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Redação científica: posso fazer perguntas no texto?

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A escrita científica: características geraisA escrita científica: características gerais

Olá, tudo bem? Em nossa conversa de hoje iremos discutir sobre uma temática que preocupa os mais diversos pesquisadores: a escrita científica. A questão que irá guiar a nossa conversa diz respeito à possibilidade ou não de fazer perguntas ao longo do texto. É possível? Antes de respondermos a essas questões, julgamos pertinente apresentar algumas dicas de escrita científica/acadêmica, pois, como sabemos, a grande maioria dos pesquisadores têm bastante dificuldade para escrever, pois, para muitos, o primeiro contato com a pesquisa científica se dá na pós-graduação, no mestrado. Nesse sentido, a primeira coisa para a qual gostaríamos de chamar a atenção nesse primeiro momento é para a importância da escrita e da leitura nessa jornada. É de suma importância que você tenha uma rotina de escrita e leitura bem definida, pois é apenas por meio desse hábito que a escrita poderá ser aperfeiçoada.

Não comece a escrever diretamente: a importância dos rascunhos e fichamentosNão comece a escrever diretamente: a importância dos rascunhos e fichamentos

A primeira dica de escrita que damos para que possamos começar a aperfeiçoar a escrita acadêmica é fazer diversas versões. É nesse sentido que estamos chamando a sua atenção para a necessidade de fazer fichamentos, resumos, resenhas e rascunhos sobre os textos que leu e deseja incorporar a sua pesquisa. Ter diversas versões é interessante, também, para verificar o progresso da sua escrita. Pense na seguinte situação: suponhamos que você esteja em um evento científico e alguém lhe peça para descrever o seu trabalho. Como você o definiria em um minuto? Escrever dois ou três pontos que são importantes e essenciais é fundamental. Caso seja possível, faça esse exercício com algum colega e pergunte a ele se entendeu a proposta e se faz sentido. Um problema muito comum ao se resumir o próprio trabalho é que, em geral, há diversos procedimentos e resultados que devem ser mencionados que podem ser perdidos. O exercício irá ajudá-lo a focar nos pontos principais.

Tenha um plano de escritaTenha um plano de escrita

Antes de começar a escrever é bastante interessante que você tenha um esboço, isto é, um panorama acerca daquilo que você deseja desenvolver. Você pode dividir a elaboração desse material, seja ele um artigo científico ou um trabalho maior, como é o caso das dissertações e das teses, em diversas atividades ou pontos que deseja abordar em seu estudo. Esses pontos precisam estar ligados às questões teóricas, metodológicas e analíticas. Esboçar os conceitos com os quais deseja trabalhar, bem como a abordagem, às técnicas e os instrumentos necessários para que você possa discutir sobre o seu problema de pesquisa é interessante. Escrever, também, sobre os pontos que você deseja discutir no capítulo mais analítico também pode fazer com que nada importante fique de fora. Um bom esboço irá ajudar você a organizar o seu texto, ou melhor, o que deseja escrever, em vários tópicos, de forma lógica. Ele permite, ainda, identificar as lacunas do trabalho antes de começar a escrever.

Como fazer o esboço do meu material?

Ao realizar esse esboço, que, na verdade, nada mais é do que um panorama da sua pesquisa, é muito importante que todos os capítulos necessários para que uma produção seja aceita apareçam e, assim, todas as suas possibilidades teóricas, metodológicas e analíticas devem ser facilmente visualizadas. No caso do capítulo teórico, é interessante que você distribua os conceitos, teorias e ideias que deseja abordar na forma de tópicos, devendo haver uma linearidade entre essas ideias para que o texto não perca o sentido. Tome cuidado ao adotar as estratégias metodológicas, pois elas devem condizer com o problema de pesquisa adotado pelo seu estudo. Certas técnicas e instrumentos metodológicos funcionam melhor em certos tipos de pesquisa apenas. Ter em mente a abordagem (quantitativa, qualitativa ou quanti-quali), bem como os instrumentos e técnicas para coleta, seleção e análise dos dados pode fazer com que a escrita flua mais facilmente.

A questão-problema: como abordá-la ao longo do estudo?

