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O perfil do professor na modalidade Educação à Distância

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOUSA, Francisco Costa [1], NETO, Antonio Vieira Passos [2], SOUSA, Lílian da Silva Guimarães [3]

SOUSA, Francisco Costa. NETO, Antonio Vieira Passos. SOUSA, Lílian da Silva Guimarães. O perfil do professor na modalidade Educação à Distância. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 13, pp. 33-46. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/modalidade-educacao

RESUMO

Diante da modalidade educacional à distância, destaca-se que os assuntos relacionados ao perfil do docente na educação e o árduo trabalho do tutor no ambiente escolar, com ênfase no uso dos meios tecnológicos para apropriação desta modalidade, tem sido alvo de discussão entre muitos educadores, pedagogos e psicopedagogos atuantes. Dito isso, o presente artigo objetivou analisar a gestão democrática no ensino público, verificando as qualificações exigidas ao professor tutor, o auxílio necessário para um trabalho coletivo e a tecnologia como principal ferramenta a ser usada em prol da promoção de um aprendizado qualificado e de reflexões relevantes, voltada a forma de como fazer dos alunos pessoas autônomas e com um forte senso crítico. Assim, utilizando-se da pesquisa bibliográfica, sob a abordagem qualitativa, verificou-se que a modalidade do estudo a distância evoluiu conforme a sociedade, havendo a necessidade de uma adaptação contínua do professor a essas mudanças.

Palavras chaves: Ambiente escolar, Educação a distância, Professor tutor.

INTRODUÇÃO

Um dos assuntos que tem ganhado espaço em discussões acadêmicas é o perfil dos professores que trabalham em uma das modalidades educacionais mais vigentes nos dias de hoje: a modalidade a distância. A educação na modalidade a distância, desde seu surgimento, no século XIX tem se expandido muito, e, com os métodos tecnológicos e avanços sociais, ela vem sendo aprimorada, tornando-se um ícone importante para o crescimento educacional.

No cenário da Educação a Distância (EAD), o professor e o tutor tornaram-se os personagens principais devido ao seu exigente trabalho. Sabe-se que, sem sombra de dúvidas, a qualidade do ensino depende muito da qualidade do professor. Sem a interação professor/aluno, a qualidade do ensino-aprendizagem não se efetiva, sendo portanto, necessário que ambos tenham uma interação entre si, a fim de que quando as dúvidas começarem a surgir, os alunos possam se sentir motivados e incentivados a procurar o professor tutor. A educação na modalidade a distância propõe justamente oportunidades de interação entre professores e alunos através do uso apropriado da tecnologia.

Atualmente, a EAD apresenta-se como um recurso importante no atendimento das grandes contingências dos alunos de maneira efetiva, sem riscos de reduzir a qualidade do ensino. Assim, verifica-se que o Brasil encontra-se numa fase de consolidação da EAD, especialmente no Ensino Superior, visto um crescimento significativo e sustentado.

Com o tema a Gestão Democrática na Escola Pública, enfatizando suas vantagens e pesquisando quais os seus principais impactos, este artigo teve como principal objetivo analisar a gestão democrática no ensino público, visto que muitos confundem essa atuação como uma administração simples que não costuma levar em conta o papel da escola no contexto da comunidade e da família, propondo-se também  a elucidar a relevância de se ter um diretor aberto, trabalhando em conjunto de forma descentralizada.

Desta forma, espera-se reconhecer que a gestão democrática na escola pública pode impactar direta e indiretamente a participação efetiva dos pais, alunos, professores, demais servidores e comunidade nas decisões escolares através de conselhos e demais estruturas colegiadas.

A metodologia usada nesta pesquisa foi a de forma qualitativa, onde contou com um estudo bibliográfico por meio de leituras minuciosas de trabalhos teóricos relacionados ao tema. Contou também com os teóricos: Chermann e Bonini (2000); Belloni (2001); Niskier (1999) entre outros. O que nos permitiu observar que a Educação a Distância faz parte de uma evolução social e que o perfil do professor atuante nessa modalidade deve estar de acordo com essa evolução.

1. A IMPORTÂNCIA DO PERFIL DOCENTE NA MEDIAÇÃO EM EAD

Atualmente, a educação à distância (EAD) tem sido foco de atenção de diversos segmentos da sociedade, sendo utilizada como mecanismo tanto de formação como de atualização profissional. Percebe-se que esta modalidade de ensino pode ser considerada nova na realidade brasileira, apresentando-se assim, como um novo paradigma a ser enfrentado no sistema educacional.

