REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

A Metodologia do Ensino do Ballet Clássico Agregado aos Conhecimentos de Anatomia, Cinesiologia e Biomecânica. Um Estudo de Caso.

RC: 7969
514
4.5/5 - (6 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

SANTOS, Antônio Galdino dos [1]

SANTOS, Antônio Galdino dos. A Metodologia do Ensino do Ballet Clássico Agregado aos Conhecimentos de Anatomia, Cinesiologia e Biomecânica. Um Estudo de Caso. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 570-582, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Este artigo tem como objetivo de por em discussão a forma correta dos exercícios físicos em uma aula de ballet para alunos iniciantes adultos. O escopo do artigo é incentivar o professor de ballet, a saber, um pouco de Anatomia [2], cinesiologia [3] e biomecânica [4], para adequada, rápida e precisa de quais as valências físicas trabalhadas com alunos iniciantes da pratica do ballet clássico. Contudo trará uma nova visão no que tange a metodologia, bem como da didática renovada do ensino do ballet clássico, haja vista procuramos um melhor entendimento da pratica do exercício em sala de aula, por exemplo, junto ao seu aluno os maiores resultados que aparecerão com a correta execução de um simples demi plié e grand plié. Dessa forma entenderá quais os músculos e forças a ser empregado na execução completa destes movimentos. O profissional de ballet não precisa se graduar e se tornar um educador físico, a ideia é tomar conhecimento do que sejam valências físicas, quais exercícios seriam necessários para aplicar, levando em consideração, o tipo físico e faixa etária. A pesquisa foi realizada na cidade de Maceió, durante os meses de novembro a dezembro de 2013, buscou-se uma visão qualitativa, utilizou-se o método hipotético dedutivo para a interpretação de dados, para a formação do perfil da clientela que sãos os profissionais da dança e alunos iniciantes. Entretanto sabe-se que o ballet clássico é uma modalidade de dança que já tem um programa de aula, e a música adequado e apropriado para esta dança, com passos que iniciam e terminam ,compõem-se de alongamentos, exercícios suaves, moderados e ágeis, compostos de suavidade, força e técnica, o intuito é demonstra que os conhecimentos associados podem resultar em um profissional diferenciado dos demais, é nessa perspectiva que decorre todo esse trabalho.

Palavras chave: Metodologia, Ballet, Educação Física.

1. INTRODUÇÃO

O estudo da temática em questão é pouco explorado dado esse fato observou-se a importância de ser pesquisada mediante essa proposta levando em consideração que na maioria das vezes é a falta de conhecimentos gerais na área de Educação Física no que compõe o exercício nas atividades do professor de ballet clássico durante suas aulas, pois ele tem a prática, a técnica e a metodologia, mas não conhece de Anatomia, cinesiologia e biomecânica compreendendo que nesse sentido a necessidade do conhecimento multidisciplinar é uma realidade ao profissional da dança.

Percebido essa problemática verifica-se a importância do conhecimento maior por parte do professor de ballet nas suas aulas. Na grande maioria este conhecimento está restrito apenas a metodologia do ballet clássico, suas regras e métodos sendo necessário um conhecimento em algumas disciplinas da Educação física como: Anatomia humana, cinesiologia e biomecânica. Contudo o conhecimento se torna essencial e necessário ao entendimento lógico e objetivo do professor de ballet, no sentido de saber diferenciar principalmente os níveis de valências físicas entre seus alunos, baseado no seu programa de aula, principalmente com os alunos adultos, os quais possuem valências diferenciadas.

Visando incentivar, auxiliar e instruir o professor de ballet a pesquisar e ter um entendimento maior nas três disciplinas mais importantes da Educação Física citadas acima, este trabalho mostra a importância e a segurança que tem em sala de aula aquele profissional qualificado que sabe a diferença do saber e do entender o que está passando para os seus alunos entre as técnicas.

