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Aplicação das Provas Piagetianas Segundo o Método Clínico: Um Estudo Experimental com Crianças de 5 a 9 anos

RC: 7994
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CONTEÚDO

SANTOS, Alan Ferreira dos [1]

SANTOS, Alan Ferreira dos. Aplicação das Provas Piagetianas Segundo o Método Clínico: Um Estudo Experimental com Crianças de 5 a 9 anos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 642-657, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo fazer aplicação das provas Piagetianas, segundo o método clínico, dentre os testes, estão: Conservação de Massa, Conservação das Quantidades e Inclusão de Classe. Os testes foram aplicados em crianças de 5 a 9 anos, tendo o intuito de explorar as capacidades cognitivias e os estágios de desenvolvimento e se estes correspondem a idade cronológica dos sujeitos pesquisados. Método: Para o desenvolvimento desse trabalho, serão apresentadas 6 crianças dentre faixa etárias diferentes, sendo que dentro do estudo de Piaget existe uma variedade de provas que podem ser utilizadas com finalidade de avaliar o processo cognitivo da criança de acordo com o estágio em que se encontra. Dessa forma, nesse trabalho utilizamos as provas de conservação das quantidades discretas que tem como objetivo avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas, conservação da massa que tem como objetivo identificar se criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -, e por fim a inclusão de classes com o objetivo de observar se a criança consegue realizar a inclusão, observando o todo e a parte. Objetivos: Chegar a conclusão sobre o comportamento da criança perante o decorrer das provas para dessa forma compreender o processo que gerou as respostas dadas pelas crianças. Conclusão: Que o desenvolvimento cognitivo se dá em determinadas condições, e que estas podem favorecer ou não o seu amadurecimento, não obstante ressalta-se o caráter do posicionamento do psicólogo diante da criança, em se restringir estritamente a sua subjetividade e as características do pesquisado, não produzindo generalizações que poderiam implicar num equívoco, pois como demonstrado, a criança oferece respostas correspondentes aos seus esquemas cognitivos e portanto estágios de desenvolvimento.

Palavras-chave: Desenvolvimento Cognitivo, Teste Clínico, Prova Piagetiana.

INTRODUÇÃO – O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

De acordo com Piaget (1986) a primeira fase do desenvolvimento é o estágio sensório motor, essa fase se configura pelo os aspectos psicomotores, evolução da percepção e da motricidade. Nesse estágio desenvolve-se a linguagem do 1° mês até 2 anos de idade. Encontramos aqui nesta fase seis subestágios, que são:

Exercício Reflexo: Sendo as primeiras atividades instintivas como sucção e preensão, com o passar do tempo vão se desenvolvendo emancipando-se desse estágio mais primitivo.

Reações Circulares Primárias: É quando o sujeito utiliza o próprio corpo como experimentação, esta ação acabando culminando em repetições.

Reações Circulares Secundárias: É quando a criança utiliza dos objetos do ambiente fazendo repetições de ações, experimentando os efeitos de causa e efeito, embora não tenha noção ainda disso, ocorre também um aumento do campo de visão (360° graus) e apreensão dos objetos ao seu redor.

Coordenação de Esquemas Secundários: Neste período é de fácil observação notar que as crianças têm um maior desenvolvimento na permanência de objeto, embora não esteja desenvolvida por completo e suas ações passam a ter intencionalidade.

Reações Circulares Terciárias: É a descoberta de novos meios, para atingir novos fins, iniciando uma fase de experimentação contínua.

Estágio de Representação e Interiorização: Desenvolve-se a permanência de objeto, o pensamento simbólico, o saber de si mesmo, a repetição de ações, o “faz de conta” e as resoluções de problemas.

A segunda fase é o pré-operacional, nesta fase a criança entra em contato com o mundo simbólico, não passando a depender simplesmente de suas sensações. Ocorre um grande aumento nas habilidades sensórias motoras, adaptando o sujeito a melhor exploração do ambiente, é esperado que ocorra entre a idade de 2 à 7 anos. O egocentrismo é primordial neste período, a criança não consegue colocar-se no lugar do outro, uns dos eventos muito decorrente nesta fase são os monólogos coletivos. Por conta desse aspecto egocêntrico gera-se uma forma de pensar o mundo: Animalista, artificialista, finalista e mágico. O juízo moral da criança é heterônomo, ou seja, as regras são estabelecidas a partir de uma hierarquia de superioridade entre adulto e criança sendo um processo de coerção, conforme o desenvolvimento ocorre, torna-se autônomo encontrando assim um sentido de equanimidade.