Entende-se que a EAD é um processo educativo que abrange os meios de comunicação que ultrapassam os limites de tempo e espaço, possibilitando à interação entre as fontes de informação e/ou o sistema de educação com o receptor, de modo a desenvolver a autonomia do aprendiz por meio do estudo independente e flexível.

Dentro de uma análise do processo de educação a distância, conceitua-se a mesma como uma forma de ensino que,

Possibilita a autoaprendizagem a partir da mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados e apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação existentes. (CHERMANN; BONINI, 2000, p. 17)

A EAD é deliberada no Decreto 5.622/2005, de 19 de dezembro de 2005, como uma

[…] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005).

E, desde a sua instituição, por meio da Lei 9.394/96 que determina as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a EAD vem crescendo rapidamente, impactando todos os setores, especialmente no âmbito da educação, em virtude da ampliação da oferta e do acesso à educação.

Essa democratização é ampliada com a globalização da informação e do conhecimento, em que a aprendizagem ultrapassa o espaço físico da escola e passa a se desenvolver em “ambientes de aprendizagem”, em que a utilização de recursos didáticos e tecnológicos, como a Internet, possibilitam o acesso ao ensino para a população. (BORTOLOZZO et. al., 2008)

Embora no Brasil a EAD seja um novo modelo de ensino, sabe-se perfeitamente que essa modalidade de ensino-aprendizagem não é nova. A sua origem vem da Inglaterra, em meados do século XIX, quando Sir Isaac Pittman ofereceu o primeiro curso de taquigrafia em 1840.

Atualmente a EAD tem uma forte influência no meio social, pois hoje é impossível falar em educação sem falar em educação à distância. Com os avanços tecnológicos que propiciam maior interatividade, ela ganha novo status e sepulta definitivamente os preconceitos.

Deixa de ser apenas uma modalidade alternativa para as pessoas que, de certa forma,  são impedidas de acessar a educação formal e torna-se uma modalidade de ensino flexível que acrescenta ao sistema tradicional um modelo de ensino inovador e de qualidade, o qual viabiliza a educação de maneira contínua aos maiores contingentes de pessoas.

Nessa modalidade os papéis são modificados, visto que o aluno não atua mais como um receptor passivo, e sim como o responsável pela sua aprendizagem, podendo este trabalhar sob um ritmo individualizado, sem perder, entretanto, a possibilidade de interação com seus colegas e o professor. Enquanto o professor não atua mais como  o dono do saber e o controlador da aprendizagem, assumindo, portanto, o papel do orientador que incentiva a curiosidade, o debate e a interação entre todos os participantes do processo. O conhecimento passa a ser construído socialmente e acaba assumindo o papel central no processo da aprendizagem.

Para que a EAD alcance seu principal objetivo que é possibilitar com eficiência uma educação saudável, onde pessoas possam se encontrar em um estado positivo em relação a seus objetivos para uma formação, seja técnica ou teórica, é necessário que os profissionais atuantes nesse modelo educacional, estejam prontos para fazer um trabalho eficiente e de qualidade. É nesse ponto que se deve avaliar o perfil do professor na modalidade EAD.

Partindo deste ponto, sabe-se que o profissional ou docente que atua na modalidade EAD é identificado não como um mero professor de uma disciplina, ou um simples profissional de um curso técnico, e sim como: professor formador, realizador de cursos, pesquisador, tutor, tecnólogo educacional, professor recurso e monitor, permitindo a percepção da existência de uma complexidade de funções.

Diante deste quadro pretende-se investigar que papéis são esses e como se dá a integração entre esses professores nas etapas de planejamento, desenvolvimento e avaliação nos cursos desta modalidade de ensino.