O objetivo deste trabalho é incentivar a busca pelo conhecimento, para que o professor de ballet não exclusivamente domine esta arte, entretanto seus métodos, suas regras, mas também, saibam esclarecer com precisão as dúvidas dos seus alunos no que se refere a pratica do ballet levando em consideração a idade dos alunos, seu porte físico e posturas.

2. BREVE HISTÓRICO

A dança surgiu no período paleolítico e mesolítico na história humana como ritual tribal de festividade quando o homem ainda habita as cavernas, um rito tribal. De acordo com o livro a história da dança é no período neolítico tínhamos nela cunho religioso, de exaltação aos deuses na antiguidade clássica. Nas primeiras organizações sociais a dança era realizada para celebrar as forças da natureza, as mudanças de estações e as investidas bélicas (PORTINARI, 1989). Diniz (2008) acrescenta que a dança se constituía como uma tentativa de comunicação, como uma forma de expressão, através da linguagem gestual e também como forma de ritual.

Na Grécia é incorporado em festividades aos deuses, bem como no preparo físico dos guerreiros nas lutas pelas conquistas de território, como o status de poder mágico, sua decadência chega com a idade média quando a igreja católica declara que a dança em festividades religiosas é algo profano, passando a ser proibida no período inquisitório.

Segundo Santos e Almeida (2006, p. 1892) a dança pode ser considerada em duas formas: dança espiritual e dança litúrgica. A primeira tem como intenção o contato com o sagrado e é produzida por meio de cultos de participação coletiva. Como exemplos, elas destacam as danças primitivas e as danças que na antiguidade, que eram maneiras de homenagear e tentar comunicar com os deuses do Olimpo. Já as danças litúrgicas, são definidas por terem como foco o culto de relação (entre bailarinos e plateia), como a dança indiana, a dança moderna, a contemporânea e o balé. Nessa modalidade além dessa relação são usados elementos mágicos e recursos teatrais como suportes da narração do tema. As autoras apontam que na Idade Moderna, a dança dividiu-se em: danças populares, danças de corte ou balletos.

O surgimento da dança como arte, ocorre com o renascimento cultural quando ela surgiu como um formato disciplinado ganhando ar de atividade artística nobre. Segundo Langedonck (2006 p15) fala da valorização da dança enquanto arte grega assim definiu:

A dança era muito valorizada entre os gregos. Para eles, o ideal de perfeição esta­va na harmonia entre corpo e espírito, que deveria aparecer em um corpo bem mol­dado, adquirido graças ao esporte e à dança. As crianças eram educadas para a guerra e acreditavam que a dança contribuía para o equilíbrio da mente e aprimoramento do espírito, como também lhes daria a agilidade necessária para a vida militar.

A partir do século XVIII o drama-balé-pantomima é executado nos palcos dos teatros por verdadeiros profissionais de ambos os sexos. A dança adquire todo o seu esplendor, com ricos e belos cenários e figurinos. O balé passa a contar uma história com começo, meio e fim. Na literatura a corrente do romantismo, adota a dança o ballet clássico nas historias de contos de fadas, na literatura infantil que nasce no século XVIII, quando muitos escritores da época fazem uso nas histórias infantis de reis rainha, a dança é considerada para tal status social e uma arte nobre burguesa. Segundo Langedonck[5] (2006) a dança tem no rei da França Luís XIV no século XVII grande apoio;

O rei Luís XIV (1638-1715) proporciona um grande desenvolvimento para a dança. Exímio bailarino criou vários personagens para si próprio, como deuses e heróis. Sua grande aparição foi como “Rei-Sol”, aos catorze anos de idade, no balé real A Noite. O personagem derrotava as trevas, usando um traje de plumas bran­cas.

O Teatro e a dança como expressão artística tem em Jean Baptiste Poquelin, conhecido como Molière, criou temas para balé, pois in­cluía cenas de dança em todas as suas comédias. Nessa época, a dança pertencia ao teatro, ainda não era uma arte autônoma, e os intérpretes, que participavam dos espetáculos, eram ciganos, dançarinos e acrobatas que divertiam a multidão.

