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Análise Físico-Químico e Biológico da Água no Estuário do Rio Cocó – Ceará/BR

RC: 14865
273
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-ambiental/fisico-quimico

CONTEÚDO

PONCE, Francisco de Assis Martins [1], FERNANDES, Denise [2]

PONCE, Francisco de Assis Martins; FERNANDES, Denise. Análise Físico-Químico e Biológico da Água no Estuário do Rio Cocó – Ceará/BR. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 04, Vol. 03, pp. 71-85, Abril 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

As atividades industriais e o acelerado crescimento urbano, tem causado danos significativos à qualidade ambiental dos rios. O presente artigo tem como importância, ressaltar o estudo da qualidade da água no estuário do rio Cocó, localizado no município de Fortaleza, onde foram feitas análises da água no estuário do rio Cocó, dentro da Área de Preservação Ambiental, a APA da Sabiaguaba, chamado de Parque Natural das Dunas de Sabiaguaba, criada dia 12 de fevereiro de 2006 pela prefeita Luizianne Lins. Foram feitas análises de pH, Oxigênio Dissolvido, Temperatura, Turbidez, Condutividade elétrica, Clorofila “a”, Nitrito, Nitrato, Fosfato, E. Coli e Coliformes Totais, com objetivo de discutir a qualidade da água através dos índices de qualidade da água com base na resolução do 357 do CONAMA de 2005. Constatou-se que a água analisada foi classificada como água salobra classe 2, o objetivo do artigo foi de constatar sobre a aspectos físico-químicos e biológicos atuais do estuário da foz do rio Cocó, próximo a Sabiaguaba.

Palavras-chave: Qualidade da água, Rio Cocó, parâmetros.

INTRODUÇÃO

Aproximadamente 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. No entanto, menos de 3% deste volume é de água doce, cuja maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves das montanhas), restando uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas. De certa forma está havendo um grande desperdício desse recurso natural, além de seu uso ser destinado principalmente para as atividades econômicas. A poluição hídrica é outro fator agravante, os rios são poluídos por esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos hospitalares, agrotóxicos, entre outros elementos que alteram as propriedades físico-químicas da água (Cerqueira, 2015). A água é fundamental para a manutenção da vida no planeta. Sem ela, as mais diversas formas de manifestação de vida, tais como nós as conhecemos, fatalmente não existiriam. Na natureza, a água é responsável pela manutenção da umidade do ar e contribui significativamente para a estabilidade do clima no planeta, além de ser protagonista das mais belas paisagens. Á água é utilizada pelo homem em suas atividades com diversas finalidades, que vão desde a água para beber até a água empregada na diluição e transporte de despejos. Essas atividades, se por um lado, demandam qualidades e quantidades distintas para a água, por outro lado, como pôde ser notado no âmbito da micro-bacia urbana, alguns usos da água alteram a qualidade e quantidade das fontes de água existentes (HELLER,1997).

Palavras-chave: Qualidade da água, Rio Cocó, parâmetros.

METODOLOGIA

Para a coleta foram utilizadas garrafas plásticas, nove de 500,00 mL, sendo três destas envolvidas em papel de alumínio para análise de clorofila “a” e outros três recipientes também de plástico estéril 300,00 mL, para análise microbiológica.

As amostras foram coletadas em: superfície, meio e fundo, sendo que, para cada profundidade, foram coletadas três amostras de água com 500 mL, em uma garrafa plástica. Após as coletas, nos recipientes de armazenamento da clorofila “a” foram acrescentados 1,0 mL de carbonato de magnésio. As garrafas foram armazenadas na geladeira do laboratório de Tecnologia Ambiental, localizado no bloco J na sala 9 da Universidade de Fortaleza.

Determinação do potencial hidrogeniônico (pH): utilização de pHmetro de bancada, de marca e modelo Quimis Q400m2, calibrado nos padrões de pH 4, pH 7 e pH 10.

Teste bacteriológico da água: utilização do Método Colilert®, com adição do substrato cromogênico®, incubadação em estufa bacteriológica de marca Quimis e modelo Q316M2 a 35 ºC por 24 horas, para determinação de coliformes totais, sendo posteriormente utilizada a luz ultravioleta (365 nm) para a identificação de E. coli

No teste de turbidez, foi feito com a utilização de turbidímetro de marca Tecnopon para medir os valores de turbidez.

