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O que é o apud? Como se usa o apud? – Citação e uso de normas em materiais científicos

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As normas acadêmicas em trabalhos científicos: aprendendo como fazer uso de tais mecanismos

As normas acadêmicas em trabalhos científicos: aprendendo como fazer uso de tais mecanismos

Olá, tudo bem? No post de hoje iremos retomar as nossas discussões sobre as normas em trabalhos científicos. Como temos destacado ao longo de nossas conversas, as normas científicas são as mais diversas, e, a depender da área de atuação/linha de pesquisa, algumas delas podem ser usadas com mais frequência do que em outras. Como elas são diversas, hoje iremos selecionar um dos mecanismos que integram essas normas. Estamos nos referindo ao uso do apud. Essa questão pode aparentar ser um pouco polêmica, pois há professores e orientadores que não gostam que os seus alunos façam uso de tal mecanismo e, por outro lado, há aqueles que não veem problemas. Em virtude de tais divergências, não iremos tomar partido nessa discussão, mas sim apresentar a sua lógica e como você pode fazer uso da ferramenta no processo de elaboração de citações em seu trabalho científico.

Por que o apud gera tantas dúvidas?

Por que o apud gera tantas dúvidas?

Especialmente as pessoas que estão adentrando nesse universo agora, dúvidas sobre o apud são muito recorrentes, visto que há os que aceitam bem e os que rejeitam esse uso. Dentre as dúvidas mais frequentes, temos como citar e não citar materiais científicos em nossos textos, o que é o apud, em quais casos ele é permitido, dentre outros aspectos. Essas dúvidas são suscitadas, também, em virtude do fato de que o material acadêmico, a fim de que seja aprovado, precisa ser devidamente referenciado. Assim sendo, no processo de citação, é necessário obedecer às regras para citações. No processo de escrita, todas as argumentações postas devem derivar de uma base sólida, capaz de sustentar essas afirmações. É preciso atestar de onde você está retirando a sustentação, isto é, de qual base. Outra dúvida muito comum diz respeito ao uso de autores utilizados pelos pesquisadores do material que estou me baseando.

Como citar os autores utilizados pelos pesquisadores do material que estou me baseando?

A dúvida que irá alicerçar a nossa pauta de hoje é: quando estou lendo um artigo científico e me deparo com autores que desejo integrar a minha discussão, devo utilizar o mecanismo do apud? A questão é, que caso assim o seja, o texto ficaria repleto de APUDs, já que grande parte dos materiais fazem mais uso de citações indiretas do que diretas. A fim de que essa discussão seja melhor compreendida, em um primeiro momento, é preciso que esclareçamos o que vem a ser o APUD. A primeira coisa que você precisa saber é que o APUD é acionado quando desejamos mencionar um dado autor, mas não o lemos na íntegra, isto é, quem o leu foi o autor no qual estou me baseando. São as considerações desse autor que leu que está fazendo com que você forme uma visão sobre o autor que esse pesquisador citou. Como essa é uma questão complexa, precisamos entender o que é, de fato, o APUD.

Entendendo a dinâmica do APUD

Entendendo a dinâmica do APUD

Suponhamos que, ao ler um dado material, você queira citar um dado autor basilar, mas, em nenhum momento, leu esse autor. A situação é válida, também, para os casos em que um dado professor pede para que você cite uma obra que você não está encontrando. Além disso, você pode estar lendo um texto e se deparar com citações diretas de autores basilares que deseja integrar em seu estudo. Caso você não consiga o acesso a esse material citado, cabe o uso do APUD. Em todos os casos aqui mencionados, a regra é a mesma: você citará as duas obras, já que a tradução literal do APUD é citação da citação. Desse modo, nesse processo, insere-se o material base e o que está sendo citado. Assim sendo, o APUD nada mais é do que uma forma de aproveitar informações oriundas de um outro material, sendo que nem sempre temos acesso a ele. Não se esqueça: ambas as obras precisam ser citadas para evitar plágio.