Esses espetáculos com dança marcaram o início do seu desenvolvimento e de sua autonomia como arte assim o movimento assinalou a presença de coreógrafos e teóricos de dança, que pas­saram a ensinar em academias abertas a alunos de todas as classes sociais. A exi­gência de uma técnica refinada para um profissional da dança fez com que Pierre Beauchamp (1636-1705), músico e coreógrafo da Academie Royale de la Musique et de la Danse, criasse as cinco posições básicas de pés para balé, posições de braços e de cabeça que as acompanham e são conhecidas até hoje.

No início do século XIX, o balé vem ao Brasil, com a chegada da corte Portuguesa no país. De acordo com Alvarenga (2007) a vinda da família real portuguesa para o Brasil, incrementa os usos da dança na educação nobre e, também, da sociedade nativa mais abastada. Ele também destaca a presença das companhias líricas que vinham da Europa realizar apresentações nesses tempos coloniais como meio dessa tradição chegar ao Brasil. Caminada (1999) ressalta que uma importante figura nesse período foi o maître Louis Lacombe, que chegou ao país como consequência da vinda da corte para o Rio de Janeiro, em 1808. Ele veio com a função de ensinar à nobreza e à Família Real as danças de salão da época e encenar pequenos números dançados para os intervalos das montagens líricas.

Segundo Alvarenga (2007) o século XX distingue-se pela vinda e permanência definitiva de vários professores e bailarinos, principalmente de nacionalidade russa, para muitas cidades brasileiras, que foram aos poucos formando nossas primeiras gerações de artistas-bailarinos e originando os primeiros grupos e companhias. Merece destaque a vinda da Russa Maria de Olenewa na década de 20. Em 1927 ela funda uma escola de dança no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Segundo Caminada (1999) essa escola foi inaugurada extraoficialmente, foi à primeira escola de danças pertencente a um teatro no Brasil, somente em 1931 que os trabalhos foram reconhecidos oficialmente.

3. TÉCNICAS DO BALLET CLÁSSICO

Sabe-se que o ballet clássico é uma modalidade de dança que naturalmente trabalha a maioria dos grupamentos musculares a partir dos movimentos, tonificando-os e os fortalecendo-os. É uma modalidade complexa por trabalhar a forma “en dehors” das articulações e músculos envolvidos na atividade, pois, quando trabalhamos com adultos as valências físicas se modificam e tudo pode acontecer para melhor ou para pior. E por se tratar de uma modalidade de dança, compõe consigo as técnicas os métodos e a disciplina.

O desenvolvimento das condições físicas deve ser cuidado com assiduidade e rigor, por meio de exercícios específicos e gradativos, geralmente acompanhados pelo piano, em roupas apropriadas, que são as malhas ou collants. Os praticantes de ballet clássico se sentem completados praticando esta modalidade, pois quando perguntamos aos alunos da sua satisfação em dançar ballet, todos falam o mesmo texto: “o ballet clássico trabalha o corpo e mente por completo em um só momento”. Sentimos um prazer e uma disposição enorme durante e depois das aulas. Sabe-se que o ballet clássico é uma modalidade de dança que naturalmente trabalha a maioria dos grupamentos musculares a partir dos movimentos, tonificando-os e os fortalecendo-os. É uma modalidade complexa por trabalhar a forma “en dehors” das articulações e músculos envolvidos na atividade, pois, quando trabalhamos com adultos as valências físicas se modificam e tudo pode acontecer para melhor ou para pior. E por se tratar de uma modalidade de dança, compõe consigo as técnicas os métodos e a disciplina.

De acordo com Humphrey teorizou o equilíbrio e o desequilíbrio do corpo humano com quedas e recuperações. Sua arquitetura coreográfica, ou seja, a construção de suas coreo­grafias, não era dramática ou narrativa. Ela dizia que a dança tem dois extremos: em um deles está o completo abandono à lei da gravidade; no outro, a busca do equilíbrio e estabilidade. O drama dos bailarinos está em lutar contra as forças da gravidade e contra a inércia, correndo sempre o risco de perder o equilíbrio.