A terceira fase é o operatório concreto, no decorrer deste estágio o indivíduo adquire vários conhecimentos, como a capacidade de consolidar as conservações de número, ou as operações infralógicas que são referentes à conservação física: peso, volume e substância.

As operações infralógicas e lógicas aparecem neste período de desenvolvimento, sempre com base em algo concreto, pois ainda não está formada a capacidade de abstração, que acontece apenas no período operatório formal (sujeitos de 11 ou 12 anos em diante). Assim, o período operatório concreto é o penúltimo estágio para se chegar ao nível mais elevado de raciocínio: a abstração.

A construção dos números inteiros efetua-se, na criança, em estreita conexão com a das seriações e inclusões de classes. O indivíduo, neste período, compreende os números operatórios, não se tratando de apenas contá-los verbalmente, mas também de conservar os conjuntos numéricos, não levam em consideração os arranjos espaciais. Nesse período operatório concreto, a criança pensa de forma lógica e concreta, ou seja, baseando-se no que é factível.

Do ponto de vista do ego, a criança já não é mais tão egocêntrica, ou seja, não está mais tão centrada em si mesma e já consegue se colocar abstratamente no lugar do outro, havendo um aumento da empatia e da identificação para com os sentimentos e atitudes de outras pessoas. É a partir deste estágio que o sujeito se torna capaz de reconstruir no plano da representação o que já havia construído no plano da ação. Assim, a criança vai evoluindo, pois antes havia uma centralização em suas próprias ações, e agora passa para um estado de descentralização, que implica em relações objetivas com os acontecimentos, objetos e pessoas (PIAGET, 1986).

Neste estágio, o sujeito atinge o grau máximo da socialização do pensamento, havendo um interesse maior em participar de brincadeiras coletivas e com regras. Porém, o sujeito ainda é heterônomo (regras impostas), ou seja, acredita que as regras sejam provenientes de um ente superior, se colocando na condição ausente de autonomia para modificar algo com base em sua vontade, isto ocorre entre 8 e 9 anos. Nessa via o sujeito já começa a oscilar entre a heteronímia e autonomia. Em seguida com a sua inserção na fase de autonomia, o sujeito atinge a consciência moral, e a partir daí as suas atitudes e deveres são guiados com base em sua significação e necessidade. Mesmo na presença ou ausência de uma pessoa adulta o indivíduo se comporta de modo equivalente, pois já possui consciência dos fins éticos e morais (PIAGET, 1932).

No estágio das operações formais que ocorre após os 12 anos, ocorre uma modificação nas capacidades cognitivas, no que se refere as estruturas e as operações lógicas, que passam a ser quantitativas e não mais qualitativas, o raciocínio se torna independente das experiências estritamente presentes, é nesse estágio por sua vez, que se inicia a capacidade de empregar teorias e hipótese em soluções de problemas.

MÉTODO CLÍNICO PIAGETIANO

O Método Clínico de Piaget é um método de livre conversação sobre um tema dirigido pelo interrogador, este orienta o curso do interrogatório, e, é dirigido pelas respostas do sujeito. São identificadas três formas de perguntas:

Exploratórias: Tem como objetivo fazer aflorar a estrutura do sujeito.

Justificativas: Objetiva saber o ponto de vista e a legitimidade das ideias do investigado.

Contra Argumentativas: Objetiva saber sobre as respostas obtidas se são variáveis ou não, e o grau de equilíbrio entre a ação e a reação do sujeito ante uma problemática (DELVAL, 2002).