Na determinação da salinidade, foi pelo Método de Mohr e aplicação dos resultados na equação de Knudsen.

Temperatura da água foi feita a utilização de termômetro com coluna de mercúrio, o qual foi colocado em um Becker com água recém coletada até a estabilização da coluna de mercúrio.

Para nitritos, foi utilizada a Reação Griess, com leitura em cubeta de 10 cm de trajeto óptico, e medida a absorbância em comprimento de onda de 543 nm no espectrofotômetro UV-VIS, de marca Femto e modelo 800XI.

Para nitratos, foi utilizado a técnica da calibração 2,5, 5,0, 10,0, 20,0 e 25,0 μM, segundo método descrito por Aminot e Chaussepied (1983).

Na análise de Fosfato-orto dissolvido em água, foi utilizado o método descrito por Aminot e Chaussepied (1983). Medindo a absorbância no espectrofotômetro UV-VIS ISSN 180884497 com comprimento de onda 885 nm.

Este artigo trata de um estudo ambiental, feito para analisar os padrões físico-químicos do rio Cocó próximo a Sabiaguaba (Figura 1), localizada na cidade de Fortaleza – Ceará, as amostras foram coletadas no dia 29 de agosto de 2015 e após serem feitas as análises, foram comparados os resultados obtidos com os padrões de balneabilidade estabelecidos na Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005.

Figura 1: Lagoa da Sabiaguaba. Fonte: Arquivo pessoal, 2015.
Figura 1: Lagoa da Sabiaguaba. Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

A zona costeira de Fortaleza, capital do Ceará, situada na região Nordeste do Brasil, possui extensão de 45km de litoral da foz do Rio Ceará – divisa com o município de Caucaia – até a foz do Rio Pacoti – divisa com o município de Aquiraz. Este é um ambiente altamente instável, frágil e vulnerável, e seus diversos ecossistemas (como lagoas, dunas, estuários e manguezais) estão sofrendo sérias modificações não só por conta de fenômenos naturais, mas, principalmente, antrópicos. Um dos principais impactos que agridem de forma significativa o ambiente já naturalmente fragilizado é o lixo, devido à sua difícil organização, o que faz com que ele fique disperso em áreas sem tratamento adequado (Mendonça, 1993). Assim, a população de Sabiaguaba despeja seu lixo (composto prioritariamente de resíduos sólidos domésticos, resquícios de material de construção e resíduos provenientes das barracas de praia) em áreas abertas, nas proximidades dos campos de dunas, cursos d’água e na faixa de praia (Figura 2).

Figura 2: Lagoa da Sabiaguaba no ponto da coleta de água. Fonte: Arquivo pessoal, 2015.
Figura 2: Lagoa da Sabiaguaba no ponto da coleta de água. Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

A região da foz do rio Cocó, tem como característica geológica, segundo o Mapa Geológico do Ceará (2003) da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), os depósitos aluviais (localmente coluviais), que são argilas, areias argilosas, quartzosas e quartzofeldspáticas, conglomeráticas ou não, cascalhos e argilas orgânicas / fluvial, em parte com influência marinha.

A área de coleta pode ser visualizada na figura 3, onde o ponto da coleta foi circulado de cor vermelha, as coordenadas da localização geográfica do ponto de coleta, foram: UTM 24M: 562389 E, 9581946 N.

Figura 3: Localização da área da coleta.Fonte: Google Earth 2015.
Figura 3: Localização da área da coleta.Fonte: Google Earth 2015.

DESENVOLVIMENTO

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) N° 357/2005, mostra diretrizes para a classificação da água em corpos naturais. Com base nessa resolução, foi elaborado a tabela abaixo (tabela 2), classificando e separando as diferentes classes da água segundo essa resolução, com base em parâmetros físico-químicos e biológicos.

Tabela 2: Valores máximos dos parâmetros estabelecidos para cada classe de água Conama (2005). Fonte: Resolução CONAMA Nº 357/2005
Tabela 1: Valores máximos dos parâmetros estabelecidos para cada classe de água Conama (2005). Fonte: Resolução CONAMA Nº 357/2005

Na tabela 3, temos os resultados encontrados dos parâmetros físico-químicos e biológicos do estuário do rio Cocó, próximo a Sabiaguaba.

