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Livros acadêmicos que podem ajudar o pesquisador em sua jornada – Existem livros que introduzem esse universo e que explicam tudo sobre a escrita acadêmica?

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A preocupação de todo sujeito que está na academia: explicando o contexto da escrita acadêmica e o porquê desse mecanismo ser tão importante

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma ferramenta que acompanha a vida de todos os pesquisadores, independentemente da área e linha de pesquisa na qual atuam. Estamos nos referindo à escrita acadêmica. Como sabemos, a escrita é algo cobrado de todos nós durante toda a nossa vida e é na educação infantil que começamos a aprimorar essa habilidade, e, à medida em que evoluímos, eliminamos vícios de linguagem, aprendemos a escrever a partir de gêneros diferentes, dentre outros aspectos. O mesmo processo evolutivo pode ser observado na escrita acadêmica. Quando começamos a nossa jornada como pesquisadores é muito comum que escutemos que é preciso escrever de forma científica, isto é, devemos embasar toda a nossa argumentação em uma literatura que seja capaz de exprimir o que nós seres humanos acreditamos de uma forma científica.

Os preceitos da escrita acadêmica

A escrita acadêmica integra um universo bastante amplo e cheio de variáveis. A fim de que você possa desenvolver os mais diversos materiais científicos iremos apresentar ao longo desse post algumas dicas e técnicas. Em razão deste ser um universo bastante amplo, diversos pesquisadores se questionam se existe algum tipo de livro que explique de forma detalhada esse universo. Embora essa possa ser uma dificuldade predominante naqueles que estão se introduzindo no mundo acadêmico, o post pode ajudar todos aqueles que já estão na academia, mas que desejam aprimorar as suas técnicas de escrita. Um dos pontos mais ressaltados por aqueles que tentam sanar as dúvidas relacionadas à escrita acadêmica é a necessidade de que este sujeito que pretende evoluir as suas técnicas entenda pelo menos os preceitos básicos relacionados à metodologia científica. Aponta-se os formatos de escrita e uma regra geral.

Os elementos básicos que caracterizam a escrita científicaOs elementos básicos que caracterizam a escrita científica

Embora haja um formato geral, e, de certa forma, padrão, relacionado, por sua vez, ao fazer científico, é muito importante que você tenha claro em mente que mesmo que haja essa regra geral, cada instituição tem o seu próprio modus operandi, assim como os professores que orientam nessas instituições. Assim sendo, ao chegar nessa instituição, a forma que você aprendeu a desenvolver materiais científicos pode ser muito diferente do que o que o seu professor entende como fazer científico, visto que os fazeres científicos são múltiplos. Gostaríamos de iniciar essa discussão frisando que a escrita científica integra uma dimensão muito grande, e, em razão dessa amplitude, há uma série de variáveis que caracterizam essa escrita. Dessa forma, não existe um único livro que seja capaz de abordar todos os aspectos dessa escrita. Isso decorre do fato de que a maioria dos livros voltam-se a uma área específica.

As especificidades de cada área do conhecimento

Não existe uma graduação voltada para aqueles profissionais que querem dedicar-se ao ensino da escrita acadêmica, de modo que os livros que temos são dicas de pesquisa que podem ser aplicadas na área relacionada à formação do autor dessa obra em questão, porém, nada impede que as regras dessa área específica possam ser aplicadas em um outro contexto. Assim sendo, eventualmente, os autores, ao perceberem as dificuldades de escrita em uma área específica, escrevem livros voltados aos acadêmicos desse campo. Agora iremos apresentar alguns exemplos para que essa questão fique clara. Temos, por exemplo, diversos autores que escrevem obras voltadas às técnicas aplicadas na pesquisa qualitativa. Como é a especialidade desses autores, irão escrever uma ou mais obras que sejam capazes de apresentar todo esse universo – ou grande parte dele – para aqueles que trabalham com essa metodologia.