Belloni (2001) específica todas as forças de atuação do professor da EAD. O mesmo diz que, o professor é visto como:

      • Professor formador: orienta o estudo e a aprendizagem, sendo correspondente a função pedagógica do professor no ensino presencial;
      • Professor conceptor e realizador de cursos e materiais – prepara os planos de estudo, currículos…;
      • Professor pesquisador: pesquisa e se atualiza em várias disciplinas e metodologias de ensino/aprendizagem, reflete sobre sua prática pedagógica…
      • Professor tutor: orienta o aluno em seus estudos de acordo com as disciplinas de sua responsabilidade, em geral participa das atividades de avaliação;
      • Professor tecnólogo educacional: especialista em novas tecnologias, função nova, é responsável pela organização pedagógica dos conteúdos, adequação aos suportes técnicos a serem utilizados na produção dos materiais, assegurar integração entre a equipe técnica e pedagógica;
      • Professor recurso: esta função poderá ser exercida também pelo tutor, ele assegura uma espécie de “balcão” de respostas a dúvidas com relação aos conteúdos de uma disciplina ou questões relativas à organização dos estudos e das avaliações;
      • Professor monitor: muito importante em certos tipos de EAD, especialmente em ações de educação popular com atividades presenciais de exploração de materiais em grupos de estudo. O monitor coordena e orienta esta exploração, é uma função de caráter mais social que pedagógico, sendo formada uma pessoa da própria comunidade para exercer esta função.

Sob as afirmações de Belloni (2001), verifica-se a complexidade da função do professor sobre os cursos de EAD, demonstrando a importância do mesmo não perder a sua identidade de professor, assim como a possibilitação dele em desenvolver suas dimensões na atuação docente, enquanto pedagógica, tecnológica e didática.

Complementado as ideias de Belloni (2001); Niskier (1999, p. 393) notadamente, observa, que o papel do tutor é:

      • comentar os trabalhos realizados pelos alunos;
      • corrigir as avaliações dos estudantes;
      • ajudá-los a compreender os materiais do curso através de discussões e explicações;
      • ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos;
      • organizar círculos de estudo;
      • fornecer informações por telefone, fac-símile e e-mail;
      • supervisionar trabalhos práticos e projetos;
      • atualizar informações sobre o progresso dos estudantes;
      • fornecer feedback aos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes;
      • servir de intermediário entre a instituição e os alunos.

Dentro do sistema de ensino à distância, a tutoria é um ponto-chave, pois no imaginário pedagógico, ainda segundo Niskier (1999), a ligação entre aluno e professor é muito forte e, portanto, dominante.

No contexto do perfil do professor em Educação a Distância, Pesarini (2011, p. 2-3) afirma:

[…] professor deverá estar comprometido com uma prática que oportunize a vivência da cidadania, da consciência, da criticidade, da ética, da solidariedade, da criatividade, da autonomia, do espírito investigador, para que se consiga propor e participar de ações que possibilitem modificar a realidade atual para o bem comum. Visto que, nesta nova modalidade de ensino, onde a distância perde seu atributo de realidade, para tornar-se um processo relativo, é necessário implementar na consciência deste profissional, a importância fundamental de seu papel, no processo de ensinar. Sendo assim, o perfil ideal, será daquele professor que se consolidará como um agente de ação e reflexão, compreendendo que para alcançar o ideal de homem e de sociedade exige-se uma escolha obrigatória: “O que ensinar”, “Como ensinar”, “Para quem ensinar” e “Por que ensinar”. E, acima de tudo, assumir uma responsabilidade real, de que nessa nova modalidade – a de ensino a distância – o professor é mais do que um orientador, pois ele se torna o ponto de referência, na arte de “aprender”.

Fica claro que na educação a distância é mais evidente a necessidade de um aluno ter um professor que o estimule, e, consequentemente, o oriente. Há a necessidade do educador suprir esta ausência física, atuando o máximo possível como um professor presencial, de modo a estar atento e ciente de que este modelo diminui o contato.

2. PROFESSOR TUTOR NA MODALIDADE EAD: SEU TRABALHO

É sabido que, na modalidade de ensino a distância surge a necessidade de um professor tutor pronto, ou seja, capacitado em promover a motivação dos seus alunos. Estando eles motivados, participarão mais e terão mais interação e troca de ideias: estas são as necessidades docentes na modalidade de ensino a distância.

Antes de se analisar o papel do tutor, é importante saber o significado desta palavra. Segundo o Houaiss Dicionário da Língua Portuguesa (2003, p. 523), a palavra “tutor” vem do latim (tútor, óris) e significa “guarda, defensor, protetor, curador”. Desse mesmo idioma, o verbo (tuèo, és, ére) aparece com o significado de “ter debaixo da vista, defender, proteger”.