Tabela 2 – Parâmetros físico-químicos encontrados na foz do estuário do rio Cocó

Parâmetro Físico Valor
Cor Marrom Escuro, turvo.
Temperatura               26,30 ºC
Condutividade Elétrica 48,8 µS/cm
Turbidez 5,13 NTU
Salinidade 16 ‰
Parâmetro Químico Valor
pH 8
Oxigênio Dissolvido 4,87 mg/L
Nitrito 0,1 mg/L
Nitrato 0,25 mg/L
Fosfato 0,03 mg/L
Parâmetro Biológico Valor
Coliformes Totais 344.1 NMP/100 mL
E. coli. 7.1 NMP/100 mL
Clorofila “a” 18,3 μg/L

Fonte: Elaborado pelos autores, 2015.

Comparando as tabelas, entende-se que a água analisada do rio estuário do rio Cocó, e com base na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) N° 357/2005, se enquadra em águas salobras de classe 2.

  • Parâmetros Físicos:

Condutividade Elétrica – A água pura é um meio isolante, porém sua capacidade de solvência das substâncias, principalmente de sais, faz com que as águas naturais tenham, em geral, alto poder de condutividade elétrica. Esta conduti­vidade depende do tipo de mineral dissolvido bem como da sua concentração. O aumento da temperatura também eleva a condutividade (FERNANDES, C. 2005). Segundo Da Silva et al. (2002), um valor de condutividade de até 300μS/cm é considerado baixo nível de salinidade. A condutividade depende dos seguintes fatores: presença, concentração total, mobilidade e valência de íons; e temperatura de mensuração. O resultado da condutividade elétrica foi 48,8 μS/cm, sendo considerado elevado, porém, dentro dos padrões comparativos e adequado à água de estuário. A salinidade também influencia na capacidade da água em dissolver oxigênio, pois seu aumento diminui a solubilidade do O2 na água. A condutividade elétrica obteve resultado de 48,8 µS/cm. O gráfico 1 abaixo, mostra a condutividade elétrica máxima permitida pela resolução nº 357 do CONAMA, e a condutividade elétrica obtida na análise da coleta.

Gráfico 1: Condutividade elétrica máxima permitida e a encontrada. Fonte: Elaborado pelos autores.
Gráfico 1: Condutividade elétrica máxima permitida e a encontrada. Fonte: Elaborado pelos autores.

Salinidade – Os corpos de água foram classificados nas seguintes categorias, segundo a a resolução do CONAMA nº 357: classe de água doce (salinidade <0,5 ‰), classe de águas salinas (salinidade superior a 30 ‰) e águas salobras (salinidade entre 0,5 e 30 ‰). A salinidade na amostra da água, foi de 16‰, mostrando que a água é salobra, devido a sua localização com o estuário do rio Cocó, aonde há a entrada e saída constante de água doce e salgada, devido as marés. O gráfico 2 abaixo, mostra a salinidade encontrada em relação a salinidade máxima para classificação em água salobra segundo a resolução CONAMA nº 357/2005.

 

Gráfico 2: Salinidade Máxima permitida pelo CONAMA nº 357 para classe 2 águas salobras versus Salinidade encontrada na amostra. Fonte: Elaborado pelos autores.
Gráfico 2: Salinidade Máxima permitida pelo CONAMA nº 357 para classe 2 águas salobras versus Salinidade encontrada na amostra. Fonte: Elaborado pelos autores.

Temperatura – A temperatura da água no momento da coleta, foi de 26,30 ºC nas profundidades superfície e meio, na superfície, a temperatura da água foi de 29,29ºC. De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA, 2015), os organismos aquáticos são afetados por temperaturas fora de seus limites de tolerância térmica, que varia de espécie para espécie.

Turbidez – Turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo uma aparência turva a mesma. A forma do constituinte responsável são os sólidos em suspensão, que podem ser oriundos de fontes naturais como partículas de rochas, silte e argila, ou de origem antropogênica, como despejos domésticos e industriais (VON SPERLING, 2005). A cor e turbidez da água e efluentes são parâmetros físicos que influenciam na aceitação por parte da população consumidora, sendo que a remoção ou amenização de ambos é de grande necessidade, ainda que não sejam padrões citados no atual padrão de potabilidade da água (Libânio, 2008). Os valores encontrados em profundidades variadas foram em unidades nefelométricas de turbidez (NTU): fundo 7,83 NTU; meio: 5,31 NTU; superfície 3,21 NTU, e indicam uma turbidez bem baixa, com poucos sólidos em suspensão e estando dentro dos padrões da Resolução 357/2005 do CONAMA.

