Em nosso post de hoje iremos discutir um pouco mais sobre materiais científicos. Como sabemos, ao ingressarmos em um curso de graduação ou em um programa de pós-graduação, há algumas exigências das quais não podemos nos desvincular.

Dentre elas, devemos mencionar os trabalhos finais requeridos em cada modalidade. Por exemplo, nos cursos de graduação, o mais comum é que os alunos tenham que apresentar uma monografia ou TCC.

Já no caso dos alunos ligados aos programas de pós-graduação, o mais comum é que esses pesquisadores tenham que apresentar uma dissertação no nível do mestrado e uma tese no nível do doutorado.

Logo, a questão de hoje é a seguinte: Será que nós podemos transformar esses materiais em um artigo científico?

E a resposta para essa pergunta é simples: sim! Na verdade, essa transformação é indicada, uma vez que a aceitação pela sociedade de trabalhos mais curtos é muito maior. Mas como podemos fazer isso? É sobre esse assunto que iremos falar ao longo deste post.

A importância das informações na sociedade contemporânea

Hoje, vivemos em um mundo abastecido por novas informações a cada poucos segundos, porém, para que sejamos emancipados com esse conhecimento, é preciso que tenhamos contato com uma rede de informações seguras e de notória qualidade.

Essas redes devem se preocupar com o desenvolvimento da sociedade de maneira alargada, o que implica a divulgação dessas informações a partir de bancos de dados seguros. Essa emancipação não se restringe apenas ao âmbito profissional, mas também pessoal.

Dito isso, hoje iremos ajudar você a transformar o seu trabalho final (monografia, TCC, dissertação ou tese) em um artigo científico.

O contato com informações seguras e de qualidade é de vital importância porque na mesma proporção que novos materiais científicos são produzidos, há a disseminação de notícias falsas, então precisamos combatê-las por meio da divulgação da ciência que produzimos no dia a dia.

O conhecimento aberto e a sua função social

Como temos destacado em nossos posts, é apenas por meio do conhecimento que conseguimos nos emancipar, logo, é preciso que este se torne cada vez mais acessível. É nesse sentido que a defesa do conhecimento aberto é uma das pautas que abraçamos.

É por meio do conhecimento gratuito e de fácil acesso que podemos transformar o mundo ao nosso entorno.

Contudo, para que as pessoas mais diversas de nossa sociedade possam acessar esse conhecimento seguro e de qualidade, é preciso que produzamos.

Entretanto, por motivos diversos, os artigos científicos têm uma aceitabilidade muito maior que outros tipos de materiais e, por esse motivo, iremos lhe ensinar hoje como você pode transformar o seu material mais extenso em um artigo científico que contribuirá de maneira efetiva com a sociedade em nosso entorno.

Logo, o primeiro aspecto que devemos considerar são as diferenças entre esses trabalhos.

O que configura uma monografia e os seus aspectos principais?

A própria nomenclatura “monografia” já nos redimensiona para uma situação específica, em que o “mono” indica algo “único”. Assim sendo, em tradução literal, o termo indica “união de grafias”.

Nesse sentido, os materiais que são desenvolvidos com base nessa proposta partem de uma perspectiva teórica. Em relação a sua estrutura, o mais comum é que tenha uma introdução, três capítulos teóricos e as considerações finais (acompanhadas das referências).

Assim, essas monografias, em virtude de sua proposta, são solicitadas nos cursos de graduação e pós-graduação lato sensu e costumam ter de 30 (trinta) a 60 (sessenta) laudas, que é o nome dado à um dos lados de uma folha de papel que segue um tipo de padronização, como a fonte e o tamanho da letra, o número de caracteres, o espaçamento e etc.

Porém, existem materiais mais extensos, logo, ultrapassam essa quantidade, pois não há uma regra que todas as instituições devem atender. Podem personalizar as suas próprias normas de confecção desse tipo de trabalho. Dito isso, precisamos entender o que são os artigos.

Quais são as características fundamentais de um artigo científico?

Um artigo científico se diferencia de uma monografia em virtude de alguns aspectos. A qualidade das informações é a mesma de qualquer material, porém, essas são apresentadas em uma quantidade menor de páginas. Não se trata de um processo de “condensação”, pois as informações não perdem a sua profundidade.