No mesmo dicionário, só que online, “tutor” significa “Indivíduo que exerce uma tutela (tb. dita tutoria); quem ou o que supervisiona, dirige, governa; em algumas instituições de ensino, aluno a quem se delega a instrução de outros alunos”. Já em outros dicionários da língua portuguesa, obtém-se: 1. “Pessoa a quem é ou está confiada uma tutela; protetor; conselheiro” (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa); 2. “O que protege, ampara ou dirige; defensor” (Michaelis – Moderno Dicionário da Língua Portuguesa).

Nos processos de ensino-aprendizagem o professor tutor na EAD é mediador, assumindo também outras funções. De acordo com Andrade, o professor tutor,

Deve ser visto como um professor à distância, com um papel similar ao professor do ensino presencial, sendo ele responsável por promover a interatividade, pela troca de experiência entre os alunos e por reforçar a comunicação do grupo (ANDRADE, 2009, p. 04).

Assim, ainda de acordo com este mesmo autor, estas outras funções deste tipo de professor atingem as situações de questões emocionais e motivacionais no que tange a criação de um ambiente aprazível e profícuo ao aluno, ajudando-o com as novas tecnologias de informação e comunicação que diminuem as distâncias, de modo a lhes proporcionar mais segurança para se envolver da melhor e maior forma possível na busca do conhecimento. Embora em alguns momentos o papel do tutor, muitas vezes, não seja considerado significativo para o processo de aprendizagem, ele sempre fez parte do contexto da EAD.

Edith Litwin (2001, p. 99) destaca que um bom docente será um bom tutor. Um bom tutor deve colocar atividades para seus alunos fazerem e ao mesmo tempo lhes dar apoio para responderem sem lhes dar gratuitamente a resposta, e, sim mostrar fontes de pesquisa favorecendo suas descobertas. Esta situação fará do aluno um pesquisador e com o tempo este ato vira um hábito que lhe promoverá compreensão profunda e sede de conhecimento, lembrando de ser função tanto do professor presencial como do professor tutor.

Um tutor necessita em relação ao assunto a ser ministrado: entender sua estrutura, detalhes de sua organização conceitual e perceber as novas ideias que produzem conhecimento na área. Devendo se manter atualizado no âmbito pedagógico-didático em sua formação teórica em novos recursos de tutoria. Então percebe-se que não tem muita diferença entre ser bom docente e um tutor em relação aos conhecimentos docentes.

Reitera Shulman (1995, apud LITWIN, 2001, p. 103) que o saber básico de um docente deve ter pelo menos,

      • conhecimento do conteúdo;
      • conhecimento pedagógico de tipo real, especialmente no que diz respeito às estratégias e à organização da classe;
      • conhecimento curricular;
      • conhecimento pedagógico acerca do conteúdo;
      • conhecimento sobre os contextos educacionais; e
      • conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de suas raízes históricas e filosóficas.

 Aquele velho papel recorrente em sala de aula da figura professor-aluno, cada qual no seu lugar como tradicionalmente acontece, onde o professor é dono absoluto do conhecimento, precisa ser superado aqui neste novo momento que é a educação a distância com o professor tutor. Agora cabe a ele mostrar a direção para a assimilação mais eficaz do conhecimento, viabilizando o convívio melhor possível entre aluno-aluno e aluno-professor.

Portanto, é necessário valorizar o trabalho de parceria cognitiva, capacitando a todos para entender as novas linguagens da aprendizagem através dos meios de comunicação, sendo estas favorecedoras de situações pedagógicas e mediadoras das ações e pensamento dos sujeitos envolvidos para se compreenderem ajudados pela tecnologia.

Para quem deseja um curso à distância Hanna (apud ALVES; NOVA, 2003, p. 37), indica alguns. E logo no início, sugere que ele deve,

      • conhecer sua fundamentação pedagógica;
      • determinar sua filosofia de ensino e aprendizagem;
      • ser parte de uma equipe de trabalho com diversas especialidades;
      • desenvolver habilidades para o ensino online;
      • conhecer seus aprendizes;
      • conhecer o ambiente online;
      • aprender sobre os recursos tecnológicos;
      • criar múltiplos espaços de trabalho, de interação e socialização;
      • estabelecer o tamanho de classe desejável;
      • criar relacionamentos pessoais online;
      • desenvolver comunidades de aprendizagem;
      • definir as regras vigentes para as aulas online; e
      • esclarecer suas expectativas sobre os papéis dos aprendizes.