  • Parâmetros Químicos:

pH – As moléculas de água quando se ionizam dividem-se em íons H+ e OH. Define-se então pH como o colo­garitmo decimal da concentração efetiva ou atividade dos íons hidrogênio (pH = – log aH+ ). O desequilí­brio entre a quantidade desses íons no interior da massa d’água fará com que esta tenha um pH superior a 7,0 (mais hidroxilas) ou inferior (mais cátions H+). A relação dióxido de carbono-bicarbonatos presentes nas águas naturais é o principal fator de definição do nível do pH, pois o dióxido dissolvido transforma-se em ácido carbônico (FERNANDES, C. 2005). O potencial hidrogeniônico (pH) encontrado na amostra é na profundidade da superfície foi de 7,97, pH da amostra na profundidade do meio foi de 8, pH da amostra na profundidade do fundo foi de 7,99. Segundo a resolução do CONAMA (357), o pH da água salobra de classe 2, varia de 6,5 a 8,5. Os resultados obtidos mostram uma variação de 7,97 a 8 no pH, por conseguinte indicando alcalinidade da água, provavelmente resultante da degradação de matéria orgânica proveniente de esgotos, ou do decaimento de matéria vegetal na água. O gráfico 3 mostra a variação de pH em relação ao grau de profundidade.

Gráfico 3: Variação de pH em relação ao grau de profundidade. Fonte: Elaborado pelos autores.
Gráfico 3: Variação de pH em relação ao grau de profundidade. Fonte: Elaborado pelos autores.

Oxigênio Dissolvido (OD) – A concentração de oxigênio dissolvido na amostra foi de 4,87 mg/LO2 na profundidade do meio, na superfície foi de 4,93 mg/LO2, e na profundidade do fundo, foi de 4,90 mg/LO2. Segundo a resolução CONAMA (357) para águas salobras classe 2, o OD não pode ser inferior à 4 mg/LO2. O oxigênio dissolvido é de essencial importância para os organismos aeróbios (que vivem na presença de oxigênio). Durante o processo de estabilização da matéria orgânica, as bactérias fazem uso de oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo a vir causar a redução da sua concentração no meio. A origem do oxigênio dissolvido pode ser de origem natural (produção pelos organismos fotossintéticos, dissolução do oxigênio atmosférico) ou de origem antropogênica (aeração artificial, produção pelos organismos fotossintéticos em corpos de água com eutrofizações) (von Sperling, 2005). O gráfico 4, mostra abaixo, a relação de profundidade, com a quantidade de Oxigênio Dissolvido, versus a Turbidez.

Gráfico 4: Variação de Turbidez e Oxigênio Dissolvido em relação a profundidade. Fonte: Elaborado pelos autores.
Gráfico 4: Variação de Turbidez e Oxigênio Dissolvido em relação a profundidade. Fonte: Elaborado pelos autores.

Fosfato (ortofosfato dissolvido) – O fósforo assim como o nitrogênio, é um nutriente essencial para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela biodegradabilidade da matéria orgânica e também para o crescimento de algas, o que pode favorecer o aparecimento da eutrofização nos mananciais. Normalmente sua presença nos mananci­ais tem origem em despejos domésticos e em certos despejos industriais, embora também possa surgir da dissolução de compostos do solo. O fósforo presente nos esgotos domésticos (5 a 20mg/L) tem procedência, principalmente, da urina dos contribuintes e do emprego de detergentes usualmente utilizados nas tarefas de limpeza. Este fósforo apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato, poli ou pirofosfatos e fósforo orgânico. Cerca de 80% do total é de fósforo inorgânico, 5 a 15mg/L (poli + orto), enquanto que o orgânico varia de 1 a 5mg/L (Fernandes, C. 2005). Valor encontrado na superfície: 0,03 mg/L, profundidade meio: 0,03 mg/L, e na profundidade do fundo: 0,06 mg/L, isso mostra que, a quantidade de fosfato está relacionada diretamente com a profundidade, e está nos níveis aceitáveis de fosfato segundo CONAMA 357/2005, que a resolução diz o valor máximo de 0,093 mg/L. conclui-se também em relação a esse parâmetro, que as prováveis fontes antrópicas de poluição são pouco significativas.

