Em nosso post de hoje iremos discutir sobre os aspectos gerais que você deve levar em consideração ao elaborar um resumo para o seu trabalho, seja ele um artigo, um TCC, uma monografia, uma dissertação ou uma tese.

Dessa forma, a fim de que você consiga elaborar esse resumo da melhor forma, iremos discutir sobre alguns problemas relacionados à elaboração dessa parte de um trabalho científico.

Posto isso, tendo em mente que esses problemas são mais comuns do que imaginamos, não poderíamos deixar de iniciar essa conversa com aquele que é mais corriqueiro e que é cometido pelos mais diversos acadêmicos nas mais múltiplas áreas. Estamos nos referindo a falta de um problema de pesquisa.

Isso sem dúvidas pode fazer com que o seu material seja reprovado. Diante desse cenário, iremos refletir um pouco sobre o que tem feito com que o problema de pesquisa seja tratado de forma acessória.

A necessidade da clareza do problema de pesquisa

A fim de que possamos compreender a questão do porquê muitas pessoas terem tantos problemas com a definição de um problema de pesquisa, é preciso que pensemos na mudança de lógica da academia. Todavia, para que possamos entender o que mudou, é preciso que compreendamos o que ocasionou isso.

Na academia, as coisas mudam com uma certa frequência e, nesse sentido, o nosso papel enquanto cientistas é o de acompanharmos tais mudanças a fim de que produzamos ciência de uma forma mais coerente.

A luta pela clareza do problema de pesquisa com o qual se trabalhará não era algo exigido antigamente, pois esse é um mecanismo que passou a ser requerido com mais frequência atualmente.

Essa necessidade surgiu devido ao fato de que, com o desenvolvimento das tecnologias, o acesso e a disseminação de informações se tornaram muito mais simples, o que fez com que fosse cada vez mais difícil de encontrar um assunto que não houvesse sido abordado anteriormente por algum outro pesquisador.

Entretanto, para entender melhor o porquê desse acontecimento gerar essa mudança, é necessário compreender um pouco mais sobre o contexto acadêmico de antigamente.

A mudança na lógica da produção de informação

Antigamente, o acesso ao conhecimento era bastante escasso, de modo que o rigor exigido aos trabalhos não era o mesmo daquele que é exigido hoje em dia. Assim, além de serem poucos os produtores de conhecimento, esse saber era de difícil acesso, pois era convertido, sobretudo, em livros e muitos não tinham recursos suficientes para a aquisição de tais livros.

Dessa forma, para que essas obras pudessem ser acessadas sem a compra, o interessado deveria ir até as bibliotecas e fazer o empréstimo de forma presencial, visto que o acesso à internet que temos hoje em dia também era uma realidade para poucos, enquanto a maior parte das pessoas, naquele momento, ao menos tinham um computador em suas casas.

Contudo, hoje, a nossa realidade é bastante diferente, pois podemos acessar a informação a partir de livros, artigos, dissertações, teses e outros por meio de diferentes formatos, como e-book, ePub, PDF, HTML e outros. Nesse contexto, podemos dizer que a expansão do acesso ao conhecimento é bastante recente, uma vez que foi por volta de 2005 que essa realidade começou a ser modificada.

O acesso às informações antes de 2005

Até 2005, como temos demonstrado, o acesso ao conhecimento era bastante limitado. A produção do conhecimento, portanto, era feita de uma forma muito mais democrática, pois eram poucos os materiais que uma pessoa acadêmica ou não tinha acesso.

As informações científicas eram notadas de uma forma mais rápida, uma vez que eram poucas. Além disso, em razão dessa escassez, a produção era menos rígida que hoje. Nesse sentido, os trabalhos científicos seguiam uma tendência muito particular.

Antigamente, os temas para essas produções eram escolhidos de acordo com o interesse dos próprios acadêmicos e não da sociedade. Essa tendência não era questionada porque não haviam muitos materiais que poderiam ser lidos.

Hoje, os materiais devem ser relevantes para a sociedade atual!