Todo o seu estudo deverá girar em torno de uma pergunta-problema, certo? Assim sendo, todos os capítulos e, com isso, os conceitos, a abordagem e as técnicas e instrumentos para coleta, seleção e análise da realidade relacionada a esse problema de pesquisa precisam, obrigatoriamente, refletir. Objetivos bem definidos são essenciais nesse processo, pois eles oferecem caminhos para que essa pergunta de pesquisa seja abordada, refletida, e, se possível, solucionada. Para que essa pergunta de pesquisa seja abordada da melhor forma, algumas questões norteadoras podem te auxiliar nessa jornada. Saber o que já existe sobre o assunto e as questões propostas por essas pesquisas podem ajudar a saber como abordá-la, bem como conhecer as respostas para esses problemas e o que foi feito para chegar às alternativas/soluções também é de suma importância. Antes disso, uma pesquisa detalhada e profunda nas bases de dados para se conhecer essas produções é crucial.

As conclusões e implicações de pesquisa

Fazer notas breves sobre as implicações que lhe ocorreram durante o desenvolvimento da pesquisa é fundamental e, assim, saber quais são as principais conclusões ao ler esses materiais que embasam o seu estudo, o porquê de o seu estudo ser novo, quais lacunas solucionou e quais ainda ficaram, se houve alguma mudança teórica-metodológica ao longo do desenvolvimento da pesquisa, quais foram as limitações, dentre outras questões são essenciais e precisam ser abordadas. Organizar um esboço e listar os tópicos é uma estratégia bastante eficiente. O principal objetivo é fazer com que o seu trabalho possua uma estrutura lógica. Os tópicos podem ser propostos por ordem de importância ou por ordem cronológica. Para organizar esses dados você pode usar um mapa de agrupamentos (ou conjuntos), uma árvore de tópicos, ou, ainda, pode enumerar esses itens que deseja abordar ao longo da pesquisa.

As ilustrações, figuras, quadros e tabelas

Como sabemos, a defesa de um tema não conta apenas com os elementos verbais e, nesse sentido, apoiar-se nos recursos visuais para tornar mais claro, ao leitor, onde você pretende chegar com a sua pesquisa é uma tendência bastante comum nas mais diversas áreas do conhecimento. Contudo, como toda etapa da pesquisa científica, fazer um esboço é sempre mais interessante. Não bastará apresentar esses recursos visuais, pois você terá que discutir sobre eles e apontar o porquê de serem importantes nesse momento. O ideal é que, inclusive, recuperemos conceitos, teorias e ideias dos nossos capítulos teóricos para dar sustância a esses elementos. Assim sendo, quando for realizar o rascunho, liste alguns tópicos que deseja explorar a partir dos dados visuais que está apresentando. Do mesmo modo, anotar quais são os conceitos que podem ser recuperados em seu marco teórico para defender a importância desse recurso visual que está utilizando também é interessante.

Posso fazer perguntas no texto?Posso fazer perguntas no texto?

Adentramos, finalmente, na pergunta-guia da nossa discussão de hoje: na escrita científica eu posso fazer perguntas ao longo do texto? Para que possamos responder a essa pergunta é preciso que você tenha em mente que a redação acadêmica possui algumas regras que são obedecidas tanto pelas instituições de ensino quanto pelas revistas científicas. Assim sendo, para que o seu material possa ser aceito, você terá que se ater a essas regras. Elas não envolvem apenas a formatação do texto, mas a forma a partir da qual você irá redigir esse texto e construir a sua argumentação. Nesse sentido, a primeira coisa que precisamos destacar sobre a escrita e as suas regras é que a questão que deverá aparecer é a pergunta-problema, isto é, aquela que irá determinar todas as escolhas e caminhos a serem percorridos pelo seu estudo. É ela, inclusive, que justifica a relevância do seu estudo perante a comunidade científica e deve, sim, ser mencionada para que possa ser validada.

Como a pergunta-problema aparece ao longo do texto?