Contudo partindo desse principio proporcionou questionamentos quanto a metodologia do ensino adequado, assim quanto aos demais colegas de profissão em relação à qualificação, bem posicionados executam-se movimentos mais complicados.

Por que a execução de determinados exercícios do ballet clássico se tornam mais difíceis principalmente quando usamos a forma “en dehors” (forma aberta), para executá-los? A execução de exercícios do ballet na forma “en dehors,” realmente fragilizam os ligamentos, tendões e articulações? Será que no futuro próximo terei sérios problemas por consequências de dançar ballet?

Várias eram as duvidas relacionadas às perguntas acima, e estas curiosidades incentivaram a buscar um conhecimento maior, e  partir para a área da Educação Física, onde nos procurou-se a pesquisar e entender a performance e anatomia do ballet clássico. Entendendo que muitas das dúvidas, eram simplesmente mitos, e outras verdades. Mas passou-se a compreender que trabalhando o “en dehors” no ballet com o conhecimento do corpo a partir da anatomia e cinesiologia já seria um grande passo, pois a partir desta vertente, seremos conhecedores dos limites e valências do corpo humano, evitando assim problemas futuros em sala de aula.

Contudo, durante alguns anos em academias, com maior frequência do público adulto, começando a perceber que as dúvidas dos alunos eram as mesmas do profissional, percebeu-se assim, as suas dificuldades, tornou-se um desafio para o professor de ballet graduado em Educação física plena, a responsabilidade aumentou, tendo o conhecimento das duas áreas.

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

Dado o objeto da pesquisa escolheu-se, utilizar o método hipotético dedutivo para explica por meio de pequena amostragem entre alunos iniciantes do ballet clássico nas faixas etária de 20 a 65 anos, todos os quais com suas dificuldades, aspectos físicos distintos, valências físicas. Essa pesquisa se deu entre os meses de novembro a dezembro de 2013 em escola de ballet clássico na cidade de Maceió. De acordo com Guedes (2000, p. 123) assim define como sendo um método pelo qual o todo conhecimento pode ser deduzido e verificado cientificamente ganhando assim bases cientificas.

A pesquisa mediu qualitativamente os entrevistados avaliando aspectos físicos de cada individuo seu perfil em detrimento da anatomia, cinesiologia e biomecânica, fatores relevantes na constituição do objeto desse artigo.

Assim, deixando alguns aspectos do senso comum adquirido na experiência em sala de aula, das dificuldades dos alunos de ballet clássico, aplicou-se um questionário para aferir o nível de deficiência e habilidades a partir das valências físicas de cada sujeito entrevistado para a produção dessa pesquisa.

5. RESULTADOS

A pesquisa buscou questionar as pessoas que frequentam as academias de dança e iniciantes na cidade de Maceió observando seus hábitos de vidas, carências quanto à formação do professor e da expectativa do aluno iniciante na arte da dança, bem como os benefícios da boa pratica. Foram entrevistadas durante o mês de novembro e dezembro de 2013, o público entre as faixas etárias de 20 e 65 anos de idade.

Dos entrevistados diversos depoimentos relatam a dificuldade em memorizar os passos do ballet em aprender a postura en dehors em todas as faixas, bem como o battement jetes dos saltos e exercícios em barras, resultado já esperado pelo senso comum dado perfil dos entrevistados Com afirmam os entrevistados:

“A minha maior dificuldade era adotar a forma en dehors necessária para a execução dos variados passos de ballet, como: Demi e Grand Plié, Battement Tandu, Battement Jeté entre outros. Esta nova postura adotada se tornou difícil para mim, pois passei a dançar com os pés e joelhos virados para fora, técnica normal nas aulas de ballet clássico, indicador de um bom bailarino. Esforcei-me ao máximo, foi difícil conciliar o en dedans (postura fechada) e o en dehors (postura aberta), mas enfim consegui. Hoje tudo ficou mais fácil com a prática”.