Este método exige do investigador duas qualidades (1) sendo a habilidade de observação e a precisão na coleta de dados (2) e ao mesmo tempo selecionar e a apreender as informações necessárias. No método Piagetiano, as respostas devem manifestar-se de maneira espontânea e não induzida, para que não haja equívocos com relação aos pensamentos e ações do indivíduo, por isso há de ter uma compreensão teórica dos conteúdos de avaliação e um trato coeso na maneira de lidar com a criança, havendo toda uma coerência epistêmica na condução da avaliação para que os resultados tenha o alcance objetivo da avaliação proposta. Alguns pressupostos da avaliação, é a atenção as estruturas da inteligência, o estudo dos aspectos universais das características individuais e o entendimento do processo pela qual as respostas foram geradas, é importante ressaltar que todas as respostas (certas ou erradas) são interpretadas e que não existe certo ou errado.

Para a preparação do exame é necessário o conhecimento prévio da situação problema pela qual será realizado, para ter uma organização do ambiente. As situações problemas incluem dois tipos de questões: Verificação da compreensão do sujeito a tarefa estabelecida e Questões críticas na fase do seu estágio de desenvolvimento.

Deve-se ter um roteiro como auxílio e não como um procedimento padrão, a linguagem, os gestos, as atitudes, deve ser manejadas de maneira a ser compreendida pelo examinado para que não haja uma incompreensão por parte deste. O examinador deve estar atento e acompanhar o raciocínio do sujeito, sem o, corrigir ou completar o que ele diz. O interesse principal é o processo pelo qual o sujeito chega as resposta, é de extrema importância obter justificativas para as respostas dadas, verificar a certeza com que o sujeito responde, é importante não deixar ambiguidades permanecer como tal e eliminar hipóteses alternativas quanto ao nível em que o sujeito examinado se encontra.    A avaliação das respostas se faz a partir da questão da existência de coerência entre as respostas obtidas, buscando a relação entre os elementos na resolução do problema e o raciocínio do sujeito, obtendo assim uma resposta do estágio de desenvolvimento do indivíduo (DELVAL, 2002).

APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS

Nome: Marcelo Kurama
Idade: 8
Local: A criança mora com os pais. A prova foi aplicada em sua própria casa, na cozinha, utilizamos a mesa como suporte para colocar os materiais da prova piagetiana.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: A criança demonstra noções de conservação de conjunto. Observa-se nas  respostas que utilizou o argumento de reversibilidade por reciprocidade ao dizer que “se colocarmos as fichas uma em cima da outra, teremos a mesma quantidade nas duas”. Ela também usou argumento de identidade ao dizer que as duas fileiras têm a mesma quantidade de fichas, pois nada foi acrescentado ou tirado, mas sim alterado. Resultado: A criança apresenta nesta prova uma a noção de conservação de massa. Fica evidente que a mesma utiliza o argumento de identidade para dizer que nada foi acrescentado ou retirado, e por isso as quantidades são iguais. Resultado: A criança já consegue fazer inclusão de classes, porém, vale ressaltar que na última pergunta a criança respondeu que havia mais carros do que veículos. Com isso, pode-se concluir que a criança está terminando de sair do estágio pré-operatório e quase completando sua passagem para o estágio operatório concreto, onde possui característica de inclusão de classes.


ANÁLISE TEÓRICA

As provas de conservação de quantidade e de massa foram respondidas de forma correta pela criança, refletindo a capacidade de conservação adequada. Na prova de inclusão de classes, a mesma respondeu quase tudo de forma correta, entretanto, errou ao dizer que havia mais carros do que veículos. Esta última situação demonstra que a criança ainda tem pequenos resquícios do estágio pré-operatório. Com tudo isso, é possível afirmar que a criança encontra-se em fase final de transição entre o estágio pré-operatório e o operatório-concreto, pois demonstra conservação de massa e de quantidade, como também certa habilidade com inclusão de classes (BEE, 2011).

Nome: Victor Gabriel
Idade: 5
Local: O ambiente no qual foi trabalhado era aberto, as provas foram aplicas no chão.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: Na prova não houve diferentes impressões, mas teve um dado comparativo associando uma das fichas à semelhança de uma caixa de ovos, isso nos fornece a ideia de um pensamento relacional simbólico. A criança apresenta respostas de não importunismo, e durante a prova apresenta não conservação das quantidades. Resultado: Ficou evidente a posição do sujeito examinado com relação ao seu ego estando em plano egocêntrico, por conta de suas referências feitas a tudo que estava sobre a sua posse como: maior, largo e grande. O que não é algo ruim, mas demonstra uma característica do estágio pré-operatório, a conservação de objeto neste caso estava no início de seu desenvolvimento, aderindo sempre aos objetos de sua posse como escolha, suas respostas eram oscilativas. Ao decorrer da prova, a criança forneceu respostas não – conservativas, e apresentou respostas de não- importismo. Resultado: No caso da terceira prova, a inclusão de classe é uma capacidade inicial, não foi apresentado diferenças com relação a seu estágio de desenvolvimento. Em geral os aspectos apresentados estão de acordo com o estágio em relação a sua idade. Inicialmente houve argumentação sobre do que, se tratavam os objetos, e a criança permaneceu dando respostas de não importismo, demonstrando que qualquer resposta serve. Também denotando não inclusão de classes, e denotando não possuir classificação operatória.