Assim, são discussões detalhadas e partem de fontes seguras. O objetivo de um artigo é o de comunicar essas informações a maior quantidade possível de pessoas de forma clara, direta e precisa. Dessa forma, não são muito longos.

Nesse sentido, a primeira diferença entre os dois tipos de materiais é que estão ligados a formatos diferentes. Os elementos pré-textuais costumam ser empregados em materiais mais extensos, o que não acontece com os artigos científicos, sendo essa a segunda diferença entre os dois tipos de materiais. Além disso, o direcionamento de ambos é diferente.

O direcionamento dos materiais científicos

Um artigo científico é direcionado a uma revista científica que tenha interesse em publicar materiais desse eixo temático. Assim sendo, dispensa-se todos os elementos pré-textuais, como capa, dedicatória e agradecimentos e sumário, porém, mantém-se o resumo. Em um artigo, o primeiro elemento é o resumo.

Na sequência, o autor deverá desenvolver uma breve introdução, o desenvolvimento de seu tema (dividido em tópicos, caso queira ou a revista solicite) e as considerações finais (acompanhadas das referências finais).

Como mencionamos, na monografia, a média é que o trabalho tenha entre trinta e sessenta laudas, porém, em um artigo, o mais comum é que tenha entre sete (quantidade mínima) e vinte e cinco laudas (quantidade máxima).

Contudo, essa quantidade irá depender dos comandos estabelecidos pela revista na qual deseja publicar, uma vez que elas podem personalizar as suas normas e regras.

O impacto social dos artigos científicos

Estamos chamando a sua atenção quanto à importância dos artigos científicos porque são materiais que impactam a sociedade de uma maneira mais direta. Em razão de sua extensão, as chances de serem lidos até o final são maiores, o que promove uma emancipação mais eficaz.

Esses materiais são sérios, pois, diferentemente dos artigos publicados em redes sociais, estes passam por uma avaliação rigorosa até que possam ser publicados. Dentre as inúmeras etapas, há a avaliação feita pelos pares.

Os pares nada mais são do que professores da área com uma titulação acima da sua que irão avaliar se o seu material está apto para ser publicado.

As informações são procuradas em artigos científicos porque esse tipo de produção vai direto ao ponto (uma vez que as informações são apresentadas em uma menor quantidade de páginas). Diante desse cenário, as monografias têm sido substituídas.

A substituição das monografias

As monografias tradicionais exigidas em cursos de graduação e pós lato sensu têm sido substituídas pelos artigos, porém, esse processo não é indicado para todos os casos. Iremos explicar melhor essa situação.

Há algumas variáveis que você deve levar em consideração. A primeira delas diz respeito ao texto (redação). Você deve verificar se a sua instituição já publicou esse texto em algum lugar (como em repositórios próprios ou mesmo na internet). Se essa instituição possui uma base de dados, esse texto não poderá ser aproveitado na íntegra.

Como ele já se encontra disponível online, precisará fazer alguns arranjos na redação para que não seja acusado de plágio. Contudo, quando as monografias eram solicitadas com mais frequência, as instituições não costumavam publicar esses textos, uma vez que não possuíam bancos de dados. Se esse é o seu caso, poderá aproveitar o seu texto sem necessidade de alterações.

Quando as bases de dados começaram a surgir?

Entre o período de 2005 a 2015 os materiais desenvolvidos nesses cursos de graduação e pós lato sensu não costumavam ser divulgados, logo, não eram publicados. Contudo, à medida em que se passou a defender o conhecimento aberto e a sua acessibilização, as instituições mudaram de estratégia e, assim, adotaram os bancos de dados.

Nesse sentido, cumpre afirmar que essas mudanças começaram a emergir nos últimos cinco anos e estão ligadas a essa nova postura.

Entretanto, algo que você deve levar em consideração ao transformar esse material mais extenso em um artigo é que a densidade das informações deve ser preservada.

A única diferença é que a quantidade de laudas para desenvolver esse assunto é menor. Os artigos são ainda mais densos, uma vez que devem recuperar informações completas e científicas, sistematizadas em tópicos essenciais.