“Acho que a minha principal dificuldade era a coordenação motora porque muitas vezes não conseguia acompanhar os movimentos de braços e pernas simultaneamente”

Do perfil dos entrevistados pessoas de diversas idades podem destacar jovens de 20 a 30 anos, outros de 40 a 50 anos e o alunos da melhor idade que chega aos 65 anos, cada qual com sua especificidade, levando em consideração os fatores orgânicos: flexibilidade, agilidade, tipo físico, idade, coordenação motora, equilíbrio, etc.

Vejamos os depoimentos de um dos entrevistados quando questionados sobre as primeiras lições:

“No inicio foram muitas dificuldades, pensei que o ballet fosse fácil, teve momentos que pensei em desisti, mais meu professor como sempre nos encorajava e nos dava força para continuar, ele sempre falou para nós alunos que o ballet é muito detalhado, difícil e que a sua técnica exige muita dedicação e perseverança, mas se quisermos realmente dançar tudo se tornará fácil. A partir daí nos sentíamos encorajados a prosseguir.” 22anos.

“A coordenação motora não era a mesma e havia muitas dificuldades na execução de alguns movimentos por estar tanto tempo parada” 31 anos.

Como vemos o entrevistado ressalta as dificuldades do aluno, das exigências físicas, ou seja, das valências físicas, apesar da juventude assim como os outros entrevistados apresentam essa dificuldade em adaptar-se a linguagem, postura, e coordenação motora. Observemos o segundo depoimento de uma aluna de 65 anos:

Verdadeiramente a minha única dificuldade foi à coordenação nos exercícios rápidos e memorização dos passos do ballet na língua francesa

Em relação à postura do profissional no que tange a orientação para evitar lesões durante o exercício observamos os depoimentos:

“O papel de um professor de ballet clássico de uma classe adulta que busca nessa atividade a prática de um exercício que harmonize o corpo, alma e espirito, seria observar as limitações de alguns alunos para determinados passos de dança adequando, respeitando e até mesmo incentivando o aluno a superar aquela dificuldade. As dificuldades foram totalmente superadas pelo incentivo do professor Antônio, ele sempre nos ajudou e estimulou a não desistirmos nunca e sim prosseguir sempre”. 65 anos

“O professor além de mestre é amigo e companheiro, e se preocupa com os seus alunos. Sempre que o consultei com alguma dúvida, obtive respostas esclarecedoras que me deixou satisfeito. ”35 anos.

“Acho que o professor tem um papel importantíssimo, pois além de orientar e ensinar o professor pode estimular e incentivar seu aluno para a atividade. Um professor sem paciência e que só reclama desestimula qualquer aluno, imagine os adultos.”31 anos.

Quanto à metodologia aplicada durante as aulas foram feitos observações levando em consideração os aspectos físicos de cada aluno como relatado por um dos entrevistados:

“A sua metodologia de ensino é eficaz e objetiva, de fácil entendimento para todos. Ele nos incentivou a continuar, e continuar sempre dançando e aprendendo cada vez mais” (22 anos).

“De grande importância, pelas questões de correção de postura e incentivos para enfrentar as dificuldades iniciais e seguir com as aulas”. “(39 anos)”.

Com isso o ensino do balé clássico deve ser realizado tendo com base de que este não se dá pela simples transmissão da técnica. O professor tem como obrigação transmitir aos alunos o que a dança representa enquanto arte, e que a técnica deve ser tida como um meio de expressar essa arte e não como fim (CAMINADA; ARAGÂO, 2006). Por muitos professores e professoras a técnica é vista como meio de se expressar alguma arte

Já na Grécia os filósofos falavam da questão da formação completa do cidadão em relação à dança. Segundo o filósofo Sócrates (469-399 a.C.), a dança forma um cidadão completo. Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) consideravam a dança e a ginástica como uma iniciação para a luta e para a educação dos cidadãos. De acordo com Langedonck (2006, p.15)

As crianças eram educadas para a guerra e acreditavam que a dança contribuía para o equilíbrio da mente e aprimoramento do espírito, como também lhes daria a agilidade necessária para a vida militar.