 

ANÁLISE TEÓRICA

De acordo com a complementação entre prática e teoria pode-se notar alguns aspectos relevantes. Na prova de conservação de massas, ficou evidente a posição do sujeito examinado com relação ao seu ego estando em plano egocêntrico por conta das referências feitas a tudo que estava sobre a sua percepção como maior, largo e grande, demonstrando traços do estágio pré-operatório. A conservação de objeto é algo inicial, suas respostas foram oscilativas, aderindo sempre aos objetos que estavam sobre sua posse.

Já na prova das quantidades discretas, não houve diferentes impressões, mas teve um dado comparativo de relação de umas das fichas à semelhança de uma caixa de ovos, isso nos fornece a ideia de um pensamento relacional simbólico.

No caso da terceira prova, a inclusão de classe é uma capacidade inicial, não foi apresentado diferenças com relação a seu estágio de desenvolvimento. Em geral os aspectos apresentados estão de acordo com o estágio em relação à idade.

De acordo com a teoria e a aplicação das provas, pode-se dizer que a criança encontra-se em estádio pré-operatório, pois a mesma não possui ainda capacidade de conservação, e inclusão de classes. Ficando evidente também as respostas de não , que seriam respostas para livrar-se das questões sem nenhum esforço.

Nome: Kaleb Teixeira
Idade: 8
Local: O espaço no qual foi aplicado a prova era aberto, na casa da própria investigada.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: A criança está na fase da construção de noções de conservação, onde funda seus argumentos na configuração perceptiva para negar a igualdade dos objetos. Onde sua conduta torna-se intermediaria entre a não conservação e conservação, assim observado em algumas hesitações de respostas em alguns momentos. No primeiro momento o mesmo conta as quantidades, e nisso baseia sua resposta. Foi feito contra-argumentações, para verificar a resposta da criança, que ainda assim permanecia intermediária.

 

Resultado: A criança está em fase de transição do nível pré-operatório para o operatório concreto, exemplo de quando ocorre a transformação de um objeto massa de modelar para o formato de uma cobrinha, onde a criança parece só raciocinar sobre estados ou configurações, observando somente os resultados, desprezando as transformações. Nessa prova a criança apresentou argumentos de reversibilidade por reciprocidade, onde aponta os motivos de uma massa ter mais quantidade que outra, como por exemplo, “ter mais massa por ser mais cumprida, ter mais massa por ter várias bolinhas menores”.

 

Resultado: Apresentou acerto da quantificação inclusiva onde todas as perguntas foram respondidas corretamente, apresentando uma classificação operatória e sem apresentar nenhuma hesitação da criança quando perguntada se o que tinha sobre a mesa eram mais frutas ou mais morangos e bananas, respondeu corretamente que havia mais frutas. Compreendendo as relações entre um conjunto de objetos e entre vários subconjuntos.

ANÁLISE TEÓRICA

A criança se apresenta em um processo de transição entre o estágio pré-operatório e operacional concreto, onde em alguns momentos a criança parece estar em um estádio e em outras situações em outro estágio. Onde podemos observar nas provas de conservação discretas e conservação de massa que a criança está passando por essa transformação, em alguns momentos hesitava em suas respostas, onde acontecia a incapacidade de centralização, em que a criança parece estar no estagio pré-operatório, centrando sua atenção em um aspecto mais saliente do objeto do que em outros aspectos e não em sua fase de transformação.