Nitritos – O nitrito (NO2) e o íon amônio (NH4+) são as principais formas de nitrogênio dentro do ecossistema aquático, pois representam as principais fontes de nitrogênio para os produtores primários. Somente quando a concentração das formas inorgânicas de N atinge valores muito baixos ou é esgotada, é que as formas orgânicas são aproveitadas pelos organismos aquáticos. (Esteves, 2008). O nitrito encontrado foi de 0,01 mg/L, e está em conformidade a classe 2 de águas salobras da resolução do CONAMA 357/2005, onde a resolução mostra o valor máximo para a classe 2 de 0,20 mg/L. Observa que existe pouca quantidade de nitrito na amostra.

Nitratos – O nitrogênio pode ser encontrado de várias formas e estados de oxidação no meio aquático: molecular (N2), orgânico, amônia (NH4), nitrito (NO2) e nitrato (NO3). Elemento indispensável ao desenvolvimento das algas, concentrações elevadas de nitrogênio principalmente em águas paradas ou de deslocamento laminar, podem levar ao crescimento excessivo desses organismos, no processo chamado de eutrofização. O excesso de amônia provoca mortandade dos peixes e o processo de oxidação desse composto em nitrito e em seguida em nitrato consome oxigênio livre, afetando assim a vida aquática do manancial. (Fernandes, 2005). Quantidade de nitratos na superfície: 0,20 mg/L, na profundidade do meio: 0,25 mg/L, profundidade no fundo: 0,27 mg/L. Os padrões são aceitos para água salobra classe 2 segundo a resolução CONAMA 357/2005, que diz o valor máxima de nitratos é de 0,70 mg/L. Os valores obtidos na amostra, mostram que com a medida que vai se aprofundando na lâmina d’água, a quantidade de nitratos vai aumentar pela dificuldade da passagem de luz na água, e em condições de temperatura, e os processos de conversão de nitrogênio, tem como consequência o consumo de oxigênio na água, portanto, quanto maior profundidade, maior quantidade de nitratos e consequentemente menor oxigênio dissolvido.

  • Parâmetros Biológicos:

Clorofia “a” – A clorofila “a”, a mais abundante e a mais importante dessa família, corresponde a aproximadamente 75% dos pigmentos verdes encontrados nos vegetais (Gross, 1991). A quantidade de clorofila “a” analisada na amostra foi de 18,3 μg/L. Clorofila “a” representa biomassa filoplanctônica, que indica um crescimento de algas devidos a nutrientes presentes na água, como Nitrogênio e Fósforo. Segundo Piasentin et al. (2009), o índice de qualidade das águas para clorofila “a” refletem principalmente a contaminação dos corpos hídricos, causada pelo lançamento de esgotos domésticos.

Passavante (2003), após trabalhos com biomassa e produção primária, classificou os estuários em: oligotrófico ou de baixa produção fitoplanctônica, com teores de clorofila “a” entre 0 e 5mg/L; mesotrófico ou de média produção fitoplanctônica, com teores de clorofila “a” entre 5 e 10mg/L; eutrófico ou de alta produção fitoplanctônica, com teores de clorofila “a” entre 10 e 20mg/L; e hipereutrófico ou de altíssima produção fitoplanctônica, com teores de clorofila “a” superior a 20mg/L. O estuário do presente artigo, é classificado como oligotrófico.

Coliformes Totais – Constitui-se de um grande grupo de bactérias que têm sido isoladas de amostras de águas e solos poluídos e não poluídos, bem de fezes de seres humanos e outros tipos de animais de sangue quente. A quantidade de coliformes totais presentes na amostra coletada é dada pela contagem de Número Mais Provável (NMP) de 344,1 NMP/100 mL. Segundo a resolução CONAMA nº 357/2005, é aceitável para água classe 2, pois não deverá ser excedido um limite de 1.000 NMP/100mL, indicando condições para balneabilidade. Os coliformes totais, podem ser entendidos como coliformes “ambientais”, dada sua possível incidência em águas e solos não contaminados, representando, portanto, outros organismos de vida livre, e não intestinal. Nestas condições, os coliformes totais podem ser usados como indicadores da eficiência do tratamento de água (WHO, 1993).