Como é a pergunta-problema que determinará como o seu estudo será desenvolvido, ela pode ser recuperada ao longo do texto em diversos momentos. Geralmente, embora não seja uma regra, mas sim uma tendência, ela aparece quase que obrigatoriamente nas introduções e, em alguns casos, no próprio resumo, uma vez que o resumo é a primeira etapa da pesquisa que o seu leitor irá avaliar. As perguntas de pesquisa costumam aparecer nessas etapa pois entende-se que para que o seu texto faça sentido para o leitor, é preciso que ele saiba onde a sua pesquisa pretende chegar e, desse modo, mencionar a pergunta de pesquisa nessas etapas iniciais da pesquisa é crucial e, consequentemente, os objetivos, uma vez que á a partir deles que você desenvolverá todo o seu estudo. Como são dados bastante básicos, eles costumam aparecer logo no início, pois a pergunta guia o seu leitor durante os demais capítulos. Sem essa questão norteadora, não será possível saber onde você pretende chegar.

Mencionar ou não a pergunta no desenvolvimento do texto?

Embora seja mais comum mencionar a pergunta de pesquisa e os objetivos nessas etapas iniciais, nós já nos deparamos com pesquisas em que o pesquisador retoma essa pergunta ao longo dos demais capítulos. Entendemos que essa é uma forma, inclusive, de fazer com que o leitor não perca o foco durante a leitura, sobretudo no caso de trabalhos mais longos. Já nos deparamos, também, com pesquisas em que o autor, ao abordar os conceitos, faz essa apresentação a partir de perguntas que são respondidas a partir do detalhamento desses conceitos. Por exemplo, “como podemos compreender os impactos dos exercícios físicos em pessoas portadoras de depressão”. O autor insere a pergunta e, após, começa a sua defesa, isto é, responde à indagação. Não é algo tão incentivado, mas pode aparecer nas produções com as quais se depara ao longo de suas leituras. É uma forma de fazer com que os autores escolhidos conversem entre si. Para isso, propõe-se as perguntas para fazer essa relação.

Cuidado com as orientações do seu professor/instituição

Como destacamos, essa prática de fazer com que os autores conversem, concordem ou discordem não é muito habitual e, dessa forma, antes de decidir realizar a pesquisa dessa forma, é muito importante que você converse com o seu orientador. Mesmo que a tendência seja popular em um determinado contexto, a sua aceitabilidade pode ser bastante baixa em outras universidades e, desse modo, pode ser que você tenha que readequar a sua redação e retirar essas perguntas, deixando, apenas, a pergunta-problema na introdução e no resumo. De igual importância, precisamos chamar a sua atenção para a importância da citação. Toda afirmação que deseja fazer ao longo do seu texto, sobretudo aquelas que são mais polêmicas, precisam ter fonte, isto é, você precisa dizer, ao leitor, de onde está retirando essa ideia. As possibilidades de referenciação dessas ideias são as citações diretas e indiretas. Caso você não saiba como fazer, releia os nossos posts anteriores. Elas são essenciais para que não cometamos plágio.

Como fazer as afirmativas em meu texto?Como fazer as afirmativas em meu texto?

Ressaltamos que todas as afirmações que formos fazer ao longo desse texto precisam ser sustentadas, isto é, amparadas em uma determinada fonte. As fontes mais seguras são aquelas dos livros basilares e fundamentais à sua área e os artigos científicos indexados nas bases de dados mais expressivas em sua área. Por exemplo, se eu desejo afirmar, em meu estudo, que a falta de exercícios físicos pode acarretar problemas como a hipertensão, o estresse e semelhantes, preciso dizer com base em quem eu estou afirmando isso. É nesse momento que recorremos às citações. Você pode, inclusive, citar mais de um material que disserta e defende esse ponto de vista que deseja abordar. Pode ser que a sua universidade priorize as suas próprias colocações, o que é uma exceção. Na verdade, quanto maior a quantidade de autores, em algumas áreas e instituições, melhor, porque partiram do princípio de que essa afirmação é realmente verdadeira, o que não abre brechas para possíveis questionamentos sobre a qualidade dessa afirmação. Nesse sentido, deve ficar claro que toda e qualquer afirmação necessita de esclarecimentos, ou seja, de base. A melhor forma de dizer que ela é relevante, é procurando por textos de especialistas em nossa área. Entretanto, há um certo dilema que devemos abordar: alguns professores entendem que colocar autores para cada afirmação de um parágrafo é, de certa forma, um exagero, pois isso evidencia um possível não envolvimento do autor com o texto, como se ele estivesse se isentando. Assim sendo, procure conhecer a lógica do seu professor/universidade.

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