Quais cuidados devo tomar ao transformar a monografia em artigo?

Como afirmamos, é possível transformar esse material em artigo, porém, alguns cuidados são necessários. O primeiro cuidado está ligado ao plágio, isto é, para o seu material não ser acusado de plágio, é necessário reescrever o seu texto com suas próprias palavras e referenciar ao final o autor utilizado como base.

Quando você submete um material a uma revista, ele passa por uma análise de plágio por programas específicos. Caso o programa detecte semelhanças entre a redação do artigo e outros materiais disponíveis na web, você precisará refazer para que o artigo avance para a próxima etapa.

O segundo cuidado, por sua vez, está relacionado à quantidade de páginas. Você terá que reduzir esse material a uma quantidade menor de páginas sem que a densidade das informações seja perdida nesse processo de transformação.

Além disso, esse material deve ser atual e suprir necessidades urgentes, logo, poderá ter que atualizar as suas referências, caso sejam antigas.

Há um prazo para que a monografia seja transformada em artigo?

Essa é uma dica que se aplica a todos os materiais que desenvolvemos e desejamos publicar em uma revista científica depois de um certo tempo. A primeira coisa que você deve saber é que tudo depende da relevância desse tema para a sociedade.

Materiais considerados como teóricos e que discutem sobre temas e/ou autores basilares, clássicos, sempre serão atemporais, logo, não há um prazo para que essas discussões sejam publicadas, uma vez que serão sempre bem aceitos e servirão a qualquer contexto, porém, materiais ligados a áreas mais dinâmicas e mutáveis, como é o caso da saúde, em que novas descobertas são comuns a cada dia, eles podem perder a sua relevância e ficarem desatualizados.

No caso de materiais mais clássicos, como partem de autores universais e sempre bem recebidos, é provável que poucas alterações sejam necessárias. Por esse motivo, esta é uma questão relativa.

Exemplo de um trabalho prático: cuidados gerais ao transformar em artigo

Suponhamos que você trabalhe com a temática da obesidade em seu trabalho final (de graduação, mestrado ou doutorado). Pode ser que as suas referências e, em alguns casos, as próprias discussões precisem ser revistas, uma vez que é uma temática que precisa ser atualizada com bastante frequência.

Nesse caso, indicamos que você revisite o seu texto, sobretudo as suas citações diretas e indiretas. Nesse processo, verifique se não há dados mais novos sobre a temática ou novas considerações que ainda não estão em seu texto sobre essa temática a qual se propôs a investigar.

Assim sendo, para saber se a sua monografia pode ou não ser transformada em um artigo é preciso que você leve em consideração esses aspectos aqui levantados. Com isso, podemos pensar em alguns benefícios relacionados a transformação desse material em um artigo.

Quais os benefícios em transformar um material extenso em artigo?

O primeiro benefício que não poderíamos deixar de mencionar é a contribuição efetiva dessa reflexão para a sociedade.

É a emancipação por meio do conhecimento que faz com que ela evolua. Também acreditamos que essa transformação é uma forma de valorizar a sua trajetória enquanto acadêmico.

Você ficou longos anos na academia em busca de uma formação, nada mais justo que divulgar os resultados desta jornada àqueles que mais necessitam: pessoas que demandam esse saber.

Assim, nós, enquanto cidadãos e cientistas, devemos contribuir com a produção desse conhecimento. A publicação beneficia tanto você enquanto indivíduo quanto a própria sociedade.

Além disso, se você mostra interesse por uma carreira mais voltada ao campo profissional, mas ao mesmo tempo também se interessa pela carreira acadêmica, é importante que você leve em consideração os objetivos desses dois campos.

A publicação de materiais científicos irá agregar ainda mais valor à sua carreira, sobretudo se você deseja se consolidar como um pesquisador.

Se você está pensando em passar por um processo seletivo, a produção e publicação de materiais científicos também irão lhe beneficiar. Há diversos programas de incentivo para funcionários públicos que têm interesse na publicação científica.

Quanto mais informações produzimos, maior será a capacidade da sociedade de pensar e refletir de maneira crítica!