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Educação Superior a Distância e os métodos de avaliação da aprendizagem

RC: 58482
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

CASTRO, Luiz Carlos de [1]

CASTRO, Luiz Carlos de. Educação Superior a Distância e os métodos de avaliação da aprendizagem. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 13, pp. 86-100. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/educacao-superior

RESUMO

Nesse artigo, resume-se as características principais dos métodos de avaliação da aprendizagem online utilizados no Brasil. Discorre-se sobre conceitos da EaD na visão de especialistas da educação a distância, com ênfase às ferramentas de avaliação da aprendizagem em EaD. Relaciona-se os principais recursos utilizados atualmente para a avaliação de cursos online. Considera-se, desta forma, o sistema e-Learning, que tem como ambiente favorável ao seu desenvolvimento a web 2.0. Com o Learning 2.0 se pode ir além dos recursos oferecidos pelas plataformas de e-Learning tradicionais (LMS), atingindo-se uma enorme gama de softwares sociais gratuitos e vários recursos interativos da Web, passando-se, dessa forma, a um outro cenário de oportunidades de aprendizagem social e individual. A Web 2.0 oferece uma nova filosofia de interação e distribuição de conteúdo informacionais, assim como maiores possibilidades para a avaliação da aprendizagem. Nesse aspecto, expande-se as possibilidades para aquisição de conhecimentos em outras áreas e a realização de avaliações contínuas do processo.

Palavras-chave: EaD, superior, avaliação, métodos.

1. INTRODUÇÃO

A avaliação da aprendizagem é um processo que tem sido utilizado há décadas pelas instituições de ensino, em todos os processos instrucionais. Do nível mais básico ao mais avançado, a avaliação dos conhecimentos adquiridos no processo ensino / aprendizagem é um dos fatores indispensáveis para a verificação da eficiência e eficácia do trabalho pedagógico realizado.

É oportuno notar que a avaliação da aprendizagem realiza-se em três níveis de verificação, conforme Bloom, Hastings e Madaus (1971), que influenciaram especialmente o planejamento educacional de várias gerações de professores e formadores, ao sugerirem três funções para a avaliação: diagnóstica, formativa e somativa. Dessa forma, na avaliação dos cursos online, deverão ser consideradas as três funções (diagnóstica, formativa e somativa), considerando que a qualidade dos cursos a distância está diretamente relacionada com   a qualidade dos instrumentos de avaliação:

  • Avaliação Diagnóstica, que faz a investigação, a previsão, a verificação do perfil do aluno e suas potencialidades para a assimilação do conhecimento, proposto no currículo do curso em questão;
  • Avaliação Formativa, que acompanha, diariamente, a evolução dos educandos no decorrer da sua formação;
  • Avaliação Somativa, que verifica o aproveitamento final do educando na conclusão do processo instrucional.

Nas considerações desses autores, esses níveis de avaliação são muito importantes na verificação da aprendizagem na modalidade presencial e, mais ainda, na modalidade de EaD. Isto porque o aluno que estuda nessa modalidade precisa estar muito bem preparado para conduzir, de forma autodidata, a construção do seu conhecimento, precisando apenas das orientações do professor/tutor para a condução do processo de aquisição do conhecimento. Dessa forma, esse método de ensino leva o aluno a obter, num breve espaço de tempo, uma postura de pesquisador dos conhecimentos que pretende adquirir.

2. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EAD

Conforme Kratochwilla e Silva (2008); Moran (2009), a avaliação tem como objetivo conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e pelo professor, como ação-reflexão-ação que se dá no âmbito da sala de aula em busca do conhecimento aprimorado e transformado em sabedoria. Nesse contexto, a avaliação passa a exigir uma relação epistemológica entre professor e aluno. Desta forma, na visão desses autores, o que deve ser melhor analisado é o que está estabelecido em lei, que determina o formato presencial para as avaliações dos cursos a distância e que o peso da avaliação final (avaliação somativa) seja maior do que o peso das avaliações formativas. Afirma ainda que o sucesso da aprendizagem não pode ter base apenas em um momento presencial, contradizendo os projetos já em funcionamento em muitos cursos que adotam filosofias construtivistas e interacionistas. Dessa forma, contradiz a filosofia da metodologia da Educação a Distância, que estabelece que a construção do aprendizado acontece durante o processo de formação.