 Uma formação especializada é uma necessidade para quem quer exercer completamente esta função. E especialmente para os profissionais da educação onde a exigência é superior.

Imaginar papéis para a educação a distância implica em construir pensando em novos papéis para os sujeitos envolvidos no aprender e ensinar.  E as novas ações implicarão alunos e professores com papéis e funções diferentes: e quais seriam elas? (ALVES; NOVA, 2003, p. 18).

As várias tarefas, papéis e funções exigidas do professor tutor foram classificadas em quatro áreas, segundo Mauri Collins e Zane Berge (1996, apud PALLOFF; PRATT, 2002): pedagógica, gerencial, técnica e social; e com suas principais diretrizes abaixo detalhado.

Função pedagógica: consiste no fomento de um ambiente social amigável, primordial para a aprendizagem online. O professor deve, em qualquer ambiente educacional, garantir o desenvolvimento do processo educativo entre os alunos. Na perspectiva online, o professor atua como um facilitador deste processo. É ele quem conduz os envolvidos livremente, permitindo que os alunos explorem o material do curso, ou a ele associado, sem restrição. O professor pode trabalhar com assuntos gerais, a fim de que os mesmos possam ser lidos, comentados e até mesmo indagados, objetivando o estímulo do pensamento crítico sobre o assunto apresentado. Neste sentido, é importante que o professor comente, de forma adequada, as mensagens dos alunos que poderão estimular debates posteriores. Dito isso, o docente torna-se um animador no processo de ensino/aprendizagem, motivando seus alunos a explorarem o material de uma maneira mais aprofundada, visto o que fariam na sala de aula presencial.

Função gerencial: abrange as normas relacionadas ao agendamento do curso e o seu ritmo, assim como os objetivos traçados, à elaboração de regras e, ainda, à tomada de decisões. O docente que aplica o curso online compreende-se também como seu próprio administrador. Assim, ele é o responsável por elaborar um programa ao curso, incluindo neste as tarefas a serem realizadas e as diretrizes iniciais para a discussão e a adaptação. Palloff (2002) propõe o envio dos planos de ensino, das diretrizes e dos códigos de normas de comportamento a serem seguidos, logo no início do curso. Podendo, os participantes, posteriormente, comentar e debater sobre suas expectativas no que diz respeito ao curso.

Função técnica: a depender do domínio técnico do professor, abrange a capacidade do mesmo em transmitir tal domínio da tecnologia aos seus alunos. É fundamental que o professor conheça bem a tecnologia que utiliza como facilitadores do curso. Ademais, é necessário haver um suporte técnico disponível, a fim de que, até um professor menos proficiente, consiga ministrar um curso online. Similar ao espaço comunitário, Rena Palloff preconiza a separação de um ambiente destinado ao acompanhamento do fluxo da aprendizagem em todo o processo. Neste sentido, compreende-se a necessidade dos professores aplicarem ensinos de maneiras diferentes, ao passo que os alunos também atuam diferentemente, verificando, assim, a importância deste espaço. Precisamos nos conscientizar sobre o impacto que a EaD online teve e tem na aprendizagem, de modo a facilitar a mudança de paradigma indispensável ao aluno, para que o mesmo tenha maior impacto. “Usar a tecnologia para aprender exige mais do que conhecer um software ou do que se sentir à vontade com o hardware utilizado” (PALLOFF; PRATT, 2002 p. 109).

O professor deve facilitar e dar espaço às questões pessoais e sociais da comunidade online. Collins e Berge (1996, apud PALLOFF; PRATT, 2002 p. 104), descrevem essa função como um “estímulo às relações humanas, com a afirmação e o reconhecimento da contribuição dos alunos;” função na qual inclui assegurar a união do grupo, ajudar os participantes a trabalharem em equipe por uma causa em comum e propiciar aos alunos a possibilidade de desenvolver sua percepção sobre a coesão do grupo. Tais elementos compreendem a essência dos princípios indispensáveis para a construção da comunidade virtual e a permanência da mesma. Para que o grupo tenha o sentido de comunidade, o professor pode usar algumas estratégias de interação como, por exemplo, iniciar seus cursos a partir da apresentação dos alunos, para que todos possam se conhecer. Dessa maneira, cria-se um ambiente confiante e aberto, tornando real o fato do grupo ser composto por pessoas que possuem experiências de vida e saberes próprios. Neste sentido, a elaboração  prévia de uma atividade em grupo, encontra-se entre as estratégias de ensino, envolvendo simulações ou projetos, de modo a possibilitar a sensação de trabalho em equipe.