Quais os tipos de materiais que eram publicados?

Antigamente, materiais ligados a interesses do pesquisador eram publicados. Os temas ligados a questões específicas do Brasil eram muito bem aceitos, sobretudo as revisões teóricas.

Estudos sobre a formação e desenvolvimento infantil, por exemplo, eram poucos, o que justificava a proposição de discussões teóricas sobre tais questões. Como não havia materiais científicos suficientes, os trabalhos teóricos e extensos mais tradicionais, como TCC, monografia e outros eram muito bem vistos.

A monografia era particularmente bem vista, porque significava que o autor tinha lido várias obras e compilado as principais informações necessárias àquele momento histórico. A principal missão, então, era a de fazer com que as pessoas tivessem acesso ao conhecimento seguro e de qualidade. Entretanto, apesar desse contexto, hoje, lidamos com um outro tipo de problema: o excesso de informações.

Mudanças provocadas pelo excesso de informação

Atualmente, a nossa realidade é outra. Não lidamos mais com a falta de conhecimento, mas com o seu excesso, de modo que o principal desafio é aprender como manuseá-lo. O acesso aos livros a partir de múltiplos formatos, como e-book, ePub, PDF e HTML fez com que o acesso não fosse mais tão limitado.

Hoje, muitos desses livros podem ser acessados de forma gratuita e podem ser lidos a partir de diversos dispositivos, como computadores, smartphones, tablets e outros. O valor dos livros também é muito mais baixo do que antes.

Além disso, o acesso facilitado a artigos científicos gratuitos também fez com que o conhecimento fosse produzido de uma outra forma. Hoje, a cada quinze segundos, um novo artigo é publicado, de modo que é impossível conhecer todo o conhecimento que é produzido, mesmo em uma única área e/ou linha de pesquisa.

A influência da expansão do conhecimento na ciência

O conhecimento passou a ser pensado de uma outra forma por conta do aumento do volume de informações, que foi ocasionado pelo desenvolvimento das tecnologias. Assim sendo, aqueles temas e formas de se pensar a ciência que eram considerados como relevantes até 2005, hoje não mais o são.

Podemos citar como exemplo o tema da “importância de se fazer exercícios físicos”. Há milhares de materiais sobre isso e, além de haver muitos artigos, há diversas campanhas de conscientização e políticas públicas voltadas a essa questão.

Dessa forma, para aqueles interessados nessa temática é fundamental que apresentem algo a mais e realmente inovador quanto a essa questão. O ineditismo de um material deve aparecer já no resumo e, ainda, no problema de pesquisa.

Deve ficar claro no resumo o problema inédito com o qual irá trabalhar ao longo de sua produção. É nesse contexto que se encontra a importância de deixar claro o problema de pesquisa.

As exigências com relação ao problema de pesquisa

Temos atendido diversos alunos e temos percebido que as academias de todo o mundo têm enfrentado um problema. Desde as academias brasileiras até as norte-americanas, europeias e latino-americanas enfrentam algumas dificuldades que se manifestam na produção do conhecimento.

Todas as academias requerem de seus alunos que o problema de pesquisa fique claro já no resumo. Frisa-se que esse problema deve expressar ao leitor aquilo que se pretende resolver e a forma como chegará a essa resposta (objetivos). Deve ficar muito claro o que esse trabalho em específico pretende resolver, pois, ao contrário, não terá motivo para existir.

Nesse sentido, além de demonstrar o problema a ser resolvido, os objetivos também devem ficar claros, visto que são eles que fornecem subsídios para que o problema de pesquisa seja respondido ao final do estudo.

Como se dava o acesso à informação?

O problema de pesquisa garante que estudos relevantes para a sociedade sejam produzidos ao longo dos anos. Se antes o acesso aos livros de forma gratuita se dava apenas por meio da biblioteca, hoje, essa não é mais a realidade.