Citando um material por meio do APUD

No caso de um pesquisador que ao ler o artigo de Sousa, deparou-se com um outro autor interessante, mas não tem acesso ao texto, cabe acionar o mecanismo do APUD. Se você deseja mencionar um parágrafo, ou seja, um posicionamento oriundo desse outro lugar, é preciso fazer uso de tal mecanismo. Por exemplo, se Sousa mencionou Boaventura de Sousa Santos e você deseja usar esse posicionamento específico, precisará fazer uso do APUD. Como a fonte principal não foi encontrada, seja um livro, artigo ou relacionados, não é possível criar a sua própria percepção da fonte original, cabendo, portanto, o uso das considerações daquele que teve acesso a essa fonte original. Boaventura de Sousa Santos será referenciado a partir das considerações de Sousa. Contudo, o APUD não costuma ser bem visto na academia, o que implica pensarmos em quais contextos eles costumam aparecer, quando são permitidos.

Por que o APUD é tão mal visto na academia?

Por que o APUD é tão mal visto na academia?

O APUD é mau visto por alguns motivos. Os professores, em sua maioria, entendem que os alunos que, em suas produções, apenas fazem uso de APUD, não possuem um cuidado para com a leitura atenta de fontes essenciais. A impressão que é reiterada por esses profissionais que são contra esse uso é que parece que os alunos estão com preguiça de ir até essas fontes originais e de lerem esses conteúdos basilares, e, assim, procuram por textos mais “fáceis”. Contudo, toda regra tem a sua exceção, de modo que algumas situações propiciam uma maior flexibilidade quanto a esse uso para os alunos. Dentre essas, tem-se as dificuldades para encontrar esses materiais, que, nem sempre, estão disponíveis na internet e são muito caros para serem adquiridos. Além disso, vivenciamos uma pandemia, de modo que as bibliotecas estão fechadas, o que restringe ainda mais o acesso a esses materiais.

O que fazer quando preciso de um livro e não tenho acesso?

Em razão desse contexto que acabamos de apresentar, pode acontecer de você precisar de um livro e não ter esse acesso, porém, o seu professor faz questão que ele seja citado. Nesse caso, o uso do APUD costuma ser utilizado com mais frequência. Como estamos falando de um livro de difícil acesso, há uma maior flexibilidade. Está tudo bem fazer uso de um APUD e considerar as ponderações de um autor que obteve esse acesso, porém, esse uso deve ser equilibrado. Assim sendo, o APUD sempre indicará que você não tem qualquer tipo de acesso à obra original. Ao invés de falar segundo o viés da obra original, o pesquisador acaba levando em consideração uma visão já construída sobre a base original. Entretanto, no caso de citações indiretas, esse uso do APUD não costuma ser muito comum, justamente por causa da lógica desse tipo de citação, que não envolve qualquer tipo de cópia de trechos.

O uso de conhecimentos específicos de uma obra

Se você utilizou o conhecimento específico de uma obra realmente lida, é desse material que você irá retirar a informação essencial à sua reflexão. Pensemos em um exemplo. Na seguinte frase: os problemas relacionados à área da educação advêm desde o processo da colonização, não sendo, portanto, algo recente. Assim sendo, temos, nesse trecho, o uso de um determinado autor, que é Sousa. É de lá que você está retirando essa informação. No caso de uma citação indireta, a lógica é diferente, isto é, se você leu um artigo (o de Sousa), e, a partir do que leu, resolveu colocar a sua própria compreensão sobre esse assunto, temos um outro tipo de situação. É a sua própria compreensão que está sendo colocada em pauta, já que não está copiando essa informação na íntegra. Entretanto, estamos nos baseando em alguém para fazermos essa afirmação, que é a fonte de onde retiramos essa considerações (o de Sousa).