Escherichia coli – É a principal bactéria do grupo coliformes fecais, sendo abundante nas fezes humanas e de animais. É encontrada em esgotos, efluentes tratados e em águas naturais sujeitas a contaminação recente por seres humanos, atividades agropecuárias, animais selvagens e pássaros (Who, 1993). Diferentemente dos coliformes totais e fecais, a E. coli é a única que dá garantia de contaminação exclusivamente fecal, entretanto, não dá garantias que a contaminação seja oriunda exclusivamente de seres humanos. A quantidade encontrada de E. coli na amostra é de 7.1 NMP/100 mL. O gráfico 5 abaixo, mostra a relação da quantidade de Coliformes Totais pela quantidade de Escherichia coli na amostra.

Gráfico 5: Coliformes Totais e Escherichia coli (em NMP/100 mL). Fonte: Elaborado pelos autores.
Gráfico 5: Coliformes Totais e Escherichia coli (em NMP/100 mL). Fonte: Elaborado pelos autores.

CONCLUSÃO

A Praia da Sabiaguaba é um ambiente altamente instável, frágil e vulnerável, e seus diversos ecossistemas (como lagoas, dunas, estuários e manguezais) estão sofrendo sérias modificações não só por conta de fenômenos naturais, mas, principalmente, antrópicos. Foram constatados alguns problemas como o acúmulo de lixo, que foi bastante observado por todos, onde deveria ser um ambiente para a diversão acabando sendo um deposito de lixo, uma realidade que não deveria existir. Outro ponto que chamou bastante atenção foram as barracas localizadas em frente ao ponto de coleta, aonde as mesmas, não continham nem banheiro, eram apenas um espaço redondo coberto de galhos de arvore. Poderia haver mais conscientização por parte do poder público, como por exemplo, fazendo campanhas para uma praia mais limpa, para de que alguma forma possa ter o incentivo da população em ajudar.

Os resultados de todas as análises foram comparados com a Resolução CONAMA nº 357/2005 e a Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, e que a água é de classe 2 segundo a resolução CONAMA acima citada, e está imprópria para o consumo humano, todavia é aceita para balneabilidade. Consequentemente, o monitoramento ambiental é de extrema importância para todos os corpos hídricos, sendo necessário um cuidado adequado, para o controle do acúmulo de materiais impactantes ao meio.

REFERÊNCIAS

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CERQUEIRA, Wagner de. Água 2012. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/agua.htm>. Acesso em: 13 de Ago 2015.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 357/2005. (IMPRESSO). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>, acesso em 05 de Nov 2015.

DA SILVA, F. J. A. et al. Cenário da gestão da qualidade da água de reservatórios na região metropolitana de Fortaleza, Nordeste do Brasil. In: SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 10., 2002, Braga. Anais… Braga: APRH/ABES, 2002. 1 CD-ROM.

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GROSS, J. Pigments in vegetables, chlorophylls and carotenoids. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. 351p.

HELLER, L. Saneamento e saúde. Brasília: Organização Panamericana da Saúde, 1997, 97p.

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MENDONÇA, Francisco. Geografia e Meio Ambiente. São Paulo: Contexto, 1993. (Coleção Caminhos da Geografia), Acesso em: 15 de Ago 2015.

PASSAVANTE, José Zanon de Oliveira. Produção fitoplanctônica do estuário do rio Capibaribe (Recife, Pernambuco, Brasil). In: Congresso Nordestino de Ecologia, 10, 2003, Recife. Anais… 2003. v. CD

PIASENTIN, A. M.; Semensatto Júnior, D. L.; Saad, A. R.; Monteiro Júnior, A. J.; Raczka, M. F. Índice de qualidade da água (IQA) do reservatório Tanque Grande, Guarulhos (SP): Análise sazonal dos efeitos do uso e ocupação do solo. Geociências, 2009, v.28, p.305-312.

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WHO (World Health Organization). Guilde for drinking-water quality. Vol. 1. Recommendations. WHO, Geneva, 1993. 2 ed. 188p.

[1] Bacharelado em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

[2] Graduação em Geologia (1984) pela Universidade de Fortaleza -UNIFOR; Graduação em Química (2002) pela Universidade Estadual do Ceará – UECE; Mestrado em Geologia (2004) pela Universidade Federal do Ceará – UFC e doutorado (2015) em Geologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC.

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Francisco de Assis Martins Ponce

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