Além dos livros, era apenas por meio das bibliotecas que as monografias, dissertações e teses poderiam ser acessadas e lidas apenas naquele espaço físico da biblioteca. A pesquisa desses materiais era feita de maneira manual.

Os achados dessas pesquisas, por sua vez, também tinham que ser manuscritos, uma vez que tais materiais não poderiam ser acessados em outros espaços.

Demorou muitos anos para que a pesquisa dos materiais dessas bibliotecas pudesse ser feita a partir de mecanismos online.

Hoje, o nosso cenário é completamente diferente, de modo que a forma de produzir um resumo mudou de uma maneira muito brusca.

O resumo hoje em dia

Hoje, o resumo deve reunir pontos fundamentais sobre a sua produção, o que não era uma regra antes dessa mudança de lógica. Nesse sentido, todo resumo, deve ser iniciado com uma apresentação do contexto geral de forma breve, seguido do problema de pesquisa, dos objetivos do estudo e da justificativa sobre importância que ele apresenta para a sociedade.

Além disso, o resumo deve exprimir quais são as metodologias a serem adotadas para que os objetivos sejam atendidos e os principais resultados encontrados pela pesquisa.

O objetivo do resumo não é apenas apresentar o que foi feito nessa produção, mas sim uma forma de mostrar respeito ao leitor. O resumo é a porta de entrada para qualquer pessoa, uma vez que é a partir dessa leitura que esta irá decidir se cabe, nesse momento, ler o seu material na íntegra.

A função social de um resumo

O resumo hoje em dia assume uma função social. Como temos frisado, a cada poucos segundos um novo artigo é publicado. Não há como lermos todos esses materiais e é aí que reside a função social do resumo.

A partir dele, que é mais curto, decidimos se a leitura da íntegra de um material é cabível nesse momento. Podemos exemplificar essa questão. Se você acessar apenas o banco de dados de Dissertações e Teses da CAPES irá se deparar com uma quantidade muito grande de materiais.

A depender da palavra-chave que você digitar nessa base de dados, os materiais poderão não ser relevantes, contudo, pode ser que ao digitar essa mesma palavra-chave em outro tipo de repositório os materiais poderão ser mais relevantes.

Logo, a função social do resumo é justificada, pois este elemento textual otimizará seu tempo na busca de materiais que lhe sirvam, a fim de que você leia apenas os materiais de seu interesse na íntegra.

Consequências de um resumo mal escrito

Um resumo mal escrito obriga o pesquisador que está coletando os materiais a abrir o material na íntegra antes que tome a decisão pela citação, o que não é muito viável no contexto em que vivemos, já que ele precisa ler rapidamente muitas informações.

É por esse motivo que apontamos que o resumo é uma forma de ter respeito para com o seu leitor. A fim de que esse respeito seja concretizado, o resumo deve expressar essa clareza da qual o leitor necessita.

O pesquisador ou leitor comum deve ter o direito de entender o que aquele material apresenta sem que tenha que ler o conteúdo todo. Em outras palavras, devemos frisar que o leitor deve ter o direito de escolher ler ou não esse material na íntegra.

Por que os materiais científicos devem ser elaborados de maneira sistematizada na academia atual?

Ao longo deste estudo, demonstramos que novos materiais são publicados a cada poucos segundos. Além disso, é preciso que você tenha em mente que desde a graduação até a pós-graduação lidamos com uma carga diária de leitura muito grande.

São as pesquisas sistematizadas que permitem que cheguemos aos materiais mais coerentes para os objetivos atuais de uma forma mais otimizada.

Sem que esses cuidados sejam tomados, o leitor fica muito perdido, pois não consegue saber qual o tipo de informação do qual necessita nesse momento.

Há obras que demandam do leitor uma leitura mais atenta de cada linha, frase e parágrafo a fim de que o contexto geral seja compreendido. Já outras dispensam esse esforço, uma vez que você lê a obra em questão para um fim muito específico. Por esse motivo, é preciso que tenhamos uma estratégia muito bem definida para que façamos uma leitura mais atenta e direcionada.