Compreendendo os textos que lemos

Compreendendo os textos que lemos

Quando discutimos sobre essa pauta há uma questão sumária a qual precisamos nos ater: será que aquilo que estamos inserindo em nosso texto é, de fato, a compreensão do autor que estamos utilizando? É preciso tomar muito cuidado com a interpretação de tais materiais científicos. Essa é uma questão muito complexa, pois está ligada aos aspectos de nossa subjetividade e a forma que construímos a nossa própria lógica acerca daquilo que estávamos lendo. Assim sendo, ao lermos um dado texto, iremos compreender e argumentar sobre esse conteúdo. Mencionar a fonte é crucial. São essas reflexões que você utilizará como eixo norteador para construir a sua própria visão sobre o assunto em pauta. Dessa forma, temos, em uma citação indireta, a menção ao texto base, porém, o leitor irá compreender que trata-se do seu próprio entendimento acerca da visão construída por uma outra pessoa.

 O tratamento das informações em uma citação indireta

Ao elaborarmos uma citação indireta, é preciso que levemos em consideração que essas reflexões devem ficar claras ao leitor de que dizem respeito ao seu próprio entendimento frente a situação abordada. Esse processo faz com que você tenha, automaticamente, uma citação indireta, isto é, a sua própria compreensão em relação a um dado conteúdo, sem que seja autorizada qualquer tipo de cópia integral ou parcial. Embora você esteja reiterando que essa compreensão advém do estudo de Sousa (por meio do mecanismo da citação indireta), está atestando que essa é uma visão nova e original acerca desse texto base. Contudo, uma outra pessoa ao ler o seu texto, terá contado com a sua visão acerca do conteúdo de Sousa, a não ser que ela tenha acesso a esse material. Há os casos, também, em que uma pessoa pode pegar todos os textos utilizados por um dado autor para que integrem o seu referencial teórico.

Quando uma frase se torna minha e não do autor original?

A partir do momento que você traz para o seu texto a sua própria visão sobre o conteúdo de um dado material científico consultado, a pessoa que for ler o seu texto terá contado original não mais com a visão de Sousa sobre o assunto, mas sim da sua visão, logo, é a sua perspectiva que precisará ser citada. Ocorre uma espécie de “contaminação”. Essa “contaminação” existe porque deixou de ser a visão de Sousa a abordada, de modo que a pessoa que ler o seu texto já estará “contaminada” com essa nova perspectiva. O leitor terá uma interpretação oriunda do seu lugar de fala e não da fonte em questão. Desse modo, a pessoa que irá ler o seu texto com a visão de Sousa precisará citar o seu trabalho e não o de Sousa, a não ser que ela tenha feito a leitura de Sousa. Além disso, não é uma situação que cabe o uso do apud, visto que você está trazendo uma interpretação específica para o seu material.

Por que não cabe o APUD em alguns tipos de situações?

O apud não cabe nos casos de citações indiretas como essas porque está ligado a uma reprodução integral de uma obra original da qual não temos acesso. Destarte, em todas as vezes que você desejar fazer uso das considerações de um autor e não tem acesso a ele, é o material do qual você tem acesso que deverá ser citado. Caso contrário, isto é, caso você sempre citar os autores dos quais você não tem acesso, acabará usando o apud de uma forma excessiva. No caso das citações indiretas, a menção apenas ao estudo do qual você tem acesso é a prática mais comum. O apud, portanto, cabe apenas no caso da necessidade de fazer citações diretas, que envolve a cópia.

Embora esse posicionamento não seja compactuado por todas as pessoas, nós defendemos que o apud deve ser feito apenas nos casos de citações diretas para que não haja uma “poluição textual”. Defendemos esse posicionamento porque é a única forma que temos ao nosso dispor para atestamos que nem você ou o autor base utilizado pelo pesquisador que está consultando foram contaminados pelas suas ideias. É uma forma de preservar o posicionamento original. Assim sendo, no caso de uma cópia na íntegra deste conteúdo, cabe o recurso do apud, uma vez que você está querendo assegurar a ideia original, basilar, e não as ponderações de um outro autor sobre a base que deseja trazer para o texto.

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