Exemplos de obras voltadas à pesquisa qualitativa

Alguns autores que dedicam-se a estudar a pesquisa qualitativa e apresentam técnicas de escrita a serem aproveitadas por estudos desse tipo são a Bardin, Creswell, Guerra e Gil. Contudo, algo que precisamos pontuar é que esses autores não irão discutir sobre a escrita acadêmica em si, mas sim sobre métodos de pesquisa qualitativa que podem ajudar o estudo a ser desenvolvido de uma forma mais coerente com a sua proposta. Existem, ainda, aqueles autores que apresentam métodos científicos mais generalizados, e, desse modo, podem ser aplicados aos mais diversos tipos de estudo. Gil é um exemplo. Esse autor dedica as suas reflexões à pesquisa exploratória, descritiva, explicativa, dentre outros diversos tipos. Os livros são de fácil acesso e podem ser encontrados na própria internet. Da mesma forma que há autores preocupados com os métodos qualitativos, também temos outros interesses.

Exemplos de obras voltadas à pesquisa quantitativaExemplos de obras voltadas à pesquisa quantitativa

Há pesquisadores – especialmente aqueles de áreas como a saúde, as exatas e semelhantes – que demandam outros tipos de métodos para que os seus estudos possam ser desenvolvidos da melhor forma possível. Sampieri é um dos autores mais recorrentes procurados pelos pesquisadores com estudos inclinados para o âmbito quantitativo. Assim sendo, torna-se importante frisar que não existe uma metodologia única e que pode ser aplicada como regra a todas as áreas e linhas de pesquisa. Temos centenas de métodos que irão ser úteis a depender dos objetivos, problema de pesquisa e linha de raciocínio do pesquisador. A escolha dessa metodologia é muito importante para o bom andamento do estudo, pois, a depender do método, o produto final do material científico pode modificar de forma bastante expressiva. Além disso, uma mesma metodologia pode acarretar a criação de trabalhos muito diferentes.

As escolhas de pesquisa e como afetam no produto finalAs escolhas de pesquisa e como afetam no produto final

A depender do seu tema, perspectiva/abordagem teórica, necessidade de pesquisa, objetivos e problemas, bem como a depender das indicações do seu orientador, o corpo do seu texto pode assumir um tom bem diferente daquele previsto nos momentos iniciais da pesquisa. Contudo, a escrita em si já é um dos aspectos que definem a forma desse texto, pois é a escrita que aponta como o método tem sido aplicado. Temos, na maior parte dos trabalhos científicos, alguns pressupostos. O primeiro deles, e, talvez, o mais recorrente, é que não podemos ter envolvimento com o objeto para que o caráter científico seja preservado, livre de quaisquer interferências. A partir do momento em que você tem envolvimento com esse objeto, a sua capacidade de análise crítica pode ser comprometida. Por exemplo, se você investigar uma situação que lhe afeta no dia a dia, esse distanciamento pode ser algo dificultoso.

A importância do distanciamento do pesquisador nas pesquisas científicas

O envolvimento com essa situação-problema pode comprometer o nosso exercício de distanciamento. Por exemplo, se você deseja investigar as manifestações políticas, as lutas por poder, é fundamental o exercício dessa capacidade crítica. Contudo, se você tem envolvimento com essas manifestações, se é ativo, pode ter dificuldades para analisar o fenômeno a partir do viés da ciência (não significa que é impossível). Entende-se que você tem a capacidade necessária para conhecer esse objeto, porém, quando precisa distanciar-se dele para escrever sobre de forma crítica, esbarra-se nas dificuldades, o que pode deixar a escrita enviesada. Por exemplo, suponhamos que você tenha uma empresa e que deseja apontar que a infraestrutura dessa empresa, que é sua, funciona muito bem. Há, aqui, um claro interesse do pesquisador, e, assim, a pesquisa funciona quase como uma espécie de estratégia de marketing pessoal.

As especificidades de cada área do conhecimentoAs especificidades de cada área do conhecimento

Também devemos chamar a sua atenção para as especificidades de cada área do conhecimento, pois são essas particularidades que irão definir como a sua escrita irá fluir e o que é esperado na composição desse texto. Assim sendo, é pertinente frisar que são as variáveis postas pela área do conhecimento na qual a sua pesquisa se insere que irão definir o que é esperado em seu processo de pesquisa. Pensemos no contexto das ciências da saúde. Todos os textos explorados pelos autores nesta área do conhecimento possuem um viés mais “duro”. Essa “dureza” está associada ao fato de que os estudos nessa área costumam trabalhar com dados, com resultados prontos. Dessa forma, o processo de pesquisa pede um claro distanciamento, o texto deve ser escrito em terceira pessoa, para cada afirmação é necessário inserir um ou mais autores que comprovem esses dados, dentre outras particularidades.