Dançar era mais que uma arte, passava a ser um momento de formação do ser humano, dai a importância da qualificação do profissional da dança com uma visão na educação física. Dentre as pessoas entrevistados há muitos casos que nunca fizeram atividade física como podemos observa nos seguintes:

“Voltei para o ballet clássico há oito anos” (51 anos.) “Pratico musculação atualmente, mas na época que fazia ballet não praticava.” (24 anos.).

“Como eu era sedentária há muitos anos, as maiores dificuldades até hoje são falta de elasticidade corporal e de força muscular. Decorar os exercícios, e os nomes dos passos também são dificuldades minhas. ” (31 anos)

A necessidade de pratica uma atividade física somada às técnicas do ballet clássico possibilitou a melhoria do condicionamento físico dos alunos percebe-se nas faladas dos entrevistados que essa prática trouxe mais qualidade de vida. Como fica evidente e questionado quanto o papel do profissional nesse processo ela afirma em depoimento:

“Fazia mais de sete anos sem atividade física antes de iniciar o ballet.” Além de saber ensinar os passos do ballet, também saber trabalhar o corpo com alongamentos e exercícios de força para o maior desenvolvimento do aluno. ” (31 anos).

Dentro dessa perspectiva da pesquisa podemos entender que o professor de balé clássico muitas vezes se pauta na tradição, como sempre aconteceu para transmitir o conhecimento aos seus alunos. Mas que na verdade é muito difícil mudar algo que está posto, são séculos de tradição, de um estudo pautado numa linguagem própria, na disciplina, que muitas vezes esqueceu-se de agregar novos conhecimentos a técnica do ballet clássico, a exemplo da educação física. É mais fácil tornar-se professor a partir dos conhecimentos adquiridos como bailarino e ensinar com base na forma aprendeu, do que repensar a prática a prática docente. Estamos nos referindo aqui à construção do novo, por que não? O balé enquanto arte:

É sempre um processo inacabado, um eterno vir-a-ser, uma obra aberta. O artista deforma a realidade transmutando-a em artifícios que desestruturam a fixidez das sociedades e desintegram o pensamento reto e que se quer único. Como então pensar na expressão poética de um corpo minuciosamente vigiado e mudo? (SOARES; MADUREIRA, 2005, p.76).

Dados os fatores expostos anteriormente o que se deseja aqui é por em questionamento a formação professor de ballet clássico, tendo em vista a evolução de um modelo de ensino rígido no qual fecha a mentalidade do docente. Podemos fazer uma ressalva, o atual modelo de ensino da dança precisa compreender que as outras ciências necessitam fazer parte da formação do profissional da dança para que o mesmo se torne um profissional que entenda de anatomia, fisiologia, bem como a biomecânica para pode dar melhor resposta as duvidas e evitar com isso acidentes no cotidiano das aulas de ballet clássico.

Contudo, essa pesquisa traz uma pequena amostragem do que acontece em sala de aula no que tange as deficiências na formação do profissional de dança na cidade de Maceió, importância de uma formação diferenciada para esta atividade laboral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho analisou à educação física aliada aos conceitos de dança clássica, sendo pensado como uma pratica incomum aos professores da área. Buscou-se por meio deste salientar a inapetência ou a ausência de alguns estudos da área de fisiologia, cinesiologia e biomecânica, por meio de pesquisa de campo para aferir a realidade do ensino de dança para pessoa da faixa etária entre 20 e 65 anos que estão em inicio dos estudos do ballet clássico.

Dos resultados da pesquisa ficou evidente por meio dos depoimentos as deficiências em relação a coordenação motora, memorização de movimento, ou seja, das valências físicas e das dificuldades que alguns alunos apresentam quando ao início das atividades do ensino do ballet clássico na cidade de Maceió. Outro fator importante para ser salientado é o papel do profissional frente às dificuldades do aluno para um bom desempenho do ensino, ficou evidente pelo dialogo dos alunos entrevistados a significativa preparo de alguns professores quanto ao ensino, essa perspectiva foi percebida por conta da pesquisa ter analisado o trabalho de diversos profissionais das escolas de dança nessa cidade.