Criar um espaço comunitário é o que Pallof (2002) habitualmente cria no site dos seus cursos, objetivando um diálogo com conversas mais relaxadas. Dialogar ou discutir o material do curso é uma finalidade, mas também um local independente e sagrado para todos se conhecerem melhor fazendo com que o trabalho seja mais confortável.

Percebendo o elemento humano surgindo nestas atuações eletrônicas, atuando de forma direta ou indiretamente sobre nossas vidas, emoções, histórias de viagens, sonhos e, assim, naturalmente é feito por todos um esforço a fim de unir o grupo mantendo uma conexão mútua. Constata-se ser a atitude de confiança no grupo online imprescindível para a qualidade da aprendizagem.

As qualidades de planejador, pedagogo, comunicador e técnico de informática estão em um educador à distância, de acordo com Arnaldo Niskier (1999). Para isso ele realiza produção de materiais e seleciona os melhores meios para a sua multiplicação, permanecendo em constante avaliação para aperfeiçoamento do seu sistema de trabalho. Ademais, ele tenta prever as dificuldades se antecipando aos alunos, procurando antes suas possíveis soluções nesta modalidade de ensino.

Por ter uma responsabilidade bem maior por atingir grande número de alunos e ficar mais vulnerável à críticas e contestações, ele deve, o professor de EAD, ser valorizado. O papel do tutor, de acordo com Niskier (1999, p. 393), é:

      • comentar os trabalhos realizados pelos alunos;
      • corrigir as avaliações dos estudantes;
      • ajudá-los a compreender os materiais do curso através das discussões e explicações;
      • responder às questões sobre a instituição;
      • ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos;
      • organizar círculos de estudo;
      • fornecer informações por telefone, fac-símile e e-mail;
      • supervisionar trabalhos práticos e projetos;
      • atualizar informações sobre o progresso dos estudantes;
      • fornecer feedbackaos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes; e
      • servir de intermediário entre a instituição e os alunos.

O professor deve estar ciente que para desenvolver as sociedades e superar as exigências da cultura de consumo a educação a distância deve ser assumida como uma utopia da educação. Questões como estas destacam a importância da atuação docente nesta modalidade onde o perfil deste profissional deve ter competências bem mais diferenciadas, tais como:

  • Saber lidar com os ritmos individuais diferentes dos alunos;
  • Apropriar-se de técnicas novas de elaboração do material didático impresso e do produzido por meios eletrônicos;
  • Dominar técnicas e instrumentos de avaliação, trabalhando em ambientes diversos daqueles já existentes no sistema presencial de educação.
  • Ter habilidades de investigação;
  • Utilizar técnicas variadas de investigação e propor esquemas mentais para criar uma nova cultura, indagadora e plena em procedimentos de criatividade.

Para Kenski (2003) não existe padrão ou receita mágica para ser um bom tutor; cada tutor pode ter uma forma diferente ou semelhante de atuar. O professor dentro de um ambiente on-line e em rede é um incansável pesquisador ao experimentar, avaliar e avançar nas propostas pedagógicas de um ensino a distância a fim de se tornar cada vez melhor em sua atuação.

Há funções exclusivas do tutor à distância no que concerne à dimensão administrativa que devemos mencionar, tais como:

  • auxiliar o professor nas correções das atividades a distância;
  • auxiliar o professor na criação ou na intermediação dos fóruns de debate ou de apresentação;
  • auxiliar o professor nas edições das seções e de conteúdos inseridos na sala de aula solicitados pelo professor responsável;
  • fazer a verificação diária de dúvidas enviadas tanto por mensagens como pelo fórum de dúvidas, num período ideal de até 24 h;
  • auxiliar o professor no lançamento de notas e feedbackpara os alunos no AVA;
  • auxiliar o professor publicando avisos importantes no AVA.