Para Garcia (2013), quando se fala em processo avaliativo, as relações éticos-sociais, políticos e epistemológicos, são equiparadas às questões que envolvem: a) modelo de avaliação; b) os sujeitos do processo; c) o que avaliar; d) quando avaliar; e) como avaliar; f) quais os fins da avaliação; g) os usos e os resultados dos dados e informações coletadas. O autor ressalta que a avaliação é parte do processo educativo, que vai do planejamento aos resultados da ação.

O autor revela que a EaD, com a evolução das tecnologias, integrou-se às TICs facilitando o processo de interação entre os componentes de um Sistema de Aprendizagem a Distância. Esse processo iniciou com a utilização dos modelos mais convencionais da comunicação, que vai do material didático impresso até o momento atual, as tecnologias digitais que facilitam a comunicação e oferecem os mais diversos recursos de interação e comunicação.  Nesse aspecto, as redes de computadores assumiram um importante papel para a consolidação desta nova modalidade educacional (GARCIA, 2013). Nesse cenário, surgem novos espaços de interação e comunicação favoráveis ao processo de ensino e aprendizagem e às novas práticas avaliativas em seu processo de gestão. Dessa forma, surgem novos ambientes para avaliação que integram práticas presenciais e a distância, tais como os novos modelos da educação online, os chamados e-Learning, b-Learning, m-Learning.

2.1 E-LEARNING

Conforme Mussio (2020), o e-learning, do inglês electronic learning, que significa ensino eletrônico, é um modelo de educação a distância que facilita a mediação do ensino / aprendizagem, que utiliza o ambiente on-line, aproveitando os recursos da Internet para a disseminação de conteúdos. A conceitualização de e-learning, segundo Monteiro; Barros e Leite (2015) apud Mussio (2020), “é marcada por diferentes variáveis que se entrecruzam e influenciam em sua classificação” (p. 3). Desse modo, esses autores o classificam como um processo online de mediação do conhecimento, em um sistema de EaD.

2.2 B-LEARNING

O b-learning, ou blendedlearning, é uma modalidade de aprendizagem derivada do elearning que, segundo Mussio (2020):

Refere-se a um sistema de formação em que a maior parte dos conteúdos é transmitida em cursos a distância, contudo, integra situações presenciais, por isso a origem da designação blended, algo misto, heterogêneo, combinado. Sendo caracterizado como uma modalidade mista de aprendizado, pode ser estruturada através de atividades síncronas ou assíncronas, no entanto seu viés assíncrono é diluído principalmente nos momentos em que encontros presenciais são realizados (p. 4).

Essa combinação das duas modalidades, presencial e a distância, para os autores, representa um diferencial para os estudantes que podem obter vantagens por ter à disposição formas distintas para o acesso ao conhecimento. Para Hemphill (2006) apud Mussio (2020), “o b-learning ocorre por meio de experiências educacionais que integram a aprendizagem presencial às tecnologias” (p. 4). Moran (2007) apud Mussio (2020), por sua vez, afirma que “ao referir-se a modelos híbridos, postula que em um futuro não muito longínquo os cursos presenciais se tornarão, de modo progressivo, semi presenciais, fazendo com que a presencialidade se funde com a virtualidade” (p. 4).

Dessa forma concorda-se com o autor, pois ao longo da história da educação, houve relevantes alterações na grade curricular dos cursos presenciais, de modo que uma grande parcela dos cursos presenciais, notadamente os de ensino superior, já dividem sua grade curricular nas duas modalidades, presencial e a distância.

2.3 M-LEARNING

O m-learning, de mobile learning, ou aprendizagem móvel, é também uma das modalidades do e-learning. Esta modalidade explora o uso das tecnologias móveis. Todavia, para Mussio (2020), “a tarefa de definir o termo m-learning não é tão simples, pois muitos estudiosos têm diferentes pontos de vista sobre esse conceito” (p. 4). Mussio (2020), cita também que:

De acordo com os pesquisadores Berge e Muilenburg (2013), ainda não existe um conceito bem definido sobre o m-learning. Há, porém, possíveis definições advindas da literatura, como o que foi postulado por O’Malley et al. (2003), ao considerar que este modo de aprendizagem se dá sem que o aluno tenha um local fixo de estudo, mas que utilize para aprender as tecnologias móveis que lhe são oferecidas (p. 4).

O autor refere-se a essa modalidade de ensino, o m-learning, como uma associação do ensino presencial com o ensino online, representando, desta forma, vantagens para os alunos em ampliar seus recursos de aprendizagem. Como se pode observar, esta nova tecnologia de aprendizagem, proporciona uma incrível mobilidade no processo de aprendizagem, não em um único espaço físico, mas em contextos diversos. Segundo Moura (2010) apud Mussio (2020), este novo formato educacional surgiu como forma de modernização dos processos formais e informais de ensino.

A avaliação da aprendizagem pode ser compreendida como um processo onde se pode diagnosticar e avaliar o sucesso, ou não, do aprendizado, ondo o avaliador pode tomar as devidas decisões para a construção de novas orientações e novos cenários para o processo do ensino e aprendizagem. Na EaD, também se faz necessário a introdução de novos recursos avaliativos, considerando a distância entre os sujeitos, que encontram-se dispersos geograficamente, e que se valem das interações síncronas e assíncronas dos AVAs (SANTOS e ARAÚJO, 2012).

Nesse sentido, Marques (2011) explica que tanto o ensino presencial como o ensino a distância tem como objetivo principal, no processo avaliativo, a verificação da importância do conteúdo do curso e sua administração na forma efetiva do aprendizado por parte do aluno.

2.4 RECURSOS PARA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EAD

Na visão de Rocha (2014), a avaliação é uma ação diagnóstica, que visa analisar o processo de ensino / aprendizagem, verificando e considerando, pedagogicamente, os dados apurados, como referência para a melhoria da qualidade educacional. O autor ressalta que em relação à modalidade de EaD, considerando o aspecto presença física do professor no processo avaliativo, este tem utilizado novas práticas para suas avaliações, basicamente em três modelos: a) Modelo Baseado nos Artefatos da Internet; b) O Modelo Misto e; c) Modelo Semi presencial.

Para Rocha (2014), o Modelo Baseado nos Artefatos da Internet é aquele em que o aluno conduz o rumo da sua aprendizagem e utiliza a Internet para pesquisar o conteúdo necessário à sua aprendizagem. O professor / tutor, por sua vez, permanece ausente em todo o período de realização do curso. Por outro lado, nesse modelo, as diretrizes para a condução da autoaprendizagem do aluno, são disponibilizadas pela coordenação do curso em questão. Os Ambientes Virtuais de interação e colaboração são representados pelos espaços denominados nuvens de aprendizagem. Nessa modalidade, o grande diferencial é a autoaprendizagem do aluno, que valoriza sua capacidade de pesquisar e compartilhar o resultado das pequisas.

No Modelo Misto existem momentos a distância síncronos, assíncronos e momentos presenciais. Nesse aspecto, o Projeto Político Pedagógico do curso ou da disciplina ofertada, é quem dita as normas para a execução do curso a distância, em relação a esses momentos de interação. Nesse sentido, o MEC, como regulador da EaD no Brasil, exige que haja encontros presenciais agendados entre o professor / tutor e os alunos.  Com a evolução das TICs e o avanço das mídias educacionais, muito em breve haverá um novo formato para a formação não presencial.

O Modelo Semi presencial tem como característica principal os encontros presenciais entre o professor / tutor e os alunos e as atividades a distância. É o modelo que exige as presenças físicas dos atores no processo ensino / aprendizagem. Nessa modalidade, a Web 2.0 é o ambiente virtual utilizado para a mediação do conhecimento. Dessa forma, o modelo semi presencial é um misto do modelo da educação presencial com a metodologia da Educação a Distância. Os recursos tecnológicos são fartamente utilizados nesse novo senário, o que possibilita a flexibilização da aprendizagem nos momentos não presenciais (ROCHA, 2014).

O autor concorda que o processo de avaliação da aprendizagem é uma ação intencional que envolve os professores e os alunos, e que servirá de norte para conduzir seus roteiros para novos aprendizados de forma crítica e inclusiva. Desse modo, compreende-se que para avaliar é necessário a utilização das modalidades diagnóstica, formativa e somativa, como já citado em Bloom, Hastings e Madaus (1971).

Para Pereira (s.d.), admitir o processo avaliativo como parte da aprendizagem é promover as devidas interações durante esse processo, promovendo momentos de reflexão no âmbito educacional e criando novas estratégias de aprendizagem. Nesse sentido, propõe-se que para acompanhar os diversos recursos didáticas disponíveis nos dias atuais, é fundamental que o professor estabeleça alguns critérios para a análise dos trabalhos acadêmicos dos alunos, suas contribuições; verificando o que fez diferença durante o processo de avaliação.

Nos fóruns de discussão percebe-se critérios de análise na participação, na mediação coletiva e no acompanhamento.

Conforme Pereira (s.d.):

Os participantes, ao ler as mensagens e dar continuidade ao diálogo com comentários críticos e argumentativos estariam automaticamente avaliando as ideias apresentadas. Isso evitaria os múltiplos monólogos quando uma questão ou desafio são propostos e cada um registra sua reposta individual com ideias repetidas, desarticuladas e desconectadas dos demais colegas. Já a ferramenta correio eletrônico (emails) permite compartilhar feedback coletivamente, contudo a utilização desse recurso requer cuidado, pois possibilitam a todos os interagentes acesso a informações que a priori estariam restritas ao emissor e ao destinatário do correio. Contudo, o correio é uma forma de socializar a avaliação, propondo sugestões que podem ser importantes para outros aprendizes tanto no esclarecimento de dúvidas e orientações, quanto ao conteúdo trabalhado e ainda relacionado à utilização de ferramentas disponíveis no Ambiente Virtual utilizado (p.6).

Nas considerações de Faria e Souza (2013), o fórum é um dos bons recursos didáticos para se aplicar no processo avaliativo: facilita o diálogo entre os participantes durante o debate, fornecendo dados analíticos para uma melhor avaliação final. Dessa forma, a avaliação é um processo que considera todo o período de realização do curso realizado. Assim, todo o período de construção do conhecimento do aluno é preciso ser avaliado, e não somente através da avaliação final. No caso da utilização do chat, este pode ser utilizado como ferramenta avaliativa online, que segundo o autor, facilita a participação de todos em tempo real.

Nesse sentido, Moraes (2014) aponta o significado de algumas ferramentas amplamente utilizadas na avaliação da aprendizagem, em um Sistema online:

Chat: permite a interação das discussões de modo síncrono, ou seja, em tempo real; tendo como possibilidade avaliativa os fatores referentes à participação do aluno durante o processo;

Tarefas: são realizadas de forma assíncrona. Permite a postagem de atividades que pode ser textos, relatórios, imagens ou vídeos. Normalmente é definido pelo professor a data da entrega pelos alunos. Este recurso representa uma ferramenta muito importante para avaliação do conhecimento, permitindo ao professor comentar o desempenho dos alunos, além de que o professor pode gravar o resultado da tarefa e enviar para o e-mail do aluno;

Questionário: Esta ferramenta fornece a possibilidade de criação de vários tipos de questionários, que pode ser de questões dissertativas, objetivas, de completar lacunas ou de múltipla escolha. Oferece ao professor uma série de opções para avaliar o aprendizado do aluno;

Fórum: é uma ferramenta de discussões entre participantes em um determinado debate.  Ela possibilita, ao professor, observar as interações nos debates realizados pelo grupo de discussão, fornecendo dados relevantes para uma possível avaliação dos componentes;

Wiki: é uma ferramenta on-line que possibilita a colaboração entre as pessoas de um determinado grupo, com a finalidade de construir, de forma conjunta, um trabalho acadêmico.  Normalmente esse tipo de trabalho é combinado entre professores e alunos. Nas wikis, normalmente, não existe controle central, pois se espera que as sucessivas contribuições dos participantes sobre o texto constituam, com o tempo, um consenso, um texto mais apurado a respeito do tema proposto. Esta ferramenta integra um editor de texto com diversas opções de formatação e edição. Com essa ferramenta é possível avaliar a capacidade de argumentação do aluno, de trabalhar em grupo, de conectar ideias de compreensão do tema que está sendo estudado etc.

2.5 AVALIAÇÃO NA EAD

No decorrer da história da educação, a avaliação sempre representou uma importante ferramenta para a consolidação do processo de ensino e de aprendizagem. Por ser um processo meramente quantitativo na ação de avaliar os participantes de um curso, o processo avaliativo tem sofrido muitas críticas no decorrer da história da Educação. Tem-se, hoje em dia, uma outra visão do processo avaliativo. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) exigem um maior estudo e reflexão para a utilização dos instrumentos, tanto do ensino quanto da verificação da aprendizagem. Nesse sentido, o novo modo de ensinar e de empreender requer uma visão mais sistêmica desse processo, levando o professor a analisar o comportamento do aluno em todo o período de execução do curso, e não só o seu momento de conclusão (MORAES, 2014).

Moraes (2014), esclarece ainda que:

As bases legais da EaD foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394) em dezembro de 1996; em 2005, o Decreto nº 5.622 regulamentou o Art. 80 e estabeleceu diretrizes para a educação nessa modalidade em âmbito nacional. O decreto conceitua a Educação a Distância como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios de tecnologia de informação e de comunicação (TIC), com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e/ou tempos diversos (p. 15).

Para Zanelato (2009) apud Souza (2014), com a EaD, o processo de avaliação da aprendizagem tomou um novo rumo. Nesse sentido, a metodologia aplicada na avaliação do conhecimento, tem se baseado na avaliação quantitativa e, dessa forma, revela-se insuficiente em termos metodológicos. Sendo assim, o uso da avaliação qualitativa seria a melhor opção. Conforme Zanelato, “a autora destaca ainda que a avaliação na EaD não constitui uma ação pontual e isolada, mas sim um processo dinâmico que está relacionado a diferentes fatores, como o momento, os conteúdos, as ferramentas e os procedimentos em questão” (p. 166).

2.6 AVALIAÇÃO EM E-LEARNING

Conforme consta em Lagarto (2007), a verificação da aprendizagem conta com três momentos específicos para a realização da avaliação educacional: diagnóstica, formativa e somativa. Para cada um desses momentos existe uma aplicação específica. Inicia-se com a avaliação diagnóstica para a detecção do conhecimento básico dos alunos sobre o assunto a ser explorado; depois utiliza-se a avaliação formativa, observando e analisando o perfil comportamental de cada aluno, seu interesse e suas expectativas; e por fim, aplica-se a avaliação somativa para a consolidação do processo ensino e aprendizagem.   Quando se fala em educação online, destaca-se a avaliação em e-learning, que permite o conceito de formação estruturada, e pode ser analisada sob as seguintes perspectivas: 1) ações com efeitos diretos sobre a aprendizagem, que se refere à verificação e acompanhamento da aprendizagem; 2) ações de natureza sistêmica, que permitem aos gestores da formação realizar uma análise dos pontos críticos do sistema utilizado, com o objetivo de obter melhores resultados. Lagarto (2007) ressalta que a avaliação da formação em e-learning pode ser mensurada considerando o nível de satisfação dos discentes, e o impacto dessa formação sobre os resultados do negócio da instituição.

De uma forma genérica, Lagarto (2007) esclarece que a avaliação (também em e-learning) pretende:

Melhorar a qualidade dos recursos humanos; encorajar uma atitude de formação permanente; melhorar a qualidade dos serviços que se prestam. Também importa identificar os momentos adequados para a realização da avaliação num processo formativo: a) antes: perspectiva o sucesso do projeto (análise de necessidades e pré-requisitos); b) durante: avalia o nível de consecução dos objetivos pelos formandos; c) depois: verifica o sucesso do projeto – o nível de demonstração de competências e de ganhos de produtividade (p. 20).

Em relação às diferentes perspectivas nos processos de avaliação envolvendo e-learning, pode-se utilizar o quadro conceptual de Kirkpatrick (1994), que apresenta os quatro níveis sequenciais, os quais permitem ter uma visão completa sobre os resultados de um processo formativo.

Quadro 1 – Baseado nos quatro níveis do modelo de avaliação de Kirkpatrick (1994).

Nível 1 – satisfação

 

Questiona sobre a satisfação dos formandos e sobre o nível de evasão;
Nível 2 – aprendizagens

 

– Questiona sobre o que os formandos aprenderam e sobre os objetivos de aprendizagem atingidos pelos alunos;
Nível 3 – competências – Este nível, verifica se os alunos em formação aplicam as novas competências no local de trabalho;
Nível 4 – resultados

 

– O último nível preocupa-se com a melhora dos procedimentos por parte da organização para a formação dos seus quadros, e os ganhos financeiros da instituição com a formação dos seus colaboradores.