Contudo, o intuito desse artigo é ressaltar que apesar da dança clássica não esta efetivamente ligada à educação física é de fundamental importância o estudo da fisiologia, cinesiologia e biomecânica para um melhor desenvolvimento profissional no ensino do ballet clássico evitando com isso problema futuros tais como: Rompimento de ligamentos, distensão muscular e problemas articulares, haja vista ser uma área profissional que requer resistência física e esforço durante as suas atividades, potencial físico. Portanto se faz necessário um estudo mais apurado dessas áreas especificas para que se tenha um profissional mais qualificado para e antenado com as mudanças do mundo contemporâneo.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, Arnaldo Leite de. Memória em dança no Brasil: um mapeamento. In: IV Reunião Científica de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Belo Horizonte, 2007.

CAMINADA, E. ; ARAGÃO, V. Programa de Ensino de Ballet: Uma Proposição. Rio de Janeiro: Universidade Ed., 2006.

DOMENICI, Eloisa. O encontro entre dança e educação somática como uma interface de questionamento epistemológico sobre as teorias do corpo. Pro-Posições. Campinas, v. 21, n.2 (62), p.69-85, maio/ago. 2010.

GUEDES E. M. Curso de metodologia cientifica. Maceió. Edufal. 2000.

HOCHMUTH, G.: Biomecânica de los movimentos desportivos. Ciência Deporte,

Madrid, (1973).

FOSS, Merle L. & KETEYIAN, Steven J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000

LANGENDONCK, V. R. História da dança. ed. São Paulo: edição da autora, 2004.

LANGENDONCK, V. R. A Sagração da Primavera: dança e gênese. 2. ed. São Paulo: edição da autora, 2004.

LANGENDONCK, V. R Mercê Cunningham: dança cósmica: acaso, tempo e espaço. São Paulo: edi­ção da autora, 2004.

PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

RESENDE, Leandra Fernandes. Entre pontas, coques e pliês: aprendizagem da dança no contexto do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/ Belo horizonte- MG  – 2011

SANTOS, C.. Contributo para Formar Profissionais do Ponto de Vista da Dança Contemporânea. A Experiência do Fórum Dança. ”in Tércio, D.(ed) A Dança no Sistema Educativo Português. Cruz Quebrada: FMH Edições. 2004

SILVA, A. M.; DAMIANI, I. R. Práticas Corporais (orgs). V. III, Florianópolis: Nauemblu Ciência & Arte, 2005

2. ANATOMIA é o estudo das estruturas e das relações entre as estruturas.

3. CINESIOLOGIA: Estudo científico do movimento humano. Inclui aspectos de estudo como fisiologia do exercício, aprendizado/controle motor e biomecânico.

4. BIOMECÂNICA: A Biomecânica estuda os movimentos dos homens e dos animais do ponto de vista das leis mecânicas (HOCHMUTH, 1973).

5. Rosana van Langendonck é Doutora em Comunicação e Semiótica – Artes pela PUC/SP, Pesquisa­dora do Centro de Estudos em Dança da PUC/SP, diplomada em dança pela Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Autora de Merce Cunningham – Dança Cósmica, A Sagração da Primavera – Dança e Gênese (Edição do Autor) e Pequena Viagem pelo Mundo da Dança (Ed. Moderna).

[1] Graduado em Educação física bacharelado e licenciatura, pela Estácio de Alagoas, trabalha em academia de dança ballet clássico e funcionário público concursado pela prefeitura de Maceió. Tendo 30 anos de experiência na área de ensino de dança.

4.5/5 - (6 votes)
Antônio Galdino dos Santos

Uma resposta

  1. Muito Bom o artigo! Sou aluna do Curso de Dança Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro e realmente este artigo expõe a realidade do Ballet na idade adulta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita