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Reflexões sobre os paradigmas baseados no conhecimento do senso comum e científico

RC: 57314
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/conhecimento-do-senso

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ANTUNES, Maria de Fatima Nunes [1], GUGLIELMI, Juçara [2], ARCARI, Inedio [3]

ANTUNES, Maria de Fatima Nunes. GUGLIELMI, Juçara. ARCARI, Inedio. Reflexões sobre os paradigmas baseados no conhecimento do senso comum e científico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 05, pp. 57-63. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/conhecimento-do-senso, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/conhecimento-do-senso

RESUMO

Na educação de um país são fundadas as primeiras bases da reflexão sobre paradigmas, sendo esta a primeira base de reflexão que extrapola as convicções da família. O estudante é então exposto a uma grande variedade de verdades, afirmações de diferentes culturas e modos de vida. Logo, com este artigo pretende tecer algumas reflexões sobre os paradigmas relacionados ao senso comum e a ciência, discutindo aspectos voltados ao ambiente vivenciado por professores e alunos de acordo com a literatura. O estudo baseou-se em uma pesquisa bibliográfica entrelaçando e discutindo a questão dos paradigmas, que no dia a dia da sala de aula são presenciados. Concluiu-se nessas reflexões que o modo tradicional de se apresentar a educação envolto de paradigmas, passa por algumas discussões que aos poucos tem provocado uma ruptura neste modo de educação, reconstruindo assim, novos paradigmas.

Palavras-chave: Senso Comum, paradigmas, verdades, educação.

1. INTRODUÇÃO

Quando fala-se em mudança na educação, parece ser algo muito simples, mas ao resgatar a história da educação percebe-se que não é tão fácil assim mudar pensamentos, valores, crenças de um povo, pois a maioria dos envolvidos acredita nos saberes de uma comunidade, assim como entendido por Alves (2005) ao afirmar que, mesmo preferindo não definir, ele simplesmente diz que o senso comum é aquilo não é considerado ciência, e isso inclui todas os feitos do dia-a-dia, bem como as ideias e esperanças que sobrepõem a vida.

Desta forma, o senso comum funciona muito bem para se viver em família, principalmente quando se trata de valores e cultura de um determinado grupo da sociedade, pois cada pessoa tem sua convicção sobre determinado conceito. Porém é discutível a existência de uma verdade pronta e acabada, pois está vulnerável às constantes transformações de um determinado conceito, de um ponto de vista particular.

Trazendo para a realidade da sala de aula, os estudantes interrogam e discutem os mais diversos tipos de conhecimento vivenciados em seu cotidiano. Partem de suas imaginações, aspectos fundamentais para a construção de um conhecimento que ainda não é uma verdade consolidada. Não é salutar ao professor abordar seus ideais e impô-los para que sobreponham os pensamentos dos estudantes, pois a imposição pode induzi-lo a não ser reflexivo, autônomo e crítico. Sobre o conceito de verdade Foucault (1979) diz que nem tudo possui a verdade absoluta, mas a todo momento e lugar existe uma verdade que precisa ser descoberta, no entanto ela só está ali adormecida, esperando alguém desvendá-la. Todavia cabe a nós identificá-la da maneira certa com instrumentos e ângulos corretos, pois de qualquer modo ela está presente em algum lugar.

Partindo da premissa que nem todo o conhecimento é uma verdade e em algumas situações ainda são ignoradas pelos cientistas, de recentes pesquisas realizadas por etnoecólogos e etnobiólogos em comunidades tradicionais, que buscam o resgate e a valorização destes saberes, surgem a cada dia novas alternativas e reflexões que contrapõe os paradigmas vigentes e vem provocando efeitos positivos para o conhecimento científico. Nesta perspectiva, Dickmann e Dickmann (2008), sinalizam que o conhecimento científico é aquele estruturado, formulado e publicado na academia. Resultado, em sua maioria, de reflexões de lideranças oriundas da classe média que se dedicam curiosamente sobre as situações dos mais pobres com objetivo de analisá-las.  Mesmo sendo uma forma particular de se caracterizar sob o ponto de vista classista da sociedade, não deixa de emitir um parecer sobre a diferenciação do senso comum e do científico.

Diante dos paradigmas interligados com o conhecimento científico emerge a figura do professor que protagoniza essa mudança de pensamento, quebrando os paradigmas que a muito tempo vêm se estabelecendo. Trata-se aqui da educação chamada de tradicional, onde a relação professor-aluno é marcada pelo autoritarismo do primeiro em relação ao segundo. Nesta perspectiva somente o professor possui conhecimento para ensinar, pois o papel do estudante é unicamente o de receber o conhecimento transmitido pelo professor, logo o silêncio em sala de aula é imposto pela autoridade docente.

2. DESENVOLVIMENTO

O paradigma é aquilo que as pessoas acreditam como verdade de uma prática baseada em suas realidades com ou sem experimentação científica. Moraes define o paradigma como uma “[…] constelação de concepções, valores, de percepções e de práticas compartilhadas por uma comunidade científica, que dá forma a uma visão particular da realidade, a qual constitui a base da maneira como a comunidade se organiza” (MORAES, 1996 apud BEHRENS, 2005, p. 26).

Desta forma Moraes (apud BEHRENS, 2005) avalia o conceito de paradigma sobre uma estrutura de realidade social com a qual estabelece como verdades estabelecidas naquele determinado espaço-tempo.

De acordo com Kuhn (1991), os paradigmas são realizações científicas, que tem como objetivo fornecer problemas e soluções modelares para uma determinada comunidade praticante de uma ciência, sendo reconhecidos universalmente durante um período. A norma de paradigma surgiu das experiências de Kuhn (1978, p. 260), em que “[…] o conhecimento científico, assim como a linguagem, é intrinsecamente a propriedade comum de um grupo ou então não é nada”. Entretanto para compreendê-lo é necessário conhecer o contexto-histórico dos grupos que o criam e o praticam. Kuhn estabelece uma forma interessante para o conceito de paradigma trazendo o conhecimento científico, mais elaborado, de um grupo social que traduz como um conjunto de verdades aceitas.

Segundo a interpretação de Morin (2000), vivemos uma época em que possuímos um velho paradigma e princípio que nos obriga a separar, simplificar, reduzir e formalizar, e que nos impede de conceber a complexidade do real. Desta forma percebe-se que as concepções sobre a verdade são protegidas por um compromisso pactuado por determinado grupo social.

Ainda nesta linha, Morin (2000) explica que os paradigmas são princípios de princípios, considerando-as como fundamentos mestres que controlam nossos espíritos e comandam teorias, inconscientemente.

Este modo de pensamento forja e faz acreditar em uma estrutura social administrada por um conjunto de verdades que norteiam a consciência e o espírito de convivência em sociedade.

Nesse sentido, Cortella (apud REVIDE, [S.d.], texto digital) afirma que em um mundo que passa por constante mudança, inclusive na área da crença de paradigmas, é necessário: “ensinar o que se sabe, praticar o que se ensina e perguntar o que se ignora”. Além de que precisamos estar atento nas mudanças que ocorrem no mundo para saber quais acatar e rejeitar. Situação bem representativa do que rege o setor educacional, a base de uma educação, provocando profundas transformações e sinalizando uma ruptura do que é considerado senso comum e conhecimento científico, transformando paradigmas.

De acordo com estes conceitos acima e pela necessidade de novos paradigmas, os professores buscam inovações através de suas ações pedagógicas. A tarefa do professor já foi em algum tempo a de transmitir conhecimento, enquanto o aluno era submisso a essa situação, cuja abordagem tornava-se tradicional.

Os paradigmas conservadores concentravam-se em verdades impostas, conteúdos repassados, onde o aluno não tinha o poder de dar sua opinião. Esta prática trazia ao aluno uma capacidade decorativa, em que o ensino independia do aluno. Moraes (1997) já mencionava que o ensino é praticado através de aulas expositivas, introduzido de exercícios de leitura e cópias. E que baseado na eficácia e padronização, são estruturados com horários e currículos, rígidos e predeterminantes. Com alunos segregados por idade, em compartimentos organizados por fileiras, vivendo em um ambiente controlado com base única e indiferenciado.

Na ideia de vencer os paradigmas citados acima, surgem os Paradigmas Inovadores, onde os professores são desafiados a buscar novas práticas para exercer a docência. O aluno é visto como crítico e é envolvido com a produção do conhecimento; possui liberdade de pensamento. Ampliam-se as metodologias das aulas para pesquisa e formas inovadoras de promover a aprendizagem dos alunos. Cortella, bem orienta que a escola tem que estar apta a acompanhar as mudanças que ocorrem de forma simultânea. Isso pois nem tudo que vem do passado precisa ser mantido no presente. A escola precisa saber distinguir aquilo que vem do passado e que pode ser levado adiante, em modo tradicional, daquilo que deve ser abandonado porque é arcaico.

Nesta análise de paradigmas duas vertentes aparecem, em que em uma, o professor é o centro da verdade num contexto conservador e em outra, porém, na abordagem humanista ele conduz a aprendizagem através de meios inovadores capazes de despertar curiosidade e motivação no aluno. Na metodologia tradicional, as aulas são expositivas e o aluno necessita ler e decorar os conteúdos trabalhados, enquanto na abordagem humanista são analisadas experiências e tomadas como discussões para aprendizado de forma inovadora, utilizando recursos e debates entre os grupos de alunos dentro da sala de aula, ou seja, o conhecimento é construído.

É necessário enfatizar uma educação dentro do contexto em que as crianças estão inseridas, para que haja significado e as relações de aprendizado sejam efetivas. Segundo Morin, sobre esse aprendizado, apresenta que o conhecimento é um refletor do mundo externo. “Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos “ (MORIN, 2000, p. 19-20).

Assim, é possível concordar que o conhecimento é fruto da interpretação que o ser humano faz sobre uma determinada realidade sob o seu ponto de vista, com alguma sistematização de ideias, desta forma entendendo um pouco mais o processo de produção de conhecimento por parte dos estudantes. Morin desenvolve teorias críticas criando ideias profundas:

Daí decorre a necessidade de destacar, em qualquer educação, as grandes interrogações sobre nossas possibilidades de conhecer. Pôr em prática estas interrogações constitui o oxigênio de qualquer proposta de conhecimento. […] O conhecimento do conhecimento, que comporta a integração do conhecedor em seu conhecimento, deve ser, para a educação, um princípio e uma necessidade permanentes (MORIN, 2000, p. 29).

Considerando as abordagens mencionadas pelos autores citados de acordo com os conceitos de Paradigma e a influência no processo educativo, permitiu-se analisar criticamente cada conceito e perceber suas possíveis aplicabilidades em sala de aula. Neste sentido, entende-se que o Paradigma Inovador desafia os profissionais da educação a desenvolver um trabalho em equipe, pois no exercício da docência o professor precisa se manter na dinâmica de desenvolver ações que promovam a criticidade e reflexão dos estudantes.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os paradigmas estão visíveis aos nossos olhos, enquanto profissionais da educação, ainda assim, alguns professores preferem continuar na zona de conforto, inertes quantos às transformações, no faz de conta de ensinar e aprender nas relações entre professor e estudante, ou seja, assume que tudo está perfeito e não é necessário mudar.

Diante de nossos paradigmas no decorrer do trabalho, hoje o nosso aluno quer aprender coisas além do que já está exposto no mundo externo, e isso exige do professor uma transformação de novas estratégias de ensino, para possibilitar novos horizontes de ensino e aprendizagem. Ouvimos nos bastidores da escola de nossos alunos que a escola “está chata”, e nesta perspectiva o professor prefere fazer de conta que está tudo bem.

Levando em consideração essas reflexões, quebrar paradigmas já existentes exige do professor que seja protagonista das mudanças desde o planejamento até a sua execução.

Dito isto, é importante ressaltar que essas mudanças acontecem   gradativamente, é necessário não apenas o professor se envolver no processo, mas que todos possam fazer parte deste processo bem como: a classe política, a família, e a sociedade em geral.

Estamos todos em direção de novos paradigmas que já é emergência e não mais uma necessidade, ou seja, a mudança precisa começar por nós, os professores, precisamos começar a fazer algo, desvendar o novo, através de pequenas atitudes, novas metodologias de ensino, atuando como investigadores de novos métodos que venham ao encontro das expectativas.

REFERÊNCIAS

ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 10. ed. São Paulo, Loyola, 2005.

BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

CORTELLA, M. S. Educação, Escola e Docência – Novos Tempos, Novas Atitudes. São Paulo: Cortez, 2014.

DICKMANN, I; DICKMANN, I. Primeiras palavras em Paulo Freire. Passo Fundo: Battistel, 2008.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. 9. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1978.

KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. 12. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.

MORAES, M. C. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

REVIDE. Cortella faz palestra em colégio de Ribeirão. [S.d.]. Disponível em: https://www.revide.com.br/editorias/gerais/cortella-faz-palestra-em-colegio-de-ribeirao/. Acesso em 10/04/2020.

[1] Mestra em Ensino de Ciências Exatas. Pedagoga.

[2] Mestranda em Ensino de Ciências Exatas. Pedagoga.

[3] Doutor em Engenharia Elétrica e Mestre em Matemática.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Agosto, 2020.

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Maria de Fátima Nunes Antunes

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