Fonte: D. L. Kirkpatrick (2015)

Desta forma, Lagarto (2007) sugere alguns critérios para classificar a qualidade de um programa de e-learning. Mesmo não sendo possível mensurar tais critérios, eles têm grande relevância na preparação do processo formativo, como segue:

  • Credibilidade da instituição formadora: diz respeito à credibilidade da instituição de ensino, seu nível de excelência e competência;
  • Garantia de critérios de qualidade: refere-se sobre a utilização de Sistema de Gestão da Qualidade utilizado pela instituição, para a garantia do controle da qualidade dos cursos em e-learning;
  • Informação prévia e aconselhamento: questiona a informação a respeito dos cursos de e-learning. Se são suficientes para permitir sua adequação às necessidades da organização e dos alunos em formação;
  • Custos do curso: questiona se são considerados o custo do curso, além de outros custos, para se atingir às expectativas sobre resultados e benefícios para o formando e para a sua organização;
  • Apoio ao e-formando: refere-se às informações de apoio técnico ao aluno, e sobre as orientações que venham contribuir para sua formação. Questiona também se tal apoio pode suprir as necessidades dos formandos, para melhor atingir seus objetivos;
  • Preferências individuais: questiona se o curso é desenhado de forma a permitir uma utilização personalizada pelo formando.

Nesse sentido, conforme os estudos de Balula (2014), para que o uso da tecnologia venha a potencializar o processa da aprendizagem, a estrutura do curso e do seu ambiente devem fornecer estratégias adequadas que permitam ao educando manipular conteúdos; interpretar problemas; formular hipóteses; construir conceitos próprios de aprendizagem e tomar decisões. Desta forma, Balula (2014) complementa dizendo “se as competências transversais se afiguram importantes para a evolução do indivíduo e da sociedade que ele integra, então as estratégias de ensino / aprendizagem / avaliação também devem promover o seu desenvolvimento” (p. 82).

Desse modo, no contexto do ensino online, admite-se que não havendo um domínio suficientemente aceitável de competências tecnológicas, de comunicação, interação e de colaboração pode comprometer o sucesso dos alunos, já que o seu desenvolvimento deverá sempre ser previsto no desenho de estratégias de ensino online.

3. METODOLOGIA

Para esse estudo optou-se por realizar uma pesquisa descritiva, de caráter qualitativo. A consulta bibliográfica foi o método utilizado para a presente pesquisa que, baseando-se em Fonseca (2002), foi realizada a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios impressos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de web sites.  Dessa forma, a pesquisa descritiva, na visão de Gil (1991), tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Assim sendo, a pesquisa bibliográfica permitiu ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto, avaliando o processo, ora utilizado, de ensino / aprendizagem. Sendo esta uma pesquisa científica, a pesquisa bibliográfica foi a mais indicada para a realização desse estudo. A pesquisa foi qualitativa descritiva, porque procurou identificar e demonstrar os métodos utilizados atualmente, no Brasil, para a realização das avaliações em Educação a Distância e as possíveis melhorias na qualidade dessas avaliações.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do presente estudo verificou-se que a avaliação da aprendizagem na modalidade a distância tem sido praticada no modelo presencial, em todas as instituições de ensino superior pesquisadas, que trabalham com EaD. Isto porque a legislação que regula o funcionamento desta modalidade de educação exige a avaliação presencial, e também porque é mais segura do que a avaliação online. Além da avaliação presencial, as instituições têm utilizado um conjunto de ferramentas de apoio ao processo avaliativo nos cursos a distância, tais como: chat, tarefas, questionários, fórum, wiki, videoconferência e audioconferência.

De acordo com o que se tem observado, considerando nosso experiência em sala de aula presencial e como tutor de cursos a distância, os estudantes brasileiros ainda não incorporaram a cultura da modalidade de EaD. Desse modo, é compreensível que eles também não tenham uma consciência formada sobre as avaliações de cursos a distância. Por isso, mesmo com toda a tecnologia existente nos dias atuais, ainda não se encontrou ferramentas adequadas para promover um processo avaliativo seguro. Achamos que a conscientização é a melhor saída para se resolver tal problema, que, diga-se de passagem, é um processo bastante demorado. Por outro lado, quando o aluno sente a real necessidade de aprender um determinado conteúdo, ele trata o assunto com seriedade e responsabilidade, conscientizando-se de que ele é o principal protagonista do seu próprio sucesso, nesse processo de aquisição do conhecimento para sua formação.

É preciso investir em educação e conscientização, no que tange aos novos modelos de educação, para que se possa ter mais segurança no processo de Ensino e Aprendizagem a Distância, incluindo-se aí, o processo de avaliação.

REFERÊNCIAS

BALULA, Ana Jorge. Revista EFT: Avaliação digital como aprendizagem. Educação, Formação & Tecnologias. Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda – Universidade de Aveiro, Portugal. 2014. [Online]. Disponível em:  http://twixar.me/jpD1.  Acesso em 19- jul-2019.