Podemos observar essa transição, pois em alguns aspectos fora apresentado um início de estruturações mentais que lhe permitiria realizar operações cognitivas que são visíveis no estágio das operações concretas, como observados na prova de inclusão de classe onde a criança compreendeu a natureza de uma classe lógica sendo capaz de identificar todas as características. Onde Piaget (2012) dirá que o estádio das operações concretas constitui-se, numa fase de transição entre a ação e as estruturas lógicas mais gerais que implicam uma combinatória.

Nome: Victor Alexandre
Idade: 9
Local: Numa praça de bairro ao lado de um parquinho.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: Nessa prova a criança apresenta estar em transição no que diz respeito a conservação e não conservação, e apresentou argumentos de reversibilidade por reciprocidade. Resultado: Nessa prova a criança também denota estar em transição, em que não consegue reconhecer a quantidade de massa. Também me apresenta argumentos de reversibilidade simples, quando a massinha volta ao estado original a mesma diz que volta a ser igual. Resultado: A criança possui noção de inclusão, possuindo classificação operatória. E a mesma me forneceu argumentos de reversibilidade por reciprocidade, informado que “tem mais automóveis porque ambos são automóveis”.

ANÁLISE TEÓRICA

A partir da aplicação das provas Piagetianas, pudemos perceber que a criança encontra-se em estágio de transição de raciocínio para operatório-concreto. Ao longo deste período o pré-adolescente consegue adquirir várias habilidades. Uma delas é a perda progressiva do egocentrismo inicial que vai sendo substituído por um cooperativismo. De maneira semelhante, no domínio lógico-matemático há um avanço quanto ao entendimento da reversibilidade, que é a compreensão de que uma operação pode voltar ao seu estado anterior. Há também um domínio de operações como classes, relações e número, entre outras. E embora haja significativos progressos em vários aspectos, as ações neste estágio se pautam ainda no concreto; a capacidade de fazer abstrações, por exemplo, é um ganho cognitivo que somente será obtido no estágio seguinte (PIAGET, 1986).

Nome: Pâmela Elena.
Idade: 6
Local: Praça de bairro ao lado do parquinho, sentamos num banquinho de vista para avenida.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: A criança forneceu argumentos de reversibilidade por reciprocidade quando explica os motivos que a fez perceber a quantidade das fichas. Em alguns momentos a criança foi conservativa, no que diz respeito ter contado as fichas para concluir sua resposta, mas de uma forma geral, observada ao longo da prova a criança permanece não conservativa, pois à medida que as fichas eram modificadas quanto sua estrutura as respostas da criança também mudavam, o que demonstra que a criança está em estado de transição. Resultado: Pode-se perceber que não tinha uma definição de respostas concretas, e todas as vezes que respondia demorava muito, e as vezes ficava sem ação ou contando em voz baixa. De acordo com a aplicação da prova pode-se notar que a criança não tem conservação de massas. A criança forneceu argumentos de reversibilidade por reciprocidade.

 

Resultado: Na análise da terceira prova a criança não conseguiu identificar a inclusão de classe, demonstrando ser não conservativa.

ANÁLISE TEÓRICA

Pôde-se observar certa inquietação por parte da criança em que hora colocava a mão na boca, demorava um tempo para responder, demonstrava estar com a atenção voltada para outro local que não a prova. Entretanto, de acordo com suas respostas vê se que a criança ainda não possui noção conservativa ou de inclusão de classes, que são aspectos presentes no estádio pré-operatório.

Nome: Paulo João
Idade: 5
Local: O teste foi aplicado na casa da criança, no quarto, ela sentada na minha frente e ambos sentados no chão.