Não se pode esquecer que no trabalho do tutor na modalidade a distância, a paciência é importante, pois, segundo os estudiosos da mesma, os processos de qualificação e capacitação em EAD, em qualquer que for o aspecto focado, são insuficientes para dar conta das diversas situações de complexidades que surgem à medida que os cursos estão sendo implantados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi apresentado na pesquisa, entende-se que, o perfil do professor na modalidade EAD deve ser trabalhado constantemente para que os métodos criados em prol de um ambiente produtivo não se tornem obsoletos ou retrógrados, pois o trabalho do docente, em específico o tutor, deve acompanhar o ritmo dos alunos, levando-os a uma reflexão, em busca de um resultado satisfatório.

É sabido que os meios usados pelos tutores devem estar sempre disponíveis ao ambiente onde está sendo trabalhado os diversos cursos, sejam eles práticos ou teóricos. Entre as ferramentas expostas para um trabalho eficaz na EAD, encontra-se o uso da tecnologia como ponto de partida para o ensino a distância.

Sabe-se que, as faculdades e universidades estão engajadas dentro deste novo paradigma tecnológico e mostram propostas educacionais em EAD, onde predomina os ambientes virtuais capacitados e dotados de praticidade e objetividade de acordo com estes novos tempos de globalização da era da informática facilitando as práticas pedagógicas.

A presente pesquisa tende a apresentar uma necessidade imperiosa do professor tutor melhorar-se dia a dia para acompanhar o aluno -cada vez mais bem-informado- no sistema de educação a distância. No campo da tecnologia da informação e comunicação, em geral, dentro da área da educação este papel do tutor está começando.

É necessário saber que para que o professor consiga desempenhar um papel diferenciado na docência on-line (uso da tecnologia na EAD e outras modalidades), ele precisa adquirir e desenvolver determinados saberes, ou seja, um conjunto específico de competências.

Ressalte-se que estas habilidades técnicas estão relacionadas à capacidade de usar a tecnologia, e não às competências necessárias para usá-los efetivamente como uma ferramenta de ensino e aprendizagem. Além do preparo prático e teórico do docente na modalidade EAD, nota-se a necessidade de um ambiente qualificado e de um auxílio presente, não apenas do tutor, mas, do acompanhamento dos gestores e coordenadores, além da compreensão e participação ativa dos educandos.

REFERÊNCIAS

ALVES, L.; NOVA, C. Educação a Distância: Uma Nova Concepção de Aprendizagem e Interatividade. São Paulo, Futura, 2003.

ANDRADE, E. M. de. As práticas pedagógicas do tutor na educação a distância. In: Anais do IX Seminário Pedagogia em Debate e IV Colóquio Nacional de Formação de Professores. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

BRASIL. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Art. 80 da Lei 9,394/96. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2008.

BORTOLOZZO, A. R. S. et. al. Formação de professores tutores para atuar em cursos na modalidade a distância da SEED-PR: relato de experiência. Disponível em Acesso em: 13 maio 2009.

BELLONI, M. L. Educação à distância. 2ª edição. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

CHERMANN, M.; BONINI, L. M. Educação a distância. Novas tecnologias em ambientes de aprendizagem pela Internet. Universidade Braz Cubas, s/d (2000?).

HOUAISS, Dicionário da Língua Portuguesa (on-line). Disponível em: Acesso em: 09 abr. 2009.  _____. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2003.

KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 4ª ed. Campinas: Papirus, 2003.

LITWIN, E. (org). Educação a Distância: Temas para Debate de uma Nova. 2001.

NISKIER, A. Educação a Distância: a tecnologia da esperança. São Paulo, Loyola, 1999.

PESARINI, S. Qual é o perfil dos professores para trabalhar  na modalidade a distância? Revista Científica Eletrônica das Faculdades Opet, nº5. Ed. Jan-Jul . 2011. ISSN – 2175-5884. Disponível em: http://www.opet.com.br/revista/administracao_e_cienciascontabeis/pdf/n5/QUAL-E-O-PERFIL-DOS-PROFESSORES-PARA-TRABALHAR-NA-MODALIDADE-A-DISTANCIA.pdf. Acessado em 24 de maio de 2011.

[1] Pós em educação infantil/ Licenciatura em Pedagogia.

[2] Formação Pedagogia e especialização em Psicopedagogia.

[3] Licenciatura plena em pedagogia/ Pós em educação Infantil.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Francisco Costa Sousa

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