BLOOM, Benjamin S.; HASTING, J. Thomas; MADAUS, George F. Manual de Avaliação Formativa e Somativa do Aprendiz Escolar. Livraria Pioneira Editora, S. Paulo, 1971.

FARIA, Denilda Caetano; SOUZA, Raquel Aparecida. Reflexões sobre a avaliação da aprendizagem em cursos online.  Processos Avaliativos na Educação a Distância. V Seminário Internacional de Educação a Distância CAED – UFMG. Meios, atores e processos.  2013. [Online]. Disponível em: https://bit.ly/2JLzUhg. Acesso em 12-jul-2019.

FONSECA, João José. Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Apostila. Fortaleza: UEC, 2002.

GARCIA, Rosineide Pereira Mubarack. Avaliação da aprendizagem na educação a distância na perspectiva comunicacional. – Cruz das Almas/BA: UFRB, 2013.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed, São Paulo: Atlas, (1991)

KIRKPATRICK, Donald L. Os quatro níveis do modelo de avaliação de Kirkpatrick, 2015. Disponível em: http://twixar.me/3g8T, acesso em: 03-11-2019.

KRATOCHWILL, Susan; SILVA, Marco. “Diálogo Educ.,” Avaliação da aprendizagem on-line: contribuições específicas da interface forum,” Rev. Curitiba, v. 8, n. 24. 2008. [Online]. Dinsponível em: https://bit.ly/30Ab7Dx   Acesso em: 07-jul-2019.

LAGARTO, José. R. Avaliação em e-learning. Universidade Católica Portuguesa, 2007. [Onlinne]. Disponível em:    http://twixar.me/JzD1. Acesso em: 25-jul-2019.

MARQUES, Erica Ferreira. A utilização da avaliação tipo “teste” on-line como apoio ao ensino presencial: uma abordagem quantitativa sobre a sua contribuição no ensino de ferramentas estatísticas multivariadas. Sorocaba, S.P., 2011. [Online]. Disponível em: https://bit.ly/2NZICOl.  Acesso em 12-jul-2019.

MORAES, Simone Becher Araujo. Notas Sobre a Avaliação da Aprendizagem em Educação a Distância. V.4, No 2. 2014. [Online]. Dinsponível em: https://bit.ly/32t4kNI. Acesso em: 15-jul-2019.

MORAN, José Manuel. ETD – Educação Temática Digital: Modelos e avaliação do ensino superior a distância no Brasil. Campinas, v.10, n.2, p.54-70, jun, 2009. [Online]. Disponível em: http://twixar.me/8mF1. Acesso em: 19-jul-2019.

MUSSIO, Simone Cristina. Reflexões sobre as modalidades de estudo na educação a distância: benefícios e limitações. Revista EDaPECI. São Cristóvão (SE), 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.29276/redapeci.2020.20.112187.119-129. Acesso em 07-08-2020.

PEREIRA, Juliana Danielle dos Reis. Processos avaliativos da aprendizagem em EaD: Desafio a formação docente. – CEFET-MG. (s.d). [Online]. Disponível em: https://bit.ly/2XKsF2I.  Acesso em 16-jul-2019.

ROCHA, Enilton Ferreira. Avaliação na EaD: estamos preparados para avaliar? 2014. [Online]. Disponível em: https://bit.ly/2q7gPyO.  Acesso em: 15-jul-07-2019.

SANTOS, Edméa; ARAÚJO, Maristela Midlej.  Como avaliar a aprendizagem online? Notas para inspirar o desenho didático em educação online. Educ. Foco. Juiz de Fora – MG. 2012. [Online]. Disponível em: https://bit.ly/2LYWN3d. Acesso em: 10-jul-2019.

SOUZA, Tito Eugênio Santos. Avaliação em Educação a Distância: Concepções e Possibilidades. REVASF, Petrolina, PE, 2014. Disponível em:

file:///C:/Users/luizd/AppData/Local/Temp/275-Texto%20do%20artigo-774-1-10-20181129.pdf. Acesso em: 02-jul-2020.

[1] Bacharel em administração de empresas; Pós-graduado em: Qualidade e produtividade; Metodologia da Educação a Distância; Inovação e difusão tecnológica e Gestão da Educação; Mestrando em Gestão educacional.

Enviado: Maio, 2020.

Aprovado: Agosto, 2020.

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Luiz Carlos de Castro

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