O tratamento dos dados na pesquisa quantitativa

Por exemplo, se você deseja afirmar em seu texto que morrem uma quantidade x de milhões de pessoas por ano em decorrência de algum problema, é preciso recorrer a uma fonte que seja capaz de embasar essa afirmação (como é o caso da Organização Mundial da Saúde, nesse caso). São textos chamados de “duros” porque os dados são muito exatos, sem muitas brechas para contestações, visto que podem ser comprovados. Não são reflexões, mas sim exatidões. Essa característica é predominante na área da saúde e das ciências exatas (a “escrita dura”). Entretanto, nas ciências exatas, temos textos mais “enxutos” quando comparados com aqueles da saúde, porém, ainda compactuam de características semelhantes. O interesse aqui é demonstrar o seu interesse a partir dos dados com os quais pretende trabalhar e explorar ao longo do estudo. A avaliação desses fenômenos é feita de forma “dura”, distante e racional.

A demonstração de dados nas ciências exatasA demonstração de dados nas ciências exatas

Nas ciências exatas – representadas, aqui, pela engenharia – o objetivo é avaliar um fenômeno de forma distante e embasada. São estudos que costumam apresentar os cálculos aplicados e os motivos que levaram o pesquisador a assumir esses cálculos para a aferição do problema que está sendo avaliado. O interesse não é a discussão acerca, por exemplo, do que é uma ponte ou mesmo sobre os seus benefícios. O objetivo aqui é a demonstração de dados que sejam capazes de apontar como o seu estudo tem sido aplicado no contexto prático. Não são pesquisas teóricas (mas não podem fugir do embasamento para as argumentações). Em virtude da composição desse tipo de texto, ao desenvolver esse material precisará ater-se a esses aspectos mais práticos durante a escrita, visto que esse tipo de estudo não costuma dispensar uma atenção muito grande aos aspectos teóricos que perpassam pelo assunto em discussão.

A lógica das ciências humanas

As ciências humanas caminham por uma lógica muito diferente das duas que apresentamos até esse momento. As ciências humanas como qualquer outra possuem diversos manuais de metodologia, logo, técnicas e instrumentos de pesquisa, porém, ela fornece ao pesquisador um leque maior de possibilidades para que possam refletir sobre um dado fenômeno sem perder esse viés científico, esse rigor metodológico exigido para que o material possa ser aprovado. É uma área do conhecimento bastante complexa, pois os pesquisadores ficam à mercê do que o grupo/núcleo de pesquisa do qual fazem parte esperam desse pesquisador. A pesquisa passa a ser desenvolvida de acordo com que o núcleo entende como correto para aquela linha de pesquisa em específico. Outro ponto importante a ser destacado em relação às ciências humanas é que os pesquisadores trabalham com a subjetividade.

A subjetividade do sujeito

O distanciamento também é um dos mecanismos exigidos nas ciências humanas, porém, essa área do conhecimento permite ao pesquisador um exercício mais ativo da flexibilidade, da exploração dos aspectos mais subjetivos relacionados ao fenômeno que está sendo analisado pelo pesquisador. Diferentemente do que muitos pensam, as ciências humanas devem fazer uso de citações, sejam elas diretas ou indiretas. A pesquisa é sim embasada em fontes. A argumentação teórica é fundamental nos estudos que perpassam pelo campo das humanidades. Contudo, há professores, núcleos e grupos que entendem que não necessariamente o material deve ser realizado em terceira pessoa para que possa ser considerado como científico.

Todavia, é fundamental apontarmos que essa regra não pode ser aplicada a todas as pesquisas, visto que, como frisamos, cada professor, núcleo e grupo de pesquisa entendem esse fazer científico de uma forma muito específica. É em virtude dessas variações que surgem as “brigas” entre as áreas e linhas de pesquisa. Não há um consenso geral e essa falta de homogeneidade faz com que cada núcleo possa produzir os seus materiais de forma muito específica àquele contexto. Temos visto brigas internas e acusações de uma área a outra dessa falta de objetividade. O fundamental a ser entendido é que toda ciência é válida e cada abordagem tem a sua própria contribuição para a comunidade científica.

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