1º Conservação das Quantidades Discretas 2° Conservação de Massa 3° Inclusão de Classe
Objetivo da Prova: Avaliar a percepção da criança frente aos objetos de diferentes cores posicionadas em linhas paralelas. Deste modo poderemos observar a noção de quantidade na visão da criança. Objetivo da Prova: Se a criança consegue perceber a constância de massa – adição e remoção -. Objetivo da Prova: Observar se a criança consegue realizar inclusão de classes, observando o todo e a parte.
Material: 20 fichas de papel EVA cortadas em forma de círculo, sendo 10 fichas amarelas e 10 fichas azuis. Material: Duas massas de modelar, sendo de cores diferentes. Material: Foram colocados dois grupos de brinquedos na frente da criança, simbolizando a categoria “veículos”. Havia 5 motos e 6 carrinhos.
Resultado: Nessa prova a criança apresenta argumentos por reversibilidade por reciprocidade, a criança não apresenta conservação, pois ela sempre entra em contradição, só pelo fato de mudar as fichas de posição ela achou que poderia haver mais ou menos, sendo que contêm a mesma quantidade. Resultado: A criança apresentou argumentos de reversibilidade por reciprocidade, em que ele apresenta o motivo das diferenças, como por exemplo, quando explica que “onde tinha cinco pedaços de massa teria mais massa, por ser mais quantidade”. Podemos ver que inicialmente a criança tem conservação de massa, pois sua resposta foi conservativa, entretanto à medida que a massa era mudada de formato sua resposta também mudava, ele não tinha conservação.

 

 

Resultado: Como foram utilizados brinquedos conhecidos ele acabou falando corretamente o que era cada coisa, mas ao perguntar se ele tinha brinquedos em vez de carros e motos ele não soube responder, pois, não sabia que brinquedos era o conjunto de tudo aquilo que ele tinha. Nessa prova a criança não conseguiu fazer a inclusão, e seus argumentos foi de que havia mais carros e não brinquedos. Não possuindo classificação operatória.

ANÁLISE TEÓRICA

De acordo com as respostas dadas pela criança durante a aplicação do teste pode ser observado que ela se encontra segundo Jean Piaget no estágio pré-operacional que vai dos 2 aos 7 anos de idade, este período se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa, varias questões respondidas por ele mostra claramente o egocentrismo, como por exemplo, onde ele fala que as fichas dele tinham mais porque era mais bonita. Ou quando ele fala que a massinha dele é a que tem mais, ou seja, o que vale mais é ‘a minha’, aquilo que ele possui é mais importante do que qualquer outra coisa.

CONCLUSÕES FINAIS

Com base nas aplicações feitas pode-se observar que há variações entre as idades e os seus estágios. Uma criança de 8 anos normalmente já consegue compreender o princípio de inclusão de classe (BEE, 2011) porém, uma das crianças apresentou um domínio ainda incompleto deste conceito. Tais discrepâncias são normais, visto que cada criança tem o seu tempo de desenvolvimento cognitivo diferente uma da outra. Essa diferença na velocidade de passar de um estágio para o outro se da pela quantidade de exposição aos estímulos ambientais. Se uma criança brinca bastante ela pode ir criando esquemas cada vez mais complexos, e o auge disso é a passagem de um estágio para o outro. Vale ressaltar, que mesmo se a criança for exposta aos estímulos mais variados, ela só poderá avançar de um estágio para o outro quando a maturação do seu cérebro permitir (BEE, 2011).

As outras crianças apresentaram respostas características exclusivas de suas idades. Algumas crianças mais jovens, ainda no estágio pré-operatório apresentaram não-conservação de massa e não apresentam domínio do conceito de inclusão de classes. Já outras, no estágio operatório-concreto demonstraram domínio das três provas, o que é normal para sua idade/estágio (BEE, 2011).

É importante que o psicólogo tenha conhecimento das características de cada estágio de desenvolvimento cognitivo da criança, pois em cada idade diante de situações-problema específicas, a criança resolverá esses problemas de acordo com os esquemas que ela possui no momento. Por exemplo, quando a criança disser que a massinha comprida é maior do que a massinha em formato de bola, não poderemos, em hipótese alguma, considerar a resposta da criança como uma resposta errada, afinal, ela deu a resposta de acordo com o esquema que ela possui.

REFERÊNCIAS

BEE. H. ;BOYD, D. A Criança em Crescimento,  1ª edição. Porto Alegre: Editora Artmed S.A., 2011.

DELVAL, Juan. Introdução à Prática do Método Clínico: Descobrindo o Pensamento das Crianças. Porto Alegre : Artmed, 2002.

PIAGET, Jean et al. O possível e o necessário: evolução dos necessários na criança. Porto Alegre: Artmed, v. 2, 1986.

PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’ Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva; 25ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

PIAGET, Jean. The moral development of the child. Kegan Paul, London, 1932.

[1] Graduando curso de Psicologia – Universidade Paulista (Unip).

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Alan Ferreira dos Santos

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