno: causas e consequências do desmame precoce. Revista Unimontes Científica, Montes Claros, v. 19, n. 2. 2017.

SANTOS, P. V. et al. Desmame precoce em criancas atendidas na Estrategia Saude da Familia. Estratégia Saúde da Família. Rev. Eletr. Enf. v. 1, n. 1. 2018.

TEIXEIRA, M. A.; NITSCHKE, R. G.; SILVA, L. W.S. A prática da amamentação no cotidiano familiar- um contexto intergeracional: influência das mulheres-avós. Revista Temática Kairós Gerontologia, 2011: 205-221.

[1] Graduanda Em Enfermagem.

[2] Bacharel em Enfermagem – Doutoranda em Enfermagem e Biociências – UNIRIO/UFRJ e Mestre em Ciências Ambientais e Saúde PUC/GO.

Enviado: Setembro, 2021.

Aprovado: Setembro, 2021.

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